O ataque terrorista à representação diplomática dos EUA na
cidade de Benghazi, acaba de completar sete anos neste 12 de setembro. A “city”
financeira da Líbia que até então era considerada segura pela OTAN, assistiu a
brutal morte do embaixador ianque J. Christopher Stevens. A morte de um alto
funcionário da diplomacia ianque, por meio de um atentado militar não ocorria
desde 1979 quando o embaixador do Afeganistão foi sequestrado e morto. Stevens
despachava em um escritório “secreto” da OTAN em Benghazi, já que a embaixada
oficial na capital Trípoli estava praticamente desativada. O embaixador ianque
teve um papel decisivo na fraudulenta operação política que derrubou o regime
nacionalista do coronel Kadaffi em 2011. Stevens coordenou desde Benghazi a oposição
pró-imperialista que durante o regime dos coronéis Kadafistas já havia
estabelecido profundos vínculos com empresas transnacionais de petróleo
sediadas no litoral do Magreb. O ataque à representação ianque em Benghazi
surpreendeu a equipe de segurança da CIA, realizada com morteiros de guerra e
lança foguetes de alta precisão, fornecidos pela própria OTAN aos “rebeldes”
pró-imperialistas que durante a guerra civil destruiram o totalmente o país.
Aproveitando-se das manifestações islâmicas contra um filme sionista, produzido
na Califórnia, que denegria a imagem do profeta Maomé, um comando militar
muçulmano (provavelmente ligado a Al Qaeda) atacou o prédio onde trabalhava
“secretamente” a diplomacia ianque em Benghazi. Como não se encontrava em uma
embaixada oficial, Stevens contava com poucos recursos de segurança para se
defender do ataque, que acabou por “vitimá-lo” junto a outros três altos
funcionários dos EUA. Inicialmente, o governo títere da Líbia tentou atribuir a
autoria do “atentado” às forças remanescentes ligadas ao coronel Kadaffi, mas
logo depois foi forçado a admitir que o ataque muito bem planejado foi obra de seus próprios aliados, ou seja,
milícias fundamentalistas islâmicas que combateram junto a OTAN para depor o
legítimo regime da revolução popular que destituiu a monarquia entreguista no
final dos anos 60. Por ironia da história, as armas que assassinaram o
embaixador ianque foram fornecidas pelos próprios abutres imperialistas que
dizimaram as riquezas do país.
A ex-Secretária de Estado do governo Obama, madame Clinton,
na época muito ocupada com outra empreitada imperialista, desta vez fracassada
na Síria, mostrou-se surpresa com os acontecimentos na Líbia. Em uma coletiva à
imprensa “murdochiana”, a Sra. Clinton se disse chocada com a ação de seus
aliados: “Nós que os ajudamos a tirar o ditador (sic!) agora somos
traídos!" (Fox News, 12/09). O ex-presidente Obama, na ocasião também
prometeu vingar seu embaixador e enviou navios de guerra para a costa líbia,
ainda que não tenha sabido em quem atirar já que seus “amigos”, os “rebeldes”
contrarrevolucionários, continuavam a
“trabalhar” para o Pentágono em toda região do Oriente Médio. Por outro lado, a
situação era bastante tensa em outros países, como Egito e Iêmen, onde as
embaixadas ianques eram alvos de intensos protestos por parte de organizações
políticas muçulmanas. A intervenção do imperialismo na Líbia reproduziu o mesmo
“roteiro” acontecido no Afeganistão há quase de trinta anos, primeiro potenciam
militarmente “rebeldes” fundamentalistas para derrubar um governo nacionalista
burguês, para depois verem seus “aliados táticos” protagonizarem ações
“espetaculares” contra alvos ianques. O “filme” que se repetiu na Líbia, com a
morte de um graduado embaixador e a deflagração de uma nova guerra civil no
país.
A esquerda revisionista que saudou freneticamente a aliança
entre a OTAN e os “rebeldes” para derrubar a “ditadura Kadaffi”, prestou
sentidas condolências ao Departamento de Estado dos EUA, assim como fez há
dezoito anos nos atentados do “11 de Setembro” às Torres Gêmeas (onde se
localizavam os escritórios da CIA em New York) e ao próprio Pentágono. Estes
revisionistas não possuem o menor critério de classe e costumeiramente se
emblocam com o imperialismo “democrático” contra setores das burguesias
nacionais, tradicionalmente atrasadas e conservadoras. O centro da “fúria” da
esquerda revisionista está direcionado atualmente aos regimes nacionalistas
“ditatoriais” e não mais ao imperialismo, principal inimigo dos povos. Por isso,
correntes como a LIT/PSTU hoje se dedicam a “conspirar” junto ao Departamento
de Estado ianque contra os governos da Venezuela, Síria e Irã, deixando de lado
os “socialistas e democratas” imperialistas. O Trotsquismo nada tem a ver com
esta canalha corrompida do revisionismo, os Bolcheviques Leninistas não nos
aliamos a OTAN para “derrubar ditadores”! A classe operária líbia deverá fazer
seu ajuste de contas histórico com os saqueadores imperialistas, e não será
pelas mãos das milícias fundamentalistas (alimentadas pela CIA) que obterá suas
conquistas de volta. Não “choramos” a morte de nenhum embaixador ianque e
continuaremos a defender vigorosamente a expulsão das tropas da OTAN de toda
região. Impulsionando uma frente de ação político e militar com as forças da
resistência nacional Kadafista contra os saqueadores imperialistas e seus
“agentes” nativos, a tarefa da construção do Partido Revolucionário Leninista
se coloca mais que nunca na ordem do dia, para superar as direções burguesas
vacilantes e publicitar o socialismo.