No dia 15 de setembro de 2008 era anunciada como uma “bomba”
a quebra financeira do quarto maior banco de investimentos norte-americano, o
Lehman Brothers. Em 20 de setembro de 2008, uma versão revista da proposta de
acordo para a falência foi homologado pelo juiz norte-americano James Peck. Era
o “alarme” do chash financeiro anunciando que a crise dos títulos “Sub-prime”
que afetara o mercado bursátil de Wall Street contaminava também o poderoso
setor financeiro ianque. Em poucos dias, naquele “setembro negro”, tomou conta
no mundo inteiro um clima de “catástrofe” econômica que levaria pânico a todos
os mercados, desde as semicolônias até os centros imperialistas. Logo os boatos
davam como certa a falência de grandes complexos industriais, como a General Motors
por exemplo, de imediato ocorreu uma interrupção do fluxo financeiro
internacional levando a uma abrupta retração do crédito, instalando-se uma
recessão global generalizada. Somente dois “ícones” do capitalismo financeiro
pareciam passar incólumes pela crise de 2008, o Dólar que apresentou robustos
índices de alta e os próprios títulos do Tesouro norte-americano que
continuaram atrair as reservas monetárias das principais economias do planeta.
Para os Marxistas Leninistas era um claro sinal de que a economia imperialista
dos EUA estava bem distante de “colapsar” e que o “armagedon final” tanto
difundido pelos rentistas e barões da indústria era uma manobra midiática para
amealhar centenas de bilhões de dólares do botim estatal ianque. A esquerda
revisionista logo “comprou” a versão do iminente “apocalipse” do regime
capitalista, chegando a anunciar que o imperialismo não conseguiria sobreviver
(política e economicamente) até o final de 2009. Quem pode esquecer os inúmeros
artigos da imprensa da LIT, UIT ou mesmo da FT (PTS argentino) anunciando que:
“muito em breve nossas seções nacionais terão milhares de militantes e deverão
estar preparadas para tomar o poder” (PO, 10/2008). A LBI foi a única
organização marxista a caracterizar cientificamente o fenômeno do crash
financeiro de 2008, como o momento final de uma onda larga de expansão
capitalista, iniciada logo após a crise dos mercados (“tigres”) asiáticos na
década de 90. Alertamos que o modo de produção capitalista ainda detinha uma
série de recursos para a recomposição parcial de suas taxas de lucro, mesmo
seguindo sua tendência histórica irreversível de estancamento das forças
produtivas. Passados 11 anos do ápice da crise econômica, o imperialismo ianque
mostrou que não naufragou no abismo abissal vaticinado pela esquerda
revisionista, as enormes reservas financeiras do Estado capitalista funcionaram
como “salvaguardas” para os trustes ianques se recomporem e até alavancarem
seus negócios. Aos que ficaram “surpresos” com o papel jogado pelas instituições
estatais na recuperação dos oligopólios privados, o “velho” Marx já respondia a
esta questão afirmando que o “Estado não passa de um comitê central dos
negócios da burguesia”.
Mas se a chamada política Keynesiana entrou em ação em uma
época de plena apologia ao “livre mercado” e da tônica a um neoliberalismo
radical, foi porque ambas políticas estatais são úteis à burguesia em momentos
históricos distintos. É bem verdade que o atual formato do Keynesianismo é
mitigado com fortes doses de monetarismo e liberalismo econômico, mas não
poderia ser diferente no período de crise estrutural do capitalismo. O enorme
déficit do Tesouro norte-americano conseguiu suportar seu alongamento “forçado”
pelo crash financeiro, ao contrário dos estados europeus, “amarrados” com um
banco central único à serviço do imperialismo alemão. O FED atuou com energia e
não negou “fogo” a sua própria burguesia, mas de quebra também acabou por
impulsionar mercados emergentes, principalmente na América Latina, como o
Brasil, avalizando o desvio de capitais especulativos para economias mais
estáveis em expansão de mercado. O resultado prático desta “trilha” financeira
foi a geração de uma enorme bolha de crédito, alimentando o consumo de uma
“nova classe média” tupiniquim.
Com uma recuperação mediana, a economia ianque ao longo
destes onze anos ainda apresenta níveis elevados de desemprego, ainda que tenha
demonstrado capacidade de uma pequena, mas constante recomposição do PIB. Em
resumo podemos concluir que a maior economia capitalista do mundo caminha
“travada” com um crescimento tímido e inflação sob controle. Só não podemos
dizer o mesmo dos lucros das transnacionais ianques, que acumularam cifras
espetaculares de crescimento nos últimos três anos, refazendo os mesmos níveis
de capitalização de antes da crise, isto tudo sem falar da “generosa” ajuda
estatal a fundo perdido...
Com a política dos subsídios estatais ainda a todo vapor, no
próximo período o FED deve manter sua política de redução da taxa de juros
ainda por um bom tempo. Na mesma direção econômica, o Banco Central ianque tem
voltado a intervir no mercado de capitais, após dez anos, recomprando títulos
financeiros de pouca solvência(podres). É a maneira encontrada para tentar se
antecipar a uma nova “quebradeira” de grandes trustes, que já se encontram em
uma delicada situação contábil. Mas as “manobras” do FED não podem conter a
marcha inexorável da crise econômica capitalista, tampouco as medidas
protecionistas anunciadas pelo reacionário governo Trump, contra países competidores
como a China, terão a capacidade de evitar uma nova onda recessiva, ainda que
possam parecer para o proletariado norte-americano como uma defesa de seus
empregos. Não há alternativas econômicas para a burguesia imperialista que
possam “cancelar” a crise de
superprodução e a vertiginosa queda na taxa de lucros, em um mercado mundial
cada vez mais competitivo. Obviamente que as classes dominantes ianques não
renunciarão seu papel histórico de defesa incondicional do capitalismo, em
função dos apelos “socialistas” por um “capital humano e não selvagem”, como
sonham os reformistas de todos os quilates. A única saída política realmente
existente diante da proximidade da bancarrota do capital, é a senda da
revolução socialista, com a expropriação integral dos meios de produção e troca
e a planificação central da economia em benefício das massas proletárias e não
do “Deus Mercado”.