Na peça shakespeariana "sonhos de uma noite de
verão", o grande gênio da dramaturgia definia assim as ilusões deletérias
de um tolo: "Tudo aquilo não passou de um sonho, um sonho... de uma noite
de verão". Foi assim que no calor do sertão sobralense, Ciro Gomes sonhou
em ter o apoio do chamado "Centrão" para sua ambiciosa empreitada
eleitoral rumo ao Palácio do Planalto, porém tudo se desfez na noite de ontem (19/07)
quando os dirigentes do Blocão que reúne a pior escória política do país,
anunciaram o apoio ao tucano Geraldo Alckmin, consolidando assim o projeto de
uma nova hegemonia nacional que pretende controlar além da Presidência da República,
os comandos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. O papel do anti-Lula
nas próximas eleições não recairá sobre os ombros do "coronel" Ciro
Gomes, ficará a cargo de um tucano de "alta plumagem", representante
legítimo da burguesia paulista e porta-voz do rentismo financeiro nacional,
tendo como fiador "oculto" da nova aliança selada com o
"Centrão", o próprio golpista mor: Michel Temer. Com um certo atraso,
devido a profunda crise do regime, enfim as classes dominantes ungiram seu
candidato preferencial à gerência geral do Estado burguês, o "picolé de
chuchu" ocupará o vazio político deixado pela falência política de
colaboração de classes Frente Popular e da impossibilidade momentânea (tarefa
de manter Lula preso) do justiceiro Moro em se lançar já em 2018 ao Planalto.
Mais que tempo na propaganda eleitoral na TV, Alckmin ganhou a chancela da
burguesia para ter a missão de defender as antipáticas reformas neoliberais em
plena campanha presidencial, o que seria muito difícil para Ciro do PDT, que se
apresenta como a máscara política de "neodesenvolvimentista", embora
não saiba muito bem o que isto representa. É certo que o anúncio do Centrão
ainda carece do pleno aval da Casa Branca e por consequência da Famiglia
Marinho, que se mantinha cética em relação a capacidade do "santo" da
Opus Dei desempenhar o papel de protagonista no cenário da defenestração
política do PT. As organizações Globo mantinham até o último minuto a esperança
de ver o seu "produto", Sérgio Moro, "brilhar" nas urnas
eletrônicas em outubro próximo, como o "Salvador da Pátria". Com
Alckmin no governo central seguirá firme o "ajuste" ditado pelo
mercado financeiro, interrompido parcialmente pela paralisia do bandido Temer,
porém os planos de recrudescimento do regime político sofrerão um certo atraso
em relação as grandes expectativas geradas pelo setor mais recalcitrante da
burguesia imperialista. Ficará para ser resolvida em um segundo momento se o
governo do PSDB/Centrão terá condições de finalizar sua "agenda de
reformas", ou sofrerá um golpe bonapartista, desta vez orientado
diretamente pela "República de Curitiba". Para o PT a eleição de uma
nutrida bancada parlamentar em 2018 é a garantia que se manterá vivo como uma
das alternativas da burguesia, para quem sabe um novo ciclo histórico de
ampliação de novos mercados mundiais, como ocorreu a partir de 2002 e se
interrompeu com o esgotamento da super valorização das comodities
agro-minerais.