segunda-feira, 2 de julho de 2018

VITÓRIA DE OBRADOR NO MÉXICO: ENQUANTO O CENTRISMO “CLÁSSICO” (CMI/ALAN WOODS) CHAMOU O VOTO NO NACIONALISMO BURGUÊS, O CENTRISMO DE “ESQUERDA” (PTS/MRT) TEVE VERGONHA DE PUBLICITAR O VOTO NULO


Andrés Manuel Lopez Obrador, mais conhecido como AMLO, ganhou as eleições presidenciais no México ocorridas neste domingo, 1º de Julho. Depois de ser alvo de duas fraudes eleitorais o representante do nacionalismo burguês conquistou o posto de gerente dos negócios da burguesia. Ele disputou pela terceira vez a presidência depois de “perder” o governo central primeiro para o PAN de Fox e depois para o PRI do atual presidente Peña Nieto. Obrador desta vez apostou no “revezamento de partidos” da democracia dos ricos, não se cansando em afirmar que acreditava em “eleições limpas e transparentes”, patrocinando entre os trabalhadores ilusões nesse regime bastardo. Ele inclusive apontou que como Lula no Brasil tentou três vezes ser presidente e conseguiu, seria a vez do México “seguir o exemplo” do Brasil em nome da estabilidade da ordem burguesa. Trata-se de uma opção da burguesia mexicana depois do completo esgotamento do regime político burguês em bancarrota. Os revisionistas do Trotskismo se dividiram nesta eleição. O centrismo “clássico” agrupado em torno do Corrente Marxista Internacional (CMI) de Alan Woods chamou abertamente o voto em AMLO com o slogan de “Vote e lute contra a direita e o capitalismo”, ou seja, buscou diluir o caráter burguês da candidatura do MORENA, um racha a esquerda do PRD, usando a surrada fórmula de “unidade contra a direita”. Nesse sentido, assim como a CIT (LSR no Brasil), praticamente não denunciaram o programa de conciliação de classes de Obrador em nome de garantir sua vitória eleitoral. Por sua vez, o centrismo de “esquerda” agrupado no PTS, PO e LIT teve vergonha em publicitar o chamado ao voto nulo. O exemplo mais vergonhoso dessa posição foi o MTS (satélite do PTS argentino) que se anulou completamente no processo político, limitando-se a fazer uma campanha eleitoral barrial em torno das vereadoras Sulem Estrada e Miriam Hernández do Distrito 32 de Coyoacán sem dar nenhum combate político em âmbito nacional contra a centro-esquerda burguesa representada por Obrador. O MRT no Brasil faz o mesmo com relação a candidatura de Boulos pelo PSOL, não se delimitando com seu programa frente populista para não se chocar com a pequena-burguesia que apoia uma candidatura que é um braço auxiliar do PT. Como se observa trata-se de uma política de capitulação internacional da FT em relação ao reformismo. O PO foi no mesmo sentido, Altamira escreveu um longo artigo “analítico” em que não expressa nenhuma posição eleitoral, a LIT fez o mesmo! Em resumo, esse arco centrista não enfrentou a onda frente populista que sacadiu o México nestas eleições. Ao contrário desses farsantes, declaramos que o pacto estabelecido por Obrador com a burguesia pela estabilidade do regime político levando a sua vitória eleitoral colocou como necessidade imperiosa a construção de uma direção revolucionária à altura da situação que o país se encontra. Forjar um partido autenticamente comunista, operário e internacionalista oposto aos atalhos patrocinados pelos revisionistas do trotskismo em todas as suas variantes que atuam como uma sombra de Obrador é uma necessidade fundamental da vanguarda classista mexicana. Longe de avalizar a política de colaboração de classe é preciso construir uma ferramenta revolucionária que se oponha pelo vértice a esse curso de colaboração de classes. Arrancar os sindicatos das mãos das corruptas máfias e da nefasta influência do PRD e de Obrador, do “Morena” e seus satélites é parte fundamental da tarefa histórica dos marxistas revolucionários neste momento em que se anuncia um “novo governo” de centro-esquerda burguesa.