sexta-feira, 6 de setembro de 2019

MORRE MUGABE: EXPRESSÃO DO OCASO DO NACIONALISMO BURGUÊS NO CONTINENTE AFRICANO


Morreu hoje Robert Mugabe, o dirigente do nacionalismo burguês negro no Zimbábwe. Até o golpe que o depôs em 2017, ele era o chefe de Estado mais velho do mundo, mais longevo da África e governava o Zimbábwe como presidente desde 1987 e primeiro-ministro de 1980 até 1987. Ele nasceu a 21 de fevereiro de 1924, perto de Kutama, a nordeste de Salisbury (agora Harare, a capital do Zimbábwe), no que era ainda conhecido como o território da Rodésia. Antigo professor primário, com sete graus universitários, Robert Mugabe começou por dar nas vistas depois de travar uma sangrenta guerra de guerrilha contra os governantes coloniais brancos, que o mantiveram preso durante 10 anos, acusado por ter feito o que foi considerado um “discurso subversivo", em 1964. Saiu em liberdade decidido a abalar a estrutura política da então Rodésia, apelando a uma onda de indignação popular contra os governantes racistas. Já casado com Ghanaian Sally Hayfron, que foi a sua primeira mulher (enviuvou em 1992), cruzou a fronteira para Moçambique e daí liderou uma guerrilha de oposição ao governo de minoria branca, lutando pela independência. A assinatura do acordo de paz de Lancaster House (em Londres) permitiu-lhe regressar. Voltou como um herói nacional, aclamado pela maioria negra, tornando-se primeiro-ministro em 1980, já com o país independente e recém-renomeado como Zimbábwe. O decrepito Mugabe que acaba de falecer foi alvo de um golpe militar a serviço imperialismo em 2017. Ele foi incapaz pela natureza de classe do nacionalismo burguês no Zimbábwe e no continente africano de levar de forma consequente a luta contra o imperialismo, sendo agora apeado do governo pela alta cúpula das FFAA, após décadas de relação conflituosa com as potências capitalistas ocidentais, que atua sob as ordens de Washington e Londres. A intervenção militar expressou a disputa pela sucessão de Mugabe, que tentava no pleito de 2018 novamente uma reeleição, rechaçada pela Inglaterra e os EUA. Sem nutrir nenhuma simpatia pelas gestões  burguesas de Mugabe que vieram sistematicamente pactuando com os antigos colonizadores brancos, os Marxistas Revolucionários rechaçaram o golpe militar e conclamaram o movimento de massas a lutar contra a cúpula das FFAA, retomando o caminho do combate anti-imperialista que marcou as heroicas lutas do povo negro neste país africano! Esta tarefa político histórica continua pendente ainda mais agora que Mugabe faleceu e as FFAA entregaram o controle do país uma gestão completamente servil ao imperialismo!