250 edições do Jornal Luta Operária, um marco histórico da imprensa operária!
Chegamos ao final de 2012 com o Jornal Luta Operária (JLO) completando a marca histórica de 250 edições. Em maio de 1995, surgia a primeira edição, número zero, do periódico publicado pela Liga Bolchevique Internacionalista, não por acaso, no mesmo mês em que nossa corrente política foi fundada. Passado 17 anos, hoje o JLO é uma importante referência não só nacional, mas também internacional, no universo das publicações das organizações que se reivindicam revolucionárias. É seguramente o periódico impresso quinzenalmente mais regular de toda esquerda brasileira, o que reflete o seu compromisso no acompanhamento sistemático da análise da conjuntura mundial, assim como uma intensa cobertura dos acontecimentos mais marcantes da luta de classes em nosso país. Ao lado do Blog da LBI, de nosso site na internet e da revista teórica Marxismo Revolucionário, o JLO cumpre o importante papel de ser o principal porta-voz de nossas posições políticas. Seguindo o legado de Lênin, compreendemos que a imprensa partidária em plena febre do “mundo virtual” continua sendo o militante número 1 de uma organização revolucionária. Não pode haver uma corrente política realmente comunista que não possua uma imprensa partidária regular, não somente como um mero boletim informativo como é comum na “esquerda”, mas fundamentalmente como um organizador coletivo de toda a atividade militante, abstraindo as lições programáticas de cada fato da luta de classes. Sem medo de errar, a trajetória política das 250 edições do JLO passou pelo crivo ácido da luta de classes ao sustentar posições justas e corajosas do ponto de vista da classe operária e das massas oprimidas.
A exemplar regularidade do JLO é produto da intensa elaboração política da direção da nossa corrente que compreende a necessidade da construção de um poderoso instrumento publicitário marxista. Ao contrário de outros periódicos da esquerda que muitas vezes anunciam-se semanais ou mesmo quinzenais e até mensais, mas que de fato são absolutamente irregulares na periodicidade de sua publicação, o JLO manteve uma rigorosa presença atualizada nos principais combates da classe trabalhadora. Mais do que um mero “cliping” de esquerda, o JLO prima pela elaboração conceitual, procurando abstrair as principais lições programáticas de cada fato da luta de classes, seja no presente ou passado. Estamos certos que cumprimos bem este objetivo ao longo de 250 edições, contribuindo dentro de nossas modestas forças para dotar o proletariado de uma plataforma revolucionária de luta pela conquista de seu próprio poder político. As matérias do JLO, além de aprofundar do ponto de vista da radicalidade da análise, ajudam a dar respostas aos principais fatos da luta de classes, sem sacrificar as polêmicas e as posições principistas de nossa corrente. Desta forma, nos opomos ao “academicismo” reinante na esquerda, que muito escreve longamente e pouco diz porque na verdade os “longos artigos” carecem de conteúdo programático e estão voltados mais a encobrir suas posições políticas de adaptação ao imperialismo e à frente popular com algum ar “teórico” ou “intelectual”, falso, diga-se de passagem, do que para apresentar uma plataforma de independência política para o proletariado. Como um veículo da imprensa independente dos patrões e das verbas estatais diretas ou indiretas, o JLO é mantido exclusivamente com as contribuições de seus leitores e colaboradores, porque entendemos que sua fortaleza editorial e a perspectiva de uma longa existência só dependerão da coerência e princípios de suas posições político-programáticas. Manter viva a imprensa operária, quando quase todas as organizações de esquerda já abandonaram suas publicações regulares ou passaram a ser meros “papagaios” da mídia burguesa desprovidas de qualquer conteúdo de análise conceitual marxista, é nosso objetivo.
O ataque das classes dominantes aos direitos e conquistas dos trabalhadores através dos planos estatais de “ajustes” implementados por governos “neoliberais” e da centro-esquerda burguesa encontrou nas páginas do JLO uma análise centrada na própria dinâmica da luta de classes na perspectiva política de superação do modo de produção capitalista. Com o estancamento do desenvolvimento das forças produtivas, o regime da propriedade privada passa a incrementar enormemente a evolução técno-científica como forma de aumentar a extração da mais-valia e potenciar a acumulação do capital por vias econômicas até então “marginais” na composição orgânica do capital. O colapso financeiro das bolsas imperialistas ocorridas em 2008 foi parte deste contexto. A LBI recusou-se a integrar o “consenso” da esquerda revisionista ao afirmar que não estávamos atravessando a última e derradeira crise do regime capitalista, por mais severa que esta se apresentasse com a falência de várias corporações financeiras e industriais nos principais centros econômicos do planeta. Não embarcamos na cantilena fácil de profetizar o fim do capitalismo, sem que a classe operária assumisse seu papel histórico protagonista no féretro da burguesia mundial. Como um jornal marxista revolucionário o JLO esteve a serviço de explicar pedagogicamente que o crash financeiro, operados pelos yuppies que alavancam títulos podres, só se converteria em uma crise terminal do sistema se viesse acompanhado da ação revolucionária das massas, caso contrário seria mais um degrau acima na ofensiva imperialista para aumentar os ritmos de produção e incrementar o desemprego no seio do proletariado.
No curso desta conjuntura, o modelo de gestão estatal inaugurado pela frente popular no Brasil em 2002, tem se destacado internacionalmente como um excelente recurso da burguesia para amortecer e entorpecer as latentes tendências à sublevação da classe operária diante da ofensiva patronal. Este fenômeno também foi minuciosamente analisado em diversas edições do JLO. A continuidade do governo Lula com a “gerentona” Dilma revelou-se uma necessidade da burguesia nacional, o fundamental é manter o pacto social vigente. A LBI prognosticou com muita clareza este fenômeno político, caracterizamos que a realização das eleições seria uma mera maquiagem circense diante dos objetivos estratégicos das classes dominantes de parceria com a frente popular. O JLO impulsionou uma campanha de boicote ativo à farsa eleitoral, convocando o conjunto de organizações e ativistas classistas que não se domesticaram com a institucionalidade democrática a darem um passo à frente na denúncia deste regime político fraudulento, concentrando forças na ação direta e independente do proletariado. A elaboração político-ideológica sistemática do JLO também vem dando cobertura a recente investida da mídia “murdochiana” e do STF contra o PT, analisando a estabilidade política da frente popular como produto da estratégia de colaboração de classes em oposição ao catastrofismo reinante na “esquerda” não-governista, além de acompanhar diversos fatos da conjuntura nacional que estão sendo “investigados” do ponto de vista do marxismo revolucionário. A atual ofensiva imperialista contra as semicolônias, iniciada no começo do ano passado, teve seu marco de inflexão na derrubada do regime nacionalista burguês do coronel Kadaffi por forças reacionárias armadas pela OTAN. Na América Latina, concentram seus esforços contra Argentina e Venezuela, países considerados pelos ianques como “inimigos da imprensa livre”, em função da orientação parcialmente nacionalista de seus governos. Para os marxistas revolucionários está absolutamente claro que esta sanha global contra os povos só poderá ser derrotada com absoluta independência de classe, frente aos dois bandos capitalistas que se enfrentam pelo controle do botim estatal. Mas, esta análise não pode significar nenhum tipo de abstencionismo, ou ainda muito pior, um alinhamento automático com o setor burguês que detém o comando da mídia “murdochiana”, como fazem os canalhas do PSTU, pensando em amealhar alguns votos que acabem sobrando da “farra” reacionária promovida pelo STF e afins.
Na arena da luta de classes em nível mundial, também o JLO foi vanguarda política em nosso país. A introdução do debate acerca do defensismo soviético ganhou destaque nas páginas do JLO, que assumiu uma posição pioneira nesta questão no âmbito da esquerda nacional. Fomos uma tribuna implacável na denúncia da restauração capitalista nos antigos Estados do Leste europeu, caracterizando o processo que culminou com a destruição da União Soviética e suas conquistas operárias como contrarrevolucionário, contrastando radicalmente com a avaliação dominante da esquerda revisionista que considerou a queda do Muro de Berlim como um acontecimento “democrático e revolucionário”. Em 2001, quando foram destruídas as torres gêmeas, no que ficou conhecido como o “11 de Setembro”, o JLO recusou-se a engrossar a histeria “antiterrorista” impulsionada pelo carniceiro Bush, defendendo como legítima qualquer resposta militar de países, povos ou grupos atingidos pelo imperialismo, ao mesmo tempo que afirmava que só o método da revolução proletária mundial seria capaz de pôr fim à hegemonia imperial norte-americana que ameaça o planeta. Postando-se no mesmo campo de batalha de todos os movimentos de resistência ao imperialismo e seus apêndices, como o sionismo, declaramos que só a construção de uma direção revolucionária poderá conduzir as massas insurretas à vitória final. Neste sentido, não depositamos a menor confiança política em direções “nacionalistas” que pelo seu caráter burguês estarão sempre dispostas a um acordo ou “acomodação” com o imperialismo. Apesar disso, chamamos a frente única com estas direções e regimes atacados pela senha neocolonialista da Casa Branca agora sob a gestão de Obama, como vemos hoje gestado no lastro da mal-chamada “Primavera Árabe”. Acompanhando e intervindo ativamente na luta de classes, o JLO vem fazendo ampla cobertura da ofensiva imperialista no Oriente Médio, denunciando não “só” a genocida agressão da OTAN a Líbia e agora via mercenários “rebeldes” na Síria, mas demarcando campo com o revisionismo que apoiou a investida das grandes potências em nome da defesa da farsesca “revolução árabe”. Nesse sentido, a luta política travada através do JLO, refletindo nossa própria intervenção no terreno concreto da luta de classes, foi um contraponto de classe não “apenas” à mídia, mas fundamentalmente a seus “papagaios” no interior da “esquerda” revisionista, que se converteu em porta-voz do império em nome da “defesa da democracia” e tragicamente segue o mesmo script quando a Casa Branca incrementa sua ofensiva contra a Síria e o Irã.
Estamos conscientes de nossas dificuldades programáticas, limitações organizativas e das tremendas forças centrífugas que atuam para a liquidação física e política de uma organização revolucionária que não tem medo de enfrentar a contramão do oportunismo, a frente popular e o ódio de classe de nossos inimigos capitalistas. Desde a equipe editorial do JLO nos orgulhamos de estar construindo esse valioso instrumento de luta política e convidamos você a fortalecer a imprensa operária e comunista! Por esta razão afirmamos: vida longa ao Jornal Luta Operária, viva as 250 edições do JLO! Aproveitamos esta última edição do ano para agradecer a todos os leitores, assinantes e apoiadores que nos ajudaram a sedimentar definitivamente o JLO como uma imprensa operária e socialista e desejar um 2013 permeado de muita resistência para a classe operária e os povos oprimidos do planeta, tendo a certeza que encontrarão no JLO um bastião na luta pela construção de um genuíno partido operário revolucionário e internacionalista!