sexta-feira, 3 de abril de 2015


A MORTE DO GAROTO DO MORRO DO ALEMÃO E DO FILHO DE ALCKMIN: DUAS TRAGÉDIAS EM CLASSES SOCIAIS DISTINTAS. NOSSA DOR E SOLIDARIEDADE ESTÃO COM EDUARDO E SUA FAMÍLIA TRABALHADORA!

No mesmo dia, nesta quinta-feira, 02 de março, o Brasil tomou conhecimento de duas mortes trágicas. O garoto de 10 anos, Eduardo de Jesus Ferreira, foi morto por policiais militares no morro do Alemão com um tiro na cabeça disparado pelas costas. Em São Paulo, o filho do governador Geraldo Alckmin (PSDB) morreu após a queda de um helicóptero. As “coincidências” de resumem a data do ocorrido. Enquanto Alckmin enterrava seu filho nesta sexta, 03, cercado por celebridades e autoridades, os moradores do complexo do Alemão que protestavam contra a morte de Eduardo eram brutalmente atacados pela PM, a mesma polícia que tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo assassina diariamente o povo pobre nas favelas, morros e nas periferias das grandes cidades sem que a mídia dê qualquer destaque do ocorrido. Desgraçadamente, Eduardo é mais um entre crianças, jovens, adolescentes e trabalhadores que são alvo da repressão estatal, seja qual seja a desculpa utilizada: bala perdida, efeito colateral, tiro acidental ou simplesmente assassinato de um suspeito. Já Thomaz Rodrigues, filho caçula de Alckmin, era mais um mauricinho que desfrutava dos privilégios de classe da burguesia e que morreu ao exercer seu “hobby” de piloto, ao fiscalizar diretamente seus negócios de aviação. Thomaz nunca esteve de fato lado a lado com o perigo de ser morto por esquadrões que caçam os pobres nas vielas, sua casa nunca foi objeto de invasão policial, apesar do governador de São Paulo sabidamente está diretamente envolvido em vários escândalos de corrupção que desviam bilhões de reais do dinheiro público, verbas que não são aplicadas na saúde e educação de comunidades como o Alemão. São tragédias evidentemente, não há dúvidas, mas são tragédias diferentes, de seres humanos de classes sociais distintas, em que a dor e a solidariedade dos revolucionários estão com a família de Eduardo, trabalhadores que vivem sob a mira assassina do Estado burguês e submetidos a exploração Estado capitalista dia após dia. Não por acaso a PM reprimiu o protesto contra sua morte com bombas e balas enquanto fazia a segurança do “doutor governador”. Não derramamos nenhuma lágrima e não nutrimos nenhum sentimento de solidariedade com a família do fascista Alckmin, um homem frio e calculista que não vacila em ordenar a morte de trabalhadores, reprimir as manifestações sociais e perseguir ativistas políticos. Para vingar a morte de Eduardo e de todos os filhos do povo é preciso lutar pela destruição do aparato de repressão estatal assassino, o braço armado do Estado burguês que o chacal Alckmin é um dos mais fiéis defensores!

Não para nossa surpresa vimos fotos do deputado federal do PSOL, Ivan Valente, no velório do filho de Alckmin. Ele estava ao lado de Serra, Maluf e Lembo em solidariedade ao governador fascista. Justamente por isso, Luciana Genro, depois do comentário que fez sobre as mortes ("Tudo bem lamentar a morte do filho do Alckmin. Lamento também. Mas pq não lamentam tbem a morte do menino de 10 anos, vítima de bala perdida?"), recuou e foi logo declarando que “Para quem não entendeu, esclareço. Para quem quer ficar brigando, não tenho nenhuma intenção de brigar, nem de polemizar. Ontem me chocou a cena do menino de 10 anos morto pela polícia na favela do Alemão. Não há uma vida com mais valor do que a outra. Sou mãe e perder um filho é uma tragédia para qualquer família. Sou solidária com a família Alckmin e com a família de Eduardo de Jesus. Ambas merecem nossa solidariedade neste momento”. Como se observa o PSOL e Luciana não apontam as diferenças de classes nas tragédias, preferem cinicamente afirmar que “Não há uma vida com mais valor do que a outra”. Desde a LBI declaramos que para os genuínos trotskistas a vida de Eduardo tem um valor totalmente diferente da vida do filho de Alckmin. O garoto de Alemão foi vítima da repressão do Estado burguês, barbárie estatal que a família Alckmin alimenta a frente do Palácio dos Bandeirantes! Não por acaso Marcelo Freixo defende UPP em todos os morros e não o fim da PM. Lembremos que mesmo PSOL decretou luto quando Eduardo Campos morreu no “acidente” aéreo durante a campanha presidencial, não importando que o PSB fosse uma peça do jogo do imperialismo na corrida ao Planalto. O PSOL não tem qualquer posição de classe sobre a questão, desejando não se chocar com a opinião pública pequeno-burguesa.

Mais uma prova de que a vida do garoto Eduardo tem valor distinto da vida do mauricinho Thomaz , está evidente no que declarou o pai do menino, ao jornal O  Dia “Quando fui socorrer meu filho, o PM falou que eu era vagabundo que nem ele. Falou que matou um vagabundo que era filho de um vagabundo”, afirmou o ajudante de pedreiro José Maria Ferreira de Sousa. Por sua vez, a diarista Terezinha Maria de Jesus, 40 anos, mãe do garoto morto no Complexo do Alemão afirmou nesta sexta-feira (3) que foi ameaçada por um policial militar quando se deparou com o filho morto na porta de casa. “Ele disse: já que matei o filho, posso matar a mãe também. Eu gritava que ele tinha acabado com a vida do meu filho e cheguei a agredi-lo. Eles atiraram menos de 10m e sabiam que era uma criança”, disse Terezinha chorando. Mesmo com todas as provas do ocorrido, a presidente Dilma Rousseff cinicamente declarou "Espero que as circunstâncias dessa morte sejam esclarecidas e os responsáveis, julgados e punidos" sem falar nada da ação da PM assassina de seu aliado Pezão! Se algo parecido tivesse ocorrido com o filho de Alckmin, alguém acha que esta seria a reação da presidente?

Diante de uma situação de extermínio da população trabalhadora desde seu local de moradia pelas mãos do Estado burguês, não resta outra alternativa que não seja a resistência direta e sua autodefesa contra os facínoras fardados. Dessa forma, é imperativo a criação de Comitês de autodefesa pelos trabalhadores que estão sendo brutalizados pela PM como fizeram os Panteras Negras nos EUA nas décadas de 60 e 70, como forma de sobrevivência de todas as comunidades moradoras das favelas e periferias do país, bem como a articulação de uma frente única de luta de favelas. Dessa forma, ao contrário do que pregam os revisionistas do PSTU e PSOL que desejam desmilitarizar essa corporação, o movimento de resistência tem que se basear num dos princípios mais fundamentais da luta de classe elaborada por Marx e Engels que é a destruição violenta de todo aparato repressivo da burguesia. Fato este que não pode estar separado da luta pelo poder do proletariado, pondo fim definitivo através da revolução socialista a toda ordem burguesa apodrecida que necessita da guerra contra nossa classe para sobreviver. Desde já, prestamos toda nossa solidariedade a família de Eduardo, vítima da Polícia fascista de Pezão!