terça-feira, 18 de dezembro de 2012


2012, o ano dos “massacres domésticos” no coração do genocida imperialismo ianque
Este foi o ano mais letal na história dos “massacres domésticos” nos EUA. A tragédia ocorrida no dia 14 de dezembro na pequena cidade de Newtown, em Connecticut, é a segunda pior ocorrência desse tipo no país, onde assassinatos em massa são uma tradição macabra. A primeira foi a de Virginia Tech, em 2007, com 32 vítimas fatais. Somente em 2012, foram seis masssacres, com 110 pessoas mortas e feridas, sem contar a chacina atual. Assim como aconteceu na tragédia no cinema de Aurora no lançamento do filme Batman, em julho, quando James Holmes fuzilou 12 pessoas com armas adquiridas legalmente e munição comprada online, agora 28 pessoas foram assassinadas por um adolescente, Adam Lanza, formado no seio de uma família de classe média ianque, belicista e conservadora. A arma usada por Adam na escola de Connecticut e que deixou entre os mortos mais de 20 crianças é, por coincidência, a versão “civil” da mesma que os soldados norte-americanos massacram diariamente as famílias afegãs na ocupação do país pela OTAN, assassinatos que não são objetos das “lágrimas” da mídia murdochiana.

A primeira vítima de Adam foi sua própria mãe, Nancy Lanza, morta com um tiro no rosto. Ela se orgulhava em ter uma coleção de armas que mantinha em casa e levava os filhos e parentes para praticar pontaria em clubes de tiro ao norte de Nova York, na onda belicista que domina a classe média ianque, na sombra da sua burguesia que domina o planeta via poder das armas para impor os interesses econômicos dos monopólios capitalistas. Havia inclusive levado o filho mais novo para um campo de tiros dias antes do massacre e fazia parte do chamado movimento  “preparacionista”, o qual tem como móvel adquirir armas de alta tecnologia e estocar alimentos para preparar-se para o “caos”. Nancy era uma amante de armas e tinha cinco modelos dentro de sua própria casa. Havia se separado recentemente do marido, o que abalou profundamente o filho, tido como muito inteligente porém “antissocial”. Uma sociedade que envia mercenários ao mundo inteiro para matar, em nome dos negócios, não pode espantar-se com os massacres de seus adolescentes e suas crianças. Após o massacre, o ritual de cinismo se repete: os políticos burgueses ianques, como Obama, falam em Deus, família e mandam hastear bandeiras a meio mastro. Vigílias à luz de velas se multiplicam e a indústria de entretenimento cancela eventos, enquanto os jornais e as TVs exploram o ocorrido. Psicólogos e sociólogos pequeno-burgueses são convocados para examinar o perfil do assassino, quase sempre um solitário homem branco ou um jovem “desequilibrado”. O que eles não dizem é que a principal responsável pelo massacre de Connecticut assim como o de Aurora e todos os outros é a cultura belicista ianque, potenciada pela direita norte-americana e que tem o apoio social de um amplo setor da classe média.

Em Washington, a esmagadora maioria dos deputados que ocupa o Congresso tem suas campanhas bancadas pelas doações das empresas de armas, como parte do seu poderoso lobby. Os EUA têm tantos habitantes quanto armas de fogo em circulação – mais de 300 milhões. Essa realidade não faz nos opormos ao direito democrático de autodefesa diante do Estado burguês (a segunda emenda da Constituição norte-americaa garante “o direito das pessoas manterem e carregarem armas”) e muito menos defendender o monopólio das armas pela burguesia. Ao contrário, alertamos justamente que em uma sociedade capitalista decadente, alienada e agressiva como os EUA, os “efeitos” colaterais dessa bárbara realidade mostram justamente a necessidade de por um fim ao capitalismo pela via da violência revolucionária e da expropriação da burguesia de conjunto. Com a tragédia de Connecticut, a campanha pelo fim da venda de todos os tipos de armas a civis ganhou força nos EUA, sendo apoiada por setores de “esquerda”. Mas o que está por trás desse “debate” não é nenhuma preocupação real como as verdadeiras raízes dos seguidos massacres em escolas, ou seja, a facistização da sociedade ianque, que se apóia em setores da classe média que apoia a perseguição a imigrantes e negros. O que um setor da burguesia norte-americana deseja é reforçar o seu controle sobre o comércio de armas e aumentar o aparato repressor sobre as massas proletárias. Os únicos beneficiados do “fim da venda de armas de fogo” em geral serão uma minoria da classe dominante que organiza exércitos paramilitares e os setores da classe média alta que usam as licenças de “clubes de tiro” para atacar os pobres nas ruas das metrópoles e assim como os grandes capitalistas que já contam com milícias privadas, através de empresas de segurança. A farsa em torno da tese de “desarmar a população para acabar com a violência” está voltada a garantir que o Estado burguês tenha para si o monopólio das armas para resguardar a propriedade privada dos meios de produção, enquanto a maioria da população estaria proibida de possuir armas e autodefender-se. Hoje, a defesa do direito democrático da autodefesa deve ser empunhada como uma bandeira central do proletariado, inclusive com a expropriação dos depósitos de armas das FFAA em um periodo revolucionário e de ascenso de massas, chamando a ruptura da hierarquia militar em favor dos explorados e o armamento popular contra os bandos facistas que pupulam entre a pequena-buguesia ianque. Só neste sentido este direito tem um caráter progressivo.

Nos EUA, nas últimas décadas, têm sido comum as matanças coletivas em escolas e em lugares públicos perpetrados por jovens oriundos da classe média, cujas mais conhecidas foram a de Columbine em 1999, quando dois estudantes mataram a tiros 12 colegas e uma professora. Ou ainda em abril de 2007, outro jovem atira e mata 32 pessoas e fere 15 em uma universidade na Virgínia. Os exemplos podem chegar a 60... Mas basta citarmos estes apenas para se ter uma idéia acerca das razões político-sociais que levam a estes massacres. No caso de Columbine, não por coincidência, a OTAN a serviço do Pentágono bombardeava a Iugoslávia durante a Guerra do Kosovo exterminando milhares de vidas. Em 2007 a corrida guerreirista de Bush manchava de sangue as ruas de Gaza, Bagdá, Afeganistão, perseguia as Farc etc. Agora estamos no meio do ataque a Síria precedido pela agressão a Líbia. Os ataques de claro conteúdo fascista estão em consonância com a época de ofensividade bélica e de reação ideológica preconizada pelo imperialismo norte-americano. A tragédia de Connecticut é a expressão mais acabada do estancamento das forças produtivas impostas pelo capitalismo. Como não há um contraponto revolucionário a esta degradação, a humanidade tende a caminhar para a barbárie imposta pelo império decadente. Desgraçadamente, se não houver uma direção política que aponte uma saída comunista para os trabalhadores de todo o planeta, carnificinas neonazistas e guerras genocidas acontecerão como norma de sobrevivência do regime capitalista senil. Sem a intervenção do proletariado nesta conjuntura fascistizante, ao contrário do que asseveram os “catastrofistas” do revisionismo trotskista, o capitalismo não se extinguirá, nem cairá de podre, ao contrário, arrastará a humanidade para a barbárie.

Estamos vendo a volta com força do neonazismo ianque em escala interna e planetária. Para se opor a essa escalada arquirreacionária deve-se ter claro que ela é uma expressão da dura etapa de contrarrevolução e profunda ofensiva imperialista em curso, onde ao lado dos mortos de Connecticut estão os cadáveres de mais de 200 mil líbios trucidados pelos bombardeios da OTAN ou as vítimas dos mercenários “rebeldes” na Síria, ao melhor estilo dos jogos de guerra vendidos às crianças norte-americanas. Para que não se repitam novas cenas sanguinárias  dentro e fora dos EUA, somente a ação revolucionária do proletariado mundial poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela liquidação do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição de seu próprio projeto de poder socialista.