Transmitido ontem pela TV Cultura, a entrevista do
neofascista Jair Bolsonaro no programa "Roda Viva" repercutiu
multitudinariamente nas redes sociais, principalmente na blogosfera petista, mas
também com a mesma intensidade no ativismo geral da esquerda reformista e
social-democrata. A grande "preocupação" dispensada ao ex-capitão do
exército e energúmeno mor das hordas reacionárias do país, por parte do nicho
da Frente Popular e adjacências (PSOL), é que Bolsonaro venha a ganhar as
eleições presidenciais de outubro próximo, já que se posta como segundo
colocado nas pesquisas eleitorais, somente atrás de Lula, uma candidatura
possível de impugnação pelo TSE. Desgraçadamente esta esquerda deformada e
corrompida ideologicamente não entende absolutamente nada do fenômeno social da
ascensão fascista, tampouco está interessada em agir fora dos estreitos marcos
da democracia burguesa. Para este setor hegemônico da esquerda o
"mundo" se resume a próxima corrida ao Planalto e qualquer ameaça que
possa excluir a possibilidade da Frente Popular voltar a gerenciar os negócios
do Estado capitalista deve ser "energicamente" combatida...nas urnas
e redes sociais...Os revisionistas embarcaram acriticamente e de "corpo e
alma" na campanha política "Lula Livre", uns por corrupção
material (PCO) e outros por capitulação ideológica (Resistência/PSOL), deixando
de lado a trincheira real de luta da ação direta das massas contra a ofensiva
fascista. Defender a liberdade de Lula, nada tem a ver com chancelar a campanha
petista do "Lula Livre" que sequer levanta consignas minimamente
democráticas, como por exemplo a libertação dos outros dirigentes petistas e
dos ativistas das "Jornadas de Junho" de 2013, recentemente
condenados pela mesma máfia togada da justiça burguesa. O vasto arco social-democrata
(PT, PCdoB e PSOL) não está em condições de derrotar Bolsonaro e suas milícias
neofascistas simplesmente porque este fenômeno social não será derrotado nas
urnas, para estes falangistas da direita as eleições são um fator extremamente
secundário, seu objetivo histórico e estratégico é o poder estatal pela
"porta"da violência armada e não da democracia parlamentar. Como
demonstrou Trotsky, em seu magistral livro "Revolução e contra-revolução
na Alemanha", o último estágio político do fascismo é exatamente as urnas,
primeiro formam suas milícias armadas, que podem germinar inclusive no interior
das Forças Militares regulares. Sem um programa para dotar os meios materiais e
políticos para organizar as forças de resistência do proletariado, este será
sempre uma "presa fácil" aos golpes e quarteladas fascistas, um dos
últimos recursos da burguesia para uma etapa de crise estrutural do modo de
produção capitalista. Se Bolsonaro ainda é uma pífia caricatura de uma iminente
ameaça fascista, nada impede que seu "movimento" prepare o terreno
para uma alternativa mais "competente" para o recrudescimento do
regime político vigente. Para os Marxistas Revolucionários a trincheira de
guerra contra a ofensiva fascista é o campo da luta de classes, fomentando organismos
de poder da classe operária e nunca desperdiçando as energias do proletariado
com o circo eleitoral viciado, montado pela burguesia para legitimar as
instituições do seu Estado Capitalista.