Corte “Suprema” e mídia “Murdochiana” dois instrumentos estratégicos da ofensiva imperialista em curso no Brasil
A resolução aprovada por maioria no plenário do STF de cassar mandatos parlamentares sem a respectiva aprovação do Congresso Nacional (Câmara ou Senado), criando uma jurisprudência que vai bem mais além do que os deputados envolvidos na ação penal 470, não significa apenas um ato monocrático que ameaça as liberdades democráticas burguesas vigentes após a saída de cena do regime militar em 1984. A recente decisão (inconstitucional) da “Suprema” Corte é parte de uma escalada reacionária orquestrada pelo imperialismo, que tem por objetivo atacar frontalmente as parcas conquistas da classe operária (políticas e sociais), produto de sua luta de massas nos últimos trinta anos, desde a conquista de uma anistia parcial para os presos e exilados em 79 até ao cancelamento limitado das privatizações nos dois primeiros governos da frente popular. De nada importa para a burguesia, subserviente à estratégia da Casa Branca, se as medidas adotadas pelo STF estão acontecendo “ao arrepio da lei”, é que exatamente nos momentos de crise institucional a orientação das forças da reação sempre aponta no sentido de “quebrar” a constitucionalidade e fazer valer o exercício do autoritarismo, com um viés abertamente fascistizante. Foi assim em 1964 e logo depois em 1968, e os atuais ingredientes políticos, ainda em “cozimento”, indicam que caminhamos para uma situação muito similar. Como já havíamos alertado anteriormente, o “casamento” do novo “herói negro” com a “famiglia” Marinho não estava destinado apenas a punir os corruptos “mensaleiros” petistas, como ingenuamente caracterizou a oposição de “esquerda”, agora se voltam contra a própria ordem constitucional que “celebraram” em 1988, diante da impotência do parlamento submisso e de um PT acovardado e ao mesmo tempo cúmplice desta ofensiva direitista, regida pelo “Tio Sam”. Aos que pensam ser a prisão da histórica cúpula petista um gesto de resgate da “cidadania” por parte da Corte “Suprema”, muito se equivocam. Também supunham que o linchamento público dos antigos pelegos da velha CGT “Janguista” seria um sopro de democracia, mas ao contrário só alimentou a “mão pesada” dos golpistas de 64 contra o conjunto do movimento de massas. Agora, a história se repete em outra conjuntura mundial bastante diversa, sem a polarização ideológica soviética e com um profundo retrocesso na consciência de classe do proletariado, ou seja, o atual peso da influência da mídia “murdochiana” é gigantesco se comparado há cinquenta anos. A conversão do “PIG” em principal pilar da oposição burguesa conservadora e sua “santa aliança” com o novo “homem do povo”, ungido presidente do “Supremo”, já começa até a preocupar setores das classes dominantes, alinhadas com os governos petistas.
Para os incautos que ainda tem alguma dúvida acerca do “dedo” imperialista na operação política montada para o “espetaculoso” julgamento do chamado “mensalão”, basta ler a mais recente edição da arquirreacionária revista britânica “The Economist”, a mesma que semanas atrás “aconselhou” a demissão do ministro Mantega, em função da política adotada de redução da taxa de juros. Com o título “Um cardápio mais saudável” o pasquim “murdochiano” afirma que desta vez o processo não “acabou em pizza”, graças é claro ao “justiceiro” togado Joaquim Barbosa, que aparece em destaque na matéria de várias páginas, finalizando com um “pedido” de investigação contra o ex-presidente Lula. A atual ofensiva imperialista contra as semicolônias, iniciada no começo do ano passado, teve seu marco de inflexão na derrubada do regime nacionalista burguês do coronel Kadaffi, por forças reacionárias armadas pela OTAN. Na América Latina concentram seus esforços contra Argentina e Venezuela, países considerados pelos ianques como “inimigos da imprensa livre”, em função da orientação parcialmente nacionalista de seus governos. No Brasil, principal economia da região, são pesados os interesses financeiros em jogo, levando com que a diplomacia norte-americana buscasse um acordo com o próprio governo Dilma, para isolar os que considerava “radicais” no interior do PT. “Neutralizado” o centro do poder ficou muito fácil para a organização criminosa da “famiglia” Marinho trucidar os dirigentes da tendência petista “Articulação”, fabricando artificialmente de “quebra” uma nova liderança “popular” para ocupar o vazio político após a desmoralização da mítica figura de Lula.
Agora a “espada de dâmocles” está sobre a cabeça de Lula, se insistir ocupar a vaga de Dilma na sucessão presidencial de 2014 provavelmente terá o mesmo fim dos “compadres” Dirceu e Delúbio, além de provocar, por parte da mídia “murdochiana”, imediatamente o acionamento direto da candidatura de Barbosa ao Planalto. Caso Lula faça a opção pela disputa do governo paulista, a burguesia seguirá com Dilma na presidência e depois decidirá o futuro político do “sapo barbudo” que ela resiste em “engolir”. Mas, a questão de fundo para o imperialismo não são as características políticas distintas entre Lula e Dilma (apesar de programaticamente muito semelhantes) e sim a própria relação política com o movimento operário e neste caso uma gestão “Lulista” apresentaria bem mais resistência aos planos neoliberais de “ajuste” contra as conquistas sociais. Não é demais “refrescar” a memória dos petistas de “esquerda” que os patronos da desastrosa política monetarista do governo Lula foram Dirceu e Palocci, que neste momento se enfrentam em lados opostos da barricada partidária, apesar de ambos estarem sendo “fuzilados” pela mesma mídia patronal “ingrata”.
Para os marxistas revolucionários está absolutamente claro que a ofensiva imperialista global contra os povos só poderá ser derrotada com absoluta independência de classe, frente aos dois bandos capitalistas que se enfrentam pelo controle do botim estatal. Mas, esta análise não pode significar nenhum tipo de abstencionismo, ou ainda muito pior, um alinhamento automático com o setor burguês que detém o comando da mídia “murdochiana”, como fazem os canalhas do PSTU, pensando em amealhar alguns votos que acabem sobrando da “farra” reacionária promovida pelo STF e afins. Denunciar vigorosamente as manobras monocráticas do “Supremo” contra as garantias democráticas constitucionais, não significa equacionar a luta de classes entre “regime democrático” versus “regime autoritário”, como fazem os reformistas “chapa branca”. A vanguarda classista do proletariado deve se armar de um programa revolucionário diante da conjuntura política que se abre com o julgamento do “mensalão”, construindo um tripé de reivindicações que inclua o combate radical aos monopólios capitalistas de comunicação, a derrota das investidas autoritárias e golpistas do STF e, por último, a ação direta pela reposição salarial, passando por cima dos aparelhos sindicais burocratizados. Com esta plataforma devemos avançar na perspectiva socialista de consolidar um poder dos trabalhadores, completamente autônomo das instituições apodrecidas desta “república de novos barões capitalistas”.