Em um dos momento mais constrangedores da longa história
diplomática do Brasil, o neofascista Jair Bolsonaro fez um discurso que revelou
toda sua submissão ao imperialismo ianque na abertura da Assembleia Geral da ONU.
Após exaltar o golpe militar de 1964, o fantoche de Trump afirmou que a:
"Ditadura cubana trouxe ao Brasil médicos sem comprovação médica".
Complementando as asneiras também disse: "Trabalhamos com os EUA para a
democracia ser restabelecida na Venezuela e para que outros países não
experimentem este nefasto regime". Ao falar sobre a Amazônia, Bolsonaro
atacou "Países com espírito colonislista", em referência às críticas
de nações imperialistas europeias. "Clima seco favorece queimadas. Existem
queimadas praticadas por índios". O discurso de Bolsonaro na ONU de cabo
a rabo teve um viés neofascista: ataca Cuba, Venezuela e o Socialismo de uma
forma geral. Ainda saudou a ditadura e o golpe militar que marcou sinistramente
a história brasileira. Uma verdadeira “vergonha” para a burguesia nacional que
colocou o neofascista no Planalto para liquidar as conquistas históricas do
proletariado e promover a rapina imperialista sobre os recursos naturais do
Brasil.
No corrompido Congresso Nacional, parlamentares ligados a
esquerda reformista consideraram o discurso de Bolsonaro como “vergonhoso”,
para o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, o capitão demonstrou o seu
“cinismo” durante sua fala. “Que vergonha!”, declarou o petista. Já a deputada
federal pelo PSOL-SP, Sâmia Bonfim, afirmou que Bolsonaro "usou a tribuna
da ONU para atacar ONGs, cientistas, ativistas dos direitos humanos e a própria
democracia brasileira. Agressivo, negou o inegável a respeito do desmatamento
na Amazônia. Chegou a dizer que os indígenas também fazem queimadas”. Estas
cretinas “conclusões” da Frente Popular, “decepcionada” com a postura do
neofascista no covil de bandidos que é a ONU, da mesma forma que os
arrependidos Tucanos, agregada a apologia da democracia burguesa como valor
universal, revelam a impotência política desta esquerda reformista em compreender
e combater o fenômeno sociopolítico do fascismo brasileiro.
Não tardaram as comparações realizadas pelos dirigentes do “campo
democrático burguês”, entre os discursos de Bolsonaro (agressivo de direita) e
Lula (paz e amor), realizados na ONU. Para os ideólogos da colaboração de
classes o correto seria fazer um pronunciamento na tribuna da ONU do tipo
“conciliatório”, sem nenhuma fricção com o imperialismo, em particular
elogiando os governos que estão sob o signo da Social Democracia ou mesmo o “Centro
neoliberal civilizado”, como gostava de sempre fazer o ex-presidente Lula
quando utilizava o “palanque” do organismo diplomático mundial. Essa estratégia
de contenção da radicalidade de luta das massas proletárias, defendida pelas
correntes revisionistas, tem semeado as piores derrotas da classe operária
diante da ofensiva da extrema direita neoliberal.
Porém para os Marxistas Leninistas, a referência política
para se estabelecer o contraponto a demonstração do fascismo expresso por
Bolsonaro na ONU não é a conciliação e tampouco o embelezamento do
“imperialismo democrático”. Reivindicamos sim, ainda que não tenhamos um acordo
integral, o discurso de Che Guevara na Assembleia Geral do ano de 1964. Assim
colocou o comandante revolucionário Che, diante de todas as representações
diplomáticas: “Nós queremos construir o socialismo; temos declarado ser
partidários dos que lutam pela paz; temos nos declarado dentro do grupo de
países não alinhados, apesar de sermos marxistas-leninistas, porque os não-alinhados,
como nós, lutam contra o imperialismo. Queremos paz, queremos construir uma
vida melhor para nosso povo e, por isto, nos resguardamos ao máximo para não
cair nas provocações maquinadas pelos ianques, ainda que conheçamos a
mentalidade de seus governantes; querem nos fazer pagar muito caro o preço
desta paz. Nós contestamos que este preço não pode chegar mais além das
fronteiras da dignidade. Queremos aclarar, uma vez mais, que nossa preocupação
pela América Latina está embasada nos laços que nos unem: a língua que falamos,
a cultura que sustentamos, o patrão comum que tivemos. Que não nos anima
qualquer outra causa como a libertação da América Latina sobre o julgo colonial
norte-americano. Se alguns dos países latino-americanos aqui presentes decidirem
restabelecer relações com Cuba, estaríamos dispostos a fazê-lo sobre estas
bases de igualdade e não com o critério de que é uma dádiva ao nosso governo o
reconhecimento como país livre do mundo, porque este reconhecimento nós obtemos
com nosso sangue nos dias de luta pela libertação.” Passados mais de 50 anos
deste antológico discurso, afirmamos que nada é mais atual do que a luta pela
revolução socialista!