quarta-feira, 1 de abril de 2015


BUROCRACIA SINDICAL DE DIREITA EM ALIANÇA COM OS PATRÕES E A OPOSIÇÃO REACIONÁRIA ORGANIZOU UMA "GREVE GERAL" NA ARGENTINA: LUTA EM DEFESA DO SALÁRIO OU TENTATIVA DE GOLPE CONTRA CFK? ESQUERDA REVISIONISTA (PO, PTS, IS, PSTU, TPR/ PCO) APOSTOU NA OPÇÃO DO IMPERIALISMO

A burocracia sindical mafiosa e direitista da Argentina organizou ontem (31/03) mais uma "greve geral" contra o governo CFK. Unindo desde o histórico pelego Hugo Moyano (transportes) passando pelo burocrata Luis Barrionuevo (alimentação) até o reacionário Pablo Micheli (CTA), a "greve geral" contou também com a colaboração entusiasmada da patronal do setor financeiro e serviços. Porém o "êxito" político do Lock Out deve ser debitado mesmo na conta dos barões da mídia corporativa, que salivam como ratazanas a queda da presidenta Cristina. A pauta de reivindicações da burocracia sindical mafiosa esteve centrada contra o imposto criado pelo governo taxando lucros e salários superiores a cerca do equivalente a seis mil Reais. Independente da convergência ou não com a medida do governo nacionalista dos Kirchner, os Marxistas Revolucionários jamais poderiam se perfilar em "unidade de ação" com a direita alinhada programaticamente com a Casa Branca contra um governo da centro-esquerda burguesa. Em um ano eleitoral, a forças da reação já tentaram até forjar um assassinato de um "notório" promotor de justiça para tentar criminalizar a presidenta Cristina. Como a armação da morte do promotor Nisman não conseguiu "colar" na imagem da Casa Rosada, a oposição direitista agora impulsionou essa "greve" com o suporte de uma quadrilha sindical. É evidente que o imposto sobre salários, mesmo que relativamente elevados, não se justifica de forma alguma e deve ser combatido pelas legítimas organizações dos trabalhadores. Amalgamar salários e lucros em um mesmo "pacotaço", como fez a equipe econômica oficial, corresponde a um viés neoliberal que nada tem a ver com a plataforma histórica do nacionalismo burguês peronista. Porém "pegar carona" no trem político da direita como fez a esquerda revisionista argentina foi vergonhoso. Tanto oportunismo desclassado da FIT e apoiadores como a CS, TPR/ PCO, PSTU etc...só para tentar ampliar a bancada parlamentar nas próximas eleições gerais. Mas o apoio fervoroso da mídia "murdochiana" internacional a "greve" não deixou a menor dúvida de que realmente se tratava de um Lock Out da elite racista argentina, desesperada com a falta de unidade de sua oposição reacionária, que ameaça perder a quarta eleição consecutiva para os Kirchner (Frente para a Vitória-FPV). Qualquer semelhança com o "12 de Abril" convocado pela direita no Brasil (incluindo os pelegos sindicais) não é obviamente mera coincidência....

Desgraçadamente não só os principais dirigentes da oposição golpista, como o neofascista prefeito de Buenos Aires Mauricio Macri e o deputado direitista Sergio Massa da Frente Renovador, comemoraram o "sucesso" da paralisação contra o governo CFK, também a maioria das correntes políticas da esquerda revisionista apoiaram enfaticamente o Lock Out da burocracia sindical. Destacam-se neste campo as organizações que integram a FIT, como o PO e PTS. Este último que chegou a criticar abertamente as posições oportunistas de seu parceiro eleitoral, PO, no caso Nisman agora embarcou de corpo inteiro na empreitada do mafioso Moyano. O deputado provincial do PTS, Castillo, declarou o seguinte disparate sobre o simulacro de greve geral: "A esta hora ya podemos afirmar sin temor a equivocarnos que el paro es contundente en todo el país. Fue una medida con acatamiento masivo no solo en el transporte, sino también en la industria y en los servicios. La bronca de los trabajadores le dio fuerza a esta medida, en la que millones participan no solo contra el impuesto al salario, sino también contra la inflación, contra el trabajo precario, por paritarias libres y sin techo, contra los despidos y las suspensiones, entre las principales demandas."

Porém o que mais chamou atenção foram as colocações adesistas da TPR, Tendência Piquetera Revolucionária, organização menchevique que representa na Argentina as posições do PCO. No Brasil, o PCO tem se colocado intransigentemente ao lado do governo Dilma prognosticando a iminência de um golpe de estado contra a Frente Popular. Porém no país irmão onde o governo Cristina sofre a cada dia uma virulenta campanha midiática justamente porque promulgou uma tímida lei de controle dos "meios", tema que Dilma sequer pretende analisar com medo da famiglia Marinho, o grupo vinculado ao PCO decidiu estacionar na barricada política da direita e dos golpistas. Vejamos como a TPR defende seu malabarismo centrista: "La Tendencia Piquetera Revolucionaria (TPR) forma parte del paro nacional activo este 31 de marzo. La TPR ya se encuentra participando del corte de Henry Ford y Panamericana junto a numerosas organizaciones de izquierda, y desde las 7am integrará los cortes en Puente Pueyrredón (Provincia de Buenos Aires) y Puente Centenario (Córdoba). Juan Marino, dirigente de la TPR, declaró que "vamos al paro activo para imponer nuestra agenda. Reclamamos un aumento salarial del 50%, rechazamos los cierres de fábricas, despidos y suspensiones, exigimos el pase a planta de todos los tercerizados y precarizados, denunciamos que el salario no es ganancia, y llamamos a poner en pie un frente político-reivindicativo por un plan de lucha, un nuevo paro de 36hs en abril y en apoyo al Frente de Izquierda." Parece que tudo que a TPR quer é garantir uma vaguinha eleitoral na FIT, uma espécie portenha de "frente de esquerda", do mesmo caráter político da aliança entre o PSTU e PSOL no Brasil. A súbita conversão do PCO ao campo político "chapa branca" não consegue esconder seu passado recente de apoio a todas as investidas golpistas da Casa Branca contra governos nacionalistas, como na Líbia, Síria e agora na Argentina.

O combativo proletariado argentino deve manter completa distância das iniciativas burlescas da máfia sindical, que visa barganhar sua entrada pela porta dos fundos em um futuro governo entreguista alinhado com Washington. Para isto é necessário construir organismos de luta classista, plenamente independentes da burguesia em suas variantes reacionárias. A mobilização em defesa das conquistas sociais e dos direitos trabalhistas deve estar ligada a perspectiva estratégica do poder operário, tarefa histórica que a burocracia sindical corrupta jamais poderá levar a frente.