Andrés Manuel Lopez Obrador, mais conhecido como AMLO,
ganhou as eleições presidenciais no México ocorridas neste domingo, 1º de
Julho. Depois de ser alvo de duas fraudes eleitorais o representante do
nacionalismo burguês conquistou o posto de gerente dos negócios da burguesia.
Ele disputou pela terceira vez a presidência depois de “perder” o governo
central primeiro para o PAN de Fox e depois para o PRI do atual presidente Peña
Nieto. Obrador desta vez apostou no “revezamento de partidos” da democracia dos
ricos, não se cansando em afirmar que acreditava em “eleições limpas e
transparentes”, patrocinando entre os trabalhadores ilusões nesse regime
bastardo. Ele inclusive apontou que como Lula no Brasil tentou três vezes ser
presidente e conseguiu, seria a vez do México “seguir o exemplo” do Brasil em
nome da estabilidade da ordem burguesa. Trata-se de uma opção da burguesia
mexicana depois do completo esgotamento do regime político burguês em
bancarrota. Os revisionistas do Trotskismo se dividiram nesta eleição. O
centrismo “clássico” agrupado em torno do Corrente Marxista Internacional (CMI)
de Alan Woods chamou abertamente o voto em AMLO com o slogan de “Vote e lute
contra a direita e o capitalismo”, ou seja, buscou diluir o caráter burguês da
candidatura do MORENA, um racha a esquerda do PRD, usando a surrada fórmula de
“unidade contra a direita”. Nesse sentido, assim como a CIT (LSR no Brasil),
praticamente não denunciaram o programa de conciliação de classes de Obrador em
nome de garantir sua vitória eleitoral. Por sua vez, o centrismo de “esquerda”
agrupado no PTS, PO e LIT teve vergonha em publicitar o chamado ao voto nulo. O
exemplo mais vergonhoso dessa posição foi o MTS (satélite do PTS argentino) que
se anulou completamente no processo político, limitando-se a fazer uma campanha
eleitoral barrial em torno das vereadoras Sulem Estrada e Miriam Hernández do
Distrito 32 de Coyoacán sem dar nenhum combate político em âmbito nacional
contra a centro-esquerda burguesa representada por Obrador. O MRT no Brasil faz
o mesmo com relação a candidatura de Boulos pelo PSOL, não se delimitando com
seu programa frente populista para não se chocar com a pequena-burguesia que
apoia uma candidatura que é um braço auxiliar do PT. Como se observa trata-se
de uma política de capitulação internacional da FT em relação ao reformismo. O
PO foi no mesmo sentido, Altamira escreveu um longo artigo “analítico” em que
não expressa nenhuma posição eleitoral, a LIT fez o mesmo! Em resumo, esse arco
centrista não enfrentou a onda frente populista que sacadiu o México nestas
eleições. Ao contrário desses farsantes, declaramos que o pacto estabelecido
por Obrador com a burguesia pela estabilidade do regime político levando a sua
vitória eleitoral colocou como necessidade imperiosa a construção de uma
direção revolucionária à altura da situação que o país se encontra. Forjar um
partido autenticamente comunista, operário e internacionalista oposto aos
atalhos patrocinados pelos revisionistas do trotskismo em todas as suas
variantes que atuam como uma sombra de Obrador é uma necessidade fundamental da
vanguarda classista mexicana. Longe de avalizar a política de colaboração de
classe é preciso construir uma ferramenta revolucionária que se oponha pelo
vértice a esse curso de colaboração de classes. Arrancar os sindicatos das mãos
das corruptas máfias e da nefasta influência do PRD e de Obrador, do “Morena” e
seus satélites é parte fundamental da tarefa histórica dos marxistas
revolucionários neste momento em que se anuncia um “novo governo” de centro-esquerda
burguesa.