A mídia “murdochiana” quase não deu destaque, uma “cobertura” jornalística para passar desapercebida como um mero assunto técnico, mas o Conselho Monetário Nacional, órgão máximo que reúne o Banco Central, Ministérios da Fazenda e Planejamento, além da própria Presidência da República, autorizou no último dia 16, pela via de um decreto, a ampliação do capital estrangeiro em 30% na composição acionária do Bradesco. Como maior banco privado nacional, o Bradesco já possuía cerca de 15% de participação internacional em seu capital, agora com o decreto presidencial de Dilma os rentistas de Wall Street assumem o controle do banco, na condição de sócios majoritários. Não se trata de qualquer operação financeira corriqueira como tentaram demonstrar os tecnocratas palacianos e a mídia corrompida, a venda “branca” do Bradesco, possivelmente ao especulador Warren Buffett, significa a entrega definitiva do sistema financeiro privado nacional para a banca norte-americana. Juntos, Bradesco, Santander (comprador do BANESPA) ABN e HSBC, formam um “cordão” hegemônico no fluxo de crédito para “oxigenar” a economia capitalista brasileira. Em particular, o Bradesco vinha sendo o “parceiro” privado preferencial do governo da frente popular em investimentos nas empresas estatais privatizadas, como a Vale e CSN, pelo tucanato da era FHC. O aval oficial dado por Dilma à “desnacionalização” do Bradesco teve a ingerência direta da Casa Branca, interessada em assumir o controle de possíveis ataques especulativos (na hora certa) aos países considerados “emergentes” da América Latina, com grandes quantias de reserva de dólares em seus caixas.
A política neoliberal dos governos da frente popular, totalmente subserviente aos interesses econômicos do imperialismo, costuma ser apresentada como “desenvolvimentista” pela esquerda reformista, que alega ter tirado um terço da população brasileira da linha da miséria, além de ser responsável pela ascensão de milhões de “cidadãos” a tão sonhada “classe média”. De fato, a gestão estatal da frente popular, enquanto arrocha draconianamente os salários da classe trabalhadora, vem estimulando o surgimento de “empreendedores”, ou seja pequenos e médios empresários, fomentando assim uma nova “capa” social, completamente reacionária. O Brasil superou até a China, Índia e Rússia em 2011, na abertura de novas empresas. Sob a ilusão de uma espetacular bolha de crédito, a população mais humilde vem girando cada vez ao encontro do “sonho” Lulista, do “operário e nordestino pobre” que se transformou em presidente da república.
Os novos proprietários ianques do Bradesco muito provavelmente não mostrarão a cara em um primeiro momento, deixarão seus “testas de ferro” passarem a impressão de que o banco continua sob o controle da família Aguiar. Os trabalhadores do Bradesco continuarão a receber o pior salário da categoria bancária, além da maior jornada de horas trabalhadas. Para o que restou da burguesia nacional, o controle do sistema financeiro pelos tubarões norte-americanos significa mais um passo na condição de reféns impotentes dos amos imperiais. Neste aspecto, os neomonetaristas do PT conseguiram superar a canalha tucana no que tange a afinidade em auferir rentabilidade para o capital financeiro.
A classe operária deve sim lutar pela estatização da banca, sob seu controle absoluto, ao invés de “mendigar” junto ao governo a redução da taxa de juros, como fazem as centrais “chapa branca”, com o apoio implícito da “oposicionista” CONLUTAS. Nacionais ou estrangeiros, públicos ou privados, os bancos no atual “modelo” do sistema financeiro servem apenas para potenciar a acumulação do capital. A estatização integral, sob controle do proletariado, é a única senda para colocar o sistema financeiro nacional na via de um verdadeiro desenvolvimento econômico para os trabalhadores e o país.