quarta-feira, 5 de dezembro de 2012


Por que o PT “amarelou” na CPI pizza do bicheiro Cachoeira?

A montanha pariu um rato, nunca o verbete do pensador romano Horácio se aplicou com tanta exatidão como na “defuntéria” CPI do bicheiro Carlinhos Cachoeira, o rei do cerrado. Quando da instalação da CPI os petistas anunciaram que estariam com “a faca e o queijo na mão”, portanto, a prisão do megainvestidor Cachoeira, conhecido pela sua atividade originária do jogo do bicho, colocaria na defensiva as mais importantes figuras da república, entranhadas na vasta rede de negócios do bicheiro. Na versão fantasiosa, disseminada na blogosfera da esquerda “chapa branca”, nomes como o ministro Gilmar Mendes, o procurador geral Roberto Gurgel entre outras “personalidades” seriam facilmente chantageadas pelos parlamentares petistas no comando da CPI “bomba”... que depois virou um traque. Mas a vida não seguiu a ficção petista, e foram estes que se colocaram em completa defensiva diante dos tubarões do “PIG” e seus nobres representantes na institucionalidade republicana. O deputado petista Odair Cunha, relator da CPI, acabou por retirar do texto final o indiciamento do procurador Roberto Gurgel e do próprio editor da revista “Veja” em Brasília, Policarpo Jr. Outros nomes de “peso” nem chegaram a ser cogitados no relatório final da CPI, que em seu fim melancólico assiste a libertação judicial do bicheiro Cachoeira e a iminência da prisão dos dirigentes históricos do PT. Os parlamentares petistas, com o mineiro Odair a frente da panaceia, que prometeram “blindar” os “mensaleiros” do seu partido da ira do PIG, só puderam mesmo livrar a cara do governador Sérgio Cabral, sócio de Cavendish dono da empreiteira Delta, prestando um grande favor a ala do PMDB do vice Temer.

A inoperância do PT nos últimos acontecimentos da conjuntura nacional salta aos olhos mesmo do mais inocente observador da política brasileira. Primeiro foi o julgamento do chamado “mensalão”, onde o governo Dilma municiava seus ministros do Supremo contra Dirceu e Genoino, depois a operação policial “Porto Seguro” com objetivo de enquadrar a punguista Rosemary Noronha, caso amoroso de Lula e por último o “presente” dado a Gurgel e Plicarpo pelo relator “amarelão” petista da CPI. A atual vertente "suicida" do PT só tem explicação na própria luta autofágica que o partido atravessa às vésperas da definição de seu candidato ao palácio do Planalto em 2014. A presidente “poste” deve seu cargo inteiramente a indicação que Lula fez ao partido em 2010, na ocasião Dilma afirmou que devolveria o posto a seu “padrinho” em 2014. Mas, a sedução pelo poder parece que mudou os planos iniciais de Dilma, que se aproveitando do debilitamento da saúde de Lula desencadeou uma operação de “caças às bruxas” ao núcleo dirigente petista, conhecido como “Articulação”.

A presidente Dilma buscou um distanciamento “seguro” e discreto dos velhos quadros petistas simpáticos à tese do retorno de Lula ao Planalto. Para “calçar” este movimento, Dilma procurou em outros partidos da “base aliada” do governo seu próprio alicerce político da reeleição. O PSB e o PMDB foram escolhidos pela presidente como interlocutores privilegiados em vários investimentos estatais de grande porte. Neste ponto, a parceria com o governador “Cabralzinho” foi estratégica, principalmente pelas suas estreitas ligações com o megaempreiteiro Fernando Cavendish. A construtora Delta passou a ser a principal operadora do PAC, criando uma rede de subsidiárias para a “lavagem” das comissões estabelecidas pelos políticos . Por razões óbvias, não seria o governo do PT que vai “atirar a primeira pedra” contra Cabral e seu sócio Cavendish, portanto, o “amarelamento” do deputado Odair Cunha tem sua explicação nos próprios bastidores do Planalto.

Como marxistas revolucionários sempre denunciamos os mecanismos das CPIs do Congresso Nacional como mais um instrumento de distracionismo político. Nesta CPI do Cachoeira, onde todo o arco político da burguesia estava envolvido, desde o PSOL até o DEM, ficou cristalino que a soma dos vetores políticos seria igual a zero! O movimento de massas que assiste atônito a espetacular ofensiva da reação midiática contra a esquerda e, no passo seguinte, contra as suas próprias conquistas sociais, não pode esperar do covarde PT nenhuma atitude de resistência a esta ofensiva da direita “golpista”. Também a chamada “oposição de esquerda”, PSOL e PSTU, são inteiramente cúmplices desta macabra operação política na medida que avalizaram os fascistas ministros do Supremo como “heróis nacionais”. A tarefa que se coloca para o movimento operário diante da ofensiva do capital e seus “togados” representantes é o da reorganização classista de sua vanguarda, através das comissões de base nas fábricas, empresas e escolas. Nenhuma confiança nas velhas direções políticas da esquerda reformista, comprometidas até a medula com as instituições apodrecidas deste regime da democracia dos ricos!