UM PRIMEIRO BALANÇO DO 18 DE MARÇO: BASES OPERÁRIAS E
MOVIMENTOS SOCIAIS REAGEM COM FORÇA CONTRA A OFENSIVA FASCISTA. LULA E O PT AINDA
BUSCAM UM “ACORDÃO NACIONAL” COM A BURGUESIA, O QUE PARECE CADA VEZ MAIS
DISTANTE
As manifestações convocadas pelo PT e a CUT nesta
sexta-feira, 18, foram uma importante demonstração de força social da Frente
Popular. Colocar mais de 150 mil pessoas na Av. Paulista e concentrar milhares
de ativistas em diversas capitais do país (Salvador, Fortaleza, Porto Alegre,
Brasília), obrigar a mídia capitalista, em particular a Rede Globo, a noticiar
tal feito, sem dúvida demonstrou que a “jararaca não está morta”. As bases dos
movimentos sociais responderam ao chamado tardio da Frente Popular e tomaram as
ruas com o instinto de classe para derrotar a escalada direitista que
galvanizou o país, fomentada pelos “barões” da mídia capitalista. A vitalidade
deste 18 de Março comprova cabalmente que era perfeitamente possível derrotar a
ofensiva fascista ainda em sua gênese, porém o governo Dilma optou em
contemporizar com a direita e seguir aplicando o ajuste neoliberal exigido
pelos rentistas. Mas desgraçadamente esse retardatário “bote de cobra” não
esteve a serviço de “morder a burguesia” e sim demonstrar sua disposição de
manter-se uma domesticada ordem do capital. A ausência de um programa classista
de denúncia das instituições do regime burguês, em um claro curso retrógrado, e
do chamado a classe operária a enfrentar a reação burguesa nas ruas pela via de
sua ação direta, permitiu que Lula utilizasse os atos para tentar buscar
novamente um “acordão” com a burguesia nacional, sua expectativa original desde
que resolveu ir para a Casa Civil do governo Dilma. Lula não pensa mais em
2018, planeja agora utilizar as verbas do PAC (transferidas para seu gabinete)
e voltar a “comprar” as oligarquias regionais em favor da governabilidade. O
chamado feito pelo ex-presidente da República no ato no MASP de que “A gente
tem que reestabelecer a paz” revela de forma cristalina a tentativa da direção
nacional do PT em buscar recompor a base de sustentação do governo da Frente
Popular no parlamento via um pacto com a quadrilha corrupta do PMDB comandada
por Renan Calheiros, sem alimentar qualquer “guinada à esquerda” ou de ruptura
com as reformas neoliberais. Cacifado por ainda ter relativo apoio de massas,
Lula fez um claro convite à burguesia: “Precisa entender que democracia é a convivência
da diversidade. Não quero que quem votou na Aécio goste de mim. Eu quero que a
gente aprenda a conviver de forma civilizada com as nossas diferenças”. Lula, o
PT e seus dirigentes estão buscando um grande “acordão nacional” com a
burguesia com a ida do ex-presidente para a Casa Civil a fim de manter o
mandato de Dilma até 2018 para implementar as reformas neoliberais, queimando
inclusive a possibilidade do ex-presidente para uma nova disputa, já que ele
não conseguirá reverter o quadro de recessão econômica que está mergulhado o
país. Entretanto, a Rede Globo, o Justiceiro Sérgio Moro e setores
recalcitrantes da direita resistem a aceitar esse pacto intra-burguês. A
decisão do facínora Gilmar Mendes no STF suspendendo a nomeação do ministério e
mantendo as investigações no âmbito da famigerada Operação Lava Jato também
aponta neste sentido. Neste quadro, as manifestações deste dia 18 serviram
claramente como um elemento de barganha da Frente Popular, uma demonstração de
relativa força política no marco de sua política de colaboração de classes,
tanto que Lula reafirmou em sua fala “Na hora que a companheira Dilma me
chamou, relutei muito desde agosto do ano passado a aceitar voltar ao governo.
Ao aceitar voltei a ser Lulinha paz e amor. Não vou para brigar, vou ajudar a
companheira Dilma a fazer as coisas que tem que fazer nesse país. Não vou
achando que os que não gostam de nós são menos brasileiros que nós”. Fica
evidente que a direção do PT e da CUT é incapaz de lutar consequentemente
contra a movimentação fascista em curso, na medida em que é refém das
instituições do regime político burguês e joga todas as suas cartas em um
acordo com a quadrilha corrupta do PMDB comandada por Renan Calheiros para
recompor sua base política no parlamento para derrotar o processo de
impeachment no Congresso Nacional. A própria montagem da comissão especial na Câmara dos
Deputados foi através de um acordo entre José Guimarães (maior operador de “comissões”
do PT) e Eduardo Cunha (PMDB). Por esta razão, não tomaram nenhuma medida
concreta até agora contra a ação golpista da PF, do Ministério Público e de
Moro, preferem negociar passivamente sua derrota pela via eleitoral em 2018 através de um discurso em nome da “paz social”. A militância da LBI participou de vários
atos pelo país, abrindo um debate com as bases da Frente Popular (PT, CUT,
PCdoB) sobre a completa nulidade dessa política suicida de pactuar com a
burguesia o sangramento de Dilma até 2018 para fazer uma 'transição transada' no
futuro, preservando o PT e passando o controle do Palácio do Planalto para o novo pupilo da Famiglia
Marinho, Sérgio Moro. A dinâmica da luta de classes, com o ódio anticomunista
da classe média sendo insuflado pelos meios de comunicação, demonstram que não
está em jogo “apenas” o mandato burguês de Dilma, mas toda uma espiral reacionária que
aponta para um ataque geral ao movimento operário e a “esquerda”. Por conta
disso, chamamos o estabelecimento de uma Frente Única de Ação Antifascista que
combata nas ruas e nas lutas o avanço da direita, superando a nefasta política
de colaboração de classes da Frente Popular, que pela sua impotência pavimenta
o caminho do fascismo em nosso país!
Hyrlanda Moreira, dirigente trotskista com mais de trinta
anos de militância e do CC da LBI, discursa na Praça do Ferreira (Fort)
convocando a resistência das massas a escalada fascista |
Combativa coluna militante da LBI marchou na Av. Paulista em oposição à desastrosa política de "acordão nacional" do PT |