Sai a “madame”
Clinton, entra John Kerry: “falcão” Obama anuncia ofensiva global contra os povos e as nações oprimidas
Obama acaba
de anunciar que John Kerry substituirá a víbora Hillary Clinton a frente do
Departamento de Estado ianque. A “madame” aparentemente sofre de graves problemas
de saúde e vai ser substituída para que o imperialismo possa seguir firmemente
em sua ampla ofensiva política e militar sobre o planeta, centrada neste
momento no Oriente Médio. Hillary vinha organizando freneticamente a sanha
contra a Síria e o Irã, como também reforçando o poder de Israel na região,
vide o acordo celebrado com o Hamas. Ela organizou recentemente um “clube”
muito “seleto” de “amigos (sic!) da Síria” com objetivo de apoiar e promover
ações terroristas contra o regime de Bashar al Assad, quem o império
considera como “uma ditadura sangrenta” e também havia se aproximado do governo
do Egito, comandado pela Irmandade Muçulmana. Cogita-se que ela seria a candidata
democrata em 2016, o que consideramos muito improvável. O certo é que agora, Kerry, o ex-candidato a presidente pelo
Partido Democrata em 2004 vai assumir estas funções estratégicas. Ele vinha
sendo cotado para se tornar o principal “falcão” democrata depois que a
embaixadora norte-americana na Organização das Nações Unidas (ONU), Susan Rice,
retirou seu nome da consideração na semana passada depois de não haver consenso
entre os barões capitalistas ianques. Ela foi criticada duramente pelos
republicanos por seu desempenho nas explicações iniciais do governo sobre o
ataque em Benghazi, na Líbia, pela Al Qaeda, aliada dos EUA na queda do regime
de Kadaffi.
Mudam-se as
peças, mas a estratégia ianque continua a mesma. Kerry será no segundo mandato
de Obama o homem indicado para costurar o ataque ao Irã e dar apoio à chamada “Primavera
árabe”. Na verdade a mudança no gabinete corresponde ao plano de Obama de
aproximação com o Partido Republicano visando unificar todos os setores da
burguesia ianque para a escalada bélica futura. Por isto, vários nomes estão
sendo escolhidos em consenso entre os dois partidos, ainda mais quando se sabe
que em 2016 virá uma administração republicana, como manda as regras da “democracia”
ianque. Tanto que o ex-senador republicano, Chuck Hagel, é um dos principais
candidatos para substituir Leon Panetta no Pentágono. Trata-se de preparar a transição
para os republicanos e desde já colocar em marcha o plano de eliminação dos
regimes adversários da Casa Branca em 2013, quando Obama estará “legitimado” por
sua vitória eleitoral, garantida justamente porque ele cumpriu a contento os
objetivos impostos pelo complexo industrial militar.
As primeiras
declarações de Obama sobre Kerry revelam bem os motivos da escolha. “Ao
virarmos a página numa década de guerra, Kerry compreende que temos de dominar
todos os elementos do poder americano para garantir que funcionem em conjunto”,
disse Obama, com o novo responsável pela diplomacia ianque ao seu lado. “John
conquistou o respeito e a confiança dos líderes de todo o mundo. Não vai
precisar de muita formação”. John Kerry é membro do Comité de Relações
Exteriores do Senado há três décadas e lidera-o nos últimos anos. Obama
encarregou-o de várias missões diplomáticas. Uma das primeiras decisões que
Kerry deverá ter como Secretário de Estado é aumentar a segurança das missões
diplomáticas como a Líbia ou o Iraque,
por exemplo, cumprindo a recomendação do relatório sobre o ataque ao consulado
de Benghazi, divulgado esta semana. Ao lado disso vai aprofundar a ofensiva contra
a Síria e a Coreia do Norte. O processo de desestabilização do governo do
Bashar Al Assad por parte do imperialismo e de Israel através do apoio a grupos
internos “rebeldes” tribais arquirreacionários representa a tentativa da Casa
Branca de alterar completamente a chamada geopolítica do Oriente Médio,
colocando sob seu controle não só a Síria, mas avançando em sua ofensiva sobre
o Hezbollah no Líbano e, caso tenha sucesso nesta empreitada colonialista,
assentando as bases para um ataque militar ao Irã, já que não conseguiu o apoio
interno necessário para debilitar o regime nacionalista comandado por
Armadinejad. Trata-se de um plano estratégico de larga envergadura, ainda mais
quando a Síria e o próprio Líbano fazem fronteira com Israel, enclave militar
do imperialismo ianque responsável por apoiar todas as iniciativas políticas e
bélicas do Pentágono na região. Nos bastidores dos governos das potências
imperialistas e seus aliados na região, como a Turquia e a própria ANP de
Abbas, há uma ampla discussão de qual saída operar para o regime sírio, já se
falando abertamente de uma intervenção militar “humanitária”.
Desde 2008 vimos alertando que Obama representa a nova onda do imperialismo
ianque para enganar as massas e enfrentar seu crash financeiro, ou seja, quando
Hillary ainda era francamente a favorita na corrida presidencial pós-Bush.Com novo
mandato de Obama não só da ala democrata do imperialismo, mas do conjunto da
classe dominante ianque, se delineiam cada vez mais que na construção deste
governante imperialista se inserem todos os elementos draconianos dos republicanos.
Guerras de ocupação farão parte do segundo mandato em ataque aberto às massas
oprimidas do Irã, Síria, Colômbia e Palestina. A inexistência de um autêntico
movimento operário comunista em todo o planeta, dirigido por um genuíno partido
revolucionário da classe trabalhadora, permite que mesmo em crise o
imperialismo ianque mantenha-se em ofensiva política e militar. Esta situação
só poderá ser resolvida progressivamente a partir da superação da atual etapa
de guerras de resistências populares e lutas economicistas para a organização
consciente da luta antiimperialista no sentido da conquista do poder político
pelos explorados de todo o mundo, delimitando-se com a política da esquerda
revisionista que se alia com Obama, Hillary e agora Kerry em apoio a “Primavera
Árabe”.