APESAR DE DILMA SEGUIR FIRME COM O AJUSTE NEOLIBERAL,
APOIAMOS A CONVOCAÇÃO DA "FRENTE POVO SEM MEDO" PARA O DIA 24, COMO FORMA
CONCRETA DE ESTABELECER UMA FRENTE ÚNICA PARA COMBATER A ESCALADA DA DIREITA
FASCISTA
A “Frente Povo Sem Medo” (FPSM), uma articulação política entre o MTST, PSOL e a Intersindical (além de outros agrupamentos menores) convocou para este dia 24 de Março um ato nacional “EM DEFESA DA DEMOCRACIA... A SAÍDA É PELA ESQUERDA”. O PCB também irá engrossar esta atividade. Trata-se de uma iniciativa que não leva diretamente o carimbo “chapa branca” da CUT e do PT, porém tem como eixo a “Defesa da Democracia”. O mais importante é que esta manifestação foi convocada logo após o governo Dilma anunciar sua disposição de seguir firme com o ajuste neoliberal, como proclamou o Ministro Nelson Barbosa com novos cortes no orçamento, um bloqueio de gastos desta vez de R$ 21,2 bilhões e a possibilidade de um novo congelamento no reajuste dos salários do funcionalismo federal, o que demonstra que a gestão petista não está disposta a mudar o curso de austeridade monetarista. Tampouco a Frente Popular se coloca como um ponto consequente de apoio para a luta direta contra a direita “golpista”, mas buscar através de um programa antinacional e antipopular acenar para um acordo de “salvação” com as demais frações burguesas. Ainda que não tenhamos acordo integral com a plataforma político-programático da convocatória da manifestação programada para esta quinta-feira no Largo do Batata rumo à Rede Globo, a militância da LBI irá participar da atividade como parte da luta em defesa de uma Frente Única de Ação Antifascista e jamais para defender em abstrato a democracia burguesa e o governo capitalista do PT. Diante da disposição de Dilma manter seu ajuste neoliberal draconiano em meio à crise política justamente para acenar a burguesia e ao imperialismo um compromisso para manter a ofensiva antipopular, a FPSM corretamente pontuou “É preciso também fazer uma diferenciação: uma coisa é enfrentar esta ofensiva antidemocrática, outra é defender este governo. Entendemos que as políticas assumidas pelo Governo Dilma são indefensáveis. Adotou o programa derrotado nas urnas, iniciou um ajuste fiscal antipopular e assumiu uma agenda de retrocessos com temas como a Reforma da Previdência e a lei antiterrorismo. Políticas como essas criaram rejeição popular ao governo e deram base social ao golpismo em curso. Além disso, os governos petistas chocaram o ovo da serpente. Perderam oportunidades de pautar questões como a democratização das comunicações e do sistema político, além de reformas populares. Hoje sofremos todas as consequências desta falta de ousadia. A Rede Globo é a grande artífice da ofensiva reacionária. Por isso não temos disposição de ir às ruas em defesa deste governo. Mas também não ficaremos calados e acovardados ante as ameaças ao que temos de democracia no Brasil. O ataque não é somente contra o PT. É contra o que quer que seja de esquerda neste país. Querem aniquilar o movimento social. Querem impor um ambiente de intolerância e linchamento, onde não há espaço para o pensamento e a ação críticos. A solução que propõem representa ainda o aprofundamento dos ataques a direitos sociais e trabalhistas”. Em resumo, a FPSM faz uma denúncia justa do caráter neoliberal do governo Dilma e de suas medidas. Entretanto, é na conclusão da convocatória e nas tarefas apontadas que estão as grandes limitações da FPSM, produto da política reformista do MTST e do PSOL pressionando por “Reformas Populares” a serem tomadas pelo próprio governo Dilma! Ao contrário, a LBI considera que o momento é delicado e impõe aos revolucionários uma linha justa de atuação que priorize a ação direta do proletariado sem ilusão no governo do PT, refém das elites dominantes. Não passa de uma “ingenuidade” a crença de que nesta conjuntura de correlação de forças adversa ser possível lutar por “reformas populares” (incluindo neste bojo uma reforma política progressista) vindas da iniciativa deste governo. A frente única dos explorados que precisa ser construída amplamente deve ter como norte inicial a derrota do “ajuste” fiscal, monetário, trabalhista e salarial que está em pleno curso, somente com a mobilização permanente das massas será possível obter a vitória. Quanto as “reformas populares” só poderão vingar efetivamente no marco de um novo poder político do proletariado, que deve ser construído no processo de cada embate concreto de nossa classe. Apesar do caráter evidentemente limitado do protesto, os setores classistas devem intervir ativamente nesta mobilização que se proclama formalmente contra a atual ofensiva do governo Dilma a fim de impulsionar a ação direta das massas contra a escada fascista e nunca para pressionar as frações burguesas para “atenuar” o ajuste fiscal e monetário em pleno curso. Nesse sentido, a Direção Nacional da LBI deliberou por participar dos atos desta quinta-feira, dia 24 de Março (assim como integrou o último dia 18) , não para defender a democracia burguesa e o governo neoliberal de Dilma mas para derrotar a ofensiva da direita contra as parcas liberdades democráticas existentes em nosso país e as conquistas sociais arrancadas com muita luta pelo proletariado, além de denunciar a política neoliberal do governo do PT. Reafirmamos que fica evidente que a direção do PT e da CUT é incapaz de lutar consequentemente contra a movimentação fascista em curso, na medida em que é refém das instituições do regime político burguês e joga todas as suas cartas em um acordo com a quadrilha corrupta do PMDB comandada por Renan Calheiros para recompor sua base política no parlamento para derrotar o processo de impeachment no Congresso Nacional e levar adiante o ajuste neoliberal. Se a “Saída é pela Esquerda” chamamos a FPSM a engrossar esta Frente Única de Ação Antifascista como parte do combate político-programático para forjar uma alternativa de direção revolucionária dos trabalhadores para superar os dois campos burgueses em conflito (PT e PSDB).