Afinal o que está emperrando a saída de Serra do PSDB e seu ingresso no MD, organizado sob sua encomenda?
A blogosfera de uma
maneira geral, e de forma mais contundente sua ala “chapa branca”, vem
noticiando a iminente saída de José Serra do ninho Tucano e sua entrada no “novíssimo”
MD, partido criado a partir da fusão do PPS com o PMN. O cardeal do PSDB não tem
a menor possibilidade de conseguir a indicação do seu partido para disputar a
presidência da república em 2014, postulação já definida pelo comando da
legenda para o senador Aécio Neves. Mas a guerra interna de Serra no ninho
Tucano não se limita ao fato da perda de sua indicação ao Planalto, seus
espaços no PSDB foram todos “fechados” pela atual troika dirigente, composta pelo próprio Aécio, FHC e o governador
Geraldo Alckmin. Serra não conseguiu emplacar sequer o presidente municipal do
PSDB paulistano, o vereador Andrea Matarazzo, tampouco tem qualquer chance de
presidir nacionalmente a legenda tucana, que fará seu congresso em maio próximo.
Diante de um cerco total imposto pelo conselho “papal” dos Tucanos, Serra não
teve outra opção a não ser financiar a criação de um “novo velho” partido,
utilizando- se da figura do escroque venal Roberto Freire. O Mobilização
Democrática, MD, já conta pelo menos com treze parlamentares federais, 10 do
PPS e três do PMN, e servirá como “ponte” entre Serra e Eduardo Campos, que
parece disposto a levar a frente sua candidatura para suceder Dilma. Nos
bastidores da política burguesa comenta-se que a “compra” do PMN foi no mínimo
orçada em cinco milhões de Reais, bancada integralmente pelo bolso do tucano
dissidente. O objetivo da fusão seria de o de conseguir mais tempo no horário
gratuito de TV para apoiar o “socialista” Campos, além de colocar Serra como
vice do PSB ou candidato a governador de São Paulo pelo MD. Uma manobra
eleitoral bem arriscada ao estilo da “frieza” política de Serra, mas que já foi
parcialmente bloqueada pela iniciativa do governo no Congresso Nacional ao
propor que os “novos” partidos não possam transferir a soma do tempo de TV e os
recursos do fundo partidário de parlamentares eleitos pelas siglas originais.
Mas, independente da contraofensiva Dilmista contra as pretensões da aliança
Serra, Campos e Freire, o certo mesmo é que o velho Tucano desplumado agora
vacila muito em deixar o PSDB, mas qual seria mesmo o verdadeiro temor em
romper com o seu antigo “mestre” FHC, de quem foi seu braço direito na
privataria neoliberal.
O que a imprensa “murdochiana”
não revela, e tampouco a blogosfera “chapa branca” tem interesse em aprofundar,
é que justamente o “caixa dois” da privataria Tucana, depositado nos intocáveis
paraísos fiscais, encontra-se sob o controle da “raposa” Serra. Para sair
incólume do PSDB, Serra terá que “passar a senha” das contas ilegais no
exterior para a troika que hoje
comanda o partido, caso contrário sofrerá retaliações de toda a ordem. Os
governos petistas jamais exigiram a apuração da escandalosa fraude do processo
de entrega das estatais para o capital financeiro, ao contrário buscaram tirar
proveito financeiro da negociata pela via dos fundos de pensão que financiaram
a doação do patrimônio estatal. Serra sabe que corre risco do “fogo amigo” do
PSDB caso se aproprie do “legado monetário” da era FHC para uso em seu projeto
político pessoal. Uma negociação está em curso entre Serra e o “príncipe” da
sociologia de mercado, tendo como base estancar imediatamente a sangria da
transferência de recursos do Tucanato para as mãos do arquipilantra Roberto
Freire. Enquanto não se resolve o imbróglio no ninho Tucano, Campos não poderá definir
sua candidatura à presidência pelo simples fato de necessitar de uma forte
legenda de apoio ao PSB. Sem o MD “nutrido” com o ingresso de Serra, o PSB não
seria minimamente viável na disputa pelo Planalto, já que nenhum partido da
base aliada se dispõe a embarcar na aventura “Campista”.
Sem a grana e prestígio
político conservador de Serra, o MD corre o risco de debutar natimorto, seria
mais um fracasso no currículo dos ex-Stalinistas que se converteram a condição
de “offices boys” do consenso de Washington. Mas os antigos dirigentes do PMN
não parecem estar muito interessados nas dificuldades que ora se apresentam
após a fusão oficializada com o PPS, e cobram publicamente de Freire a quantia
prometida na negociação política/comercial que deu origem ao MD. Sem ter
envolvimento direto na compra do PMN, o REDE de Marina também sofrerá as
consequências políticas da trapalhada operada pela dupla Serra&Freire,
acontece que se for aprovada a nova legislação eleitoral os novos partidos não
poderão contar com o tempo de TV calculado pelo ingresso dos parlamentares,
eleitos originalmente pelos partidos de origem, ou seja, mesmo que o REDE venha
a reunir meia dúzia de deputados federais seu tempo de TV será o mesmo de um
partido que não elegeu nenhum parlamentar(caso do PSTU, por exemplo), só a partir
de 2014 terá seu tempo de propaganda gratuita calculado na base da eleição dos
novos deputados já eleitos sob a legenda do REDE.
Capítulo a parte nesta
disputa interburguesa merece o PSTU, que não para nossa surpresa , saiu
vigorosamente na defesa política do MD e do REDE, acusando o governo de um “casuísmo
inaceitável” no caso do projeto eleitoral que tramita no Congresso. Os
Morenistas descaradamente defendem que “novos” partidos como o REDE e até o MD
deveriam “herdar” todos os “benefícios e direitos” (como o fundo partidário)
dos parlamentares eleitos originalmente por outros partidos. Na prática, isto
significa a apologia de que os mandatos parlamentares não pertencem aos
partidos no qual foram eleitos, mas sim às figuras pessoais dos deputados, que
possam dispor de seus mandatos como bem lhe entendam. Neste caso, o PSTU para
bajular a oposição conservadora e o PIG, rasga sua própria história política,
ou não foram os próprios Morenistas que exigiram que seus parlamentares
renunciassem integralmente aos mandatos quando trocaram de partido? O PSTU em
seu curso de completa integração ideológica e adaptação material ao regime da
democracia dos ricos chega ao escândalo de defender que o Estado capitalista
financie suas campanhas eleitorais, através de um “fundo público”, na mesma
direção já aceita receber o dinheiro do governo Alckmin a título de sua “valorosa
contribuição democrática” na oposição a ditadura militar. Triste fim dos
Morenistas financiados pela burguesia nativa e “candidatos postulantes” a
ingressar no clube dos amigos (SIC!) da Síria, patrocinado pela OTAN.
Inevitavelmente, a
agenda da corrida presidencial antecipou-se para 2013, o REDE e Eduardo Campos
patinam sem conseguir decolar suas candidaturas, o Tucano Aécio apesar da
consistência no interior do PSDB padece do mesmo mal, ou seja, a ausência de
base popular de apoio de massas. Em uma recente pesquisa realizada junto a
agentes do mercado financeiro apontou, a contragosto dos rentistas, a vitória
de Dilma no primeiro turno das eleições. Os revisionistas da “oposição de
esquerda” cada vez mais se esforçam para credenciarem-se como apêndice político
do bloco burguês conservador, seja protagonizado preferencialmente por Marina
ou na segunda opção pelo governador de Pernambuco. Os Marxistas Leninistas
advertem a vanguarda classista que o momento é da ação direta do proletariado,
rejeitando toda forma de lobby sobre o governo da frente popular e instituições
da república capitalista. Mas esta plataforma de combate radicalizado das
massas de maneira alguma anula a necessidade da publicidade socialista e
revolucionária diante do debate eleitoral posto no cenário nacional. Por isso
defendemos o lançamento de uma anticandidatura da classe operária, a partir de
uma ampla discussão programática com todas as forças genuinamente comunistas existentes
em nosso país.