terça-feira, 31 de dezembro de 2024

UM BREVE BALANÇO DA ECONOMIA CAPITALISTA EM 2024: 2025 SERÁ O ANO DO CRASH FINANCEIRO?

A virada do ano nos desafia alguns prognósticos sobre o que acontecerá à economia capitalista mundial e aos seus principais países imperialistas em 2025. Muitos economistas consideram que é uma perda de tempo fazer tais estes prognósticos, uma vez que nunca são exatos e, muitas vezes, acontece exatamente o contrário. Obviamente estes “furos” são calçados na própria anarquia da economia capitalista de mercado. É claro que as “previsões” materialistas estão envoltas em erros, tendo em conta as muitas variáveis que determinam os vetores das forças produtivas. Vale lembrar que as previsões meteorológicas continuam a ser difíceis de fazer e os meteorologistas estão sempre lidando com acontecimentos físicos e não (pelo menos diretamente) com ações humanas. No entanto, as previsões meteorológicas com uma antecedência de até três dias são atualmente bastante precisas.  Assim, se considerarmos que a economia é uma ciência (embora uma ciência social), então fazer prognósticos a longo e a curto prazo) também faz parte do teste das teorias marxistas. 

Em síntese, 2024 parece ter sido um ano de abrandamento do crescimento econômico para a maioria dos países e, provavelmente, de maior recessão na Europa, América Latina e Ásia. A crise da dívida pública nos países chamados periféricos que não têm energia ou minerais para vender vai agravar-se. Por isso, mesmo que os EUA tenham evitado uma recessão interna total este ano, não será uma “aterrisagem suave” para a maioria das nações do mundo em 2025.

O ano de 2024 foi marcado por eleições. Realizaram-se 40 eleições nacionais, abrangendo 41% da população mundial e representando 42% do PIB global. Relativamente à eleição mais importante, a eleição presidencial dos EUA, foi deslocada uma fabulosa massa de capital financeiro que impactou no retardamento de um crash econômico, mas que continua latente como perspectiva para o imperialismo ianque.

O ano de 2024 terminou com seis das sete principais economias centrais capitalistas em estagnação ou em recessão total, medida com base no produto interno bruto (PIB). E, quando medido com base no PIB por pessoa, até os EUA, a economia com melhor desempenho do G7, não se saiu tão bem, enquanto as restantes economias colaterais ficaram estagnadas, na melhor das hipóteses.

O próprio Banco Mundial, um dos organismos da Governança Global do Capital Financeiro, apresentou um quadro sombrio da economia capitalista. Em 2024:  “A redução global da pobreza extrema abrandou até quase estagnar, com 2020-30 já sendo uma década perdida”. Cerca de 3,5 mil milhões de pessoas vivem com menos de 6,85 dólares por dia, o limiar de pobreza mais relevante para os países de “rendimento médio”, que albergam três quartos da população mundial.

Em 2024, a economia dos EUA aumentou cerca de 2,5% do PIB real em 2024, criando a imagem do “excepcionalismo” dos EUA: uma economia forte, um dólar forte e uma expansão impulsionada pelos combustíveis fósseis e pela IA. A BlackRock, o maior fundo financeiro de “investimento” do mundo, nas suas previsões para 2025, considera que “Os ciclos de expansão e recessão do capitalismo terminaram”.

O fator mais importante na análise das perspectivas da economia capitalista mundial para o ano de 2025 tem que ser os lucros (e a rentabilidade) das empresas monopolistas a nível mundial, uma vez que este é o motor da produção industrial e do investimento capitalista. Se os lucros das grandes corporações do mundo continuarem a diminuir em 2025, o financiamento da dívida e a absorção do fraco comércio internacional poderão ser o elemento detonador de um novo crash financeiro global , ainda bem mais profundo do que o ocorrido em 2008.