quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


CPI da “Privataria Tucana”, uma manobra distracionista do PCdoB e PSOL para avalizar o “desmonte” Petista

A CPI da “Privataria Tucana”, baseada no livro “denúncia” do jornalista Amaury Junior, foi protocolada nesta quarta (21/12) na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados com as assinaturas de 185 parlamentares de diversos partidos. A iniciativa política da instalação desta “explosiva” CPI coube ao deputado Protógenes Queiroz (PCdoB), que contou com a preciosa ajuda do colega Chico Alencar (PSOL), além de alguns parlamentares Petistas que descumpriram a orientação palaciana de boicotar a CPI da “privataria”. Já o presidente da casa, Marco Maia (PT), não deu muitas esperanças de instalar de fato a CPI, alegando outras “prioridades” para os trabalhos legislativos de 2012. O inusitado foi a coleta de nomes de peso do DEM para a CPI, produto da crise aberta durante a última campanha presidencial entre José Serra e os “caciques” do ex-PFL. Na verdade, esta CPI, assim como todas as outras, não tem o menor objetivo de apurar a fundo os delitos da “elite” estatal dominante, corrupta e decadente. Seu foco político, na direção inversa do que anuncia, concentra-se justamente na disputa interburguesa pelo atual controle do desmonte das estatais que sobreviveram a “Privataria Tucana”. Se o “bode expiatório” da vez é o corrupto Serra, carta já fora do baralho do tabuleiro do jogo pesado das corporações capitalistas, já a feroz disputa pela posse do botim estatal é o móvel vigente das oligarquias políticas que parasitam este país.

Portanto, a “explosividade” da CPI da “Privataria”, caso consiga ser efetivamente instalada, concentra-se na promessa de uma brutal briga de “foice no escuro” entre as camarilhas dominantes, e nunca em qualquer ação concreta contra os bandidos “oficiais” que “queimaram” o patrimônio do Estado brasileiro. Nos bastidores de Brasília corre à “boca miúda” que foi o próprio Aécio Neves o patrono do livro de Amaury, o certo é que Serra já perdeu totalmente o controle chegando até mesmo a agredir fisicamente o deputado “aecista”, Rodrigo de Castro. FHC que em tese seria o principal protagonista da “Privataria Tucana” há muito já se “refugiou” debaixo das saias de Dilma, abandonando seu ex-ministro da saúde a sua própria sorte.

No campo da frente popular, mais além do estardalhaço da Blogosfera “chapa branca”, não há o menor empenho em apurar seriamente os crimes da roubalheira da era tucana, sem falar é claro na possibilidade de reverter alguma das privatizações fraudulentas. Os poucos deputados do PT signatários da CPI, foram movidos pela barganha aberta com o governo Dilma, que por razões obvias desencorajou o “ímpeto” da esquerda petista. Na contramão dos poucos cargos e benesses recebidas, Protógenes com o apoio tímido do PCdoB resolveu bancar a nova “pizza” de mais uma CPI inútil para o povo brasileiro, mas que poderá render muitos “dividendos” tanto para setores da base aliada como para a oposição de direita, ávida para se livrar definitivamente do peso morto dos Serristas.

Como não poderia deixar de ser, a chamada “oposição de esquerda”, ou pelo menos sua fração parlamentar, o PSOL, veio em socorro da farsa política montada por Protógenes, de olho nas próximas eleições municipais. Se realmente quisessem combater a “privataria” não só tucana mas também a petista, a “oposição de esquerda” e o ex-delegado Protógenes teriam denunciado na tribuna do Parlamento a cumplicidade do governo Lula/Dilma com o PSDB, em especial na “inviolabilidade” dos atos jurídicos e institucionais que permitiram a entrega das estatais ao capital financeiro. Como é refém do “estado de direito” a “oposição de esquerda” é impotente, política e programaticamente, em travar uma luta consequente e de massas contra o desmonte passado e presente do Estado nacional, no que tange às conquistas históricas da classe operária e do povo brasileiro. Para conduzir o “bom combate” contra as investidas do capital imperialista na arena estatal, o proletariado não deve nutrir a menor ilusão política no Parlamento burguês, corrupto até a medula. Somente a ação direta e consciente (programa) das massas será capaz de derrotar definitivamente toda esta “elite” republicana decadente e “congenitamente” corrupta.