quarta-feira, 9 de março de 2016

BALANÇO DO 8 DE MARÇO/SP: FEMINISMO POLICLASSISTA VERSUS FEMINISMO "CHAPA BRANCA", NÃO SÃO AS ALTERNATIVAS PARA A MULHER PROLETÁRIA

Núcleo de mulheres proletárias negras da LBI presente na manifestação em SP
Ocorreu nesta terça-feira, 8 de Março, o ato do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora em São Paulo, agrupando cerca de 3 mil pessoas. Logo na concentração unitária no Vão Livre do MASP, a manifestação se dividiu, com agressões e empurrões entre os dois setores políticos que convocaram a atividade. O PSTU, correntes do PSOL (MES, CST, LSR), PCB, MNN e LER-QI rumaram pela Av. Paulista em direção a Praça Osvaldo Cruz tendo como eixo a defesa do "Fora Dilma, Fora Todos", uma posição política de clara aproximação com a direita e a reação burguesa, inclusive alguns grupos reivindicando a prisão de Lula e o apoio a Operação Lava Jato através do chamado de "Todos na Cadeia!". Por sua vez, a Marcha Mundial das Mulheres (MMM), que agrupa os movimentos feministas ligados ao governo Dilma e ao PT seguiram em direção à rua Augusta-Centro tendo como lema "Mulheres com Lula". Enquanto a Frente Brasil Popular se lançava na defesa do governo Dilma contra o suposto "golpe da direita", usando na prática esse pretexto para sabotar a luta direta contra o ajuste neoliberal do Palácio do Planalto, vide a famigerada Reforma da Previdência, o arco comandado pelo PSTU encabeçava uma política de alinhamento com a oposição demo-tucana, inclusive defendendo "Cadeia para Lula", ignorando que a famigerada Operação Lava Jato é articulada diretamente pela CIA tendo como fantoche o Juiz Sérgio Moro, cujo objetivo é desnacionalizar completamente a economia brasileira e atacar as parcas liberdades democráticas em nosso país.

Concentração do ato, ainda unitário, no Vão Livre do MASP
Essa política pró-imperialista da chamada "oposição de esquerda" se expressou também nas próprias bandeiras "feministas", com estas correntes agitando palavras de ordem tipo "Se o Papa fosse mulher o aborto seria legal". Esse arco revisionista não só alimenta ilusões na reacionária Igreja Católica e no Vaticano, pegando carona na onda de apresentar o Papa Francisco (aliado fiel de Obama) como um "progressista" como patrocina a tese de que se as "mulheres" assumissem postos de comando no Estado burguês e do imperialismo se avançaria em supostas "conquistas democráticas". Por essa lógica policlassista, seria por exemplo um avanço Hillary Clinton chegar a presidência dos EUA, ou mesmo se uma mulher general comandasse o Pentágono. Nesta caso, presume-se que os bárbaros bombardeiros do imperialismo no Oriente Médio e na África teriam agora um caráter "democrático" por serem ordenados por uma mulher. Como se observa, com este tipo de "feminismo" vulgar a frente única com Obama já estabelecida por estes revisionistas canalhas na Líbia e Síria em nome da fantasiosa "Primavera Árabe" seria agora reforçada ainda mais com uma "mulher" (a víbora Clinton) a frente da Casa Branca! O feminismo genérico desprovido de um caráter de classe, proletário, serve muito mais aos interesses do mercado capitalista, em época de crise em busca de novos "nichos" de consumo.

Em oposição a essa disputa entre o feminismo policlassista versus o feminismo "chapa branca", a delegação nacional do Coletivo de Mulheres da LBI presente no 8 de Março de São Paulo fez a denúncia vigorosa da Operação Lava Jato como uma reacionária ofensiva jurídico-policial patrocinada pelo imperialismo não somente para desmoralizar o PT e Lula, mas orquestrada estrategicamente com o objetivo de atacar o conjunto da esquerda e o movimento de massas, abrindo o caminho para o início de um regime "democrático" de exceção. Por esta razão, rechaçamos a caçada da PF e do Ministério Publico Federal a Lula e a prisão de lideranças históricas do PT (José Dirceu e João Vacari), sem no entanto deixar de lado o combate direto aos ataques neoliberais do governo Dilma, como fazem o PCdoB e o neogovernista e corrupto PCO, alimentados pelas benesses do Planalto. Ao contrário, denunciamos que o PT é cúmplice dessa política de recrudescimento do regime político, vide o governo Dilma ter encaminhado e aprovado a "Lei Antiterrorismo" em conluio com o PSDB-DEM no parlamento para perseguir os movimentos sociais, além de entregar o Pré-Sal às multinacionais e atacar as conquistas sociais como o corte de pensões, do seguro desemprego e do aumento da idade para se aposentar pelo INSS.

Além de intervir no ato nacional do 8 de Março de São Paulo, a militância da LBI participou da atividade no Ceará, quando as mulheres do MST e outros movimentos sociais cercaram o Palácio da Abolição (sede do governo), sendo violentamente reprimidas pela PM de Camilo Santana (PT). A ação covarde do governo petista, servo e aliado fiel de Ciro Gomes (PDT), um dos maiores defensores da tese do perigo do "golpe da direita", demonstra a falácia da política da Frente Popular que visa sabotar a luta direta contra os ataques neoliberais das gestões petistas em nome de derrotar eleitoralmente a oposição conservadora (PSDB).

Marco Queiroz, porta-voz da LBI e Isabel Teixeira (de boné),
da Oposição Metalúrgica de Guarulhos