NENHUM APOIO ÀS MANIFESTAÇÕES PRÓ-IMPERIALISTAS NO IRÃ
APOIADAS POR TRUMP, ISRAEL E ARÁBIA SAUDITA! DERROTAR A OPOSIÇÃO "MADE
IN CIA" E CONSTRUIR UMA ALTERNATIVA REVOLUCIONÁRIA AO REGIME REACIONÁRIO
DOS AIATOLÁS!
Pequenas e violentas manifestações ocorrem desde 28 de dezembro nas ruas de grandes cidades iranianas como Teerã, Mashhad, Isfahan e Rasht. O Presidente iraniano, Hassan Rohani, destacou que os protestos foram provocados não apenas por dificuldades internas, mas também por incitações do exterior. De acordo com mídia local, cerca de 21 pessoas já morreram em meio as manifestações. Tudo sugere que sejam o primeiro estágio de uma grande operação comandada pelo imperialismo ianque, Arábia Saudita e Israel com a ajuda de grupos de terroristas locais, como ocorreu na Líbia de Kadaffi e na Síria de Assad. Os protestos começaram em várias cidades no mesmo momento. Não é agitação local espontânea numa só cidade: claramente os movimentos são coordenados. Quando os trabalhadores estão em dificuldades, quaisquer poucos milhares de dólares bastam para criar multidões de ‘indignados’. Pequenos grupos especialistas causam agitação e tumultos que logo ganham destaque na mídia internacional. Como trotskistas sabemos muito bem que regimes nacionalistas burgueses não hesitam em atacar sua própria classe operária quando a questão em jogo é a eliminação socialista de seus privilégios de classe. Mas o que acontece agora no Irã não é a insurreição das massas contra um regime nacionalista decadente e sim uma ofensiva imperialista contra as conquistas das massas oriundas de um regime nacionalista. Por esta razão dizemos que cabe lutar em frente única com as forças do regime para derrotar o imperialismo e seus agentes internos, forjando nesta trincheira de luta as condições para construir um partido revolucionário e internacionalista capaz de agrupar o melhor da vanguarda para, depois de derrotada a ofensiva imperialista, marchar contra o regime burguês islâmico e reacionário que mantém intocável o modo de produção capitalista. Seguindo o legado de Trotsky e particularmente seus ensinamentos quando esteve exilado no México no final dos anos 30 sob o governo de Cuauhtémoc Cárdenas, a LBI honra neste momento o “velho” que soube de forma principista “andar sob o fio da navalha” ao denunciar a ofensiva reacionária da direita e do imperialismo, chamando a derrotá-la enquanto se delimitava programaticamente com o nacionalismo burguês mexicano. Trotsky presenciou diretamente nos últimos anos de sua vida várias manifestações “populares” reacionárias contra as nacionalizações feitas pelo governo burguês do general Cárdenas. Na época, a oposição pró-imperialista afirmava que Cárdenas era um “ditador”, a mesma cantilena que usaram contra Kadaffi, Maduro, Assad e mesmo os Aiatolás. Ainda assim o dirigente bolchevique se recusou a embarcar pela vereda fácil do falso radicalismo “ortodoxo”, sendo torpemente acusado de ter se “vendido” a Cárdenas, inclusive por dirigentes da própria Quarta Internacional. Fazendo um paralelo histórico, é a essa encruzilhada dramática que está submetido o Irã hoje. Nesse combate, os trotskistas da LBI, sem alimentar falsas ilusões no regime dos Aiatolás, lutam em unidade de ação com as forças do regime, com total independência política, para derrotar a contrarrevolução travestida de “democrática”.
Alamolhoda, representante do Aiatolá Khamenei em Mashhad, declarou que grupos organizados aproveitaram-se dos protestos contra o aumento do custo de vida e levantaram slogans contra o papel do Irã em conflitos regionais. “Algumas pessoas reuniram-se para manifestar suas demandas, mas de repente, numa multidão de centenas, um pequeno grupo de não mais de 50 pessoas puseram-se a gritar coisas horríveis como “Esqueçam a Palestina”, “Nem Gaza nem o Líbano! Minha vida, só pelo Irã”. Dois vídeos postados pela BBC Persa mostram só pequenos grupos de protestos, de uma dúzia de pessoas, com gente em torno assistindo ou filmando as pessoas que gritam slogans. Vídeos publicados pelo grupo terrorista Mujahedin-e Khalq [MEK] também mostram só pequenos protestos, apesar de o MEK falar de dezenas de milhares de pessoas que gritam “morte ao ditador”. O MEK, ou sua organização “civil”, chamada Conselho Nacional de Resistência do Irã, parece muito envolvido nos atuais protestos. O website do grupo está atualmente cheio de matérias sobre os protestos: um total de dez matérias, e o comando lançou declaração de apoio aos ‘manifestantes’. Em 2012 foi noticiado que Israel havia usado a organização terrorista MEK para assassinar cientistas nucleares no Irã. O secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Shamkhani, declarou que as manifestações no Irã fazem parte de uma guerra intermediária travada contra Teerã por alguns países, comunica a agência de notícias Tasnim. Segundo ele, os protestos são provocados pelos EUA, Arábia Saudita e até mesmo pelo Reino Unido, sendo estes países os líderes das campanhas que influenciam as manifestações nas redes sociais: “Em nossa análise, uns 27% dos novos hashtags contra o Irã foram elaborados pelo governo saudita”, declarou Shamkhani”. Antes, no início desse mês, a Casa Branca e os sionistas preparavam-se para mais um assalto ao Irã: Uma delegação chefiada pelo Conselheiro de Segurança Nacional de Israel reuniu-se com altas autoridades dos EUA na Casa Branca no início desse mês, para discussão conjunta sobre estratégia para fazer frente a influência do Irã no Oriente Médio, como o alto funcionário dos EUA confirmou ao jornal israelense Haaretz “EUA e Israel têm posições idênticas quanto aos diferentes desenvolvimentos na região, especialmente os conectados ao Irã. Chegamos a bom entendimento sobre a estratégia e a política necessárias para enfrentar o Irã. Nossos entendimentos giram em torno da estratégia geral, mas também cuidam de metas concretas, modo de ação e os meios que têm de ser usados para alcançar aquelas metas”. Apesar disso, fica evidente que os protestos se valeram do descontentamento com as políticas econômicas neoliberais do governo Rohani no Irã. O desemprego oficial no Irã está acima de 12%, e o crescimento econômico é praticamente zero. Tanto que o Líder Supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, que repetidas vezes criticou os resultados econômicos do governo, disse na 4ª-feira que a nação luta contra “preços altos, inflação e recessão”, e conclamou os funcionários a encarar com determinação esses graves problemas. Lembremos que em 2009, o Irã foi palco da chamada “Revolução Verde”, quando o imperialismo apoiou as manifestações contra Ahmadinejad, acusando-o de fraudar as eleições. Na época, não podendo derrubar o governo iraniano, Washington buscou desestabilizá-lo, apoiando-se em um amplo setor da burguesia iraniana, alinhada em torno da candidatura de Mir Hossein Moussavi, uma caixa de ressonância das pressões imperialistas, turbinada após a campanha midiática contra os resultados eleitorais. Hoje, a maior força da trama orquestrada no lastro da fanstasiosa “Revolução Árabe” no Irã obviamente não reside no apoio popular à oposição pró-imperialista, já que esta é carente de peso social suficiente para impor a queda do atual governo, mas da fissura crescente dentro da cúpula teocrática, corroída pela sedução imperialista.
Os Marxistas Revolucionários tem claro que a iniciativa da
Casa Branca está inserida neste momento no contexto da própria crise que
atravessa a ofensiva imperialista contra os povos, em particular no impasse
militar no “Mundo Árabe” após o êxito inicial contra o regime Kadafista na
Líbia. O empantanamento da invasão contra a Síria e as dificuldades de iniciar
a estratégica operação contra o Irã, sem falar na impossibilidade de “dobrar” a
influência militar da Rússia na região, obrigaram o Império voltar a investir
em manifestações desestabilizadoras internas, principalmente após o Irã voltar
a influenciar o Iraque. O restabelecimento de relações entre EUA e Irã com
Obama, suspensas desde 1979, sofreu forte resistência da Arábia Saudita, Israel
e Turquia, produzindo um emaranhado no sistema de alianças no convulsionado
Oriente Médio. Desde a eleição de Hassan Rohani, o presidente iraniano tem
mantido uma posição mais conciliadora com o imperialismo ianque e as potências
ocidentais, sob o pretexto de pôr um fim às sanções contra o Irã. Lembremos que
o objetivo central do Pentágono ao desestabilizar a Síria é neutralizar o
regime da oligarquia Assad para debilitar o Hezbollah e seguir sem maiores
obstáculos em seu plano de atacar Irã. Ao que tudo indica, “preventivamente”,
os Aiatolás agiram logo em busca de um acordo com a Casa Branca e para isso
“elegeram” Hassan Rohani, que já foi negociador nuclear iraniano e, como
representante dos chamados “reformistas”, tem bastante trânsito junto à União
Europeia, Israel e EUA. A vitória de Hassan Rohani marcou o retorno dos
chamados “moderados” e “reformistas” ao governo persa, após um longo hiato
iniciado depois das manifestações contra a reeleição de Ahmadinejad em junho de
2009, chamadas a época de “Revolução Verde”. Hassan Rohani apoiou os
manifestantes que protestaram contra o resultado das eleições e criticou o
governo pela repressão aos protestos. O imperialismo também deu respaldo às
manifestações contra Ahmadinejad, acusando-o de fraudar as eleições. Desde
então a Casa Branca impulsionou a oposição interna. No lastro da vitória
alcançada com a fantasiosa “revolução árabe”, que promoveu com sucesso a
transição conservadora no Egito e na Tunísia além de derrubar o regime
nacionalista líbio e impondo a desestabilização do governo da oligarquia Assad
na Síria, o imperialismo veio trabalhando e pressionando para construir no Irã
um cenário de fortalecimento da oposição “reformista”. A esperança ianque é que
nos próximos anos se produza uma “mudança de regime” e que surja um governo
mais próximo de seus interesses. Longe de expressar uma unidade do regime
político, o governo de Rohani demonstra a fissura crescente dentro da cúpula
teocrática do Regime dos Aiatolás, corroída pela sedução imperialista, que teve
em Obama um poderoso operador. Tanto a situação “linha dura” xiita quanto a
oposição “reformista” buscaram uma reaproximação estratégica com o imperialismo
ianque, mas com clara diferenças de grau e velocidade.
Em 2009, a LIT e o PSTU usaram no Irã o mesmo script
“democrático” que agora reproduzem na Síria e antes usaram na Líbia, acusando
os que denunciaram a provocação made in CIA como partidários da “ditadura dos
aiatolás”. Não se trata de “mera coincidência”... Os cretinos morenistas nos
diziam na época: “Uma parte significativa da esquerda defende o governo de
Ahmadinejad, classificando os protestos como uma ‘conspiração da CIA’. Dessa
forma, acabam defendendo a sangrenta repressão do governo iraniano sobre as
massas, alegando que ele reprime o povo para se defender do imperialismo. No
entanto, esses setores da esquerda acabam prestando uma valiosa ajuda ao
imperialismo, pois jogam em suas mãos a bandeira da defesa das liberdades
democráticas. Como podemos ver, um ataque dos EUA ao Irã contra a “ditadura dos
Aiatolás” e ou manifestações em nome dos “direitos humanos e da democracia”
deve ter a simpatia da LIT já que assim como na Síria e na Líbia as
manifestações pró-imperialistas devem ser apoiadas, segundo a visão desses
cretinos! É preciso recordar que apesar dos“rebeldes” líbios terem sido a força
terrestre da OTAN, esses ratos sempre foram saudados pelos morenistas como
“revolucionários” assim como o assassinato de Kadaffi pela ação conjunta das
caças da OTAN com os mercenários do CNT foi apresentado como uma “vitória das
massas”. Por que seria diferente no Irã?
Os revolucionários não são partidários do Regime dos Aitolás
no Irã, embora reconheçamos os avanços anti-imperialistas conquistados pelas
massas em 1979. Sempre alertamos que a burguesia iraniana, diante de seu
isolamento internacional e das sanções impostas pela ONU, estava buscando um
acordo estratégico com o imperialismo ianque e europeu. Hassan Rohani reforçou
tremendamente este rumo de aberta concessão política, econômica e militar.
Ainda assim, não está descartado um incremento da pressão do imperialismo
ianque e de Israel sobre o país, exigindo sua rendição completa, perspectiva
que sofre grande resistência interna, particularmente pelas massas iranianas
que viram a barbárie imposta à Líbia e a destruição em curso na Síria.
Justamente por isto, o governo de Hassan Rohani não está sendo tranquilo, já
que uma capitulação vergonhosa pode levar a enfrentamentos entre as diversas
alas do regime. Frente a esta situação ainda incerta, defendemos integralmente
o direito deste país oprimido a possuir todo arsenal militar atômico ao seu
alcance. É absolutamente sórdido e cretino que o imperialismo ianque e seus
satélites pretendam proibir o acesso à tecnologia atômica aos países que não se
alinham com a Casa Branca, quando esta arma “até os dentes” Estados gendarmes
como Israel com farta munição atômica. Como marxistas, não dissimulamos em um
só momento o caráter burguês e obscurantista dos regimes nacionalistas do Irã
ou do próprio Hezbollah. Mas estes fatos em nada mudam a posição comunista
diante de uma possível agressão imperialista contra uma nação oprimida ou de
protesto patrocinados pela CIA. Não nos omitiremos de estabelecer uma unidade
de ação com o Regime dos Aiatolás, diante de uma agressão imperialista ou
provocações internas. Por esta mesma razão, chamamos o proletariado persa a
construir uma alternativa revolucionária dos trabalhadores que possa combater
consequentemente o imperialismo e derrotar todas as alas do regime, denunciando
desde já o papel servil do governo Rohani. É bom lembrar que os marxistas já
estabeleceram uma frente única com os aiatolás na derrubada do Xá Reza Pahlevi
e seu regime pró-imperialista, apesar de conhecermos o caráter de classe da
direção religiosa muçulmana reacionária. Não temos nenhuma dúvida que o império pretende
somar para suas empresas transnacionais as reservas de petróleo do Irã às da
Líbia e do Iraque para, desta forma, deter a hegemonia absoluta do controle
energético do planeta. Somente idiotas úteis à Casa Branca podem ignorar estes
fatos e declarar “solidariedade” às ações militares da OTAN contra os “bárbaros
ditadores” que se recusam a aceitar a “democracia made in USA”. Os Marxistas Revolucionários defendem integralmente o direito do Irã a possuir todo arsenal
militar atômico ao seu alcance para se defender do imperialismo e do sionismo.
Porém, compreendem que a tarefa de defender o Irã inclusive contra sua
burguesia nativa está, antes de tudo, nas mãos do proletariado mundial e das
massas árabes. Somente elas podem lutar consequentemente pela derrota do
imperialismo em todo o Oriente Médio, abrindo caminho para sepultar a
exploração capitalista interna que condena a miséria os explorados da região.