Atentado de Boston: o terrorismo doméstico de uma sociedade “doente” a serviço da ofensiva imperialista contra os povos!
A explosão de bombas de fabricação caseiras montadas em panelas de pressão durante a Maratona de Boston, ocorrida no último dia 15 de abril vem ocupando as manchetes de jornais e TV pelo mundo afora. Apesar de ter deixado apenas três vítimas fatais e alguns feridos graves, enquanto os EUA matam diariamente em seus ataques militares dezenas de pessoas no Afeganistão ou Iraque, assassinatos que ocorrem sem a menor cobertura dos meios de comunicação, o atentado doméstico de Boston vem servindo como móvel midiático para aprofundar a ofensiva imperialista contra os povos e recrudescer as normas internas que cerceiam as mais elementares liberdades democráticas do povo estadunidense. Obama logo saiu a condenar o ato como “hediondo e covarde” e a insinuar que o atentado copiava as “técnicas” de explosivos usados pela resistência iraquiana, quando é público que os grupos de extrema-direita dos EUA em seus cursos belicistas ensinam várias fórmulas de ataques terroristas similares aos que foram utilizados em Boston.
Além da Casa Branca e da mídia “murdochiana” aproveitarem o terrorismo doméstico para ameaçar a resistência afegã e iraquiana, somaram-se a este coro reacionário correntes decompostas como a LIT. Sua direção, adaptada até a medula à democracia burguesa, assim como fez em 11 de Setembro, não perdeu a oportunidade de atacar os grupos “terroristas” que se lançam em luta contra o imperialismo usando meios militares não convencionais. O PSTU usou o artigo sobre o atentado de Boston para atacar particularmente os “terroristas” islâmicos: “O atentado de Boston mostrou o fracasso da política antiterror dos EUA. Mesmo com toda a paranoia que envolve a segurança interna no país, os atentados continuam e nada impede que um novo 11 de setembro ocorra. O principal responsável pelo clima de insegurança nos EUA é o próprio governo norte-americano e sua política intervencionista, que sobreviveu à era Bush e continua com Obama. Reconhecer o governo norte-americano como principal responsável pelo terrorismo, porém, não é respaldar os ataques terroristas. Protegidos pelo maior aparato de segurança do mundo, os homens que comandam a máquina de guerra do imperialismo raramente sofrem com as consequências de seus atos. São os trabalhadores e a população dos EUA que estão realmente vulneráveis ao terrorismo. Além disso, o terrorismo, mesmo quando não tem por alvo a população civil, é um completo desserviço à classe operária e aos socialistas. Em seu texto ‘Por que os marxistas se opõem ao terrorismo individual’, Trotsky já assinalava: ‘o terror individual é inadmissível precisamente porque desvaloriza o papel das massas e da sua própria consciência, fazendo com que elas se resignem diante de sua impotência e voltem seus olhares para um herói vingador e libertador que esperam um dia para cumprir sua missão’. O terrorismo, além disso, serve muito bem aos interesses do imperialismo ao legitimar o aumento da repressão e sua ofensiva colonizadora, a exemplo do que ocorreu após o 11 de setembro” (Site PSTU, 18/04).
É esclarecedor a “escolha” feita pelo PSTU-LIT ao preferir usar como bode-expiatório os ataques de 11 de Setembro para condenar o “terrorismo”. Esses canalhas não denunciam o terror doméstico nos EUA como expressão dos grupos de extrema-direita que desejam aprofundar o recrudescimento do regime. O ataque de Boston, assim como outros atos de terror doméstico, tem o claro conteúdo fascista e estão em consonância com a época de ofensividade bélica e de reação ideológica preconizada pelo imperialismo norte-americano. Estamos vendo a volta, com força, do neonazismo ianque em escala interna e planetária. Para se opor a essa escalada arquirreacionária deve-se ter claro que ela é uma expressão da dura etapa de contrarrevolução e profunda ofensiva imperialista em curso, onde ao lado dos mortos de Boston estão os cadáveres de mais de 200 mil líbios trucidados pelos bombardeios da OTAN ou as vítimas dos mercenários “rebeldes” na Síria, ao melhor estilo dos jogos de guerra vendidos às crianças norte-americanas. Para que não se repitam novas cenas sanguinárias dentro e fora dos EUA, somente a ação revolucionária do proletariado mundial poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela liquidação do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição de seu próprio projeto de poder socialista.
Longe de fazer esta denúncia, os morenistas usam o atentado em Boston para denunciar a suposta inutilidade dos ataques aos EUA em 11 de Setembro de 2001. Desta forma, demonstram bem seu objetivo de rechaçar os atos de resistência dos povos oprimidos atacados e suas organizações políticas em luta contra o imperialismo. Para nós marxistas revolucionários, não pode ser estranho o fato dos ataques de 11 de Setembro serem qualificados, pela mídia imperialista, Departamento de Estado dos EUA e burguesias subordinadas ao capital financeiro de Wall Street, como atos bárbaros do “terrorismo” islâmico contra a sacrossanta civilização capitalista ocidental. Afinal, este é o papel dos guardiões da sociedade de classes, os apologistas do mercado como “Deus” supremo e protetor do “grande monstro” imperialista ianque. Mas, o que realmente causa repulsa a todos os combatentes anti-imperialistas, independente de suas compreensões programáticas revolucionárias, é a caracterização feita pela esquerda revisionista dos ataques ao Pentágono e Torres Gêmeas (que abrigava um escritório da CIA) como sendo “terrorismo individual”. Utilizando “maliciosamente” da categoria teórica marxista do terrorismo individual para condenar os ataques ao Pentágono e ao WTC, estes senhores integraram politicamente a frente única antiterrorista encabeçada por Bush. Tentar até hoje enquadrar os acontecimentos do 11 de Setembro, que abriram uma nova etapa no recrudescimento da ofensiva mundial imperialista contra os povos na categoria do “terrorismo individual” chega a ser risível, se não fosse uma trágica consequência da integração ideológica da esquerda revisionista ao imperialismo “democrático”, uma “vítima” dos “bárbaros terroristas” muçulmanos. Um ataque militar não convencional comandado por forças políticas que estavam revidando a guerra promovida pelos EUA contra suas nações, só pode ser considerado como uma ação “terrorista” por idiotas manipulados pela grande mídia ou mesmo por correntes corrompidas pela democracia ocidental. São os mesmos revisionistas que sempre condenam a violência espontânea das massas quando estas “extrapolam” os estreitos limites das regras do jogo democrático e seu regime institucional.
Os ataques de 11 de Setembro não foram produto de um “louco” (ou mesmo “loucos”) terrorista individual contra vítimas inocentes, tampouco foram uma “armação” interna da CIA para reforçar a autoridade seminazista de Bush, o 11 de Setembro foi o reflexo direto da correlação da disputa mundial das forças sociais após o fim da “guerra fria”, onde o único contraponto militar à hegemonia ianque foi aniquilado. Os estados e paraestados islâmicos, grupos beligerantes palestinos e a guerrilha foquista colombiana são as únicas “forças em armas” que sobreviveram como “oposição” ao modelo neoliberal imposto pelo capitalismo com a inauguração da “nova ordem mundial” após a queda do Muro de Berlim. Este difuso “bloco de oposição” real à conquista da nova hegemonia norte-americana galgada em 1991 está muito distante de configurar-se como uma “alternativa socialista” ao imperialismo, ao contrário, trata-se de um aglomerado de forças burguesas ou pequeno-burguesas, de um modo geral teocráticas ou abertamente reformistas do “modelo neoliberal”. Carecem da estratégia da revolução proletária, são incapazes de apresentarem um “novo” projeto histórico para a humanidade, mas categoricamente não são a representação política do velho “terrorismo individual” como foram, por exemplo, as Brigadas Vermelhas, Baader Meinhof ou Tupac Amaru dos anos 70.
Como resposta “militar” aos ataques “terroristas” do 11 de Setembro, os EUA “simplesmente” declararam guerra a dois países, Iraque e Afeganistão, ocupando-os com suas tropas após a destruição de suas frágeis defesas bélicas como resultado dos pesados bombardeios aéreos. A desproporção dos exércitos nacionais de ambos os países invadidos contra o poderio militar ianque foi colossal, no caso do Afeganistão sequer possuía uma corporação regular, sendo a própria Al Qaeda o principal braço armado do governo Talibã. Já o Iraque havia sido “castigado” com o bloqueio imposto por “Bush pai” na Guerra do Golfo em 1991. Sem enfrentar grandes obstáculos em sua primeira investida militar, a ocupação ianque hoje atravessa uma guerra “não convencional” de guerrilha, não por coincidência baseada em atentados tipo “terroristas” contra as bases militares do império nestes países. Perguntamos então a esta mesma esquerda revisionista, que insiste em afirmar o 11 de Setembro como uma expressão do “terrorismo individual”, será que as forças das resistências armadas nos países ocupados pelos EUA, dirigidas pelas mesmas organizações que protagonizaram o ataque ao Pentágono podem ser consideradas como “terroristas”? Pelo menos não é esta a caracterização que lemos nas declarações da LIT e afins sobre as forças de resistência no Afeganistão e Iraque. Por que então estas organizações são taxadas de “terroristas” quando atuam em território inimigo? Será que só têm “autorização” concedida pelos revisionistas de atacar, com os meios de que dispõem os militares ianques em nações semicoloniais?
Como marxistas revolucionários apoiamos cada ofensiva sobre os agressores imperialistas e suas tropas de ocupação, postando-se em frente única, com absoluta independência política, com as forças que enfrentam as tropas de rapina das potências capitalistas. Cada revés sofrido pelos invasores dos EUA e da OTAN no Afeganistão, no Iraque, na Líbia ou em qual quer parte do mundo, ajuda a elevar o nível de consciência do proletariado e aumenta a sua confiança de que o imperialismo pode ser derrotado, forjando as condições para a construção de uma autêntica direção revolucionária que lute pela edificação do socialismo. Esses ataques representam uma resposta militar dos povos oprimidos e suas organizações ao imperialismo, muitas vezes por meios não convencionais de combate militar. Defendemos a unidade de ação com as forças que estão em luta contra o imperialismo. Nesse combate consideramos justa toda e qualquer ação de resistência armada das massas à dominação belicista das metrópoles capitalistas sobre os povos oprimidos! Tais atos de resistência em nada tem a ver com o atentado de Boston, um terror doméstico a serviço da ofensiva imperialista contra os povos! Só os canalhas revisionista da LIT-PSTU podem colocar um sinal de igual entre ambos!