quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


A “Privamera árabe” na Síria: mercenários “rebeldes” atacam militantes da FPLP e expulsam palestinos de campo de refugiados em Damasco

Nos últimos dias vem ocorrendo violentos combates no campo de refugiados palestinos de Yarmouk, localizado no sul da Damasco. Os confrontos se dão entre os “rebeldes” financiados pelas potências capitalistas e os militantes da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP). O objetivo da ofensiva do famigerado ELS é expulsar do país os grupos palestinos que se opõem a derrubada do governo de Bashar Al Assad pelos mercenários pró-OTAN, Israel e as burguesias árabes servis a Casa Branca. As nada confiáveis informações da mídia murdochiana apontam que aparentemente o campo agora encontra-se dividido, persistindo sérios enfrentamentos por terra, tenda a tenda. Depois que um setor do Hamas fechou a “trégua” com Israel negociada pelo governo do Egito, isolando os grupos palestinos que se opuseram ao acordo vergonhoso, os “rebeldes” vem desatando uma ofensiva contra as organizações políticas palestinas que combatem ao lado do regime sírio e são contrárias a orientação ditada pela Irmandade Muçulmana de desestabilizar o governo Assad em favor de impor um títere servil ao imperialismo ianque em Damasco.

A ofensiva “rebelde” teve início na sexta-feira, 14/12. Na medida em que a guerra civil se intensificou os mercenários vêm perseguindo os membros da FPLP - Comando Geral, grupo liderado por Ahmed Jibril. Já na tarde desta terça-feira, 17/12, o Exército nacional sírio enviou vários tanques para a principal entrada do campo sem adentrar nele, onde residem 150 mil palestinos, cuja maioria já havia se deslocado para outros locais em fuga, desviando-se assim de sua luta histórica que é o retorno para as terras ocupadas pelo sionismo na Palestina. Só entre segunda-feira e ontem, mais de mil refugiados palestinos teriam cruzado a fronteira com o Líbano em razão da violência "rebelde" na Síria. Segundo a agência Reuters 70% dos moradores do campo abandonaram suas casas e seguiram rumo ao Líbano. Já a agência de notícias oficial Sana revelou que o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Muallem, teve uma conversa telefônica com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre a situação em Al Yarmouk. Muallem disse ao responsável da ONU que durante os últimos quatro dias grupos terroristas “rebeldes” armados teriam entrado no campo e terroristas bombardearam o local. Obviamente a ONU silenciou diante do ocorrido. O ministro afirmou que o exército sírio não entrou no campo e que os choques foram entre unidades dos comitês populares palestinos e os mercenários, que estão equipados com armas e financiados por países vizinhos aliados dos EUA e da União Europeia.

Há menos de um mês, o governo do Egito impôs que o Hamas decretasse uma tréga com Israel. Morsi demonstrou que avançou no controle sobre o Hamas buscando justamente estabilizar a região para que o imperialismo mantenha sua ofensiva contra a  Síria e o Irã. O assassinato de Jabari, dirigente do Hamas que se opunha ao acordo, foi uma tentativa de quebrar a frente de resistência composta pelo Hezbollah, que agrupa uma fração do Hamas pró-Irã e outros grupos palestinos, como a FPLP. Até o momento, este quadro ainda não está decidido já que há resistência interna no Hamas e na Jihad Islâmica à orientação pró-sionista imposta pela Irmandade Muçulmana, enquanto outros grupos mais a esquerda como os Comitês Populares de Resistência e a FPLP defendem ir para a ofensiva visando enfrentar o sionismo e o imperialismo! Os desdobramentos desta disputa estão ocorrendo nestes dias em Damasco! Não por acaso, o ultra-corrupto presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, pediu o fim imediato dos bombardeios contra os campos de refugiados palestinos na Síria, escondendo o fato que o alvo dos ataque nas proximidades do campo são os "rebeldes" e não os refugidos, historicamente protegidos pelo governo sírio. Cinicamente, Abbas, colocando um sinal de igual entre os dois lados, declarou: "Apelamos a todas as partes beligerantes na Síria para preservar a vida dos palestinos e seus campos. Os bombardeios contra os campos devem cessar imediatamente". Depois de ter devastado a Líbia, agora submersa na barbárie econômica e pilhagem das transnacionais do petróleo, o alvo neste momento chama-se Síria, que enfrenta a mesma operação sinistra montada pela Casa Branca no norte da África. Os chamados “rebeldes” que são financiados e armados pela OTAN, combatem para derrubar o governo burguês da oligarquia Assad, adversária militar do enclave sionista. A ofensiva sobre a Síria visa debilitar o Hezbollah (aliado do regime Assad), que controla parte do território do Líbano e na mesma “tacada” domesticar o Hamas (como ocorreu com a OLP e a ANP), convertendo-o em um aliado dócil do gendarme terrorista de Israel.

Como demostram neste exato momento os combatentes da FPLP no campo de refugiados palestinos de Yarmouk, a luta secular do povo palestino deve ter como foco a derrota da chamada “revolução árabe”, que através do governo Obama e de seus aliados na região (como os atuais governos títeres da Líbia, Qatar, Arábia Saudita, Turquia e Egito) pretendem “limpar o terreno” para o sionismo dominar os recursos naturais, como água, gás e petróleo, de todo o mundo árabe e Ásia central. Assim como na Guerra do Golfo em 91, a então OLP (ainda íntegra nos seus objetivos contra o sionismo) soube corretamente tomar o lado do Iraque, contra os pseudos “oprimidos” do Kuwait, que se abrigaram sob a proteção militar do Pentágono, os combatentes da causa palestina não devem vacilar em perfilar-se no campo militar dos regimes nacionalistas do Irã e Síria (contra os “rebeldes” e a OTAN), como parte integrante da luta por conquistar sua soberania e um Estado nacional. O legado histórico internacionalista que nos deixaram a FPLP e seus heróis mortos na trincheira do combate deve ser honrado pelas novas gerações de lutadores que não podem ser “seduzidos” pelo canto de sereia do imperialismo e sua política de criar uma caricatura de Estado, um bantustão para um povo segregado. Como marxistas leninistas sabemos muito bem das poderosas forças centrífugas que atuam no interior da causa palestina para liquidar o ímpeto revolucionário das massas, transformando suas organizações de luta em instrumentos passivos diante do inimigo sionista. Não foi por acaso que liquidaram a OLP e corromperam seus dirigentes históricos. Agora a dupla criminosa Bibi/Obama pretende quebrar a resistência de todos os grupos guerrilheiros palestinos apontando que o melhor caminho é o da negociação, assim como o trilhado por Arafat nos acordos de Oslo. A recente “trégua”, pactuada entre o Hamas e o Likud, sob as bênçãos da Irmandade egípcia e Casa Branca, tenta convencer os mais ingênuos que se tratou de “uma vitória da causa palestina”. Nada mais falso e perigoso para a estratégia revolucionária de destruição do “porta-aviões” do Pentágono estacionado no território palestino, que atende pelo apelido de Israel.

Para vencer o imperialismo e seus “rebeldes” é preciso impulsionar uma frente única com a resistência palestina, o Irã, a Síria e o Hezbollah, onde as organizações marxistas revolucionárias atuem na mesma trincheira de combate destes países e dos grupos políticos na luta contra o imperialismo, tendo completa independência política diante do programa burguês-teocrático destes regimes e grupos. Está colocado frente à escalada política e militar do imperialismo em apoio aos “rebeldes” made in CIA na Síria e na Líbia combater para que a luta dos povos do Oriente Médio não sirva para o imperialismo debilitar os regimes que têm fricções com a Casa Branca (Irã e Síria), ou mesmo como cínico pretexto para justificar intervenções militares “humanitárias” como a que ocorre atualmente na Líbia. Cabe aos marxistas leninistas na trincheira da luta contra o imperialismo e pelas reivindicações imediatas e históricas das massas árabes postarem-se em frente única com os governos atacados pelas tropas da OTAN e combater os planos de agressão das potências capitalistas sobre as nações semicoloniais da região.