quarta-feira, 10 de abril de 2013


O facínora Manuel Santos comanda junto com Piedad Córdoba a marcha da “paz dos cemitérios” na Colômbia

Uma marcha gigantesca patrocinada pelo governo de Manuel Santos em conjunto com a ex-senadora Piedad Córdoba, representante da chamada Junta Patriótica, ocorreu neste dia 9 de abril na Colômbia em apoio aos chamados “diálogos de paz” com as FARC. O próprio governo liderou a marcha e o presidente da República, o facínora Juan Manuel Santos, chamou a população a se manifestar: “A melhor homenagem que podemos assegurar às vítimas é que no futuro não haja mais vítimas”. Ele participou pessoalmente da manifestação em Bogotá, já que o ato de fechamento da marcha foi na Praça Simón Bolivar, no centro histórico da cidade, em frente à Casa de Nariño (palácio presidencial). Em apoio à iniciativa, os sinos de todas as igrejas do país badalaram ao meio-dia, como um prova do aval do alto clero reacionário a iniciativa. A manifestação foi uma resposta do governo às críticas que Álvaro Uribe e setores das FFAA vinham fazendo ao presidente, acusando-o de estar cedendo à guerrilha nas negociações que ocorrem em Havana. Os “atritos” entre Santos e seu mentor Uribe, na verdade, se concentram no grau de ataque as FARC, já que Uribe deseja capitalizar eleitoralmente o desgaste de Santos junto aos setores mais reacionários da burguesia e do exército. Em resumo, a marcha ocorreu em apoio à política de pressionar a guerrilha a se desarmar unilateralmente em nome da “paz”, uma política que visa à eliminação física e política das FARC. Enquanto isso, Santos continua a perseguir os guerrilheiros colombianos, já assassinando mais de 100 companheiros em vários ataques as colunas e acampamentos das FARC e do ELN durante as “negociações de paz”.


Na semana passada, o procurador-geral da Nação, Alejandro Ordóñez, fez críticas ao chamado “Marco Jurídico para a Paz”, um conjunto de leis aprovado pelo Congresso para permitir que um acordo seja implementado após o fim das negociações. Segundo o procurador, o marco pode gerar impunidade por abrir a porta da participação política aos ex-guerrilheiros, caso o desfecho da negociação seja a rendição das FARC. Como se vê, a burguesia trabalha com a eliminação das FARC e joga com a possibilidade da conversão da guerrilha em partido político para justamente aumentar a pressão pelo seu desarmamento completo. Estas fricções entre as frações burguesas ocorrem porque a Colômbia vive um ano pré-eleitoral. No segundo semestre de 2013 vão ocorrer dois fatos que aprofundarão ainda mais esta dinâmica. Santos deve anunciar que é candidato à reeleição em 2014 e, em novembro, as negociações com as FARC terão chegado a seu fim. Em meio a esta disputa reacionária, a esquerda vem avalizando a política de Santos, tanto que a ex-senadora Piedad Córdoba, porta-voz da Marcha Patriótica, anunciou. “No dia 9 de abril a sociedade expressará a importância da paz e a necessidade de que sejamos escutados e levados em conta sobre como é o país que queremos construir... O mandatário colombiano convidou todos para apoiar a convocatória. Temos que apoiar estas tentativas para a paz, na próxima terça-feira (9), todos devemos sair para expressarmos à favor de uma saída pacífica do conflito armado”(El Tiempo, 08/04). Lula também enviou mensagem em apoio a Marcha.

Fica cada vez mais claro que a única “paz” que sairá destas negociações é a dos cemitérios, já que desgraçadamente as vidas dos heroicos combatentes das FARC estão sendo sacrificadas em nome de uma política que em nada serve para a luta revolucionária e, muito menos, para libertar a Colômbia do domínio da burguesia e do imperialismo. Tanto que Manuel Santos já anunciou que as negociações dos primeiros acordos com as FARC deverão ser concluídas apenas em novembro de 2013. Ou seja, o chacal deseja mais tempo para ir eliminando a guerrilha, enquanto finge negociar, ou melhor, negocia na verdade a rendição das FARC. Não por acaso, os representantes do governo declararam que até agora as negociações foram “positivas”. Também pudera. Enquanto a direção da guerrilha declarou um cessar-fogo unilateral, deixando seus homens como alvos fáceis do exército colombiano por vários meses, Santos ordenou ataques aos acampamentos da guerrilha. Já foram mais de 100 mortos durante as negociações. Não há dúvida de que estamos presenciando, com o aval vergonhoso da esquerda mundial, uma farsa montada justamente para eliminar fisicamente a guerrilha. As “negociações de paz” têm como consequência direta e prática não só o enfraquecimento político da guerrilha, mas a sua completa exterminação física, tendo em vista a experiência das próprias FARC, que na década de 80 deslocou parte de seus quadros para a constituição da Unidade Patriótica e impulsionou um partido político legal, tendo como resultado o assassinato de cerca cinco mil dirigentes pelas forças de repressão do Estado, pilar-mestre da democracia bastarda colombiana. Essa tragédia teve como base as mesmas ilusões reformistas hoje patrocinadas pela direção da guerrilha e o conjunto da esquerda. Ao narcotraficante regime burguês colombiano não interessa sequer a conversão da guerrilha em partido político desarmado, apenas sua extinção.

Ainda que consideremos justo que as FARC tomem medidas de autopreservação neste momento delicado do combate, pois a guerrilha tem todo direito de negociar a liberdade de seus presos políticos através da troca de reféns, definitivamente não é anunciando um “cessar-fogo” unilateral o melhor caminho para se defender dos ataques do genocida regime colombiano, muito menos tendo ilusões de que este possa chegar a algum acordo com a guerrilha que não seja baseado na sua liquidação enquanto força política e militar. As “negociações de paz” com Santos e o conjunto das medidas anunciadas pelas FARC são apoiadas pelo conjunto da esquerda mundial e os governos “progressistas” da América Latina. Elas estão sendo tomadas no marco de uma enorme pressão “democrática” dos “aliados” da guerrilha particularmente do governo da Venezuela e de Fidel Castro. Não por acaso, o mesmo Chávez que clamava pela deposição das armas pelas FARC colaborou vergonhosamente com Santos na perseguição aos quadros políticos e militares da guerrilha, justamente porque o caudilho bolivariano desejava ter as FARC como moeda de troca em seus acordos com a Casa Branca, como se viu durante as eleições venezuelanas.

A “Marcha pela Paz” ocorrida na Colômbia e liderada pelo facínora Santos junto com Piedad Córdoba é mais um elemento de pressão pela rendição das FARC. Diante do cerco crescente neste momento de maior fragilidade das FARC, os marxistas revolucionários declaram seu apoio incondicional à guerrilha diante de qualquer ataque militar do imperialismo e do aparato repressivo de Santos. Simultaneamente, apontamos como alternativa a superação programática da estratégia reformista da direção das FARC baseada na reconciliação nacional com a oposição burguesa e a unificação da luta armada com o movimento operário urbano sob a estratégia da revolução socialista para liquidar o regime fascistóide e organizar a tomada do poder pelos explorados colombianos. Defendemos que uma política justa para o confronto entre a guerrilha e o Estado burguês passa por aplicar a unidade de ação contra Santos, com a mais absoluta independência política em relação ao programa reformista das FARC. Ao lado dos heroicos guerrilheiros das FARC e honrando o sangue derramado pelos comandantes Afonso Cano, Manuel Marulanda, Mono Jojoy e agora Guillermo Pequeño, que morreram em combate, apontamos como alternativa programática a defesa da estratégia da revolução socialista e da ditadura do proletariado, sem patrocinar nenhuma ilusão na possibilidade de construir uma “Nova Colômbia” sem liquidar o capitalismo e seus títeres.