UM PRIMEIRO BALANÇO DO 29M: FRACO DIA NACIONAL DE LUTA NÃO
SERVIU COMO PONTO DE APOIO PARA A CONSTRUÇÃO DA GREVE GERAL
Desgraçadamente nosso prognóstico se confirmou. O “dia
nacional de luta” ocorrido nesta sexta-feira, 29, foi muito aquém da mobilização
do último dia 15 de abril. O que deveria
ser um ponto de apoio e unificação das lutas rumo à construção da greve geral contra o ajuste neoliberal e a terceirização se mostrou um
tímido protesto nas capitais do país, onde as atividades foram parcialmente afetadas apenas quando houve paralisações de
ônibus e metrô, como ocorreu em Belo Horizonte e Porto Alegre. Nos outros estados, os
atos foram pequenos, a exceção de cidades onde categorias importantes estavam
em campanha salarial, como os trabalhadores da construção civil em Fortaleza e professores em outras capitais.
Em São Paulo, os bloqueios de rua pela manhã promovidos pelo MTST e a manifestação na entrada da USP, duramente reprimida pela PM, foram os pontos mais
significativos do dia, além da passeada no ABC. A greve dos professores estaduais, apesar de mantida,
está em descenso e sofre a sabotagem da direção da APEOSP da “oposição”
dirigida pelo PSTU. Nesse sentido, a não paralisação dos metroviários na capital paulista, cujo
sindicato é controlado pela Conlutas foi um golpe fatal para o fracasso da
manifestação em São Paulo. No Rio de Janeiro, a greve dos professores das
universidade federais, como a UFRJ e a UFF assim como a luta dos estudantes da UERJ marcou o dia, porém os
rodoviários e os garis não paralisaram as atividades. Para fechar esse quadro
de baixa mobilização, segue o impasse no Paraná, com os professores em greve
sem que o calhorda Beto Richa (PSDB) recue, assim como Alckmin em São Paulo. Contribuiu muito para esse cenário
o fato do governo Dilma ter aprovada as MPs 664 e 665 no Câmara dos Deputados e
no Senado na véspera do dia 29, ou seja, a manifestação convocada pela CUT, CTB e Conlutas ocorreu quando o ajuste
neoliberal de Levy já estava votado no parlamento sem que as centrais mobilizassem suas bases. Como a LBI já havia denunciado, o “dia nacional de
luta” foi um manobra distracionista das direções da CUT e CTB que encenaram
lutar contra as MPs enquanto os partidos que controlam estas centrais (PT e
PCdoB) apoiavam as medidas anti-povo com o apoio da direita e da Rede Globo.
Infelizmente, perdeu-se uma grande oportunidade para fortalecer a resistência aos
ataques dos patrões e do governo Dilma contra os trabalhadores. As perspectivas
de que os explorados possam derrotar o projeto de terceirização que será votado
no Senado (PL 30/2015) e enfrentar o ajuste neoliberal através da luta direta de forma
vitoriosa se reduziram muito com o revés do dia 29, apontando uma dura realidade de aumento do
desemprego, dos ataques aos direitos sociais e cerceamento da organização política via a contrarreforma política no
próximo período orquestrada pelas mãos da “gerentona” petista em conluio com Eduardo Cunha-Renan Calheiros-Micher Temer (PMDB) e a oposição demo-tucana no parlamento.
O PSTU avaliou que “Paralisações e manifestações tomam conta
do país contra as MP's de Dilma, a terceirização e o ajuste fiscal” afirmando
que “É preciso continuar a mobilização rumo a uma Greve Geral”. Essa
caracterização trata-se de um engodo, já que como o governo aprovou o ajuste no
Congresso, o movimento deve arrefecer. Resta o combate a Terceirização, em que
a CUT vai centrar fogo no “combate a direita e o PSDB” protegendo o governo
Dilma. Desse forma, qualquer próxima mobilização serve como cortina de fumaça
para tirar o foco do Planalto. Já no cínico balanço feito pela LER-QI (atual
MRT) sobre o dia 29, intitulado “29M: Uma importante jornada de protesto,
apesar do corpo mole da burocracia sindical”, afirma que a “CUT é um obstáculo
para que se efetive uma verdadeira paralisação nacional que obrigue o governo a
recuar dos ataques” mas não fala do papel do PSTU e da Conlutas na sabotagem do
dia de luta, que não paralisaram os metroviários de SP. Tal silêncio do MRT se
deve ao fato de que a própria LER junto com a CST alinhou-se ao PSTU na defesa
da proposta vergonhosa de não realizar a greve. Na assembleia dos metroviários
realizada no dia 26, houve uma ação orquestrada entre a Unidos para Lutar (CST-PSOL)
e o PSTU/Conlutas. O PSTU propôs o “atraso no horário comercial” com
paralisação de duas horas mas as correntes do PSOL alegaram que nem isso era
possível fazer. Contaram para tanto com o apoio da LER-QI que também se colocou contra a
greve.
Embora as ações do dia tenham sido de baixo impacto como as paralisações parciais em algumas fábricas do ABC, fica claro a limitação objetiva da burocracia sindical como um
todo, em mobilizar suas bases rumo a uma Greve Geral forte e o impulso a uma
agenda de lutas séria dos trabalhadores, como única forma de derrotar o golpe
patronal e o fim da CLT. Apesar da relativa pressão sobre a burocracia, o que se viu foi uma
série de manifestações sem grande impacto contra o capital e a negativa por
parte dos traidores sindicais, em mobilizar de verdade a classe com
paralisações fortes nas diversas categorias que atuam, apesar de possuírem
total condições para isso. Além de que, o que se viu, foi a tentativa por parte
destes setores em blindar vergonhosamente o governo da Frente Popular.
Como defendemos nos atos em que intervimos, é necessário que
se impulsione no país uma verdadeira agenda de luta classista para a
articulação de uma Greve Geral poderosa. Que seja discutido em cada local de
trabalho, estudo e moradia as consequências para os trabalhadores, de tais
ataques burgueses contra os direitos operários, desferidos por todos os
partidos da ordem, desde o PT-PMDB, até a máfia tucana do PSDB. Só a luta
direta dos trabalhadores, passando por cima das traições conciliatórias da
burocracia sindical traidora, pode barrar o conjunto de ataques sem precedentes
levado a cabo pelo Estado capitalista em crise estrutural contra o
proletariado. Desde a LBI e as oposições sindicais da TRS alertamos que esta
política levará a derrota do movimento. As manifestações deste dia 29 devem
servir como uma alavanca de um amplo processo de organização para uma ação
direta dos trabalhadores em direção a uma verdadeira Greve Geral no país para
barrar o ajuste neoliberal e a terceirização, tendo claro que não só Eduardo
Cunha e a direita demo-tucana mas principalmente o governo Dilma estão na mesma
trincheira de classe da burguesia no ataque aos trabalhadores, seus direitos e
conquistas!