GREVE DOS POLICIAIS DO RN: OS MARXISTAS REVOLUCIONÁRIOS NÃO
APOIAM A PARALISAÇÃO REACIONÁRIA POLICIAL POR “MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO”
PARA DEFENDER A PROPRIEDADE PRIVADA E REPRIMIR OS TRABALHADORES! POR COMITÊS DE
AUTODEFESA E MILÍCIAS OPERÁRIAS! GRUPO “MAIS” SEGUE A HERANÇA DO PROGRAMA
MORENISTA E APOIA AS REIVINDICAÇÕES DO BRAÇO ARMADO REPRESSOR DO ESTADO BURGUÊS!
A Polícia Militar continua em greve no Rio Grande do Norte
(RN) enquanto os Policiais civis decidiram voltar às atividades nesta terça
(9). Os policiais reivindicavam o pagamento dos salários e melhores condições
de trabalho. Dentre as dificuldades apontadas pelos PMs, estão a precariedade
das viaturas, falta de munições e colete à prova de balas vencidos. No dia 4 de
janeiro, os policiais militares entregaram um documento com 18 reivindicações
ao comando da Polícia Militar e ao governador do estado Robinson Faria (PSD).
No dia 6 de janeiro, o governador decretou calamidade na Segurança Pública.
Segundo ele, o decreto iria facilitar a compra de equipamentos que melhorem as
condições de trabalho dos policiais. Na verdade o quadro de barbárie social é
resultado imediato da crise econômica capitalista e do ajuste neoliberal
draconiano imposto pelo governo Robson Faria e a oligarquia local. A Força
Nacional foi acionada e 120 homens foram enviados ao RN. Além disso, o governo
federal enviou, no dia 30 de dezembro, 2,8 mil homens das Forças Armadas para
reforçarem o patrulhamento das ruas. A permanência das Forças Armadas no RN
termina dia 12 de janeiro. Não faltam as
vozes na “esquerda” e do revisionismo trotskista em defesa da greve dos policiais no RN, os
arautos do “tradeunismo” vulgar dizem que são “trabalhadores fardados” e nesta
condição vítimas da exploração e arrocho salarial como os outros servidores
públicos. O grupo “Mais” da ex-vereadora de Natal, Amanda Gurguel, é um dos
mais destacados nesta defesa no RN. Para os militantes do MAIS, os reacionários
policias são “trabalhadores do serviço público... seria correto apoiar suas
reivindicações por melhores condições de trabalho”, como salários mais altos,
viaturas novas, armas modernas, coletes, etc... Ao defender essas posições
abjetas frontalmente contrárias ao Marxismo Revolucionário o grupo do Prof.
Valério e de Amanda Gurguel , seguindo a herança morenista, choca-se com as posições de nosso mestre Trotsky que afirma claramente
“O trabalhador que se torna um policial a serviço do Estado capitalista, é um
policial burguês, e não um trabalhador.” (Leon Trotsky). Para o Marxismo, um
policial mesmo em greve não é um aliado, não deve ser encarado como um simples
“assalariado”, mas como um inimigo de classe que reivindica de seu patrão
melhores condições para reprimir o povo trabalhador em meio a um período de
crise econômica. Para além de um debate “teórico”, a posição do MAIS se choca
com a realidade: os policiais civis e militares são nossos inimigos, uma
categoria especial de “assalariados” que serve a classe dominante na repressão
que seu Estado desfere sistematicamente contra os trabalhadores e a juventude,
compõe uma instituição burguesa reacionária que não pode ser reformada e deve
sim ser destruída em nossa luta pela Revolução Proletária. Por esta razão não
devemos apoiar uma greve para que a polícia e seus membros tenham suas
condições de trabalho melhoradas, seus salários aumentados e lhe dispor de mais
armas para atacar o movimento de massas, os estudantes, os camponeses. A
tentativa de dotar esta greve policial de alguma característica “progressiva” é
absolutamente inútil. Por mais que se esforce em “glamorizar” a luta sindical
dos policias, suas ações contra a classe trabalhadora, apenas reforçam o que
esses “servidores públicos especiais” são treinados e pagos para fazer, ou
seja, assassinar pobres e reprimir trabalhadores. Como definiu brilhantemente
Trotsky, “A polícia é um inimigo cruel, inconciliável, odiado. Não há nem que
se pensar em ganhá-los para a causa. Não há outro remédio que açoitá-los ou
matá-los. Quanto ao exército é outra coisa...” (História da Revolução Russa,
Capítulo VII, Cinco dias - 23 a 29 de fevereiro de 1917, 1930). Tentar
transformar o legado teórico bolchevique, de cindir a base das forças armadas
em uma etapa revolucionária a favor do proletariado, em apoio acrítico as
greves reacionárias de policiais, não passa de uma “armadilha” do mais rasteiro
sindicalismo vulgar praticado pelo MAIS e seus congêneres revisionistas. O
“MAIS” também defende a “desmilitarização da polícia” alegando que desta forma
a “população” teria o controle da corporação. Nada mais falso, como explicou o
grande Bolchevique “Todas as polícias, executoras da vontade do capitalismo, do
Estado burguês e de suas quadrilhas de políticos corruptos devem ser
dissolvidas” (L.Trotsky, Um programa para a França). Enquanto os Marxistas
Revolucionários defendem a destruição das polícias, o MAIS reivindica sua
manutenção “sob o controle da população” dentro do sistema capitalista,
omitindo que o Estado burguês e sua polícia são controlados pela burguesia
contra a classe trabalhadora e não para defender os interesses da “população no
abstrato”. Como se pode ver, a tese destes “mestres” do oportunismo choca-se
totalmente com o Marxismo Revolucionário, tanto que chegam ao ponto de
patrocinar ilusões de que no capitalismo e sob um regime político burguês os
trabalhadores iriam controlar a assassina oficialidade policial através de
reuniões democráticas! Ao se acreditar nesse “conto de fadas” o MAIS no fundo
vende a ilusão de que não precisamos mais de uma Revolução Operária e
Socialista violenta, do armamento proletário e da destruição das instituições
burguesas para liquidar o Estado capitalista, bastaria votar na “esquerda”,
“radicalizar a democracia” e eleger gerentes “éticos” como os candidatos do
PSOL para se chegar “Socialismo”. Esse “Marxismo crítico” que o MAIS e o Prof.
Valério defende em suas cátedras, tão simpático e domesticado, pode atrair os
mais desavisados, corrompidos e adaptados a democracia burguesa, mas
definitivamente são posições aberrantes que não tem serventia alguma no combate
social, político e ideológico do proletariado e da juventude combativa para
derrocar o Estado burguês e marchar na construção do Comunismo sob os escombros
do Estado capitalista!
Os policiais, como uma categoria social, realmente são assalariados (e na sua grande maioria de origem proletária) e nisto se resume seu único “denominador comum” com os trabalhadores. Como um destacamento de “serviços especiais” do Estado burguês, os policiais não fazem parte da classe trabalhadora, como demonstrou o próprio Lenin, em seu excepcional artigo sobre os serviços de “inteligência” do regime tsarista. A polícia cumprindo a função social de um destacamento armado para preservar a propriedade privada dos meios de produção, jamais poderia ser considerada parte integrante da classe trabalhadora, pelo menos para os que têm referência no marxismo. Do PT ao PSOL, passando pelo PSTU, MAIS e outros grupos revisionistas menores todos tem em geral a mesma posição de apoio a greve policial. Nós Bolcheviques Leninistas entendemos que as atuais greves da PM, estão muito distantes de assumirem uma feição de “motim”, contra a cúpula militar ou mesmo contra as “autoridades” constituídas. Não voltaram suas armas contra nenhum comandante ou governador, não tomaram quartéis ou sequestraram oficiais. Esta greve policial não “ousou” quebrar qualquer hierarquia substantiva e tampouco teve qualquer móvel democrático contra as próprias barbaridades cometidas diariamente pela tropa contra a população oprimida, com aval do alto comando militar e dos governos eleitos “democraticamente”. A “luta” dos policiais se limita ao eixo de uma recomposição salarial, fomentada pelos altos gastos orçamentários com a “segurança pública”, leia-se com a preservação da propriedade privada dos meios de produção, de uma elite corrupta e que cada vez mais concentra renda em nosso país e teme a “ira dos marginalizados” deste regime bastardo. A tentativa de dotar esta greve policial de alguma característica “progressiva” é absolutamente inútil. Por mais que a esquerda revisionista se esforce em “glamorizar” os cães raivosos das PMs, suas ações durante o movimento apenas reproduziram o que são treinados e pagos para fazer, ou seja, assassinar pobres e reprimir trabalhadores. Como definiu brilhantemente o “velho” bolchevique L. Trotsky, em uma polêmica com Stalinistas alemães, acerca do suposto caráter “proletário” dos policiais: “O fato de que a polícia foi originalmente recrutada em grande número dentre os trabalhadores social-democratas não quer dizer nada. Aqui também a consciência é determinada pela existência. O trabalhador que se torna um policial a serviço do Estado capitalista, é um policial burguês, e não um trabalhador...” (Questões vitais para o proletariado alemão, 1932). Os soldados e cabos da PM, nada tem a ver com os recrutas e militares de baixa patente das forças armadas, os primeiros são membros de uma instituição policial, militarizada ao gosto dos regimes autoritários, os segundos são militares de fato e pertencem ao exército nacional. Deixemos que o próprio Trotsky exponha esta questão: “A multidão demonstrava um ódio furioso contra a polícia. A polícia montada era recebida com vaias, pedras, pedaços de ferro. Muito distinta era a atitude dos operários com relação aos soldados... A polícia é um inimigo cruel, inconciliável, odiado. Não há nem que se pensar em ganhá-los para a causa. Não há outro remédio que açoitá-los ou matá-los. Quanto ao exército é outra coisa...” (História da Revolução Russa, 1930). Tentar transformar o legado teórico bolchevique, de cindir a base das forças armadas, em uma etapa revolucionária, a favor do proletariado, em apoio acrítico a uma greve reacionária de policiais, não passa de uma “armadilha” do mais rasteiro sindicalismo vulgar praticado pelo PSTU, MAIS, TPOR e seus congêneres revisionistas. Somente revisionistas mais decompostos podem acreditar que a função da polícia em uma sociedade de classes é cuidar da “segurança pública”, de todos os cidadãos independente de sua posição na cadeia produtiva. A verdadeira “proteção” da polícia é dada apenas à burguesia nos momentos em que se sente “ameaçada” de seus lucros pelas lutas do proletariado. Para Trotsky, “inclusive as frações mais avançadas (do exército) não passarão aberta e ativamente para o lado do proletariado até que vejam com seus próprios olhos que os operários querem lutar e são capazes de vencer (“Aonde vai a França?”). Ou seja, a unidade do proletariado mesmo com os setores mais avançados do exército só se dará em situações pré-revolucionárias. No entanto, na falta do proletariado em cena, os epígonos pseudotrotskistas seguem a reboque dos interesses reacionários dos oficiais da polícia capixaba. Por fim alertamos, os revolucionários não precisam apoiar a reacionária greve dos policiais, para defenderem as liberdades democráticas contra a fascistização do regime. É preciso opor-se às prisões e demais punições dos policiais grevistas pelo Estado patronal, porque tais medidas visam a fortalecer a repressão estatal, que mais tarde se voltará contra os trabalhadores. Apesar das greves das polícias objetivamente potenciarem um quadro de desagregação do Estado burguês, inclusive em um setor vital, como suas forças repressivas, não é apoiando as reivindicações da polícia a melhor forma de acelerar a fissura aberta no seio das próprias classes dominantes. Ao contrário de subordinar as organizações de massas à reacionária greve policial, como fazem os reformistas de todos os matizes, é preciso convocar a mobilização dos trabalhadores, rechaçar a repressão aos saques populares e incentivar a formação de comitês de autodefesa e milícias operárias, educando o proletariado para a necessidade da destruição do aparato repressivo do Estado burguês, única via que poderia inclusive forçar uma ruptura revolucionária na hierarquia militar.