terça-feira, 9 de janeiro de 2018

GREVE DOS POLICIAIS DO RN: OS MARXISTAS REVOLUCIONÁRIOS NÃO APOIAM A PARALISAÇÃO REACIONÁRIA POLICIAL POR “MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO” PARA DEFENDER A PROPRIEDADE PRIVADA E REPRIMIR OS TRABALHADORES! POR COMITÊS DE AUTODEFESA E MILÍCIAS OPERÁRIAS! GRUPO “MAIS” SEGUE A HERANÇA DO PROGRAMA MORENISTA E APOIA AS REIVINDICAÇÕES DO BRAÇO ARMADO REPRESSOR DO ESTADO BURGUÊS!


A Polícia Militar continua em greve no Rio Grande do Norte (RN) enquanto os Policiais civis decidiram voltar às atividades nesta terça (9). Os policiais reivindicavam o pagamento dos salários e melhores condições de trabalho. Dentre as dificuldades apontadas pelos PMs, estão a precariedade das viaturas, falta de munições e colete à prova de balas vencidos. No dia 4 de janeiro, os policiais militares entregaram um documento com 18 reivindicações ao comando da Polícia Militar e ao governador do estado Robinson Faria (PSD). No dia 6 de janeiro, o governador decretou calamidade na Segurança Pública. Segundo ele, o decreto iria facilitar a compra de equipamentos que melhorem as condições de trabalho dos policiais. Na verdade o quadro de barbárie social é resultado imediato da crise econômica capitalista e do ajuste neoliberal draconiano imposto pelo governo Robson Faria e a oligarquia local. A Força Nacional foi acionada e 120 homens foram enviados ao RN. Além disso, o governo federal enviou, no dia 30 de dezembro, 2,8 mil homens das Forças Armadas para reforçarem o patrulhamento das ruas. A permanência das Forças Armadas no RN termina dia 12 de janeiro. Não faltam as vozes na “esquerda” e do revisionismo trotskista em defesa da greve dos policiais no RN, os arautos do “tradeunismo” vulgar dizem que são “trabalhadores fardados” e nesta condição vítimas da exploração e arrocho salarial como os outros servidores públicos. O grupo “Mais” da ex-vereadora de Natal, Amanda Gurguel, é um dos mais destacados nesta defesa no RN. Para os militantes do MAIS, os reacionários policias são “trabalhadores do serviço público... seria correto apoiar suas reivindicações por melhores condições de trabalho”, como salários mais altos, viaturas novas, armas modernas, coletes, etc... Ao defender essas posições abjetas frontalmente contrárias ao Marxismo Revolucionário o grupo do Prof. Valério e de Amanda Gurguel , seguindo a herança morenista, choca-se com as posições de nosso mestre Trotsky que afirma claramente “O trabalhador que se torna um policial a serviço do Estado capitalista, é um policial burguês, e não um trabalhador.” (Leon Trotsky). Para o Marxismo, um policial mesmo em greve não é um aliado, não deve ser encarado como um simples “assalariado”, mas como um inimigo de classe que reivindica de seu patrão melhores condições para reprimir o povo trabalhador em meio a um período de crise econômica. Para além de um debate “teórico”, a posição do MAIS se choca com a realidade: os policiais civis e militares são nossos inimigos, uma categoria especial de “assalariados” que serve a classe dominante na repressão que seu Estado desfere sistematicamente contra os trabalhadores e a juventude, compõe uma instituição burguesa reacionária que não pode ser reformada e deve sim ser destruída em nossa luta pela Revolução Proletária. Por esta razão não devemos apoiar uma greve para que a polícia e seus membros tenham suas condições de trabalho melhoradas, seus salários aumentados e lhe dispor de mais armas para atacar o movimento de massas, os estudantes, os camponeses. A tentativa de dotar esta greve policial de alguma característica “progressiva” é absolutamente inútil. Por mais que se esforce em “glamorizar” a luta sindical dos policias, suas ações contra a classe trabalhadora, apenas reforçam o que esses “servidores públicos especiais” são treinados e pagos para fazer, ou seja, assassinar pobres e reprimir trabalhadores. Como definiu brilhantemente Trotsky, “A polícia é um inimigo cruel, inconciliável, odiado. Não há nem que se pensar em ganhá-los para a causa. Não há outro remédio que açoitá-los ou matá-los. Quanto ao exército é outra coisa...” (História da Revolução Russa, Capítulo VII, Cinco dias - 23 a 29 de fevereiro de 1917, 1930). Tentar transformar o legado teórico bolchevique, de cindir a base das forças armadas em uma etapa revolucionária a favor do proletariado, em apoio acrítico as greves reacionárias de policiais, não passa de uma “armadilha” do mais rasteiro sindicalismo vulgar praticado pelo MAIS e seus congêneres revisionistas. O “MAIS” também defende a “desmilitarização da polícia” alegando que desta forma a “população” teria o controle da corporação. Nada mais falso, como explicou o grande Bolchevique “Todas as polícias, executoras da vontade do capitalismo, do Estado burguês e de suas quadrilhas de políticos corruptos devem ser dissolvidas” (L.Trotsky, Um programa para a França). Enquanto os Marxistas Revolucionários defendem a destruição das polícias, o MAIS reivindica sua manutenção “sob o controle da população” dentro do sistema capitalista, omitindo que o Estado burguês e sua polícia são controlados pela burguesia contra a classe trabalhadora e não para defender os interesses da “população no abstrato”. Como se pode ver, a tese destes “mestres” do oportunismo choca-se totalmente com o Marxismo Revolucionário, tanto que chegam ao ponto de patrocinar ilusões de que no capitalismo e sob um regime político burguês os trabalhadores iriam controlar a assassina oficialidade policial através de reuniões democráticas! Ao se acreditar nesse “conto de fadas” o MAIS no fundo vende a ilusão de que não precisamos mais de uma Revolução Operária e Socialista violenta, do armamento proletário e da destruição das instituições burguesas para liquidar o Estado capitalista, bastaria votar na “esquerda”, “radicalizar a democracia” e eleger gerentes “éticos” como os candidatos do PSOL para se chegar “Socialismo”. Esse “Marxismo crítico” que o MAIS e o Prof. Valério defende em suas cátedras, tão simpático e domesticado, pode atrair os mais desavisados, corrompidos e adaptados a democracia burguesa, mas definitivamente são posições aberrantes que não tem serventia alguma no combate social, político e ideológico do proletariado e da juventude combativa para derrocar o Estado burguês e marchar na construção do Comunismo sob os escombros do Estado capitalista!


Os policiais, como uma categoria social, realmente são assalariados (e na sua grande maioria de origem proletária) e nisto se resume seu único “denominador comum” com os trabalhadores. Como um destacamento de “serviços especiais” do Estado burguês, os policiais não fazem parte da classe trabalhadora, como demonstrou o próprio Lenin, em seu excepcional artigo sobre os serviços de “inteligência” do regime tsarista. A polícia cumprindo a função social de um destacamento armado para preservar a propriedade privada dos meios de produção, jamais poderia ser considerada parte integrante da classe trabalhadora, pelo menos para os que têm referência no marxismo. Do PT ao PSOL, passando pelo PSTU, MAIS e outros grupos revisionistas menores todos tem em geral a mesma posição de apoio a greve policial. Nós Bolcheviques Leninistas entendemos que as atuais greves da PM, estão muito distantes de assumirem uma feição de “motim”, contra a cúpula militar ou mesmo contra as “autoridades” constituídas. Não voltaram suas armas contra nenhum comandante ou governador, não tomaram quartéis ou sequestraram oficiais. Esta greve policial não “ousou” quebrar qualquer hierarquia substantiva e tampouco teve qualquer móvel democrático contra as próprias barbaridades cometidas diariamente pela tropa contra a população oprimida, com aval do alto comando militar e dos governos eleitos “democraticamente”. A “luta” dos policiais se limita ao eixo de uma recomposição salarial, fomentada pelos altos gastos orçamentários com a “segurança pública”, leia-se com a preservação da propriedade privada dos meios de produção, de uma elite corrupta e que cada vez mais concentra renda em nosso país e teme a “ira dos marginalizados” deste regime bastardo. A tentativa de dotar esta greve policial de alguma característica “progressiva” é absolutamente inútil. Por mais que a esquerda revisionista se esforce em “glamorizar” os cães raivosos das PMs, suas ações durante o movimento apenas reproduziram o que são treinados e pagos para fazer, ou seja, assassinar pobres e reprimir trabalhadores. Como definiu brilhantemente o “velho” bolchevique L. Trotsky, em uma polêmica com Stalinistas alemães, acerca do suposto caráter “proletário” dos policiais: “O fato de que a polícia foi originalmente recrutada em grande número dentre os trabalhadores social-democratas não quer dizer nada. Aqui também a consciência é determinada pela existência. O trabalhador que se torna um policial a serviço do Estado capitalista, é um policial burguês, e não um trabalhador...” (Questões vitais para o proletariado alemão, 1932). Os soldados e cabos da PM, nada tem a ver com os recrutas e militares de baixa patente das forças armadas, os primeiros são membros de uma instituição policial, militarizada ao gosto dos regimes autoritários, os segundos são militares de fato e pertencem ao exército nacional. Deixemos que o próprio Trotsky exponha esta questão: “A multidão demonstrava um ódio furioso contra a polícia. A polícia montada era recebida com vaias, pedras, pedaços de ferro. Muito distinta era a atitude dos operários com relação aos soldados... A polícia é um inimigo cruel, inconciliável, odiado. Não há nem que se pensar em ganhá-los para a causa. Não há outro remédio que açoitá-los ou matá-los. Quanto ao exército é outra coisa...” (História da Revolução Russa, 1930). Tentar transformar o legado teórico bolchevique, de cindir a base das forças armadas, em uma etapa revolucionária, a favor do proletariado, em apoio acrítico a uma greve reacionária de policiais, não passa de uma “armadilha” do mais rasteiro sindicalismo vulgar praticado pelo PSTU, MAIS, TPOR e seus congêneres revisionistas. Somente revisionistas mais decompostos podem acreditar que a função da polícia em uma sociedade de classes é cuidar da “segurança pública”, de todos os cidadãos independente de sua posição na cadeia produtiva. A verdadeira “proteção” da polícia é dada apenas à burguesia nos momentos em que se sente “ameaçada” de seus lucros pelas lutas do proletariado. Para Trotsky, “inclusive as frações mais avançadas (do exército) não passarão aberta e ativamente para o lado do proletariado até que vejam com seus próprios olhos que os operários querem lutar e são capazes de vencer (“Aonde vai a França?”). Ou seja, a unidade do proletariado mesmo com os setores mais avançados do exército só se dará em situações pré-revolucionárias. No entanto, na falta do proletariado em cena, os epígonos pseudotrotskistas seguem a reboque dos interesses reacionários dos oficiais da polícia capixaba. Por fim alertamos, os revolucionários não precisam apoiar a reacionária greve dos policiais, para defenderem as liberdades democráticas contra a fascistização do regime. É preciso opor-se às prisões e demais punições dos policiais grevistas pelo Estado patronal, porque tais medidas visam a fortalecer a repressão estatal, que mais tarde se voltará contra os trabalhadores. Apesar das greves das polícias objetivamente potenciarem um quadro de desagregação do Estado burguês, inclusive em um setor vital, como suas forças repressivas, não é apoiando as reivindicações da polícia a melhor forma de acelerar a fissura aberta no seio das próprias classes dominantes. Ao contrário de subordinar as organizações de massas à reacionária greve policial, como fazem os reformistas de todos os matizes, é preciso convocar a mobilização dos trabalhadores, rechaçar a repressão aos saques populares e incentivar a formação de comitês de autodefesa e milícias operárias, educando o proletariado para a necessidade da destruição do aparato repressivo do Estado burguês, única via que poderia inclusive forçar uma ruptura revolucionária na hierarquia militar.