Afinal, era ou não Lula o “chefe” do esquema chamado de “Mensalão”?
Com toda a “carga” a burguesia monopolista avança sobre a imagem política de Lula, requentando desta vez as velhas acusações da escória podre, como Marcos Valério, utilizada pelo PT para intermediar as comissões de grandes empresas que negociam contratos com o Estado burguês. A “novidade” não são propriamente as denúncias de Valério contra Lula, mas parece que desta vez estas foram acolhidas pelo novo herói fabricado pelo “PIG”, o presidente do STF Joaquim Barbosa. O publicitário mineiro, cooptado do antigo esquema de percentuais operado pelos tucanos, afirma que era Lula o principal negociador das comissões, além de se beneficiar pessoalmente dos valores retidos pelo PT fruto das transações com várias empresas. O PT que praticamente ofereceu passivamente a “cabeça” de seus dirigentes históricos para serem decepadas pela ofensiva reacionária, embrulhada de “ação penal pela moralidade pública”, não quer nem ouvir falar no envolvimento do ex-presidente neste caso, mantendo a todo custo a figura vestal de Lula. Admitindo que operou na “tradição” política do caixa 2, a direção petista reivindica um “ingênuo” crime eleitoral, praticado por todo o universo dos partidos (do PSOL ao DEM), negando taxativamente a corrupção pessoal e ideológica de suas lideranças mais representativas. Por sinal, esta versão foi “comprada” integramente pelo ex-presidente do PT, Genoíno Neto, que se diz um “pobre miserável” (apesar de ter sido deputado federal por trinta anos) sem recursos para pagar a multa imposta pela quadrilha togada do Supremo. A covardia de Lula em defender seus companheiros de partido diante da sanha direitista da burguesia, agora se soma ao cretinismo mais descarado ao negar seu papel dirigente nas “transações comerciais” que estabeleceu com a burguesia, utilizando a gerência do Estado capitalista. Quem militou no PT sabe muito bem que a última palavra no partido sempre era dada por Lula, e que jamais o “presidente metalúrgico” delegaria a trupe de Delúbio e Dirceu o recebimento de “generosas” comissões obtidas no início de seu primeiro mandato. Quanto a versão do STF e do PIG (este por razões óbvias) de que o esquema do “mensalão” consistia na compra de deputados para votar a reforma da previdência social, somente muito tolos podem supor que a alcatéia de picaretas do Congresso Nacional precisaria de algum “troco” para votar uma medida neoliberal recomendada pelo FMI. Acossado inclusive pela anturragem palaciana que patrocinou veladamente a Ação Penal 470 e agora a operação policial “Porto Seguro”, Lula optou por se passar de “bobo indignado” e que não sabia de nada, deixando a turma de Dirceu “curtir” solitários umas férias no presídio da Papuda.
O PT, e Lula em particular, vem sendo chantageado por toda sorte de escroques com quem “trabalharam” em conjunto para acumular “caixa”, seja para a utilização eleitoral do partido ou para enriquecimento pessoal de seus dirigentes. As relações “comerciais sujas” estabelecidas pelo PT, no controle do botim estatal, são simplesmente a extensão política das alianças que estabeleceram com as oligarquias burguesas mais corruptas deste país, como os Sarney, Ferreira Gomes, Maluf, Collor e similares. Agora os petistas passam pela desmoralização pública de serem enxovalhados pela escória de antigos e novos parceiros na “corretagem” dos contratos estatais, como Valério, Cachoeira e Paulo Vieira. O resultado político imediato da “chuva ácida” que cai sobre o teto petista é a retirada da possibilidade de Lula disputar a presidência da república em 2014. Mas, se este também foi o objetivo inicial do governo Dilma ao incentivar seus ministros togados do Supremo a “caçar” impiedosamente os “capos” da tendência petista Articulação, o “feitiço” ganhou vida própria e agora ameaça devorar o conjunto do arco petista.
O “pesadelo” de Lula tem nome e sobrenome, trata-se do “justiceiro negro”, criado pelo “PIG” como o símbolo da ética e defensor do “seu” povo pobre e oprimido, não por coincidência “título” que pertencia ao próprio Lula antes ser jogado na vala comum dos políticos corruptos do Brasil. Joaquim Barbosa tem sido preparado pela burguesia para ocupar um papel de destaque em um amplo movimento político reacionário, cujo destino final é o Palácio do Planalto. Caracterizar a essência deste processo, e seus atores protagonistas, é fundamental nesta etapa de relativa recuperação da economia ianque, onde o imperialismo prepara um ataque às conquistas sociais do proletariado de suas semicolônias. O julgamento “espetaculoso” do “Mensalão” contra o PT foi montado sob encomenda pela mídia “murdochiana” como parte desta ofensiva da burguesia, nada tem a ver com nenhuma inflexão “moralizadora” do regime vigente. Disseminar a ilusão de que o STF está “abrindo uma nova página na história”, ao condenar dirigentes corruptos de um partido governante, como fazem os canalhas do PSTU, significa colaborar com um ataque aos mais elementares direitos democráticos da classe operária, que em um futuro breve se voltará contra o conjunto das lideranças da esquerda classista.
A postura de prostração e covardia política do PT, que joga na “fogueira” seus dirigentes para tentar salvar o restante do cacife eleitoral de Lula, nos impede de estabelecer qualquer iniciativa de unidade de ação contra a farsa reacionária do julgamento do chamado “Mensalão”. O PT é ao mesmo tempo vítima e cúmplice desta ofensiva burguesa da qual se mostra impotente. Também não se trata de defender a “honra” de Dirceu, Delúbio e Genoíno responsáveis, junto a Lula, pela decomposição moral e ideológica do PT ao realizarem os acordos e negociatas mais sórdidas, para um partido que se diz representar os trabalhadores. É óbvio que não está em discussão “anistiar” as falcatruas políticas e materiais da tendência Articulação na condução hegemônica do PT. Seria até cômico agora tentar esconder (como tentam fazer os “pilantroskos” da corrente O Trabalho) a degeneração ideológica de figuras como Dirceu, Lula e o restante da cúpula petista, mas outra questão bem distinta é legitimar a “onda” fascistizante, sob a roupagem da “ética” de uma corte que avalizou toda a “privataria” do Estado, ameaçando as liberdades políticas de organização do conjunto do movimento de massas.