8 DE JANEIRO DE 1996: MORRE FRANÇOIS MITTERRAND, O CHEFE DA
FRENTE POPULAR FRANCESA QUE COOPTOU A OCI DE PIERRE LAMBERT
Em 8 de Janeiro de 1996 morria François Mitterrand, principal nome público do Partido Socialista francês. Ele foi candidato a presidente da França, em 1965, sendo derrotado por Charles de Gaulle. Formou em 1972 uma frente popular do PS com o Partido Comunista francês dirigido por Georges Marchais. Perdeu novamente as eleições para presidente em 1974, desta vez para Valéry Giscard d'Estaing. Venceu por fim em 1981, encabeçando um governo de colaboração de classes. Comandou o governo de Frente Popular na França durante 14 anos na função de presidente da República, começando em 1981 e finalizando em 1995, enquanto convivia com os partidos burgueses tradicionais que por várias vezes indicaram o primeiro-ministro. Sua longa gestão burguesa foi responsável por conter a luta de classes no país e cooptar dirigentes do Lambertismo como o ex-primeiro ministro Lionel Jospin e o deputado Cristophe Cambadélis, ambos corrompidos pela ascensão do governo pseudo “socialista” a partir do começo da década de 80. A OCI francesa, em meados dos anos 70, inicia um processo de “entrismo profundo” no interior do Partido Socialista. Com a justificativa de aproximar-se da classe operária, a corrente lambertista estabeleceu não só relações políticas com a social democracia, mas fundamentalmente vínculos materiais que a destruíram como organização trotskista. Quadros da OCI ascenderam na estrutura do PS francês, corrompendo ideológica e programaticamente o lambertismo até à medula. Nessa linha, Pierre Lambert apoiou a candidatura presidencial de Miterrand em 1981, política também seguida por Nahuel Moreno que depois rompeu com Lambert cinicamente acusando-o de fazer seguidismo aos “campos burgueses progressistas”, no caso, ao PS francês durante o governo social-imperialista de Miterrand. O agrupamento de Lambert liquidou-se como corrente trotskista a partir de sua capitulação vergonhosa ao governo de Miterrand, tornando-se a partir de então e em todas as partes, mero assessor de esquerda da social democracia, como a corrente OT no Brasil. A posição da posição da OCI diante da gestão burguesa da Frente Popular era de que “partir hoje da denúncia frontal do conteúdo burguês do governo Mitterrand-Mauroy seria abandonar o combate contra as ilusões no terreno das ilusões" (A Luta de Classe, nº 7, Revista da OSI, atual "O Trabalho"). Durante a gestão de Miterrrand, a corrente lambertista foi rebatizada com o nome de PCI e depois dissolve-se em um amálgama ultra-oportunista chamado nacionalmente de PT, em uma homenagem à “exitosa experiência do PT brasileiro”. No campo internacional, passam a apresentar-se como Acordo Internacional dos Trabalhadores, ACT, uma espécie de “entidade sindical” que abriga, inclusive, membros da reacionária AFL-CIO norte-americana. Como podemos ver, Miterrand além de comandar uma gestão burguesa de colaboração de classes, liquidou com o chamado “trotskismo” francês em suas mais diversas variantes.