“A privataria tucana” e a cumplicidade Lulista
Finalmente, após uma dura batalha judicial foi lançado o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr, “A privataria tucana”. Amaury Jr acabou virando um personagem importante das últimas eleições presidenciais, por conta do anúncio de sua obra onde denunciava os esquemas de lavagem de dinheiro obtidos com as privatizações realizadas no governo de FHC. No seu livro, Amaury revela que o ex-governador José Serra era o operador central da lavagem do dinheiro da “privataria” tucana, o que lhe rendeu em plena campanha eleitoral do ano passado um indiciamento da Polícia Federal petista e a proibição do lançamento de seu livro na ocasião. Agora toda a “blogsfera” de “esquerda” tem dado ampla cobertura ao sério trabalho investigativo do jornalista mineiro, com o claro objetivo de sepultar de vez a figura sinistra do arquicorrupto Serra, ainda mais neste momento onde sua rejeição política consegue atingir todos os recordes de impopularidade.
Agora, o que a “blogsfera” chapa branca não diz é que a gestão da frente popular não só deu continuidade à política neoliberal das privatizações, como também encobriu, política e juridicamente, todas as maracutaias tucanas, para preservar sua influência no seio do imperialismo, patrono da estratégia de debilitar o Estado burguês nacional. Estamos assistindo um verdadeiro “show” de privatizações de nossos aeroportos em pleno governo Dilma, tudo para atender os investimentos estrangeiros no meganegócio da Copa do Mundo e das olimpíadas. E como esquecer a privatização dos bancos estaduais, como o BEC, chancelada na gerência do “operário” Lula que se dizia contra a entrega das empresas estatais ao capital financeiro. O caso emblemático da “doação” ilegal da Vale por um preço simbólico não foi revertido pelas gestões petistas, que optou por indicar um presidente na ex-gigante estatal do minério, alinhado com a política de “favorecer” os novos parceiros da burguesia, como o biliardário Eike Batista.
Como marxistas revolucionários não somos partidários do “estatismo” de uma forma geral e abstrata. Não consideramos as empresas ainda sob controle do Estado burguês, como a Petrobras e o Banco do Brasil, por exemplo, como “empresas públicas” a serviço do país. As empresas estatais, sob um regime capitalista servem à acumulação geral da burguesia, e isto independe do matiz político do governo de plantão. Se as privatizações favorecem a determinados clãs da oligarquia (como os Jeressati na geração FHC ou os Batista na era Lula), azeitando a penetração do capital internacional no Brasil, por contrapartida à manutenção da maioria das estatais no atual “modelo”, como defendem os “nacionalistas de esquerda”, serve ao fortalecimento da burguesia “tupiniquim”, sócia menor das corporações imperialistas.
Somente o efetivo controle operário das empresas estatais poderá representar um elemento progressivo e transicional para a efetiva tomada do poder de toda a produção pela classe operária. Qualquer tentativa de apresentar empresas “ocupadas” sob uma gestão cooperativa, como sendo o verdadeiro controle operário da produção não passa de uma fraude política e programática. Casos como as fábricas Flaskô no Brasil e a Zanon na Argentina são um exemplo da farsa de cooperativismo, na qual os revisionistas (Alan Woods e PTS) insistem em chamar de “empresas sob controle operário”. No marco de uma economia regida pela lei do valor, o controle operário de uma indústria ou empresa capitalista só poderá ocorrer em um breve lapso de tempo e ainda mais no marco de uma crise revolucionária geral da sociedade. A defesa da estatização sob controle operário e a própria denúncia política das privatizações sob encomenda do imperialismo, devem estar necessariamente “coladas” ao programa da revolução socialista e da ditadura do proletariado, caso contrário não passarão de demagogia nacionalista burguesa ou retórica revisionista.