HÁ TRÊS ANOS DO FALECIMENTO DE VITO GIANNOTTI: UMA VIDA
INTEGRALMENTE DEDICADA À CAUSA DA EMANCIPAÇÃO DO PROLETARIADO
O Blog da LBI registra com muito respeito militante a
lembrança do companheiro Vito Giannotti, cuja morte ocorria exatamente há três
anos atrás, no dia 24/07/2015. Vito era um genuíno representante de uma geração
de militantes socialistas que dedicou toda sua vida a causa da emancipação do
proletariado, desde os primeiros combates na juventude até o seu último dia de
vida, aos 72 anos de idade. Vito poderia tranquilamente ter se dedicado em sua
última fase da vida a "fazer negócios" seguindo a trilha de uma
camada de antigos dirigentes da esquerda que após a queda da URSS e na
sequência da ascensão do governo petista a gerência estatal no Brasil
abandonaram completamente os princípios da independência da classe operária.
Nascido na Itália Vito chegou ao Brasil nos anos 60 com pouco mais de vinte
anos de idade e logo abraçou a luta socialista em uma etapa de profunda
ebulição política. Mas foi em meados da década de 70 que Vito desempenhou um
papel fundamental na organização da resistência operária ao regime militar. Um
dos fundadores do oposição metalúrgica de São Paulo, Vito soube organizar
dentro das fábricas núcleos políticos sindicais para lutar contra o arrocho
salarial da ditadura e ao mesmo tempo avançar na consciência da necessidade de
resgatar os sindicatos das mãos dos pelegos que faziam o " jogo" dos
patrões, como o lendário traidor Joaquinzão. O MOMSP (movimento de oposição dos
metalúrgicos de São Paulo), integrado por Giannotti, fez história ao lançar a
primeira chapa de esquerda, após a intensificação da repressão durante o
governo Médici em 1972, no maior sindicato operário da América Latina. O
corajoso exemplo do MOMSP, que sobreviveu até as eleições sindicais de 87
quando foi " fraturado" pela corrente Articulação (PT), estimulou o processo
de criação da CUT em 83, da qual Vito participou ativamente. Na luta política
no interior da CUT, o MOMSP logo se tornou uma referência da esquerda classista
impulsionando a tendência "CUT pela Base", tendo a figura de
Giannotti com um dos seus principais formuladores. Finalizada a experiência do
MOMSP na década de 90, com a hegemonia da CUT no movimento sindical brasileiro,
Vito se dedica mais a elaboração teórica sobre a comunicação operária, fundando
com sua companheira Claudia Santiago o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC),
focado na formação política de novas lideranças sindicais. O NPC se estabelece
na cidade do Rio de Janeiro e logo ganha o respeito de todas as correntes da
esquerda socialista pela seriedade e empenho de Giannotti, seus cursos de formações
recebiam audiência de várias regiões do país. Vito agora travava uma dura
batalha contra os oligopólios da mídia corporativa, ressaltando a importância
da existência de uma imprensa operária independente. No centro do Rio, Vito
organizou um espaço aberto exclusivamente para publicações da esquerda, era a
livraria Antônio Gramsci (AG). Nesta livraria, a editora publicações LBI teve a
honra de lançar em meio da anterior campanha eleitoral de 2014, seu livro sobre
o embuste de Marina Silva e a operação política que levou à morte o
ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos. A editora da LBI estava planejando
em conjunto com Vito e a livraria AG o lançamento de seu novo livro sobre a
"Ofensiva imperial para destruir a PETROBRAS" quando foi surpreendida
com a dolorida notícia do falecimento de Giannotti. Somos conscientes do
tamanho da perda para o movimento social com a partida de Vito, um quadro
orgânico que não se vendeu ao capital, lúcido da etapa de ofensiva reacionária
do imperialismo contra as conquistas operárias. Vito apesar da crença no futuro
socialista da humanidade sabia muito bem dos enormes retrocessos e dificuldades
apresentados na atual etapa histórica da luta de classes. Em sua última
postagem em uma rede social afirmou o seguinte: " Daqui trezentos anos
mudaremos esta situação ". Companheiro Vito Giannotti não sabemos ao certo
o tempo exato que levará para o triunfo revolucionário de nossos ideais de
liberdade e igualdade social plena, sabemos sim que levaremos um longo tempo
para que a ideologia marxista conflua para a reconstrução do partido leninista
e que este possa ganhar a influência das amplas massas proletárias no caminho
da demolição do capitalismo mundializado. Porém sua valorosa contribuição e
exemplo de vida servirão como bússola para uma nova geração de operários
socialistas, que como você saiu do "chão da fábrica para os livros"
sem nunca perder a referência da luta de classes e do horizonte socialista.