Os ataques militares de drones carregados de explosivos a
duas das principais instalações petrolíferas da Arábia Saudita, maior
exportador de petróleo do mundo, acirraram a tensão na região do Oriente Médio,
além dos efeitos econômicos mundiais da ação. As explosões ocorridas no último
sábado (14/09) provocaram uma redução de 5% na produção mundial de petróleo, o
que fez o preço do barril disparar no mercado internacional, atingindo a maior
alta em uma sessão desde a Guerra do Golfo, em 1991. A súbita disparada desta
valiosa comoditie nas bolsas internacionais nos remete por analogia a histórica
“crise econômica mundial do petróleo” ocorrida em meados dos anos 70, quando a
elevada cotação do “ouro negro” acionou uma processo recessivo mundial, onde os
governos árabes foram responsabilizados pela crise, enquanto os trustes
imperialistas de energia mineral acumularam um gigantesco lucro em função da
redução da produção de petróleo e a disparada dos preços dos refinados,
controlados principalmente pelos EUA e Inglaterra. Agora o “bode expiatório”
responsabilizado pela interrupção na produção do óleo cru e seus derivados foi
o Irã e suas milícias xiitas que combatem no Iêmen. Assim como a interrupção na
extração do petróleo em 1973, por iniciativa da própria OPEP em represália ao
gerdame genocida de Israel, serviu de pretexto para ataques especulativos
financeiros contra dezenas de nações, detonando uma recessão econômica mundial,
agora o suposto “ataque terrorista” ao complexo industrial da petrolífera
Aramco (empresa estatal fundada em 1933) na Arábia Saudita é um prenúncio claro
do ingresso de um novo ciclo de crise capitalista, que fará a quebra do Lehman
Brothers em 2008 parecer uma “brincadeira de criança”... simplesmente porque os
elementos da atual conjuntura mundial são muito mais explosivos...
Não tardou muito para que logo após do ataque ao complexo
petroquímico saudita o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo,
acusasse o governo de Teerã pelo que chamou de “ataque sem precedentes sobre o
suprimento mundial de energia”. Em seguida o reacionário presidente Donald
Trump, com suas já conhecidas bravatas imperialistas, anunciava a extensão do
embargo econômico ao Irã, além de mais ameaças de uma intervenção militar
ianque na região. Não seria demais rememorar que a Casa Branca há pouco mais de
um mês atrás acusava fraudulentamente o regime dos aiatolás de ataques a navios
comerciais no estreito de Ormuz. Por sua vez o governo de Teerã rebateu
enfaticamente as acusações de Trump: “São mentiras em nível máximo”, afirmou no domingo, dia 15/09, o porta-voz do
Ministério do Exterior, Seyyed Abbas Mousavi, acrescentando que: “São
declarações falsas e sem substância. Depois de uma política de pressão máxima
sobre o Irã, agora partem para o uso do máximo de mentiras”, enfatizou o membro
do governo iraniano. A primeira questão que vem à tona de qualquer análise
internacional minimamente séria sobre estes fatos, é de quem ganha e quem perde
com as explosões ocorridas na Aramco. A resposta a esta pergunta vem logo na
forma econômica, com a elevação no preço do barril de petróleo os cartéis
transnacionais de energia fóssil já ganharam bilhões de dólares “da noite para
o dia” nas bolsas mercantis. Mas a Arábia Saudita também faturou muito, pois apesar do óleo derramado com os
ataques suas reservas(as maiores do mundo) continuam intactas, e se recuperaram
rapidamente de vários anos de baixa cotação da commoditie mineral. O Irã que
também é um grande produtor de petróleo, poderia em tese ter se beneficiado
economicamente com os ataques, porém suas exportações de óleo estão restritas a
poucos países em função do severo embargo comercial imposto pelos EUA. Portanto
o resultado prático dos ataques a refinaria de Boqouaeq, mais além das “fake
news” da mídia “Murdochiana”, foi a realização de lucros bilionários tanto para
a obscura monarquia secular saudita como para os trustes petrolíferos
imperialistas.
Apesar de terem sido os grupos financeiros dos EUA e os
sheiks árabes os grandes beneficiados com a drástica alta do petróleo, não se
pode negar os conflitos reais existentes entre a guerrilha de resistência xiita
que controla o norte do Iêmen e as forças da OTAN, que servem de suporte
militar para a assassina monarquia saudita. “Os crimes sauditas vão aumentar
nossa determinação e vontade de responder a sua injusta agressão e seu
bloqueio”, afirmou o brigadeiro Yahia Sare’e, porta-voz das forças armadas revolucionárias
iemenitas, ao assumir a autoria da ação militar que incendiou as
refinarias de Boqouaeq no último dia 14.
A Arábia Saudita tenta derrotar sem sucesso o governo provisório que assumiu o
norte do Iêmen, após a tomada da capital Sana’a, em 2014, afastando o títere
dos sauditas e norte-americanos, Abdrabbuh Mansur Hadi. Segundo dados divulgados este mês, o número
de mortos no Iêmen seja por bombardeio direto das forças sauditas seja por
doenças causadas pela queda nas condições de higiene (causando um dos maiores
surtos de cólera da história), chega a mais de 90 mil pessoas durante estes
anos de guerra civil. Nesta guerra de ocupação, a Arábia Saudita tem sido a
principal força agressora, com armas que chegam dos Estados Unidos, junto com
especialistas para o treinamento militar em seu uso, o que inclui os mais
modernos caças ianques da OTAN.
Embora o movimento guerrilheiro iemenita “Ansarolá” tenha
assumido abertamente a responsabilidade política e militar pelo ataque à Aramco
e o governo Irã tenha negado sistematicamente qualquer envolvimento direto com
o episódio, o governo da extrema direita norte-americana insiste em responsabilizar Teerã. Trump segue a lógica militar do
enclave sionista de Israel, que tem no regime dos aiatolás seu principal
contendor geopolítico no Oriente Médio. Porém os chamados “falcões” do
Pentágono conhecem muito bem o poder de fogo da aliança militar celebrada entre
o Irã e a Rússia, já a sentiram na guerra civil da Síria onde foram humilhados
por esta coalizão. Por hora as covardes bravatas militares do “cagão” Trump,
que nunca se materializaram contra nenhum dos seus adversários, estão servindo
na mesa do poker financeiro dos rentistas internacionais para achacar os povos
e ao mesmo tempo aumentam o criminoso cerco econômico contra o Irã. Os
Marxistas Leninistas não estão “neutros” nesta contenda, que tem desdobramentos
políticos, militares e econômicos. Não somos meros “analistas acadêmicos” da
situação mundial, como costumam posar a esquerda revisionista, do mesmo quilate
do oportunista PTS argentino. Temos campo e trincheira neste conflito, tanto ao
lado dos guerrilheiros iemitas que combatem a tirana monarquia saudita, como no
campo militar da defesa incondicional da nação iraniana contra as agressões do
monstro imperialista ianque.