O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central,
instituição estatal vinculada ao Ministério da Economia, decidiu nesta
quarta-feira (18/09) por unanimidade reduzir a Selic, taxa básica de juros da
economia, de 6% ao ano para 5,5% ao ano. A Selic se manteve em 6,5% de março de
2018 a julho de 2019, quando recuou para 6%, refletindo o viés de baixa produto
da paralisia econômica que atravessa o país desde 2014, a expectativa dos
rentistas do mercado financeiro é que, para a próxima reunião do Comitê no fim
de outubro, haja mais um corte de 0,5 ponto percentual na taxa, caindo para 5%
e permanecendo neste percentual até o fim de 2020, a taxa mais baixa de toda a
história da sequência do Banco Central. Determinando uma orientação financeira
mundial, o Federal Reserve (FED) banco central dos EUA, organismo independente
do governo Donald Trump, também comunicou hoje que decidiu cortar as taxas de
juros no país central imperialista em 0,25 ponto percentual, para o intervalo
entre 1,75% e 2%. No seu comunicado aos investidores internacionais, o FED cita
entre as justificativas para a decisão as perspectivas “sombrias” para o
desenvolvimento da economia capitalista global e a fraqueza de pressões
inflacionárias, embora tenha apontado que a cambaleante economia norte-americana
siga crescendo em um ritmo "moderado" e o mercado de trabalho
"permaneça forte". O anúncio de redução de juros ocorre horas depois
de o FED decidiu intervir pelo segundo dia consecutivo no mercado financeiro
para evitar um forte aumento nos empréstimos de curto prazo para bancos e
empresas. O Fed injetou US$ 75 bilhões ao recomprar ativos de um dia contra
pedidos de pouco mais de US$ 80 bilhões. É a primeira vez desde o histórico
crash financeiro de 2008 que o Fed intervém nos mercados de capitais, um
prenúncio explícito de que uma nova explosão da bolha cíclica capitalista está
muito próxima de ocorrer novamente. Desde a quebra da Bolsa de Valores de Nova
York em 1930, quando a banca de capital se aproxima de pagar na prática “juros
negativos” ao mercado (taxas muito baixas que se aproximam de zero), é o
primeiro sintoma claro de um novo crash capitalista global.
No mês passado, o rendimento dos títulos do Tesouro
norte-americano de dois anos ultrapassou o dos papéis com vencimento em 10
anos, mesmo que os prazos mais curtos tenham riscos menores do que os longos. É
uma situação contraintuitiva, que não acontecia desde a crise de 2008 e que se
tornou sintoma clássico das crises históricas por que os EUA passou. Um elemento econômico que agrega na direção apontada pelo
FED é que nunca se praticaram tantas taxas de juros negativas nas economias
imperialistas centrais. Ou seja, nesses países os rentistas vêm pagando
para manter seus recursos nos grandes bancos. Os capitalistas preferem
perder parte de seu dinheiro investindo em papéis considerados confiáveis a
perder todo seu patrimônio “apostando” em títulos lpodres” que pagam taxas de
juros elevadas, mas que podem transformar seu capital acumulado em pó, da noite
para o dia. São movimentações financeiras típicas de quem sente o cheiro
de um novo crash financeiro no ar, esta “tensão” dos mercados vem do
“desperdício” promovido pelo grande capital com os enormes recursos financeiros
que os bancos centrais colocaram a disposição da burguesia desde a crise de
2008.
No Brasil, a recessão que margeia as economias centrais, já
bateu à porta desde meados de 2015, porém tende a agravar-se exponencialmente
com o iminente crash financeiro global. Com o fim da bolha de crédito e a queda
no valor internacional das commodities, o último governo da Frente
Popular (Dilma Rousseff) manejou a economia nacional diretamente sob orientação
dos rentistas, desativando todos os projetos de infraestrutura e
reindustrialização do país. O resultado prático da política ultra neoliberal
adotada pelo PT foi o próprio golpe institucional que apeou Dilma do Planalto,
nesta altura o “mercado” não precisava mais de “intermediários” com sua
política de colaboração de classes, empossou no governo central estafetas
diretos do capital financeiro assessorados por toda a quadrilha da “República
de Curitiba”. Sem nenhum vetor estatal para induzir a recuperação da economia,
o Brasil sob a gerência neofascista, segue o roteiro imposto por Washington do
“ajuste sem limites”, liquidando direitos sociais, sucateando a máquina pública
ao limite da insolvência e privatizando estatais que restaram da “privataria
tucana” da era FHC. Não precisa ser um grande expertise para prognosticar o
próximo capítulo do drama neofascista que o país atravessa: o default
financeiro do Estado Burguês na esteira da chegada da crise capitalista
mundial.
Para os Marxistas Leninistas não é mera coincidência que a
grande recessão capitalista global iniciada com a crise do preço do petróleo em
1973, tenha hoje, quase cinquenta anos depois sua reedição com os supostos
ataques do governo iraniano as refinarias de óleo da Arábia Saudita, fazendo
disparar o preço da commoditie de energia fóssil no mercado mundial. Nada mais
útil ao imperialismo ianque, que atravessa um longo ciclo histórico de inércia
produtiva, do que encontrar um “bode expiatório” para promover ataques
especulativos aos países de economia semicolonial, e desta forma “materializar”
seu “excesso” de capital financeiro virtual sem correspondência alguma com o
processo real na geração de valor. Com a súbita elevação internacional dos
preços dos combustíveis, cria-se rapidamente um efeito inflacionário nas
economias periféricas, que somada ao quadro geral recessivo leva a quebra dos
Estados Nacionais, já “enforcados” com o escorchante pagamento dos títulos
financeiros da dívida pública, não é necessário lembrar que todos estes “papéis
bilionários” estão sob a posse dos rentistas de Wall Street, os verdadeiros
parasitas das nações oprimidas.
A chamada “guerra comercial” iniciada por Trump contra a
expansão capitalista chinesa, na realidade esconde o processo de transferência
da produção industrial de um país imperialista para uma economia periférica.
Este curso, inicialmente planejado pela própria classe dominante ianque,
pretendia sedimentar nos EUA uma economia totalmente financeirizada, baseada no
controle do trânsito de informações (internet e software) e serviços globais,
além é claro de sua poderosa indústria bélica. Porém “algo” saiu do controle,
este elemento não “misterioso” para o Marxistas chama-se as crises cíclicas e
inexoráveis do capital, fundamentadas na impossibilidade da geração do valor
totalmente desvinculada do processo produtivo industrial. Com o fim do
criminoso “sonho” dos rentistas o desemprego, falências e a desorganização
social chegaram ao coração do monstro imperialista, ironicamente (para os
apostadores do cassino do mercado de capitais) sob a forma de crash financeiro.
E é exatamente este “reviver” de um novo ápice da crise estrutural capitalista
que estamos na véspera de sua reestreia... e a única alternativa para impedir a
barbárie que o imperialismo promove aos povos continua sendo a construção da
revolução socialista em todo o planeta!