Morreu hoje Robert Mugabe, o dirigente do nacionalismo
burguês negro no Zimbábwe. Até o golpe que o depôs em 2017, ele era o chefe de
Estado mais velho do mundo, mais longevo da África e governava o Zimbábwe como
presidente desde 1987 e primeiro-ministro de 1980 até 1987. Ele nasceu a 21 de
fevereiro de 1924, perto de Kutama, a nordeste de Salisbury (agora Harare, a
capital do Zimbábwe), no que era ainda conhecido como o território da Rodésia.
Antigo professor primário, com sete graus universitários, Robert Mugabe começou
por dar nas vistas depois de travar uma sangrenta guerra de guerrilha contra os
governantes coloniais brancos, que o mantiveram preso durante 10 anos, acusado
por ter feito o que foi considerado um “discurso subversivo", em 1964.
Saiu em liberdade decidido a abalar a estrutura política da então Rodésia,
apelando a uma onda de indignação popular contra os governantes racistas. Já
casado com Ghanaian Sally Hayfron, que foi a sua primeira mulher (enviuvou em
1992), cruzou a fronteira para Moçambique e daí liderou uma guerrilha de
oposição ao governo de minoria branca, lutando pela independência. A assinatura
do acordo de paz de Lancaster House (em Londres) permitiu-lhe regressar. Voltou
como um herói nacional, aclamado pela maioria negra, tornando-se primeiro-ministro em
1980, já com o país independente e recém-renomeado como Zimbábwe. O decrepito
Mugabe que acaba de falecer foi alvo de um golpe militar a serviço imperialismo em 2017. Ele foi
incapaz pela natureza de classe do nacionalismo burguês no Zimbábwe e no
continente africano de levar de forma consequente a luta contra o imperialismo,
sendo agora apeado do governo pela alta cúpula das FFAA, após décadas de
relação conflituosa com as potências capitalistas ocidentais, que atua sob as
ordens de Washington e Londres. A
intervenção militar expressou a disputa pela sucessão de Mugabe, que tentava no
pleito de 2018 novamente uma reeleição, rechaçada pela Inglaterra e os EUA.
Sem nutrir nenhuma simpatia pelas gestões burguesas de Mugabe que vieram sistematicamente
pactuando com os antigos colonizadores brancos, os Marxistas Revolucionários
rechaçaram o golpe militar e conclamaram o movimento de massas a lutar contra a
cúpula das FFAA, retomando o caminho do combate anti-imperialista que marcou as
heroicas lutas do povo negro neste país africano! Esta tarefa político histórica continua pendente ainda mais agora que Mugabe faleceu e as FFAA entregaram o controle do país uma gestão completamente servil ao imperialismo!