segunda-feira, 31 de dezembro de 2012


Burocracia sindical corrupta festeja novo ano com salário mínimo de miséria dado por Dilma

O governo Dilma anunciou em R$ 678,00 o valor do novo salário mínimo a partir do dia 1º de janeiro de 2013. O Planalto também decidiu pela isenção de Imposto de Renda sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) para quem recebe até 6 mil reais. Logo a burocracia sindical corrupta saiu cinicamente a comemorar a quantia miserável, apresentando-a como uma “grande conquista para os trabalhadores”. Segundo o presidente da CUT, o arquipelego Vagner Freitas, “É uma boa notícia de Ano Novo para os trabalhadores e trabalhadoras, resultado de esforços coletivos, do empenho da CUT e de suas entidades filiadas”. Já para a CTB “o anúncio do novo valor para o salário mínimo (R$ 678), feito pela presidenta Dilma consolida uma consistente elevação do ganho real a partir do governo Lula. Os números são incontestáveis e independem de julgamentos políticos”. O valor festejado pela direção da CUT e da CTB não significa nem uma “diária” paga pelos sindicatos aos burocratas que a cada fim-de-semana participam de “congressos”, fazendo turismo sindical e que não encaminham nenhuma luta concreta. O valor de R$ 678,00 não atende a necessidade de uma família trabalhadora, sequer repondo o índice real de inflação que gerou uma disparada dos preços nos últimos meses de 2012, o verdadeiro “presente de grego” que os capitalistas e o governo Dilma deram para os assalariados às vesperas do ano novo!

O próprio DIEESE, mantido pela CUT e as outras centrais “chapa branca”, anunciou que o “salário mínimo necessário” é de R$ 2.614. De acordo com dados do mesmo instituto, 14 das 17 capitais onde o DIEESE realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica registraram aumento acima de 12% no conjunto de gêneros alimentícios essênciais durante o ano de 2012. Em dezembro, o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 2.614, o que corresponde a mais 4 vezes o mínimo anunciado pelo governo, enquanto o aumento dado foi de 9%. A política capitalista do governo Dilma de camuflar os índices inflacionários para justificar o “êxito” de sua política econômica não resiste à realidade. Afinal, os reajustes salariais não acompanham os reajustes dos preços que superam, velozmente, a inflação oficial e os trabalhadores continuam a pagar uma conta que não é sua. O “novo” valor do salário mínimo deixa claro que a estabilidade da economia brasileira nos últimos anos tem como um dos seus pilares fundamentais a enorme expropriação salarial da classe operária, responsável por crescer os lucros dos grandes monopólios que a exploram sem ter nenhum ganho real com isso.

Segundo o deputado federal Vicentinho, ex-presidente da CUT e do sindicato metalúrgicos do ABC paulista, “O aumento real do poder de compra do salário mínimo é a prova de que os governos do PT, dos presidentes Lula e Dilma, vêm cumprindo o compromisso de valorizar os trabalhadores de renda mais baixa”. O vendido Vicentinho também declarou que “o novo valor prova que a política de reajuste enviada pelo governo ao Congresso estava correta”. Ele foi relator, em 2011, da proposta do governo Dilma produto de um acordo com as centrais “chapa branca” que estipulou uma política de “reajuste” para o salário mínimo até 2015. Pelos critérios definidos com a aprovação do projeto de lei do Executivo, o reajuste é definido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e, a título de aumento real, a variação do PIB de dois anos antes. Nada mais falso! O acordo assinado entre governo e centrais como CUT e Força Sindical foi o responsável por deixar o salário mínimo sem aumento em 2011 e, longe de permitir uma real valorização do salário no que se refere às necessidades de uma família operária, essa regra tem o objetivo de vincular seu reajuste ao “crescimento da economia” e impedindo que ele tenha um aumento real, preservando assim os lucros dos capitalistas.

A única via para impor um salário mínimo vital para os trabalhadores, assim como derrotar a política de arrocho salarial ditada ao conjunto da classe pelo governo burguês frente populista, é a da ação direta, com o método da mobilização permanente da classe operária. Os trabalhadores não devem confiar, nem por um segundo, nas direções reformistas que vendem gato por lebre. A unificação das lutas e o combate à reforma trabalhista que se avizinha são tarefas que o proletariado deve enfrentar na arena política da guerra de classes, delimitando claramente seus inimigos viscerais dentro do movimento de massas. A alternativa capaz de superar essa política colaboracionista da CUT, que detém o controle sobre o movimento operário, bloqueando qualquer iniciativa independente das massas para romper a paralisia, é organizar os explorados sob uma perspectiva de independência de classe, unificando suas lutas em defesa de um salário mínimo vital capaz de sustentar o trabalhador e sua família com dignidade, que atenda às reivindicações de uma família operária, em torno de R$ 5.000 e de uma política salarial com reajustes sistemáticos acima da inflação. Essas demandas somente serão arrancadas através da ação direta das massas do campo e da cidade em um combate revolucionário de todos os trabalhadores assalariados contra o governo Dilma e de seus agentes pelegos. Os trabalhadores devem erguer a bandeira de um salário mínimo vital que atenda com dignidade as demandas de uma família por saúde, habitação, cultura e lazer, transporte, alimentação e vestuário. Somente a mobilização permanente dos trabalhadores e a luta contra a trágica realidade capitalista, que nem mesmo reformas são capazes de conceder, poderá apresentar uma perspectiva combativa e socialista para as reivindicações econômicas do proletariado.

 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Leia o Editorial do Jornal Luta Operária nº 249, 2ª Quinzena de Dezembro/2012
250 edições do Jornal Luta Operária, um marco histórico da imprensa operária!

Chegamos ao final de 2012 com o Jornal Luta Operária (JLO) completando a marca histórica de 250 edições. Em maio de 1995, surgia a primeira edição, número zero, do periódico publicado pela Liga Bolchevique Internacionalista, não por acaso, no mesmo mês em que nossa corrente política foi fundada. Passado 17 anos, hoje o JLO é uma importante referência não só nacional, mas também internacional, no universo das publicações das organizações que se reivindicam revolucionárias. É seguramente o periódico impresso quinzenalmente mais regular de toda esquerda brasileira, o que reflete o seu compromisso no acompanhamento sistemático da análise da conjuntura mundial, assim como uma intensa cobertura dos acontecimentos mais marcantes da luta de classes em nosso país. Ao lado do Blog da LBI, de nosso site na internet e da revista teórica Marxismo Revolucionário, o JLO cumpre o importante papel de ser o principal porta-voz de nossas posições políticas. Seguindo o legado de Lênin, compreendemos que a imprensa partidária em plena febre do “mundo virtual” continua sendo o militante número 1 de uma organização revolucionária. Não pode haver uma corrente política realmente comunista que não possua uma imprensa partidária regular, não somente como um mero boletim informativo como é comum na “esquerda”, mas fundamentalmente como um organizador coletivo de toda a atividade militante, abstraindo as lições programáticas de cada fato da luta de classes. Sem medo de errar, a trajetória política das 250 edições do JLO passou pelo crivo ácido da luta de classes ao sustentar posições justas e corajosas do ponto de vista da classe operária e das massas oprimidas.

A exemplar regularidade do JLO é produto da intensa elaboração política da direção da nossa corrente que compreende a necessidade da construção de um poderoso instrumento publicitário marxista. Ao contrário de outros periódicos da esquerda que muitas vezes anunciam-se semanais ou mesmo quinzenais e até mensais, mas que de fato são absolutamente irregulares na periodicidade de sua publicação, o JLO manteve uma rigorosa presença atualizada nos principais combates da classe trabalhadora. Mais do que um mero “cliping” de esquerda, o JLO prima pela elaboração conceitual, procurando abstrair as principais lições programáticas de cada fato da luta de classes, seja no presente ou passado. Estamos certos que cumprimos bem este objetivo ao longo de 250 edições, contribuindo dentro de nossas modestas forças para dotar o proletariado de uma plataforma revolucionária de luta pela conquista de seu próprio poder político. As matérias do JLO, além de aprofundar do ponto de vista da radicalidade da análise, ajudam a dar respostas aos principais fatos da luta de classes, sem sacrificar as polêmicas e as posições principistas de nossa corrente. Desta forma, nos opomos ao “academicismo” reinante na esquerda, que muito escreve longamente e pouco diz porque na verdade os “longos artigos” carecem de conteúdo programático e estão voltados mais a encobrir suas posições políticas de adaptação ao imperialismo e à frente popular com algum ar “teórico” ou “intelectual”, falso, diga-se de passagem, do que para apresentar uma plataforma de independência política para o proletariado. Como um veículo da imprensa independente dos patrões e das verbas estatais diretas ou indiretas, o JLO é mantido exclusivamente com as contribuições de seus leitores e colaboradores, porque entendemos que sua fortaleza editorial e a perspectiva de uma longa existência só dependerão da coerência e princípios de suas posições político-programáticas. Manter viva a imprensa operária, quando quase todas as organizações de esquerda já abandonaram suas publicações regulares ou passaram a ser meros “papagaios” da mídia burguesa desprovidas de qualquer conteúdo de análise conceitual marxista, é nosso objetivo.

O ataque das classes dominantes aos direitos e conquistas dos trabalhadores através dos planos estatais de “ajustes” implementados por governos “neoliberais” e da centro-esquerda burguesa encontrou nas páginas do JLO uma análise centrada na própria dinâmica da luta de classes na perspectiva política de superação do modo de produção capitalista. Com o estancamento do desenvolvimento das forças produtivas, o regime da propriedade privada passa a incrementar enormemente a evolução técno-científica como forma de aumentar a extração da mais-valia e potenciar a acumulação do capital por vias econômicas até então “marginais” na composição orgânica do capital. O colapso financeiro das bolsas imperialistas ocorridas em 2008 foi parte deste contexto. A LBI recusou-se a integrar o “consenso” da esquerda revisionista ao afirmar que não estávamos atravessando a última e derradeira crise do regime capitalista, por mais severa que esta se apresentasse com a falência de várias corporações financeiras e industriais nos principais centros econômicos do planeta. Não embarcamos na cantilena fácil de profetizar o fim do capitalismo, sem que a classe operária assumisse seu papel histórico protagonista no féretro da burguesia mundial. Como um jornal marxista revolucionário o JLO esteve a serviço de explicar pedagogicamente que o crash financeiro, operados pelos yuppies que alavancam títulos podres, só se converteria em uma crise terminal do sistema se viesse acompanhado da ação revolucionária das massas, caso contrário seria mais um degrau acima na ofensiva imperialista para aumentar os ritmos de produção e incrementar o desemprego no seio do proletariado.

No curso desta conjuntura, o modelo de gestão estatal inaugurado pela frente popular no Brasil em 2002, tem se destacado internacionalmente como um excelente recurso da burguesia para amortecer e entorpecer as latentes tendências à sublevação da classe operária diante da ofensiva patronal. Este fenômeno também foi minuciosamente analisado em diversas edições do JLO. A continuidade do governo Lula com a “gerentona” Dilma revelou-se uma necessidade da burguesia nacional, o fundamental é manter o pacto social vigente. A LBI prognosticou com muita clareza este fenômeno político, caracterizamos que a realização das eleições seria uma mera maquiagem circense diante dos objetivos estratégicos das classes dominantes de parceria com a frente popular. O JLO impulsionou uma campanha de boicote ativo à farsa eleitoral, convocando o conjunto de organizações e ativistas classistas que não se domesticaram com a institucionalidade democrática a darem um passo à frente na denúncia deste regime político fraudulento, concentrando forças na ação direta e independente do proletariado. A elaboração político-ideológica sistemática do JLO também vem dando cobertura a recente investida da mídia “murdochiana” e do STF contra o PT, analisando a estabilidade política da frente popular como produto da estratégia de colaboração de classes em oposição ao catastrofismo reinante na “esquerda” não-governista, além de acompanhar diversos fatos da conjuntura nacional que estão sendo “investigados” do ponto de vista do marxismo revolucionário. A atual ofensiva imperialista contra as semicolônias, iniciada no começo do ano passado, teve seu marco de inflexão na derrubada do regime nacionalista burguês do coronel Kadaffi por forças reacionárias armadas pela OTAN. Na América Latina, concentram seus esforços contra Argentina e Venezuela, países considerados pelos ianques como “inimigos da imprensa livre”, em função da orientação parcialmente nacionalista de seus governos. Para os marxistas revolucionários está absolutamente claro que esta sanha global contra os povos só poderá ser derrotada com absoluta independência de classe, frente aos dois bandos capitalistas que se enfrentam pelo controle do botim estatal. Mas, esta análise não pode significar nenhum tipo de abstencionismo, ou ainda muito pior, um alinhamento automático com o setor burguês que detém o comando da mídia “murdochiana”, como fazem os canalhas do PSTU, pensando em amealhar alguns votos que acabem sobrando da “farra” reacionária promovida pelo STF e afins.

Na arena da luta de classes em nível mundial, também o JLO foi vanguarda política em nosso país. A introdução do debate acerca do defensismo soviético ganhou destaque nas páginas do JLO, que assumiu uma posição pioneira nesta questão no âmbito da esquerda nacional. Fomos uma tribuna implacável na denúncia da restauração capitalista nos antigos Estados do Leste europeu, caracterizando o processo que culminou com a destruição da União Soviética e suas conquistas operárias como contrarrevolucionário, contrastando radicalmente com a avaliação dominante da esquerda revisionista que considerou a queda do Muro de Berlim como um acontecimento “democrático e revolucionário”. Em 2001, quando foram destruídas as torres gêmeas, no que ficou conhecido como o “11 de Setembro”, o JLO recusou-se a engrossar a histeria “antiterrorista” impulsionada pelo carniceiro Bush, defendendo como legítima qualquer resposta militar de países, povos ou grupos atingidos pelo imperialismo, ao mesmo tempo que afirmava que só o método da revolução proletária mundial seria capaz de pôr fim à hegemonia imperial norte-americana que ameaça o planeta. Postando-se no mesmo campo de batalha de todos os movimentos de resistência ao imperialismo e seus apêndices, como o sionismo, declaramos que só a construção de uma direção revolucionária poderá conduzir as massas insurretas à vitória final. Neste sentido, não depositamos a menor confiança política em direções “nacionalistas” que pelo seu caráter burguês estarão sempre dispostas a um acordo ou “acomodação” com o imperialismo. Apesar disso, chamamos a frente única com estas direções e regimes atacados pela senha neocolonialista da Casa Branca agora sob a gestão de Obama, como vemos hoje gestado no lastro da mal-chamada “Primavera Árabe”. Acompanhando e intervindo ativamente na luta de classes, o JLO vem fazendo ampla cobertura da ofensiva imperialista no Oriente Médio, denunciando não “só” a genocida agressão da OTAN a Líbia e agora via mercenários “rebeldes” na Síria, mas demarcando campo com o revisionismo que apoiou a investida das grandes potências em nome da defesa da farsesca “revolução árabe”. Nesse sentido, a luta política travada através do JLO, refletindo nossa própria intervenção no terreno concreto da luta de classes, foi um contraponto de classe não “apenas” à mídia, mas fundamentalmente a seus “papagaios” no interior da “esquerda” revisionista, que se converteu em porta-voz do império em nome da “defesa da democracia” e tragicamente segue o mesmo script quando a Casa Branca incrementa sua ofensiva contra a Síria e o Irã.

Estamos conscientes de nossas dificuldades programáticas, limitações organizativas e das tremendas forças centrífugas que atuam para a liquidação física e política de uma organização revolucionária que não tem medo de enfrentar a contramão do oportunismo, a frente popular e o ódio de classe de nossos inimigos capitalistas. Desde a equipe editorial do JLO nos orgulhamos de estar construindo esse valioso instrumento de luta política e convidamos você a fortalecer a imprensa operária e comunista! Por esta razão afirmamos: vida longa ao Jornal Luta Operária, viva as 250 edições do JLO! Aproveitamos esta última edição do ano para agradecer a todos os leitores, assinantes e apoiadores que nos ajudaram a sedimentar definitivamente o JLO como uma imprensa operária e socialista e desejar um 2013 permeado de muita resistência para a classe operária e os povos oprimidos do planeta, tendo a certeza que encontrarão no JLO um bastião na luta pela construção de um genuíno partido operário revolucionário e internacionalista!


domingo, 23 de dezembro de 2012

Leia a mais recente edição do Jornal Luta Operária, nº 249, 2ª Quinzena de Dezembro/2012
 

 EDITORIAL
250 edições do Jornal Luta Operária, um marco histórico da imprensa operária!
 
 
CORTE “SUPREMA” E MÍDIA “MURDOCHIANA”
Dois instrumentos estratégicos da ofensiva imperialista em curso no Brasil
 
 
DEBATE PETISTA
Afinal, era ou não Lula o “chefe” do esquema chamado de “Mensalão”?
 
 
CRISE DO MENSALÃO
A presidente Dilma prepara sua transferência para o PDT?
 
 
OFENSIVA REACIONÁRIA
Após decepar Dirceu, “PIG” avança com “gosto de sangue” no pescoço de Lula
 
 
CEM ANOS DO NASCIMENTO DE “GONZAGÃO”
Rede Globo promove homenagem com “bundas” de forró, verdadeiras coveiras da cultura popular e da autêntica música nordestina
 
 
VENEZUELA POLARIZADA
Direita golpista “saliva” diante do agravamento da doença de Chávez e da fatiga do “Socialismo do Século XXI”
 
 
TRAGÉDIA EM CONNECTICUT
2012, o ano dos “massacres domésticos” no coração do genocida imperialismo ianque
 
 
SAI A “MADAME” CLINTON, ENTRA JOHN KERRY
“Falcão” Obama anuncia ofensiva global contra os povos e as nações oprimidas
 
 
A “PRIVAMERA ÁRABE” NA SÍRIA
Mercenários “rebeldes” atacam militantes da FPLP e expulsam palestinos de campo de refugiados em Damasco
 
 
LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA
 

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Sai a “madame” Clinton, entra John Kerry: “falcão” Obama anuncia ofensiva global contra os povos e as nações oprimidas
Obama acaba de anunciar que John Kerry substituirá a víbora Hillary Clinton a frente do Departamento de Estado ianque. A “madame” aparentemente sofre de graves problemas de saúde e vai ser substituída para que o imperialismo possa seguir firmemente em sua ampla ofensiva política e militar sobre o planeta, centrada neste momento no Oriente Médio. Hillary vinha organizando freneticamente a sanha contra a Síria e o Irã, como também reforçando o poder de Israel na região, vide o acordo celebrado com o Hamas. Ela organizou recentemente um “clube” muito “seleto” de “amigos (sic!) da Síria” com objetivo de apoiar e promover ações terroristas contra o regime de Bashar al Assad, quem o império considera como “uma ditadura sangrenta” e também havia se aproximado do governo do Egito, comandado pela Irmandade Muçulmana. Cogita-se que ela seria a candidata democrata em 2016, o que consideramos muito improvável. O certo é que agora, Kerry, o ex-candidato a presidente pelo Partido Democrata em 2004 vai assumir estas funções estratégicas. Ele vinha sendo cotado para se tornar o principal “falcão” democrata depois que a embaixadora norte-americana na Organização das Nações Unidas (ONU), Susan Rice, retirou seu nome da consideração na semana passada depois de não haver consenso entre os barões capitalistas ianques. Ela foi criticada duramente pelos republicanos por seu desempenho nas explicações iniciais do governo sobre o ataque em Benghazi, na Líbia, pela Al Qaeda, aliada dos EUA na queda do regime de Kadaffi.

Mudam-se as peças, mas a estratégia ianque continua a mesma. Kerry será no segundo mandato de Obama o homem indicado para costurar o ataque ao Irã e dar apoio à chamada “Primavera árabe”. Na verdade a mudança no gabinete corresponde ao plano de Obama de aproximação com o Partido Republicano visando unificar todos os setores da burguesia ianque para a escalada bélica futura. Por isto, vários nomes estão sendo escolhidos em consenso entre os dois partidos, ainda mais quando se sabe que em 2016 virá uma administração republicana, como manda as regras da “democracia” ianque. Tanto que o ex-senador republicano, Chuck Hagel, é um dos principais candidatos para substituir Leon Panetta no Pentágono. Trata-se de preparar a transição para os republicanos e desde já colocar em marcha o plano de eliminação dos regimes adversários da Casa Branca em 2013, quando Obama estará “legitimado” por sua vitória eleitoral, garantida justamente porque ele cumpriu a contento os objetivos impostos pelo complexo industrial militar.
As primeiras declarações de Obama sobre Kerry revelam bem os motivos da escolha. “Ao virarmos a página numa década de guerra, Kerry compreende que temos de dominar todos os elementos do poder americano para garantir que funcionem em conjunto”, disse Obama, com o novo responsável pela diplomacia ianque ao seu lado. “John conquistou o respeito e a confiança dos líderes de todo o mundo. Não vai precisar de muita formação”. John Kerry é membro do Comité de Relações Exteriores do Senado há três décadas e lidera-o nos últimos anos. Obama encarregou-o de várias missões diplomáticas. Uma das primeiras decisões que Kerry deverá ter como Secretário de Estado é aumentar a segurança das missões diplomáticas  como a Líbia ou o Iraque, por exemplo, cumprindo a recomendação do relatório sobre o ataque ao consulado de Benghazi, divulgado esta semana. Ao lado disso vai aprofundar a ofensiva contra a Síria e a Coreia do Norte. O processo de desestabilização do governo do Bashar Al Assad por parte do imperialismo e de Israel através do apoio a grupos internos “rebeldes” tribais arquirreacionários representa a tentativa da Casa Branca de alterar completamente a chamada geopolítica do Oriente Médio, colocando sob seu controle não só a Síria, mas avançando em sua ofensiva sobre o Hezbollah no Líbano e, caso tenha sucesso nesta empreitada colonialista, assentando as bases para um ataque militar ao Irã, já que não conseguiu o apoio interno necessário para debilitar o regime nacionalista comandado por Armadinejad. Trata-se de um plano estratégico de larga envergadura, ainda mais quando a Síria e o próprio Líbano fazem fronteira com Israel, enclave militar do imperialismo ianque responsável por apoiar todas as iniciativas políticas e bélicas do Pentágono na região. Nos bastidores dos governos das potências imperialistas e seus aliados na região, como a Turquia e a própria ANP de Abbas, há uma ampla discussão de qual saída operar para o regime sírio, já se falando abertamente de uma intervenção militar “humanitária”.

Desde 2008 vimos alertando que Obama representa a nova onda do imperialismo ianque para enganar as massas e enfrentar seu crash financeiro, ou seja, quando Hillary ainda era francamente a favorita na corrida presidencial pós-Bush.Com novo mandato de Obama não só da ala democrata do imperialismo, mas do conjunto da classe dominante ianque, se delineiam cada vez mais que na construção deste governante imperialista se inserem todos os elementos draconianos dos republicanos. Guerras de ocupação farão parte do segundo mandato em ataque aberto às massas oprimidas do Irã, Síria, Colômbia e Palestina. A inexistência de um autêntico movimento operário comunista em todo o planeta, dirigido por um genuíno partido revolucionário da classe trabalhadora, permite que mesmo em crise o imperialismo ianque mantenha-se em ofensiva política e militar. Esta situação só poderá ser resolvida progressivamente a partir da superação da atual etapa de guerras de resistências populares e lutas economicistas para a organização consciente da luta antiimperialista no sentido da conquista do poder político pelos explorados de todo o mundo, delimitando-se com a política da esquerda revisionista que se alia com Obama, Hillary e agora Kerry em apoio a “Primavera Árabe”.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


A “Privamera árabe” na Síria: mercenários “rebeldes” atacam militantes da FPLP e expulsam palestinos de campo de refugiados em Damasco

Nos últimos dias vem ocorrendo violentos combates no campo de refugiados palestinos de Yarmouk, localizado no sul da Damasco. Os confrontos se dão entre os “rebeldes” financiados pelas potências capitalistas e os militantes da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP). O objetivo da ofensiva do famigerado ELS é expulsar do país os grupos palestinos que se opõem a derrubada do governo de Bashar Al Assad pelos mercenários pró-OTAN, Israel e as burguesias árabes servis a Casa Branca. As nada confiáveis informações da mídia murdochiana apontam que aparentemente o campo agora encontra-se dividido, persistindo sérios enfrentamentos por terra, tenda a tenda. Depois que um setor do Hamas fechou a “trégua” com Israel negociada pelo governo do Egito, isolando os grupos palestinos que se opuseram ao acordo vergonhoso, os “rebeldes” vem desatando uma ofensiva contra as organizações políticas palestinas que combatem ao lado do regime sírio e são contrárias a orientação ditada pela Irmandade Muçulmana de desestabilizar o governo Assad em favor de impor um títere servil ao imperialismo ianque em Damasco.

A ofensiva “rebelde” teve início na sexta-feira, 14/12. Na medida em que a guerra civil se intensificou os mercenários vêm perseguindo os membros da FPLP - Comando Geral, grupo liderado por Ahmed Jibril. Já na tarde desta terça-feira, 17/12, o Exército nacional sírio enviou vários tanques para a principal entrada do campo sem adentrar nele, onde residem 150 mil palestinos, cuja maioria já havia se deslocado para outros locais em fuga, desviando-se assim de sua luta histórica que é o retorno para as terras ocupadas pelo sionismo na Palestina. Só entre segunda-feira e ontem, mais de mil refugiados palestinos teriam cruzado a fronteira com o Líbano em razão da violência "rebelde" na Síria. Segundo a agência Reuters 70% dos moradores do campo abandonaram suas casas e seguiram rumo ao Líbano. Já a agência de notícias oficial Sana revelou que o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Muallem, teve uma conversa telefônica com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre a situação em Al Yarmouk. Muallem disse ao responsável da ONU que durante os últimos quatro dias grupos terroristas “rebeldes” armados teriam entrado no campo e terroristas bombardearam o local. Obviamente a ONU silenciou diante do ocorrido. O ministro afirmou que o exército sírio não entrou no campo e que os choques foram entre unidades dos comitês populares palestinos e os mercenários, que estão equipados com armas e financiados por países vizinhos aliados dos EUA e da União Europeia.

Há menos de um mês, o governo do Egito impôs que o Hamas decretasse uma tréga com Israel. Morsi demonstrou que avançou no controle sobre o Hamas buscando justamente estabilizar a região para que o imperialismo mantenha sua ofensiva contra a  Síria e o Irã. O assassinato de Jabari, dirigente do Hamas que se opunha ao acordo, foi uma tentativa de quebrar a frente de resistência composta pelo Hezbollah, que agrupa uma fração do Hamas pró-Irã e outros grupos palestinos, como a FPLP. Até o momento, este quadro ainda não está decidido já que há resistência interna no Hamas e na Jihad Islâmica à orientação pró-sionista imposta pela Irmandade Muçulmana, enquanto outros grupos mais a esquerda como os Comitês Populares de Resistência e a FPLP defendem ir para a ofensiva visando enfrentar o sionismo e o imperialismo! Os desdobramentos desta disputa estão ocorrendo nestes dias em Damasco! Não por acaso, o ultra-corrupto presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, pediu o fim imediato dos bombardeios contra os campos de refugiados palestinos na Síria, escondendo o fato que o alvo dos ataque nas proximidades do campo são os "rebeldes" e não os refugidos, historicamente protegidos pelo governo sírio. Cinicamente, Abbas, colocando um sinal de igual entre os dois lados, declarou: "Apelamos a todas as partes beligerantes na Síria para preservar a vida dos palestinos e seus campos. Os bombardeios contra os campos devem cessar imediatamente". Depois de ter devastado a Líbia, agora submersa na barbárie econômica e pilhagem das transnacionais do petróleo, o alvo neste momento chama-se Síria, que enfrenta a mesma operação sinistra montada pela Casa Branca no norte da África. Os chamados “rebeldes” que são financiados e armados pela OTAN, combatem para derrubar o governo burguês da oligarquia Assad, adversária militar do enclave sionista. A ofensiva sobre a Síria visa debilitar o Hezbollah (aliado do regime Assad), que controla parte do território do Líbano e na mesma “tacada” domesticar o Hamas (como ocorreu com a OLP e a ANP), convertendo-o em um aliado dócil do gendarme terrorista de Israel.

Como demostram neste exato momento os combatentes da FPLP no campo de refugiados palestinos de Yarmouk, a luta secular do povo palestino deve ter como foco a derrota da chamada “revolução árabe”, que através do governo Obama e de seus aliados na região (como os atuais governos títeres da Líbia, Qatar, Arábia Saudita, Turquia e Egito) pretendem “limpar o terreno” para o sionismo dominar os recursos naturais, como água, gás e petróleo, de todo o mundo árabe e Ásia central. Assim como na Guerra do Golfo em 91, a então OLP (ainda íntegra nos seus objetivos contra o sionismo) soube corretamente tomar o lado do Iraque, contra os pseudos “oprimidos” do Kuwait, que se abrigaram sob a proteção militar do Pentágono, os combatentes da causa palestina não devem vacilar em perfilar-se no campo militar dos regimes nacionalistas do Irã e Síria (contra os “rebeldes” e a OTAN), como parte integrante da luta por conquistar sua soberania e um Estado nacional. O legado histórico internacionalista que nos deixaram a FPLP e seus heróis mortos na trincheira do combate deve ser honrado pelas novas gerações de lutadores que não podem ser “seduzidos” pelo canto de sereia do imperialismo e sua política de criar uma caricatura de Estado, um bantustão para um povo segregado. Como marxistas leninistas sabemos muito bem das poderosas forças centrífugas que atuam no interior da causa palestina para liquidar o ímpeto revolucionário das massas, transformando suas organizações de luta em instrumentos passivos diante do inimigo sionista. Não foi por acaso que liquidaram a OLP e corromperam seus dirigentes históricos. Agora a dupla criminosa Bibi/Obama pretende quebrar a resistência de todos os grupos guerrilheiros palestinos apontando que o melhor caminho é o da negociação, assim como o trilhado por Arafat nos acordos de Oslo. A recente “trégua”, pactuada entre o Hamas e o Likud, sob as bênçãos da Irmandade egípcia e Casa Branca, tenta convencer os mais ingênuos que se tratou de “uma vitória da causa palestina”. Nada mais falso e perigoso para a estratégia revolucionária de destruição do “porta-aviões” do Pentágono estacionado no território palestino, que atende pelo apelido de Israel.

Para vencer o imperialismo e seus “rebeldes” é preciso impulsionar uma frente única com a resistência palestina, o Irã, a Síria e o Hezbollah, onde as organizações marxistas revolucionárias atuem na mesma trincheira de combate destes países e dos grupos políticos na luta contra o imperialismo, tendo completa independência política diante do programa burguês-teocrático destes regimes e grupos. Está colocado frente à escalada política e militar do imperialismo em apoio aos “rebeldes” made in CIA na Síria e na Líbia combater para que a luta dos povos do Oriente Médio não sirva para o imperialismo debilitar os regimes que têm fricções com a Casa Branca (Irã e Síria), ou mesmo como cínico pretexto para justificar intervenções militares “humanitárias” como a que ocorre atualmente na Líbia. Cabe aos marxistas leninistas na trincheira da luta contra o imperialismo e pelas reivindicações imediatas e históricas das massas árabes postarem-se em frente única com os governos atacados pelas tropas da OTAN e combater os planos de agressão das potências capitalistas sobre as nações semicoloniais da região.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012


Corte “Suprema” e mídia “Murdochiana” dois instrumentos estratégicos da ofensiva imperialista em curso no Brasil

A resolução aprovada por maioria no plenário do STF de cassar mandatos parlamentares sem a respectiva aprovação do Congresso Nacional (Câmara ou Senado), criando uma jurisprudência que vai bem mais além do que os deputados envolvidos na ação penal 470, não significa apenas um ato monocrático que ameaça as liberdades democráticas burguesas vigentes após a saída de cena do regime militar em 1984. A recente decisão (inconstitucional) da “Suprema” Corte é parte de uma escalada reacionária orquestrada pelo imperialismo, que tem por objetivo atacar frontalmente as parcas conquistas da classe operária (políticas e sociais), produto de sua luta de massas nos últimos trinta anos, desde a conquista de uma anistia parcial para os presos e exilados em 79 até ao cancelamento limitado das privatizações nos dois primeiros governos da frente popular. De nada importa para a burguesia, subserviente à estratégia da Casa Branca, se as medidas adotadas pelo STF estão acontecendo “ao arrepio da lei”, é que exatamente nos momentos de crise institucional a orientação das forças da reação sempre aponta no sentido de “quebrar” a constitucionalidade e fazer valer o exercício do autoritarismo, com um viés abertamente fascistizante. Foi assim em 1964 e logo depois em 1968, e os atuais ingredientes políticos, ainda em “cozimento”, indicam que caminhamos para uma situação muito similar. Como já havíamos alertado anteriormente, o “casamento” do novo “herói negro” com a “famiglia” Marinho não estava destinado apenas a punir os corruptos “mensaleiros” petistas, como ingenuamente caracterizou a oposição de “esquerda”, agora se voltam contra a própria ordem constitucional que “celebraram” em 1988, diante da impotência do parlamento submisso e de um PT acovardado e ao mesmo tempo cúmplice desta ofensiva direitista, regida pelo “Tio Sam”. Aos que pensam ser a prisão da histórica cúpula petista um gesto de resgate da “cidadania” por parte da Corte “Suprema”, muito se equivocam. Também supunham que o linchamento público dos antigos pelegos da velha CGT “Janguista” seria um sopro de democracia, mas ao contrário só alimentou a “mão pesada” dos golpistas de 64 contra o conjunto do movimento de massas. Agora, a história se repete em outra conjuntura mundial bastante diversa, sem a polarização ideológica soviética e com um profundo retrocesso na consciência de classe do proletariado, ou seja, o atual peso da influência da mídia “murdochiana” é gigantesco se comparado há cinquenta anos. A conversão do “PIG” em principal pilar da oposição burguesa conservadora e sua “santa aliança” com o novo “homem do povo”, ungido presidente do “Supremo”, já começa até a preocupar setores das classes dominantes, alinhadas com os governos petistas.

Para os incautos que ainda tem alguma dúvida acerca do “dedo” imperialista na operação política montada para o “espetaculoso” julgamento do chamado “mensalão”, basta ler a mais recente edição da arquirreacionária revista britânica “The Economist”, a mesma que semanas atrás “aconselhou” a demissão do ministro Mantega, em função da política adotada de redução da taxa de juros. Com o título “Um cardápio mais saudável” o pasquim “murdochiano” afirma que desta vez o processo não “acabou em pizza”, graças é claro ao “justiceiro” togado Joaquim Barbosa, que aparece em destaque na matéria de várias páginas, finalizando com um “pedido” de investigação contra o ex-presidente Lula. A atual ofensiva imperialista contra as semicolônias, iniciada no começo do ano passado, teve seu marco de inflexão na derrubada do regime nacionalista burguês do coronel Kadaffi, por forças reacionárias armadas pela OTAN. Na América Latina concentram seus esforços contra Argentina e Venezuela, países considerados pelos ianques como “inimigos da imprensa livre”, em função da orientação parcialmente nacionalista de seus governos. No Brasil, principal economia da região, são pesados os interesses financeiros em jogo, levando com que a diplomacia norte-americana buscasse um acordo com o próprio governo Dilma, para isolar os que considerava “radicais” no interior do PT. “Neutralizado” o centro do poder ficou muito fácil para a organização criminosa da “famiglia” Marinho trucidar os dirigentes da tendência petista “Articulação”, fabricando artificialmente de “quebra” uma nova liderança “popular” para ocupar o vazio político após a desmoralização da mítica figura de Lula.

Agora a “espada de dâmocles” está sobre a cabeça de Lula, se insistir ocupar a vaga de Dilma na sucessão presidencial de 2014 provavelmente terá o mesmo fim dos “compadres” Dirceu e Delúbio, além de provocar, por parte da mídia “murdochiana”, imediatamente o acionamento direto da candidatura de Barbosa ao Planalto. Caso Lula faça a opção pela disputa do governo paulista, a burguesia seguirá com Dilma na presidência e depois decidirá o futuro político do “sapo barbudo” que ela resiste em “engolir”. Mas, a questão de fundo para o imperialismo não são as características políticas distintas entre Lula e Dilma (apesar de programaticamente muito semelhantes) e sim a própria relação política com o movimento operário e neste caso uma gestão “Lulista” apresentaria bem mais resistência aos planos neoliberais de “ajuste” contra as conquistas sociais. Não é demais “refrescar” a memória dos petistas de “esquerda” que os patronos da desastrosa política monetarista do governo Lula foram Dirceu e Palocci, que neste momento se enfrentam em lados opostos da barricada partidária, apesar de ambos estarem sendo “fuzilados” pela mesma mídia patronal “ingrata”.

Para os marxistas revolucionários está absolutamente claro que a ofensiva imperialista global contra os povos só poderá ser derrotada com absoluta independência de classe, frente aos dois bandos capitalistas que se enfrentam pelo controle do botim estatal. Mas, esta análise não pode significar nenhum tipo de abstencionismo, ou ainda muito pior, um alinhamento automático com o setor burguês que detém o comando da mídia “murdochiana”, como fazem os canalhas do PSTU, pensando em amealhar alguns votos que acabem sobrando da “farra” reacionária promovida pelo STF e afins. Denunciar vigorosamente as manobras monocráticas do “Supremo” contra as garantias democráticas constitucionais, não significa equacionar a luta de classes entre “regime democrático” versus “regime autoritário”, como fazem os reformistas “chapa branca”. A vanguarda classista do proletariado deve se armar de um programa revolucionário diante da conjuntura política que se abre com o julgamento do “mensalão”, construindo um tripé de reivindicações que inclua o combate radical aos monopólios capitalistas de comunicação, a derrota das investidas autoritárias e golpistas do STF e, por último, a ação direta pela reposição salarial, passando por cima dos aparelhos sindicais burocratizados. Com esta plataforma devemos avançar na perspectiva socialista de consolidar um poder dos trabalhadores, completamente autônomo das instituições apodrecidas desta “república de novos barões capitalistas”.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012


2012, o ano dos “massacres domésticos” no coração do genocida imperialismo ianque
Este foi o ano mais letal na história dos “massacres domésticos” nos EUA. A tragédia ocorrida no dia 14 de dezembro na pequena cidade de Newtown, em Connecticut, é a segunda pior ocorrência desse tipo no país, onde assassinatos em massa são uma tradição macabra. A primeira foi a de Virginia Tech, em 2007, com 32 vítimas fatais. Somente em 2012, foram seis masssacres, com 110 pessoas mortas e feridas, sem contar a chacina atual. Assim como aconteceu na tragédia no cinema de Aurora no lançamento do filme Batman, em julho, quando James Holmes fuzilou 12 pessoas com armas adquiridas legalmente e munição comprada online, agora 28 pessoas foram assassinadas por um adolescente, Adam Lanza, formado no seio de uma família de classe média ianque, belicista e conservadora. A arma usada por Adam na escola de Connecticut e que deixou entre os mortos mais de 20 crianças é, por coincidência, a versão “civil” da mesma que os soldados norte-americanos massacram diariamente as famílias afegãs na ocupação do país pela OTAN, assassinatos que não são objetos das “lágrimas” da mídia murdochiana.

A primeira vítima de Adam foi sua própria mãe, Nancy Lanza, morta com um tiro no rosto. Ela se orgulhava em ter uma coleção de armas que mantinha em casa e levava os filhos e parentes para praticar pontaria em clubes de tiro ao norte de Nova York, na onda belicista que domina a classe média ianque, na sombra da sua burguesia que domina o planeta via poder das armas para impor os interesses econômicos dos monopólios capitalistas. Havia inclusive levado o filho mais novo para um campo de tiros dias antes do massacre e fazia parte do chamado movimento  “preparacionista”, o qual tem como móvel adquirir armas de alta tecnologia e estocar alimentos para preparar-se para o “caos”. Nancy era uma amante de armas e tinha cinco modelos dentro de sua própria casa. Havia se separado recentemente do marido, o que abalou profundamente o filho, tido como muito inteligente porém “antissocial”. Uma sociedade que envia mercenários ao mundo inteiro para matar, em nome dos negócios, não pode espantar-se com os massacres de seus adolescentes e suas crianças. Após o massacre, o ritual de cinismo se repete: os políticos burgueses ianques, como Obama, falam em Deus, família e mandam hastear bandeiras a meio mastro. Vigílias à luz de velas se multiplicam e a indústria de entretenimento cancela eventos, enquanto os jornais e as TVs exploram o ocorrido. Psicólogos e sociólogos pequeno-burgueses são convocados para examinar o perfil do assassino, quase sempre um solitário homem branco ou um jovem “desequilibrado”. O que eles não dizem é que a principal responsável pelo massacre de Connecticut assim como o de Aurora e todos os outros é a cultura belicista ianque, potenciada pela direita norte-americana e que tem o apoio social de um amplo setor da classe média.

Em Washington, a esmagadora maioria dos deputados que ocupa o Congresso tem suas campanhas bancadas pelas doações das empresas de armas, como parte do seu poderoso lobby. Os EUA têm tantos habitantes quanto armas de fogo em circulação – mais de 300 milhões. Essa realidade não faz nos opormos ao direito democrático de autodefesa diante do Estado burguês (a segunda emenda da Constituição norte-americaa garante “o direito das pessoas manterem e carregarem armas”) e muito menos defendender o monopólio das armas pela burguesia. Ao contrário, alertamos justamente que em uma sociedade capitalista decadente, alienada e agressiva como os EUA, os “efeitos” colaterais dessa bárbara realidade mostram justamente a necessidade de por um fim ao capitalismo pela via da violência revolucionária e da expropriação da burguesia de conjunto. Com a tragédia de Connecticut, a campanha pelo fim da venda de todos os tipos de armas a civis ganhou força nos EUA, sendo apoiada por setores de “esquerda”. Mas o que está por trás desse “debate” não é nenhuma preocupação real como as verdadeiras raízes dos seguidos massacres em escolas, ou seja, a facistização da sociedade ianque, que se apóia em setores da classe média que apoia a perseguição a imigrantes e negros. O que um setor da burguesia norte-americana deseja é reforçar o seu controle sobre o comércio de armas e aumentar o aparato repressor sobre as massas proletárias. Os únicos beneficiados do “fim da venda de armas de fogo” em geral serão uma minoria da classe dominante que organiza exércitos paramilitares e os setores da classe média alta que usam as licenças de “clubes de tiro” para atacar os pobres nas ruas das metrópoles e assim como os grandes capitalistas que já contam com milícias privadas, através de empresas de segurança. A farsa em torno da tese de “desarmar a população para acabar com a violência” está voltada a garantir que o Estado burguês tenha para si o monopólio das armas para resguardar a propriedade privada dos meios de produção, enquanto a maioria da população estaria proibida de possuir armas e autodefender-se. Hoje, a defesa do direito democrático da autodefesa deve ser empunhada como uma bandeira central do proletariado, inclusive com a expropriação dos depósitos de armas das FFAA em um periodo revolucionário e de ascenso de massas, chamando a ruptura da hierarquia militar em favor dos explorados e o armamento popular contra os bandos facistas que pupulam entre a pequena-buguesia ianque. Só neste sentido este direito tem um caráter progressivo.

Nos EUA, nas últimas décadas, têm sido comum as matanças coletivas em escolas e em lugares públicos perpetrados por jovens oriundos da classe média, cujas mais conhecidas foram a de Columbine em 1999, quando dois estudantes mataram a tiros 12 colegas e uma professora. Ou ainda em abril de 2007, outro jovem atira e mata 32 pessoas e fere 15 em uma universidade na Virgínia. Os exemplos podem chegar a 60... Mas basta citarmos estes apenas para se ter uma idéia acerca das razões político-sociais que levam a estes massacres. No caso de Columbine, não por coincidência, a OTAN a serviço do Pentágono bombardeava a Iugoslávia durante a Guerra do Kosovo exterminando milhares de vidas. Em 2007 a corrida guerreirista de Bush manchava de sangue as ruas de Gaza, Bagdá, Afeganistão, perseguia as Farc etc. Agora estamos no meio do ataque a Síria precedido pela agressão a Líbia. Os ataques de claro conteúdo fascista estão em consonância com a época de ofensividade bélica e de reação ideológica preconizada pelo imperialismo norte-americano. A tragédia de Connecticut é a expressão mais acabada do estancamento das forças produtivas impostas pelo capitalismo. Como não há um contraponto revolucionário a esta degradação, a humanidade tende a caminhar para a barbárie imposta pelo império decadente. Desgraçadamente, se não houver uma direção política que aponte uma saída comunista para os trabalhadores de todo o planeta, carnificinas neonazistas e guerras genocidas acontecerão como norma de sobrevivência do regime capitalista senil. Sem a intervenção do proletariado nesta conjuntura fascistizante, ao contrário do que asseveram os “catastrofistas” do revisionismo trotskista, o capitalismo não se extinguirá, nem cairá de podre, ao contrário, arrastará a humanidade para a barbárie.

Estamos vendo a volta com força do neonazismo ianque em escala interna e planetária. Para se opor a essa escalada arquirreacionária deve-se ter claro que ela é uma expressão da dura etapa de contrarrevolução e profunda ofensiva imperialista em curso, onde ao lado dos mortos de Connecticut estão os cadáveres de mais de 200 mil líbios trucidados pelos bombardeios da OTAN ou as vítimas dos mercenários “rebeldes” na Síria, ao melhor estilo dos jogos de guerra vendidos às crianças norte-americanas. Para que não se repitam novas cenas sanguinárias  dentro e fora dos EUA, somente a ação revolucionária do proletariado mundial poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela liquidação do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição de seu próprio projeto de poder socialista.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


Cem anos do nascimento de “Gonzagão”: Rede Globo promove homenagem com “bundas” de forró, verdadeiras coveiras da cultura popular e da autêntica música nordestina

“Mas doutô uma esmola a um homem qui é são/Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão/É por isso que pidimo proteção a vosmicê/Home pur nóis escuído para as rédias do pudê/Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage/Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage/Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage/Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão”
                                                               (Vozes da Seca, Luiz Gonzaga e Zé Dantas)

Neste mês de dezembro, 13, comemorou-se os cem anos de nascimento de Luiz Gonzaga Nascimento, o genial “Gonzagão”, conclamado como o “Rei do baião”. Na pequena cidade de Exu, 603 Km de Recife, “viu o mundo a minha cara” ao falar de si mesmo. Desde criança enterneceu-se pelos encantos que a sanfona de seu pai (Januário) carregava e revezava com a enxada de pobre roçador. Sua mãe (Santana) repreendia-lhe severamente com puxões de orelha quando dedilhava suas primeiras notas no instrumento. Porém, com apenas oito anos tocou em uma festa ao lado do pai, o que lhe rendeu a sua primeira sanfona, adquirindo fama na região. Um fato decisivo em sua vida foi a paixão pela filha de um importante coronel da cidade, quem negou peremptoriamente o namoro. Gonzaga, indignado, tomou umas “truacas” (cachaças) e resolveu partir para cima do famigerado coronel com uma pequena peixeira, mas acabou sendo impedido por sua mãe que lhe aplicou uma tremenda surra. Em razão disto, triste, resolveu fugir para o mato e decidiu que iria se alistar no Exército. Partiu para o Crato (região do Cariri) para vender sua sanfona e comprar uma passagem de trem para Fortaleza onde se alistou. Graças à desobediência a sua mãe, partiu para ganhar o mundo e uma vida rica em experiências e conhecimento musical! No entanto, esta vasta lição de vida e musical foi completamente ignorada pela emissora dos Marinhos ao colocar as irritantes “bundas” de forró para “homenagearem” um dos mais importantes ícones da música popular de raiz no Brasil de todos os tempos no show que a Rede Globo promoveu em Fortaleza para pretensamente homenagear o “rei da sanfona”. Esta é mais uma consequência nefasta da etapa contrarrevolucionária por que passamos, a de reação ideológica imposta pelo imperialismo e o “mercado” da indústria cultural bestializante que tem a finalidade de destruir qualquer referência de resistência ainda existente para alimentar “novos” padrões de consumo, tudo o que é descartável e superficial.

O début de Luiz Gonzaga começou durante o período da chamada “Revolução de 30”. Quando soldado do Exército foi possível conhecer vários estados até “montar acampamento” em Juiz de Fora (MG), ocasião em que conheceu um exímio sanfoneiro, Domingos Ambrósio, que lhe introduziu as notas musicais mais elaboradas de valsas, fados, tangos e sambas, deixando o jovem Gonzaga fascinado. Resolve então ganhar a vida com a música, dando baixa no Exército em 1939, seguindo para São Paulo e Rio de Janeiro onde se estabeleceria por vários anos. Seu “aprendizado” musical e de vida desenrolou-se perambulando pelos bares frequentados por prostitutas, pelos cabarés da Lapa, nas ruas e vários programas de calouros. Incongruentemente se apresentava tocando músicas estrangeiras, vestindo terno e gravata... Entretanto, não demorou para que um grupo de estudantes cearenses aconselhasse-o a voltar às suas origens musicais, às da terra de seu pai. E foi nestas bases que se inscreveu num programa de calouros no rádio apresentado por Ary Barroso, com uma música de sua autoria “Vira e mexe”, a qual ficara em primeiro lugar e recebendo calorosos aplausos, o que lhe valeu a abertura das portas para seu primeiro contrato com a Rádio Nacional, pelas mãos do diretor Paulo Gracindo. Gonzagão passou a dividir o palco da rádio com expoentes da MPB do quilate de Mario Lago e Ataulfo Alves, as grandes sensações da época. Teve oportunidade de conhecer artistas de todo o país, sendo que neste aspecto reside o conteúdo universal de sua obra expressa na maturidade. Neste ínterim, trocou experiências com o “gaiteiro” gaúcho Pedro Raimundo que, para surpresa de Gonzagão, se apresentava sempre de “pilcha” (indumentária do gaúcho dos pampas), acendendo-lhe a ideia de também exibir-se com roupas ligadas a sua terra: o chapéu inspirado no cangaceiro Virgulino Ferreira (Lampião), a quem admirava, o gibão e outras peças características do vaqueiro nordestino.

1946 foi o ano que Gonzagão voltou para Exu, cujo encontro com o pai é celebremente detalhado na música “Respeita Januário”, em uma parceria que se inicia com o cearense Humberto Teixeira (“Baião”, “Juazeiro”, “Légua Tirana”, “Assum Preto”, “Paraíba”, etc.) e duraria até 1979 com a morte de Humberto. Um ano depois, comporia juntamente com seu parceiro, já completamente “enraizado” em suas origens, a bela e sofrida “Asa Branca”, o seu maior sucesso (sendo gravada inclusive no exterior por diversos outros artistas dos EUA, Itália, Japão). Neste período nasce também a parceria com Zé Dantas (Humberto candidatou-se a deputado), um legítimo homem do campo. Gonzagão brincava afirmando “Eu sentia até o cheiro de bode nele”! Juntos compuseram a lamentosa “Vozes da seca”. Em 1950 ganha o apelido de “Rei do Baião” após uma apresentação em São Paulo. Luiz Gonzaga desponta como um dos maiores vendedores de disco, condição inédita até então para um artista no Brasil. Era popular e reconhecido em todo o território nacional, docemente reverenciado por inúmeros artistas de peso da MPB, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gonzaguinha, Milton Nascimento, Geraldo Vandré, Clara Nunes etc.

Porém, o mais importante é como a mídia murdochiana tratou de “homenagear” o “Rei do Baião” na terra que conduziu Luiz Gonzaga para o mundo, a região do Cariri que abrange municípios do Ceará, Pernambuco e Paraíba, onde viveu. Em Fortaleza, a Rede Globo promoveu um “megaespetaculo” que trouxe as “bundas” de forró eletrônico “Garota Safada”, do dublê de cantor Wesley Safadão - cujo nome já fala por si só! – “Aviões do Forró”, as patricinhas “Coleguinhas”, Waldonys e Elba Ramalho. Este show foi o maior do Brasil até então, cujos convidados atuaram muito mais como detratores da magistral obra de Luiz Gonzaga para uma massa na maioria jovem completamente brutalizada que, na verdade, quando ouve uma música autêntica do forró tradicional vaiam ou vão embora do local, porque consideram “música de velho”, algo ultrapassado, “de museu”. Para a indústria cultural o que vale é consumir “bunda”, dança tipo aeróbica e os corpos sarados dos dançarinos “forrozeiros”. Mas o pior de tudo é que artistas de nível, que participaram do evento, como Elba Ramalho e Waldonys, se submeteram passivos a esta desqualificação da vasta e riquíssima obra gonzaguiana, em nome de estar na crista da onda da mídia, com algo que não tem nada a ver com o genuíno baião, o que equivale a legitimar o lixo cultural que o mercado impõe e repete à exaustão do jabá para “viciar” os ouvidos da grande massa. Só para se ter uma idéia das bobagens descartáveis que pregam as bundas de forró, dizem suas “letras” “chupa que é de uva” (Aviões do Forró), “senta que é de menta”... e por aí vai o lixaral de sonoridade extremamente irritante aos bons ouvidos. Ao forró eletrônico corresponde a mesma desvirtualização que aconteceu com a chamada música sertaneja, quando valores incomensuráveis da qualidade de Pena Branca e Xavantinho foram relegados por nomes como Zezé de Camargo e Luciano ou pela porcaria do “sertanejo universitário” descartável atual (os Victor & Leo, João Bosco & Vinicius) cada vez mais urbano, “pop” e desenraizado da autêntica cultura popular.

Luiz Gonzaga, junto a seus parceiros, foi quem melhor cantou a vida cotidiana do povo nordestino, suas agruras, a seca, seus amores muitas vezes ingênuos, enfim a luta do sertanejo contra a exasperação da fome. Muito além de suas posições políticas, durante a ditadura militar e suas relações com o coronelismo, que foram reais, cabe destacar o seu relevante papel para a edificação de uma autêntica cultura popular de raiz que vem lamentavelmente sendo destruída pela mídia global permeada apenas pelo consumo fácil de mercado, a mentalidade do descartável, da superficialidade das relações, a péssima qualidade musical e estimulando a belicosidade e a idiotização das novas gerações. A mercantilização da cultura transforma um gênero tipicamente rural, o forró de raiz, em uma estilização completamente distinta, urbana e artificial. Cabe aos revolucionários, o papel de resistir em todas as frentes de atuação às imposições ideológicas e de mercado que visam a destruição da boa música nordestina e brasileira, que não vacila em “homenagear” Luiz Gonzaga vilipendiando sua magnífica obra musical.

 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012


Direita golpista “saliva” diante do agravamento da doença de Chávez e da fatiga do “Socialismo do Século XX”

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, enfrentou nesse 12 de dezembro mais uma longa cirurgia em Cuba para tratar do câncer que lhe acomete na região pélvica na altura da bacia. Segundo afirmou Nícolas Maduro, o processo pós-operatório de sua recuperação será “complexo e duro”. Durante discurso em cadeia nacional de rádio e televisão, Maduro, com um aspecto sombrio e o rosto carregado de tensão, declarou que “a operação foi complexa, difícil, delicada, o que nos diz que o processo pós-operatório também será complexo e duro”. Tal afirmação significa que a doença está em um grau agudo e pode inclusive inviabilizar a posse de Chávez para o novo mandato presidencial, prevista para 10 de Janeiro. Até lá a Venezuela enfrenta as eleições regionais em 16 de dezembro, nas quais se escolherão os 23 governadores de estados. Obviamente, a situação encontra-se extremamente polarizada, tanto pelo agravamento da doença do “comandante bolivariano” como pelo crescimento da direita golpista nas últimas eleições presidenciais com a candidatura de Henrique Capriles, o mesmo que durante o golpe de 2002 tentou invadir a embaixada cubana.

Antes de embarcar para Cuba, Chávez declarou publicamente que caso não pudesse completar o mandato que finaliza agora Nícolas Maduro deveria assumir. Mas o problema é bem mais “duro e complexo”. Pela constituição venezuelana, se Chávez morrer ou não tiver condições de tomar posse para seu quarto mandato, no dia 10/01, caberá ao presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, assumir interinamente e convocar novas eleições presidenciais. Se Chávez se recuperar, tomar posse, mas morrer ou se tornar incapaz de concluir os quatro primeiros anos do mandato, o vice-presidente - no caso, Maduro - assume e convoca eleição em 30 dias. Por isto, pela TV, em um apelo dramático minutos antes de viajar a Havana, Chávez pediu que os venezuelanos elegessem o vice-presidente Maduro, caso ele não consiga continuar no comando do país e se novas eleições forem convocadas: “Nesse cenário, sob o qual a Constituição requer a realização de novas eleições presidenciais, vocês todos têm de eleger Nicolás Maduro como presidente. Peço isso de coração”. Está assim aberta uma séria instabilidade que coloca em risco o já fatigado “Socialismo de Século XXI”, com a direita golpista “salivando” com o agravamento da doença de Chávez e vendo a possibilidade de “tomar” o Palácio Miraflores pela via eleitoral: “Estamos trabalhando com todos os cenários possíveis, mas uma coisa está clara: é o povo venezuelano (não Chávez) que vai decidir o seu futuro”, afirmou à Reuters a líder da oposição Maria Corina Machado, após uma reunião estratégica do Mesa da Unidade Democrática (MUD) na segunda-feira. A principal disputa da eleição de domingo (16/12) ocorre em Miranda, que engloba parte do município de Caracas, onde Henrique Capriles, derrotado por Chávez nas eleições presidenciais de outubro, tenta se reeleger. Mais do que um novo mandato, Capriles busca se firmar como opção preferencial da MUD, coalizão burguesa de direita cuja único objetivo é derrotar o chavismo. Por sua vez, será a primeira eleição dos últimos 14 anos sem a presença direta de Chávez e agora com o PSUV sob o comando de Maduro.

As variáveis que determinam o futuro político do país dependem, fundamentalmente, da gravidade do câncer e do tratamento a que Chávez está sendo submetido. Sem dúvida, a doença foi gerada pela tensão política causada nos últimos anos, em que o regime esteve acossado pela direita golpista, fazendo concessões atrás de concessões para a burguesia, enquanto seguia atacando o movimento de massas. Chávez sabia plenamente das dificuldades de governar a partir de 2013, mas optou por candidatar-se e venceu as eleições de outubro. Agora trabalha com uma transição que fortaleça o nome de Nícolas Maduro, ex-sindicalista e motorista de ônibus. Um PSUV dividido entre as diversas camarilhas da chamada boliburguesia, revela por outra via também a antessala do ocaso do regime. Mas, até mesmo se conseguisse emplacar por algum tempo um “chavismo sem Chávez”, esse arremedo não se sustentaria, porque a fantasiosa “revolução bolivariana” não é produto de uma ruptura com as relações sociais capitalistas e não gerou nenhuma grande conquista histórica (como na Líbia, por exemplo) ao movimento de massas que justificasse sua defesa, ou seja, tem pés de barro. Desta forma, rapidamente a burguesia e sua fração de direita tomariam o controle do governo, seja pela via eleitoral ou de um golpe de estado cívico-militar. Uma saída mais consensual, inclusive já amplamente ventilada no círculo mais próximo do presidente, seria a transição ordenada do regime tendo a frente um representante pretensamente “chavista” da cúpula das FFAA que paulatinamente alinharia o governo integralmente aos ditames da Casa Branca, como representa o nome do ex-militar e presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.

Na batalha pela sucessão de Chávez, o grande rival de Maduro era Cabello, até então o número dois no partido. Aparentemente, todo o PSUV, incluindo Cabello, parece ter fechado um consenso em torno de Maduro, o que reduz momentaneamente a possibilidade de uma crise política no partido de Chávez no curto prazo. Mas as diferenças existentes entre os aliados do presidente venezuelano faz com que seja impossível garantir que não haverá instabilidade no chavismo em médio prazo. O certo é que desde já representantes das diversas camarilhas “bolivarianas” se preparam para se credenciar como uma alternativa burguesa diante da débil saúde de seu “comandante”, tirando as lições da própria conduta de Chávez que vem paulatinamente trabalhando em um grande acordo com a burguesia e o imperialismo. As relações “carnais” com a Colômbia de Santos, tendo para isto Chávez sacrificado claramente seu prestígio “anti-imperialista” entre a vanguarda, são uma demonstração clara de que ele e seu staff estão sempre dispostos a atacar o movimento de massas e os lutadores para conseguirem as bênçãos dos amos do Norte. A alta cúpula das FFAA, principal pilar de sustentação política do regime, que dará a palavra final da transição em comum acordo com Washington, buscará se apropriar do espólio político de Chávez de forma figurativa para comandar com mais legitimidade este processo. O certo é que todas essas frações, com interesses particulares dentro do aparato estatal, com ou sem Chávez, desejam manter o regime de exploração capitalista, seja com cores “nacionalistas” ou entreguistas.

Mais que uma agrura pessoal, a doença de Chávez é uma expressão do ocaso do “Socialismo do Século XXI”. O presidente da Venezuela desde meados de 2012 anunciou que estava com câncer, produto de um tumor na região pélvica, na altura da bacia. A necessidade de Chávez ter que se tratar em segurança em Cuba, já que poderia ser alvo de um atentado contra sua vida na própria Venezuela durante o tratamento médico e o fato da divulgação da gravidade da doença ter agora sido reconhecida publicamente, vem provocando uma crise política aberta patrocinada pela ofensiva da direita. Para buscar uma transição ordenada para um novo governo possivelmente sem a sua presença, Chávez estabeleceu no último período acordos de cooperação político-militar com a Colômbia, que resultaram na entrega de lutadores anti-imperialistas e dirigentes das FARC para os cárceres do facínora Santos e levaram a celebração de um pacto reacionário que legitimou o governo golpista em Honduras pela via da volta de Zelaya ao país centro-americano. Obviamente, não se tratou de um movimento isolado, mas de todo um planejado processo de recuo no já limitado programa de reformas burguesas de corte nacionalista implementado pelo ex-tenente coronel. Embora ainda detenha o apoio popular majoritário, Chávez vem perdendo paulatinamente sua base social para a oposição de direita que, pelo profundo desgaste de sua gestão, se lança como uma alternativa eleitoral viável para os capitalistas e, via de regra, usam as FFAA para chantageá-lo.

Para os trabalhadores venezuelanos e latino-americanos, que acompanham apreensivos e buscam intervir de forma independente no desenrolar dos acontecimentos, fica a lição de que é preciso, desde já, preparar uma alternativa política dos explorados tanto ao chavismo decadente como à direita reacionária. O exemplo de Honduras, onde a Frente Nacional de Resistência (FNRP) avalizou a política de legitimação do governo golpista, demonstra que não se deve confiar nas direções “bolivarianas”, é preciso denunciá-las vigorosamente e preparar o terreno para a construção de um genuíno partido revolucionário capaz de enfrentar a onda de reação “democrática” ou mesmo a direita fascista, fazendo um combate programático completamente oposto à cantilena pregada por toda sorte de revisionistas e pela esquerda em geral de que está em curso uma “revolução” na Venezuela, cabendo agora mais do que nunca segundo estes senhores, com a doença do “comandante”, cerrar fileiras em apoio ao governo burguês centro-esquerdista de Chávez e sua corte. Como marxistas revolucionários alertamos que este é o caminho da derrota sangrenta nas mãos da direita reacionária. Longe dessa senda suicida, cabe aos trabalhadores defenderem pela via da ação direta suas conquistas e forjar um programa comunista proletário para a conquista do poder político sobre os escombros do Estado.


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


Afinal, era ou não Lula o “chefe” do esquema chamado de “Mensalão”?

Com toda a “carga” a burguesia monopolista avança sobre a imagem política de Lula, requentando desta vez as velhas acusações da escória podre, como Marcos Valério, utilizada pelo PT para intermediar as comissões de grandes empresas que negociam contratos com o Estado burguês. A “novidade” não são propriamente as denúncias de Valério contra Lula, mas parece que desta vez estas foram acolhidas pelo novo herói fabricado pelo “PIG”, o presidente do STF Joaquim Barbosa. O publicitário mineiro, cooptado do antigo esquema de percentuais operado pelos tucanos, afirma que era Lula o principal negociador das comissões, além de se beneficiar pessoalmente dos valores retidos pelo PT fruto das transações com várias empresas. O PT que praticamente ofereceu passivamente a “cabeça” de seus dirigentes históricos para serem decepadas pela ofensiva reacionária, embrulhada de “ação penal pela moralidade pública”, não quer nem ouvir falar no envolvimento do ex-presidente neste caso, mantendo a todo custo a figura vestal de Lula. Admitindo que operou na “tradição” política do caixa 2, a direção petista reivindica um “ingênuo” crime eleitoral, praticado por todo o universo dos partidos (do PSOL ao DEM), negando taxativamente a corrupção pessoal e ideológica de suas lideranças mais representativas. Por sinal, esta versão foi “comprada” integramente pelo ex-presidente do PT, Genoíno Neto, que se diz um “pobre miserável” (apesar de ter sido deputado federal por trinta anos) sem recursos para pagar a multa imposta pela quadrilha togada do Supremo. A covardia de Lula em defender seus companheiros de partido diante da sanha direitista da burguesia, agora se soma ao cretinismo mais descarado ao negar seu papel dirigente nas “transações comerciais” que estabeleceu com a burguesia, utilizando a gerência do Estado capitalista. Quem militou no PT sabe muito bem que a última palavra no partido sempre era dada por Lula, e que jamais o “presidente metalúrgico” delegaria a trupe de Delúbio e Dirceu o recebimento de “generosas” comissões obtidas no início de seu primeiro mandato. Quanto a versão do STF e do PIG (este por razões óbvias) de que o esquema do “mensalão” consistia na compra de deputados para votar a reforma da previdência social, somente muito tolos podem supor que a alcatéia de picaretas do Congresso Nacional precisaria de algum “troco” para votar uma medida neoliberal recomendada pelo FMI. Acossado inclusive pela anturragem palaciana que patrocinou veladamente a Ação Penal 470 e agora a operação policial “Porto Seguro”, Lula optou por se passar de “bobo indignado” e que não sabia de nada, deixando a turma de Dirceu “curtir” solitários umas férias no presídio da Papuda.

O PT, e Lula em particular, vem sendo chantageado por toda sorte de escroques com quem “trabalharam” em conjunto para acumular “caixa”, seja para a utilização eleitoral do partido ou para enriquecimento pessoal de seus dirigentes. As relações “comerciais sujas” estabelecidas pelo PT, no controle do botim estatal, são simplesmente a extensão política das alianças que estabeleceram com as oligarquias burguesas mais corruptas deste país, como os Sarney, Ferreira Gomes, Maluf, Collor e similares. Agora os petistas passam pela desmoralização pública de serem enxovalhados pela escória de antigos e novos parceiros na “corretagem” dos contratos estatais, como Valério, Cachoeira e Paulo Vieira. O resultado político imediato da “chuva ácida” que cai sobre o teto petista é a retirada da possibilidade de Lula disputar a presidência da república em 2014. Mas, se este também foi o objetivo inicial do governo Dilma ao incentivar seus ministros togados do Supremo a “caçar” impiedosamente os “capos” da tendência petista Articulação, o “feitiço” ganhou vida própria e agora ameaça devorar o conjunto do arco petista.

O “pesadelo” de Lula tem nome e sobrenome, trata-se do “justiceiro negro”, criado pelo “PIG” como o símbolo da ética e defensor do “seu” povo pobre e oprimido, não por coincidência “título” que pertencia ao próprio Lula antes ser jogado na vala comum dos políticos corruptos do Brasil. Joaquim Barbosa tem sido preparado pela burguesia para ocupar um papel de destaque em um amplo movimento político reacionário, cujo destino final é o Palácio do Planalto. Caracterizar a essência deste processo, e seus atores protagonistas, é fundamental nesta etapa de relativa recuperação da economia ianque, onde o imperialismo prepara um ataque às conquistas sociais do proletariado de suas semicolônias. O julgamento “espetaculoso” do “Mensalão” contra o PT foi montado sob encomenda pela mídia “murdochiana” como parte desta ofensiva da burguesia, nada tem a ver com nenhuma inflexão “moralizadora” do regime vigente. Disseminar a ilusão de que o STF está “abrindo uma nova página na história”, ao condenar dirigentes corruptos de um partido governante, como fazem os canalhas do PSTU, significa colaborar com um ataque aos mais elementares direitos democráticos da classe operária, que em um futuro breve se voltará contra o conjunto das lideranças da esquerda classista.

A postura de prostração e covardia política do PT, que joga na “fogueira” seus dirigentes para tentar salvar o restante do cacife eleitoral de Lula, nos impede de estabelecer qualquer iniciativa de unidade de ação contra a farsa reacionária do julgamento do chamado “Mensalão”. O PT é ao mesmo tempo vítima e cúmplice desta ofensiva burguesa da qual se mostra impotente. Também não se trata de defender a “honra” de Dirceu, Delúbio e Genoíno responsáveis, junto a Lula, pela decomposição moral e ideológica do PT ao realizarem os acordos e negociatas mais sórdidas, para um partido que se diz representar os trabalhadores. É óbvio que não está em discussão “anistiar” as falcatruas políticas e materiais da tendência Articulação na condução hegemônica do PT. Seria até cômico agora tentar esconder (como tentam fazer os “pilantroskos” da corrente O Trabalho) a degeneração ideológica de figuras como Dirceu, Lula e o restante da cúpula petista, mas outra questão bem distinta é legitimar a “onda” fascistizante, sob a roupagem da “ética” de uma corte que avalizou toda a “privataria” do Estado, ameaçando as liberdades políticas de organização do conjunto do movimento de massas.