domingo, 22 de setembro de 2019

HÁ 11 ANOS DA FALÊNCIA DO LEHMAN BROTHERS O FED VOLTOU A INTERVIR NO MERCADO: PRENÚNCIO DE UM NOVO CRASH FINANCEIRO CAPITALISTA


No dia 15 de setembro de 2008 era anunciada como uma “bomba” a quebra financeira do quarto maior banco de investimentos norte-americano, o Lehman Brothers. Em 20 de setembro de 2008, uma versão revista da proposta de acordo para a falência foi homologado pelo juiz norte-americano James Peck. Era o “alarme” do chash financeiro anunciando que a crise dos títulos “Sub-prime” que afetara o mercado bursátil de Wall Street contaminava também o poderoso setor financeiro ianque. Em poucos dias, naquele “setembro negro”, tomou conta no mundo inteiro um clima de “catástrofe” econômica que levaria pânico a todos os mercados, desde as semicolônias até os centros imperialistas. Logo os boatos davam como certa a falência de grandes complexos industriais, como a General Motors por exemplo, de imediato ocorreu uma interrupção do fluxo financeiro internacional levando a uma abrupta retração do crédito, instalando-se uma recessão global generalizada. Somente dois “ícones” do capitalismo financeiro pareciam passar incólumes pela crise de 2008, o Dólar que apresentou robustos índices de alta e os próprios títulos do Tesouro norte-americano que continuaram atrair as reservas monetárias das principais economias do planeta. Para os Marxistas Leninistas era um claro sinal de que a economia imperialista dos EUA estava bem distante de “colapsar” e que o “armagedon final” tanto difundido pelos rentistas e barões da indústria era uma manobra midiática para amealhar centenas de bilhões de dólares do botim estatal ianque. A esquerda revisionista logo “comprou” a versão do iminente “apocalipse” do regime capitalista, chegando a anunciar que o imperialismo não conseguiria sobreviver (política e economicamente) até o final de 2009. Quem pode esquecer os inúmeros artigos da imprensa da LIT, UIT ou mesmo da FT (PTS argentino) anunciando que: “muito em breve nossas seções nacionais terão milhares de militantes e deverão estar preparadas para tomar o poder” (PO, 10/2008). A LBI foi a única organização marxista a caracterizar cientificamente o fenômeno do crash financeiro de 2008, como o momento final de uma onda larga de expansão capitalista, iniciada logo após a crise dos mercados (“tigres”) asiáticos na década de 90. Alertamos que o modo de produção capitalista ainda detinha uma série de recursos para a recomposição parcial de suas taxas de lucro, mesmo seguindo sua tendência histórica irreversível de estancamento das forças produtivas. Passados 11 anos do ápice da crise econômica, o imperialismo ianque mostrou que não naufragou no abismo abissal vaticinado pela esquerda revisionista, as enormes reservas financeiras do Estado capitalista funcionaram como “salvaguardas” para os trustes ianques se recomporem e até alavancarem seus negócios. Aos que ficaram “surpresos” com o papel jogado pelas instituições estatais na recuperação dos oligopólios privados, o “velho” Marx já respondia a esta questão afirmando que o “Estado não passa de um comitê central dos negócios da burguesia”.

Mas se a chamada política Keynesiana entrou em ação em uma época de plena apologia ao “livre mercado” e da tônica a um neoliberalismo radical, foi porque ambas políticas estatais são úteis à burguesia em momentos históricos distintos. É bem verdade que o atual formato do Keynesianismo é mitigado com fortes doses de monetarismo e liberalismo econômico, mas não poderia ser diferente no período de crise estrutural do capitalismo. O enorme déficit do Tesouro norte-americano conseguiu suportar seu alongamento “forçado” pelo crash financeiro, ao contrário dos estados europeus, “amarrados” com um banco central único à serviço do imperialismo alemão. O FED atuou com energia e não negou “fogo” a sua própria burguesia, mas de quebra também acabou por impulsionar mercados emergentes, principalmente na América Latina, como o Brasil, avalizando o desvio de capitais especulativos para economias mais estáveis em expansão de mercado. O resultado prático desta “trilha” financeira foi a geração de uma enorme bolha de crédito, alimentando o consumo de uma “nova classe média” tupiniquim.

Com uma recuperação mediana, a economia ianque ao longo destes onze anos ainda apresenta níveis elevados de desemprego, ainda que tenha demonstrado capacidade de uma pequena, mas constante recomposição do PIB. Em resumo podemos concluir que a maior economia capitalista do mundo caminha “travada” com um crescimento tímido e inflação sob controle. Só não podemos dizer o mesmo dos lucros das transnacionais ianques, que acumularam cifras espetaculares de crescimento nos últimos três anos, refazendo os mesmos níveis de capitalização de antes da crise, isto tudo sem falar da “generosa” ajuda estatal a fundo perdido...

Com a política dos subsídios estatais ainda a todo vapor, no próximo período o FED deve manter sua política de redução da taxa de juros ainda por um bom tempo. Na mesma direção econômica, o Banco Central ianque tem voltado a intervir no mercado de capitais, após dez anos, recomprando títulos financeiros de pouca solvência(podres). É a maneira encontrada para tentar se antecipar a uma nova “quebradeira” de grandes trustes, que já se encontram em uma delicada situação contábil. Mas as “manobras” do FED não podem conter a marcha inexorável da crise econômica capitalista, tampouco as medidas protecionistas anunciadas pelo reacionário governo Trump, contra países competidores como a China, terão a capacidade de evitar uma nova onda recessiva, ainda que possam parecer para o proletariado norte-americano como uma defesa de seus empregos. Não há alternativas econômicas para a burguesia imperialista que possam “cancelar”  a crise de superprodução e a vertiginosa queda na taxa de lucros, em um mercado mundial cada vez mais competitivo. Obviamente que as classes dominantes ianques não renunciarão seu papel histórico de defesa incondicional do capitalismo, em função dos apelos “socialistas” por um “capital humano e não selvagem”, como sonham os reformistas de todos os quilates. A única saída política realmente existente diante da proximidade da bancarrota do capital, é a senda da revolução socialista, com a expropriação integral dos meios de produção e troca e a planificação central da economia em benefício das massas proletárias e não do “Deus Mercado”.