HÁ 52 ANOS DO GOLPE MILITAR: TIRAR AS LIÇÕES DA DERROTA HISTÓRICA
DE 1964 PARA RESISTIR À ESCALADA FASCISTA NOS DIAS ATUAIS, SEM PATROCINAR
ILUSÕES NA DEMOCRACIA BURGUESA E NO GOVERNO NEOLIBERAL DO PT
Neste 31 de Março completam-se 52 anos do golpe militar de
1964. A escala fascista "verde-amarela" hoje avança no Brasil e faz
lembrar que as mesmas forças políticas e sociais responsáveis por derrubar João
Goulart tramam junto com outros atores reciclados para desestabilizar o governo
neoliberal do PT e conseguir pela via do impeachment voltar a controlar o
Planalto para uma gerência ainda mais submissa ao imperialismo ianque. A razão
é o esgotamento do ciclo do gerenciamento estatal petista iniciado em 2003 com Lula.
Ao desconsiderar esta lógica de ferro da luta de classes o PT foi vítima de sua
própria política social democrata, pensando que teria a eterna
"gratidão" da burguesia independentemente de seus interesses de
classe. Findo o ciclo econômico "neodesenvolvimentista" o grosso da
burguesia "convidou" os gerentes petistas a desocuparem o governo
central do país, como Lula e Dilma se recusaram a sair em 2014 a tarefa então para
estes setores mais conservadores é tirá-los "à força". Aqui reside o
pano de fundo de toda a crise em curso, obviamente não é produto de nenhuma
medida de "esquerda", anticapitalista ou antimperialista tomada pelas
gestões burguesas do PT. É evidente que existem entre 1964 e 2016 diferenças marcantes nesta
disputa interburguesa, já que até o momento as classes dominantes não acionaram
as FFAA para derrubar o governo do PT pelas armas porque o proletariado não
ameaça reagir, na verdade até o momento planejam impor uma transição
conservadora com aparências de respeito a ordem constitucional para emplacar em
um futuro breve Sérgio Moro na Presidência da República pela via eleitoral na
condição de um "Bonaparte" para disciplinar o regime político em
debacle. Nesse interregno, a oposição conservadora (PSDB-DEM-PPS) em conluio
com Temer, uma espécie de candidato a "Raniere Mazzili" atual, tenta
no parlamento afastar a Presidente da República fabricando um "crime de
responsabilidade" hilariamente praticado por todos os seus antecessores e
nunca punidos por tais atos. Evidentemente há uma trama golpista pública e em
curso com o apoio venal da Rede Globo e da grande imprensa para derrubar pela
via parlamentar o governo petista e alinhar o país aos interesses econômicos e
políticos diretos do imperialismo ianque, para afastar o Brasil dos BRICS e
mais particularmente das relações comerciais com a China. O que há de coincidente
nesse processo com diferenças flagrantes é a política abertamente covarde e
suicida de Jango e Dilma assim como das direções sindicais e políticas que os
apoiam, no passado o velho Partidão (PCB) e agora o PT. Goulart adotava um
tímido programa nacionalista burguês, enquanto a atual combalida gerente
petista reza na cartilha neoliberal de ataques abertos aos trabalhadores, mesmo
assim setores majoritários da classe dominante como o empresariado paulista em
conluio com o Departamento de Estado ianque fecharam questão em se livrar,
ontem e hoje, dessas gestões burguesas que mantém vínculos como o movimento de
massas. Até agora usam métodos diferentes para alcançar seu objetivo. Se o governo
do PT ainda sustenta-se em meio a aguda pressão política é justamente porque o
partido tem mais de 30 anos de lanços orgânicos com o movimento de massas conquistados
após a crise do PCB. A burguesia teme os efeitos de seu descarte imediato e
traumático, pela via de um golpe clássico. Nesse contexto de extrema polarização
política é que resgatamos as lições do golpe de 1964, apontando que também hoje
está colocada a tarefa de apontar que os "Fascistas Não Passarão!".
Porém, assim como no passado, não alimentamos ilusões na democracia burguesa e
nos governo nacionalistas ou de "centro-esquerda".
Apesar do governo da frente popular capitaneado pelo PT tentar capitalizar a
“herança” dos que lutaram contra a ditadura militar, esta conduta não pode
encobrir que as gestões de Lula e Dilma se aliaram com aqueles que ou
colaboraram diretamente com os genocidas, como Sarney e Delfim Neto ou são seus
representantes “reciclados”, com as oligarquias reacionárias que historicamente
se aliaram com os militares e continuam a se beneficiar do regime da democracia
dos ricos. Nesse sentido, a frente popular acossada pela direita hoje é vítima
de sua própria política de colaboração de classes que como Trotsky bem pontuou
é a ante-sala do fascismo ao desmoralizar e desarmar o movimento de massas. A
LBI, que se mantém firme no combate por desmascarar a democracia dos ricos como
uma face da ditadura do capital e dedica o melhor de suas forças à construção
do Partido Revolucionário não embarca na cantilena de "Não vai ter
golpe" simplesmente para sair na defesa do governo burguês de Dilma e da
democracia burguesa em abstrato. Alertamos que ao contrário do “senso comum”
amplamente difundido pela mídia capitalista e em parte legitimado pela esquerda
palatável, os nossos combatentes da ditadura não foram mortos “lutando pelo
restabelecimento da democracia”, tombaram no confronto direto com as forças da
repressão pela causa da revolução socialista, mais além dos desvios políticos
das direções reformistas e etapistas que hegemonizavam o momento. A concepção
da “democracia como valor universal” não permeava as mentes de nenhum dos
nossos heróis que deram suas vidas no combate revolucionário contra a ditadura
militar e não é a meta a ser buscada hoje pelos Marxistas Leninistas. Neste
ponto reside a contradição fundamental entre o regime de “exceção” imposto ao
país pelas classes dominantes e o conjunto da militância socialista naquela
etapa da luta de classes. Salvo alguns setores do “Partidão” que já flertavam
com uma “flexibilização” do leninismo em direção à social democracia, o que
anos depois daria origem ao chamado “eurocomunismo”, as organizações de
esquerda (como a ALN de Marighella) que se levantaram em armas contra os
facínoras adotavam a estratégia da defesa da ditadura do proletariado versus
ditadura capitalista, sob a forma concreta assumida em 64 de um regime político
militar. Somente após décadas, justamente na transição da ditadura militar à
democracia burguesa, regime por excelência do modo de produção capitalista
segundo Marx, irá acontecer a “metamorfose” da esquerda reformista assumindo as
teses do “triunfo” da democracia sobre o “autoritarismo leninista”. Com a queda
do Muro de Berlim em 1989, esta mesma esquerda, já formatada a “Nova
República”, se transfere definitivamente de “malas e bagagens” para o campo
“republicano” das instituições representativas do capitalismo, como faz o PT
hoje, completamente refém do jogo parlamentar burguês mesmo em meio a escalada
golpista. Um bom começo para colocar em prática as lições do golpe de 1964 é
somar-se as manifestações convocadas para este 31 de Março, quando se completam
os 52 anos do golpe militar de 1964 não para defender a democracia burguesa e o
governo Dilma mas para chamar pela derrota da reação burguesa e contra o ajuste
neoliberal, convocando inclusive os setores da frente popular que se opõem as
medidas neoliberais de Dilma e Nelson Barbosa a de fato lutarem contra a
investidas do governo petista para retirar direitos dos trabalhadores através
da construção de uma dia nacional de luta rumo a construção da Greve Geral! Marcharemos
neste 31 de Março para derrotar a ofensiva fascistóide da direita contra as
parcas liberdades democráticas existentes em nosso país e as conquistas sociais
arrancadas com muita luta pelo proletariado, além de denunciar a política
neoliberal do governo do PT. Reafirmamos que fica evidente que a direção do PT
e da CUT é incapaz de lutar consequentemente contra a movimentação fascista em
curso, na medida em que é refém das instituições do regime político burguês e
joga todas as suas cartas em um acordo com setores da quadrilha corrupta do
PMDB, PR, PSD, PP para recompor sua base política no parlamento para derrotar o
processo de impeachment no Congresso Nacional e levar adiante o ajuste
neoliberal. Nesse combate, honrando a memória dos que tombaram em luta contra a
ditadura, forjamos uma alternativa de direção revolucionária dos trabalhadores
para superar os dois campos burgueses em conflito (PT e PSDB) e o "bonaparte" Moro em gestação.