segunda-feira, 16 de setembro de 2019

ATAQUE NA ARÁBIA SAUDITA A MAIOR REFINARIA DO MUNDO: QUEM GANHA BILHÕES DE DÓLARES COM A ALTA DO PETRÓLEO NO MERCADO?


Os ataques militares de drones carregados de explosivos a duas das principais instalações petrolíferas da Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, acirraram a tensão na região do Oriente Médio, além dos efeitos econômicos mundiais da ação. As explosões ocorridas no último sábado (14/09) provocaram uma redução de 5% na produção mundial de petróleo, o que fez o preço do barril disparar no mercado internacional, atingindo a maior alta em uma sessão desde a Guerra do Golfo, em 1991. A súbita disparada desta valiosa comoditie nas bolsas internacionais nos remete por analogia a histórica “crise econômica mundial do petróleo” ocorrida em meados dos anos 70, quando a elevada cotação do “ouro negro” acionou uma processo recessivo mundial, onde os governos árabes foram responsabilizados pela crise, enquanto os trustes imperialistas de energia mineral acumularam um gigantesco lucro em função da redução da produção de petróleo e a disparada dos preços dos refinados, controlados principalmente pelos EUA e Inglaterra. Agora o “bode expiatório” responsabilizado pela interrupção na produção do óleo cru e seus derivados foi o Irã e suas milícias xiitas que combatem no Iêmen. Assim como a interrupção na extração do petróleo em 1973, por iniciativa da própria OPEP em represália ao gerdame genocida de Israel, serviu de pretexto para ataques especulativos financeiros contra dezenas de nações, detonando uma recessão econômica mundial, agora o suposto “ataque terrorista” ao complexo industrial da petrolífera Aramco (empresa estatal fundada em 1933) na Arábia Saudita é um prenúncio claro do ingresso de um novo ciclo de crise capitalista, que fará a quebra do Lehman Brothers em 2008 parecer uma “brincadeira de criança”... simplesmente porque os elementos da atual conjuntura mundial são muito mais explosivos...


Não tardou muito para que logo após do ataque ao complexo petroquímico saudita o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, acusasse o governo de Teerã pelo que chamou de “ataque sem precedentes sobre o suprimento mundial de energia”. Em seguida o reacionário presidente Donald Trump, com suas já conhecidas bravatas imperialistas, anunciava a extensão do embargo econômico ao Irã, além de mais ameaças de uma intervenção militar ianque na região. Não seria demais rememorar que a Casa Branca há pouco mais de um mês atrás acusava fraudulentamente o regime dos aiatolás de ataques a navios comerciais no estreito de Ormuz. Por sua vez o governo de Teerã rebateu enfaticamente as acusações de Trump: “São mentiras em nível máximo”,  afirmou no domingo, dia 15/09, o porta-voz do Ministério do Exterior, Seyyed Abbas Mousavi, acrescentando que: “São declarações falsas e sem substância. Depois de uma política de pressão máxima sobre o Irã, agora partem para o uso do máximo de mentiras”, enfatizou o membro do governo iraniano. A primeira questão que vem à tona de qualquer análise internacional minimamente séria sobre estes fatos, é de quem ganha e quem perde com as explosões ocorridas na Aramco. A resposta a esta pergunta vem logo na forma econômica, com a elevação no preço do barril de petróleo os cartéis transnacionais de energia fóssil já ganharam bilhões de dólares “da noite para o dia” nas bolsas mercantis. Mas a Arábia Saudita também faturou  muito, pois apesar do óleo derramado com os ataques suas reservas(as maiores do mundo) continuam intactas, e se recuperaram rapidamente de vários anos de baixa cotação da commoditie mineral. O Irã que também é um grande produtor de petróleo, poderia em tese ter se beneficiado economicamente com os ataques, porém suas exportações de óleo estão restritas a poucos países em função do severo embargo comercial imposto pelos EUA. Portanto o resultado prático dos ataques a refinaria de Boqouaeq, mais além das “fake news” da mídia “Murdochiana”, foi a realização de lucros bilionários tanto para a obscura monarquia secular saudita como para os trustes petrolíferos imperialistas.


Apesar de terem sido os grupos financeiros dos EUA e os sheiks árabes os grandes beneficiados com a drástica alta do petróleo, não se pode negar os conflitos reais existentes entre a guerrilha de resistência xiita que controla o norte do Iêmen e as forças da OTAN, que servem de suporte militar para a assassina monarquia saudita. “Os crimes sauditas vão aumentar nossa determinação e vontade de responder a sua injusta agressão e seu bloqueio”, afirmou o brigadeiro Yahia Sare’e, porta-voz das forças armadas revolucionárias iemenitas, ao assumir a autoria da ação militar que incendiou as refinarias  de Boqouaeq no último dia 14. A Arábia Saudita tenta derrotar sem sucesso o governo provisório que assumiu o norte do Iêmen, após a tomada da capital Sana’a, em 2014, afastando o títere dos sauditas e norte-americanos, Abdrabbuh Mansur Hadi. Segundo dados divulgados este mês, o número de mortos no Iêmen seja por bombardeio direto das forças sauditas seja por doenças causadas pela queda nas condições de higiene (causando um dos maiores surtos de cólera da história), chega a mais de 90 mil pessoas durante estes anos de guerra civil. Nesta guerra de ocupação, a Arábia Saudita tem sido a principal força agressora, com armas que chegam dos Estados Unidos, junto com especialistas para o treinamento militar em seu uso, o que inclui os mais modernos caças ianques da OTAN.

Embora o movimento guerrilheiro iemenita “Ansarolá” tenha assumido abertamente a responsabilidade política e militar pelo ataque à Aramco e o governo Irã tenha negado sistematicamente qualquer envolvimento direto com o episódio, o governo da extrema direita norte-americana insiste em responsabilizar  Teerã. Trump segue a lógica militar do enclave sionista de Israel, que tem no regime dos aiatolás seu principal contendor geopolítico no Oriente Médio. Porém os chamados “falcões” do Pentágono conhecem muito bem o poder de fogo da aliança militar celebrada entre o Irã e a Rússia, já a sentiram na guerra civil da Síria onde foram humilhados por esta coalizão. Por hora as covardes bravatas militares do “cagão” Trump, que nunca se materializaram contra nenhum dos seus adversários, estão servindo na mesa do poker financeiro dos rentistas internacionais para achacar os povos e ao mesmo tempo aumentam o criminoso cerco econômico contra o Irã. Os Marxistas Leninistas não estão “neutros” nesta contenda, que tem desdobramentos políticos, militares e econômicos. Não somos meros “analistas acadêmicos” da situação mundial, como costumam posar a esquerda revisionista, do mesmo quilate do oportunista PTS argentino. Temos campo e trincheira neste conflito, tanto ao lado dos guerrilheiros iemitas que combatem a tirana monarquia saudita, como no campo militar da defesa incondicional da nação iraniana contra as agressões do monstro imperialista ianque.