Após decepar Dirceu, “PIG” avança com “gosto de sangue” no pescoço de Lula
As manchetes dos pastelões “murdochianos” (Folha, O Globo e Estadão), da arquirreacionária Revista Veja e as chamadas bombásticas do Jornal Nacional dos últimos dias cravavam em uníssono: Lula participou ativamente do esquema do chamado “mensalão”. Depois de vir à tona as negociatas envolvendo seu “affair” via Operação “Porto Seguro”, agora as “novas” revelações vêm pela boca de Marcos Valério, um dos operadores do esquema de propinas montado no primeiro governo da frente popular. O Partido da Imprensa Golpista (“PIG”) divulgou amplamente o depoimento de Valério ao Ministério Público Federal, colhido por Cláudia Sampaio, subprocuradora e esposa do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel. Nele, o empresário revela a intermediação de Lula e Dirceu para angariar dinheiro de bancos e empresas para as campanhas do PT e outros esquemas de enriquecimento da cúpula petista. Até aí, nada de novo, já que este modus operandi é tradicional no balcão de negócios montado para arrecadar fundos em troca de benesses junto ao Estado burguês. Na verdade, para sermos justos, o PT cobra as menores comissões se comparadas as “taxas” exigidas pelo tucanato e seus antecessores nas negociatas envolvendo os recursos públicos. O que realmente importa é que a mídia murdochiana resolveu “partir para o ataque” contra Lula depois de se sentir fortalecida com a condenação de Dirceu, Genoíno e Delúbio pela corja togada do STF.
Uma peça chave desta verdadeira cruzada “anti-Lula” é o novo presidente do STF, o deslumbrado Joaquim Barbosa. Ele defende que Lula deve ser imediatamente investigado porque uma empresa de fachada do assessor do ex-presidente, Freud Godoy, conhecido como o “faz tudo de Lula”, supostamente recebeu dinheiro de Valério para pagar pretensos gastos pessoais do ex-presidente, um depósito na quantia extraordinária de... 100 mil reais! Piadas a parte, o certo é que Barbosa, em dobradinha com Roberto Gurgel, vem sendo o porta-voz do “PIG” na ofensiva contra Lula e o núcleo histórico do PT. Deslumbrado pelos holofotes da mídia venal e sentindo-se à vontade diante do apoio velado da presidente Dilma a condenação dos chamados “mensaleiros”, ele vem promovendo uma verdadeira caça às bruxas ao PT, se cacifando como uma alternativa eleitoral futura para a burguesia se não em 2014 provavelmente em 2018. Tudo dependerá dos desdobramentos da crise política atual e de como Dilma sairá desse imbróglio. Fica evidente que a atual “oposição conservadora”, dirigida pelo PSDB-DEM-PPS, não tem força eleitoral para derrotar a frente popular encabeçada pelo PT. Mantido o cenário atual, o playboy Aécio Neves será candidato apenas para marcar posição. Esse arco de forças burguesas precisa de novos nomes para se apresentar como renovada e paladina da “ética na política”, galgando assim o apoio principalmente da classe média reacionária, ávida de sangue em sua surrada sede moralizadora. Joaquim Barbosa, o “menino pobre e negro” que ascendeu a presidente do STF se encaixa como uma luva nesta tarefa e não tem qualquer vínculo com o movimento de massas, como Lula.
No mundo real, entretanto, a economia nacional vai bem com Dilma e a sua ampla base de apoio burguesa que vai muito além do PT. Está havendo ampla distribuição de crédito para consumo da pequena-burguesia assim como para os chamados “ascendentes”. O Estado burguês, por sua vez, vem injetando rios de dinheiro em negócios para os grandes capitalistas e seguem os recursos bilionários para empreiteiras que alimentam os bolsos das oligarquias estaduais através dos contratos em torno das obras para a Copa do Mundo (Aeroportos, estradas, portos...). Neste quadro, por enquanto, a reeleição da “gerentona” em 2014 não está nem um pouco ameaçada. Tanto que a ampla coalizão que a sustenta mantém-se unida na sangria dos cofres do Estado e saiu-se vitoriosa do pleito municipal. O “PIG” ataca Lula justamente para minar a possibilidade do ex-metalúrgico se candidatar ao Planalto novamente como era o plano original do PT antes da doença do capo petista, o que significaria fortalecer novamente o eixo da unidade com a burocracia sindical, atualmente fragilizado com a “gerentona”, tida como “distante e intransigente” pela direção da CUT e da Força Sindical. Os barões capitalistas até agora desejam manter Dilma e somente em 2018 lançar um nome de peso sob seu controle, como Joaquim Barbosa, enquanto fragiliza a frente popular estimulando o lançamento de Eduardo Campos (PSB), que vem namorando também com setores do PSDB. Marina Silva e o PSOL correm por fora. Mas, as coisas podem mudar... e a avassaladora dinâmica da ofensiva policialesca contra Lula prova isso. Após decepar Dirceu no STF, o “PIG” avança com gosto de sangue no pescoço de Lula, atacando-o em todas as frentes diariamente. Não é à toa que a mídia murdochiana clama para que o Ministério Público Federal apresente denúncia contra ele para a justiça poder julgá-lo, assim como fez como Dirceu e Cia. Até agora, os setores de peso da burguesia tem preservado Lula, “apenas” fragilizando-o para aposentá-lo politicamente. Se o “PIG” conseguir avançar em seus objetivos pode partir para fragilizar Dilma em seu final de mandato. É uma possibilidade, ainda que seja muito improvável.
Frente esta ofensiva midiática, PT, PCdoB e CUT se limitam a reclamar dos exageros do “PIG”. O núcleo original da frente popular opõe-se a mobilizar suas bases para não polarizar ainda mais a situação política, temendo justamente romper o pacto de estabilidade do regime com os barões da burguesia. Estes, por sua vez, também não têm interesse em haver esta “quebra de contrato” porque vêm obtendo lucros astronômicos com a gestão da frente popular no marco de uma tranquila “paz social”. Esperam uma transição segura e gradual para um novo eixo de poder. Até agora seu limite tem sido aceitar a campanha de desgaste de Lula sem, no entanto, jogá-lo na fogueira como deseja o “PIG”, em um claro jogo de equilíbrio político milimetricamente calculado. Já a chamada “oposição de esquerda” (PSOL, PSTU e PCB) age claramente como linha auxiliar da direita e do “PIG”. Apoia o julgamento do mensalão pelo arquirreacionário STF, ficou eufórica com a condenação dos quadros do PT e agora se encontra em êxtase com perseguição midiática a Lula, “sonhando” que desta crise política tire futuramente algum dividendo eleitoral. Esses cretinos de “esquerda” negam-se a compreender que estamos vendo uma ofensiva “moralizadora” contra Lula e o PT não porque eles fizeram negociatas que beneficiaram empresas e grupos capitalistas, “degenerando-se”. Pelo contrário, a classe dominante prepara justamente o descarte de seus “intermediários” da frente popular e de sua política de colaboração de classes para entronar no Planalto um governo de corte bem mais conservador, encabeçado por figuras nefastas como Joaquim Barbosa, Aécio ou Eduardo Campos, como exige o imperialismo em função do andar da crise financeira internacional. Para o proletariado, que acompanha passivo e como mero espectador a fratricida disputa burguesa exposta na TV e nos jornais, é necessário tirar as lições desta guerra de quadrilhas burguesas. Longe de apoiar a sanha do “PIG” contra seus serviçais petistas, o ativismo classista deve construir nos locais de trabalho e estudo a resistência operária e popular aos ataques atuais assim como dos se avizinham, que a burguesia vai exigir que Dilma, caso seja reeleita, desfira brutalmente sobre os trabalhadores e suas parcas conquistas. A superação da frente popular passa necessariamente por construir uma alternativa revolucionária e classista que desde já denuncie abertamente a atual sanha reacionária orquestrada pela mídia murdochiana e a direita reacionária e não o contrário como vergonhosamente vêm fazendo a “oposicão de esquerda”, sempre atuando na sombra do “PIG”.
