sexta-feira, 21 de dezembro de 2012


Sai a “madame” Clinton, entra John Kerry: “falcão” Obama anuncia ofensiva global contra os povos e as nações oprimidas
Obama acaba de anunciar que John Kerry substituirá a víbora Hillary Clinton a frente do Departamento de Estado ianque. A “madame” aparentemente sofre de graves problemas de saúde e vai ser substituída para que o imperialismo possa seguir firmemente em sua ampla ofensiva política e militar sobre o planeta, centrada neste momento no Oriente Médio. Hillary vinha organizando freneticamente a sanha contra a Síria e o Irã, como também reforçando o poder de Israel na região, vide o acordo celebrado com o Hamas. Ela organizou recentemente um “clube” muito “seleto” de “amigos (sic!) da Síria” com objetivo de apoiar e promover ações terroristas contra o regime de Bashar al Assad, quem o império considera como “uma ditadura sangrenta” e também havia se aproximado do governo do Egito, comandado pela Irmandade Muçulmana. Cogita-se que ela seria a candidata democrata em 2016, o que consideramos muito improvável. O certo é que agora, Kerry, o ex-candidato a presidente pelo Partido Democrata em 2004 vai assumir estas funções estratégicas. Ele vinha sendo cotado para se tornar o principal “falcão” democrata depois que a embaixadora norte-americana na Organização das Nações Unidas (ONU), Susan Rice, retirou seu nome da consideração na semana passada depois de não haver consenso entre os barões capitalistas ianques. Ela foi criticada duramente pelos republicanos por seu desempenho nas explicações iniciais do governo sobre o ataque em Benghazi, na Líbia, pela Al Qaeda, aliada dos EUA na queda do regime de Kadaffi.

Mudam-se as peças, mas a estratégia ianque continua a mesma. Kerry será no segundo mandato de Obama o homem indicado para costurar o ataque ao Irã e dar apoio à chamada “Primavera árabe”. Na verdade a mudança no gabinete corresponde ao plano de Obama de aproximação com o Partido Republicano visando unificar todos os setores da burguesia ianque para a escalada bélica futura. Por isto, vários nomes estão sendo escolhidos em consenso entre os dois partidos, ainda mais quando se sabe que em 2016 virá uma administração republicana, como manda as regras da “democracia” ianque. Tanto que o ex-senador republicano, Chuck Hagel, é um dos principais candidatos para substituir Leon Panetta no Pentágono. Trata-se de preparar a transição para os republicanos e desde já colocar em marcha o plano de eliminação dos regimes adversários da Casa Branca em 2013, quando Obama estará “legitimado” por sua vitória eleitoral, garantida justamente porque ele cumpriu a contento os objetivos impostos pelo complexo industrial militar.
As primeiras declarações de Obama sobre Kerry revelam bem os motivos da escolha. “Ao virarmos a página numa década de guerra, Kerry compreende que temos de dominar todos os elementos do poder americano para garantir que funcionem em conjunto”, disse Obama, com o novo responsável pela diplomacia ianque ao seu lado. “John conquistou o respeito e a confiança dos líderes de todo o mundo. Não vai precisar de muita formação”. John Kerry é membro do Comité de Relações Exteriores do Senado há três décadas e lidera-o nos últimos anos. Obama encarregou-o de várias missões diplomáticas. Uma das primeiras decisões que Kerry deverá ter como Secretário de Estado é aumentar a segurança das missões diplomáticas  como a Líbia ou o Iraque, por exemplo, cumprindo a recomendação do relatório sobre o ataque ao consulado de Benghazi, divulgado esta semana. Ao lado disso vai aprofundar a ofensiva contra a Síria e a Coreia do Norte. O processo de desestabilização do governo do Bashar Al Assad por parte do imperialismo e de Israel através do apoio a grupos internos “rebeldes” tribais arquirreacionários representa a tentativa da Casa Branca de alterar completamente a chamada geopolítica do Oriente Médio, colocando sob seu controle não só a Síria, mas avançando em sua ofensiva sobre o Hezbollah no Líbano e, caso tenha sucesso nesta empreitada colonialista, assentando as bases para um ataque militar ao Irã, já que não conseguiu o apoio interno necessário para debilitar o regime nacionalista comandado por Armadinejad. Trata-se de um plano estratégico de larga envergadura, ainda mais quando a Síria e o próprio Líbano fazem fronteira com Israel, enclave militar do imperialismo ianque responsável por apoiar todas as iniciativas políticas e bélicas do Pentágono na região. Nos bastidores dos governos das potências imperialistas e seus aliados na região, como a Turquia e a própria ANP de Abbas, há uma ampla discussão de qual saída operar para o regime sírio, já se falando abertamente de uma intervenção militar “humanitária”.

Desde 2008 vimos alertando que Obama representa a nova onda do imperialismo ianque para enganar as massas e enfrentar seu crash financeiro, ou seja, quando Hillary ainda era francamente a favorita na corrida presidencial pós-Bush.Com novo mandato de Obama não só da ala democrata do imperialismo, mas do conjunto da classe dominante ianque, se delineiam cada vez mais que na construção deste governante imperialista se inserem todos os elementos draconianos dos republicanos. Guerras de ocupação farão parte do segundo mandato em ataque aberto às massas oprimidas do Irã, Síria, Colômbia e Palestina. A inexistência de um autêntico movimento operário comunista em todo o planeta, dirigido por um genuíno partido revolucionário da classe trabalhadora, permite que mesmo em crise o imperialismo ianque mantenha-se em ofensiva política e militar. Esta situação só poderá ser resolvida progressivamente a partir da superação da atual etapa de guerras de resistências populares e lutas economicistas para a organização consciente da luta antiimperialista no sentido da conquista do poder político pelos explorados de todo o mundo, delimitando-se com a política da esquerda revisionista que se alia com Obama, Hillary e agora Kerry em apoio a “Primavera Árabe”.