OS LIMITES PROGRAMÁTICOS DA “FRENTE POVO SEM MEDO”: UM
RÁPIDO BALANÇO DO DIA 24
Mais de 30 mil pessoas responderam ao chamado da “Frente Povo Sem Medo” (FPSM) e marcharam do Largo do Batata até a Rede Globo. Além da militância da LBI estiveram presentes o MTST, a Intersindical, várias correntes do PSOL, PCB e outros agrupamentos menores da esquerda (PCR-UP) que não integram o bloco governista, um espectro político onde reina uma ampla confusão política acerca de que saída apontar diante da crise do governo Dilma, tanto que a grande unidade deste arco político (exceção da LBI) foi em torno da “defesa da democracia” no abstrato, uma fórmula de acaba atenuando a crise do regime político burguês democratizante. A CUT e o PT participaram do protesto sem jogar grande peso, mesmo não assinando a convocatória da manifestação devido às críticas ao governo Dilma e ao ajuste neoliberal. O mais importante da atividade foi que ela fez duras denuncias ao programa neoliberal do governo do PT, inclusive com a militância da LBI usando sua intervenção para denunciar o novo corte milionário do orçamento anunciado pelo ministro Nelson Barbosa. Esta conduta é um prova que a gestão petista não é um ponto de apoio para o combate à direita, está firme em manter os ataques aos trabalhadores. Como pontuamos em nossa declaração ao ato “Se a ‘Saída é pela Esquerda’ chamamos a FPSM a engrossar esta Frente Única de Ação Antifascista como parte do combate político-programático para forjar uma alternativa de direção revolucionária dos trabalhadores para superar os dois campos burgueses em conflito (PT e PSDB)”. Ao mesmo tempo aproveitamos a atividades para abrir o debate com a base da FPSM onde nossos camaradas alertaram que nas tarefas apontadas é que estão as grandes limitações da FPSM, produto da política reformista do MTST dirigido por Guillherme Boulos e da direção majoritária do PSOL. Estes setores pressionam por “Reformas Populares” a serem tomadas pelo próprio governo Dilma! Ao contrário, a LBI considera que o momento é delicado e impõe aos revolucionários uma linha justa de atuação que priorize a ação direta do proletariado sem ilusão no governo do PT, refém das elites dominantes. Não passa de uma “ingenuidade” a crença de que nesta conjuntura de correlação de forças adversa ser possível lutar por “reformas populares” (incluindo neste bojo uma reforma política progressista) vindas da iniciativa deste governo burguês neomonetarista. Para os Marxistas Revolucionários as “Reformas Populares” só poderão vingar efetivamente no marco de um novo poder político do proletariado, que deve ser construído no processo de cada embate concreto de nossa classe. Por volta das 20hs, a marcha chegou à sede da TV Globo e entoou várias palavras de ordem contra a emissora da Famiglia Marinho que planeja empossar o juiz Sérgio Moro como presidente em 2018. Um elemento importante a ser destacado foi a participação do MES-PSOL na manifestação defendendo a palavra de ordem “Eleições Gerais!”, uma posição análoga a do PSTU de “Fora Todos”, apesar deste partido não participar da atividade. Não resta dúvida que a política do MES e do PSTU em defender “Eleições Gerais Já!” levaria neste momento necessariamente ao acesso da direita à Presidência da República e a ampliar seu domínio político no Congresso Nacional. De fato, os delirantes oportunistas do PSTU e do MES acham que do movimento “Fora Dilma, Fora Todos” encabeçado pela direita surgirá pela via eleitoral um “governo socialista dos trabalhadores”! Na manifestação deste dia 24 de Março também denunciamos amplamente a política do arco morenismo e seus parentes próximos como o MES, MRS e o MRT/LER, este último agrupamento defende a convocação de uma Assembleia Constituinte. Imaginemos neste quadro de ofensiva política e ideológica da direita e neoliberais (o que inclui o próprio PT) que tipo de parlamentares constituintes seriam eleitos e que “pérola” de nova Constituição seria elaborada! Somente os idiotas do MRT/LER podem pensar que neste retrocesso político das massas surgiria uma bancada revolucionária ou mesmo progressista capaz de impor alguma conquista social em uma nova constituição federal. Estes, que aparentemente criticam o PSTU pela “esquerda”, adotam uma política muito pior, mais direitista, na medida em que a proposta de Constituinte abriria um caminho para um ataque de maior envergadura da burguesia e da direita para retirar direitos dos trabalhadores. Se os delirantes oportunistas do PSTU acham que do movimento “Fora Dilma” encabeçado pela direita surgirá pela via eleitoral um “governo socialista dos trabalhadores”, o MRT/LER acredita em um delírio ainda mais nefasto que da força da mobilização da direita e dos grupos fascistas nascerá uma “constituição revolucionária”. Apesar de encoberta de frases radicalizadas como a da “mobilização dos trabalhadores” e “Congresso Corrupto” ambas propostas não apontam na direção da ruptura institucional e revolucionária com este regime, caindo Dilma com as regras constitucionais vigentes ou teremos o vice Temer ou no máximo novas eleições (em um curto prazo) onde o a direita tucana daria um “passeio”. A única alternativa de poder já constituída no momento para o “default” de Dilma é da ala burguesa mais reacionária e “linkada” diretamente ao imperialismo, como Moro que foi treinado pelo Departamento de Estado ianque. O MRT/LER propõem ir além, ou seja, dar ainda mais poderes a reação burguesa! As alternativas políticas lançadas pela esquerda revisionista diante do colapso prematuro de Dilma são até risíveis e desastrosas. O bloco que pugna neste momento por uma “Constituinte Soberana” teria que responder a seguinte questão: que poder estatal convocaria uma constituinte e que tipo de nova carta magna poderia ser elaborada nesta conjuntura de ofensiva total da direita mais recalcitrante? Obviamente a resposta só pode ser a de um desastre total. Pensar que Temer, Cunha, Aécio ou coisa assemelhada possa convocar uma Constituinte progressista é no mínimo uma piada de mau gosto, e no caso de Dilma permanecer no governo até o fim e “topar” a proposta o resultado não é muito diferente no quadro de ajuste neoliberal em curso no parlamento. No caso da consigna de novas “Eleições Gerais” também formulada pelo revisionismo, se aplicaria a mesma dinâmica geral da constituinte, ou seja, nesta etapa uma acachapante vitória da direita fascista. Desde a LBI defendemos que o proletariado não deve apresentar uma “agenda democrática” para a crise capitalista, como pretendem os revisionistas do PSTU, LER/MRT, PCO etc.. A única saída realmente progressista diante da barbárie capitalista é por abaixo a ditadura de classe da burguesia e construir o novo Estado Operário, a falência histórica da democracia formal emoldurada pelas elites reacionárias já demonstrou para os trabalhadores que sua única alternativa é a luta pelo socialismo! Nesse caminho, o estabelecimento de uma Frente Única de Ação Antifascista não está a serviço de defender o governo Dilma e a democracia burguesa mas para derrotar a ofensiva da direita contra as parcas liberdades democráticas existentes em nosso país e as conquistas sociais arrancadas com muita luta pelo proletariado, além de denunciar a política neoliberal do governo do PT.