Governo Dilma reprime as greves operárias de Jirau e Belo Monte que se chocam com o “Compromisso Nacional” firmado pela CUT e Conlutas!
Enquanto o sindicalismo “chapa branca” segue com seu “calendário” de marchas e greves ordeiras e de cunho estritamente economicistas já pactuadas com o patronato e a “gerentona” Dilma, como foi a manifestação em Brasília do dia 6 de março convocada pelas centrais governistas, os mais de 25 mil operários das obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio voltaram a entrar em greve neste dia 2 de abril. Pelo seu instinto de classe e de sobrevivência se opõem pela ação direta ao engodo das empreiteiras, do governo federal e dos pelegos de sabotar a paralisação das obras. Usando como disfarce de “amplo diálogo” com a “Comissão Tripartite” integrada pela CUT e CSP-Conlutas, as empreiteiras queriam continuar a impor goela abaixo, sem qualquer contestação, o arrocho salarial e as degradantes condições de trabalho celebradas no chamado “Compromisso Nacional”. Com os canteiros de obras já sob ocupação policial, o governo Dilma enviou um novo contingente da Força Nacional para região e acionou também a PF e da ABIN. Em resumo, recorrendo à repressão e a conciliação de classes, a frente popular busca atacar as lutas que saem do controle da burocracia sindical.
No dia 25 de março o governo federal publicou no Diário Oficial da União uma portaria que determina a permanência das tropas da Força Nacional de Segurança nos canteiros de obras do PAC por mais 90 dias, podendo estender esse prazo “caso necessário”. O envio de mais contingentes das forças de repressão foi um pedido direto do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para evitar a paralisação da obra. A assessoria do ministério também afirmou que “os policiais vão atuar no sentido de evitar a paralisação das obras e o fechamento das vias de acesso ao empreendimento”. Às margens do Rio Madeira, região amazônica, os operários se revoltaram contra as péssimas condições de trabalho a que estavam submetidos pela empreiteira Camargo Correa. Contratada à época do governo Lula com os recursos do PAC, esta foi escolhida em mais uma negociata para construir a Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia. Hoje esta é a maior obra existente no Brasil, onde paradoxalmente os trabalhadores vivem sob um regime de escravidão. São muito fortes as evidências de que a própria Camargo Corrêa e a ESBR estão por trás do incêndio que destruiu os alojamentos, no dia 3 de abri, como forma de caracterizar os eventos trabalhistas como ação criminosa de “bandidos e vândalos”, para reforçar a justificativa do pagamento do seguro, além de criar distúrbio para justificar o aumento da repressão sobre os trabalhadores e acabar com a greve.
25 mil operários trabalham neste gigantesco canteiro de obras, seduzidos por “contratantes” (conhecidos como “gatos”) em vários estados do país. Logo ao chegarem às obras deparam-se com um verdadeiro inferno capitalista: não recebem pelas longas jornadas de trabalho, têm horários marcados para banhos, sofrem castigos físicos, os doentes são deixados à míngua, a comida era escassa e estragada, os artigos de primeira necessidades eram vendidos em “tiendas de raya”, ou seja, em sistema de barracão a preços exorbitantes etc. etc. Uma das causas da revolta é que o consórcio ESBR (Energia Sustentável do Brasil) formado pela Chesf, Eletrosul, a transnacional francesa Suez e a Camargo Correa não oferecia infra-estrutura mínima para tratar da epidemia de malária e viroses que se abateram nas obras dada a desordenada superconcentração humana. A direção do sindicato pelego deixou os trabalhadores entregues à própria sorte. Como resposta, o governador de Rondônia, Confúcio Moura do PMDB, da base aliada do governo Dilma, pediu nova intervenção da Força Nacional. As empresas do ramo da construção civil são as que mais parasitam o governo Lula/Dilma, uma vez que tem deste a retribuição de favores em face às gordas verbas “doadas” durante a campanha eleitoral. Todas elas, sem exceção, estão mergulhadas em denúncias de violações de direitos trabalhistas e de corrupção ativa expressos nos “leilões” de concessão em que construtoras “partilham” entre si o botim estatal: a Camargo Correa ficou com Jirau, a Odebrecht com Belo Monte, no Rio Xingu, por exemplo.
Lembremos que logo após a segunda onda de greves operárias nas obras do PAC ocorrida nos meses de março e abril do ano passado, em que os pelegos da CUT e da Força Sindical sabotaram as lutas, manipulando assembleias e impondo acordos rebaixados, como em Jirau, a CSP-Conlutas anunciou seu ingresso na “Mesa Nacional Permanente Para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Indústria da Construção” em uma aberta traição à luta dos operários de Jirau e demais obras do PAC, que através de sua ação direta, denunciaram o nefasto papel dessa comissão criada desde 2011 e maquiada agora em 2012 para atacar as greves e perseguir os operários em luta, com os membros da burocracia sindical atuando como verdadeiros capazes dos patrões! A estratégia política assumida pela CSP-Conlutas, fincada em uma oposição institucional ao regime democratizante cujo eixo é a pressão lobista ao corrupto Congresso Nacional, como será a marcha do dia 24 de abril para Brasília.
Somente a organização dos trabalhadores da construção civil pode reverter este quadro de barbárie escravista imposto pelos empreiteiros acobertados vergonhosamente pelo governo do PT. A ação direta dos operários pode determinar os rumos desta luta, construindo uma poderosa reação da categoria em nível nacional para colocar os patrões e o governo da frente popular contra a parede, exigindo a soltura imediata dos operários presos e lutando pela expropriação dos “grandes empresários” donos das empreiteiras que, junto com o Planalto, planejaram construir este megacomplexo hidroelétrico apenas para atender aos interesses das grandes empresas de terem mais energia barata para engordar seus lucros.