sábado, 30 de maio de 2015


UM PRIMEIRO BALANÇO DO 29M: FRACO DIA NACIONAL DE LUTA NÃO SERVIU COMO PONTO DE APOIO PARA A CONSTRUÇÃO DA GREVE GERAL 

Desgraçadamente nosso prognóstico se confirmou. O “dia nacional de luta” ocorrido nesta sexta-feira, 29, foi muito aquém da mobilização do último dia 15 de abril. O que deveria ser um ponto de apoio e unificação das lutas rumo à construção da greve geral contra o ajuste neoliberal e a terceirização se mostrou um tímido protesto nas capitais do país, onde as atividades foram parcialmente afetadas apenas quando houve paralisações de ônibus e metrô, como ocorreu em Belo Horizonte e Porto Alegre. Nos outros estados, os atos foram pequenos, a exceção de cidades onde categorias importantes estavam em campanha salarial, como os trabalhadores da construção civil em Fortaleza e professores em outras capitais. Em São Paulo, os bloqueios de rua pela manhã promovidos pelo MTST e a manifestação na entrada da USP, duramente reprimida pela PM, foram os pontos mais significativos do dia, além da passeada no ABC. A greve dos professores estaduais, apesar de mantida, está em descenso e sofre a sabotagem da direção da APEOSP da “oposição” dirigida pelo PSTU. Nesse sentido, a não paralisação dos metroviários na capital paulista, cujo sindicato é controlado pela Conlutas foi um golpe fatal para o fracasso da manifestação em São Paulo. No Rio de Janeiro, a greve dos professores das universidade federais, como a UFRJ e a UFF assim como a luta dos estudantes da UERJ marcou o dia, porém os rodoviários e os garis não paralisaram as atividades. Para fechar esse quadro de baixa mobilização, segue o impasse no Paraná, com os professores em greve sem que o calhorda Beto Richa (PSDB) recue, assim como Alckmin em São Paulo. Contribuiu muito para esse cenário o fato do governo Dilma ter aprovada as MPs 664 e 665 no Câmara dos Deputados e no Senado na véspera do dia 29, ou seja, a manifestação convocada pela CUT, CTB e Conlutas ocorreu quando o ajuste neoliberal de Levy já estava votado no parlamento sem que as centrais mobilizassem suas bases. Como a LBI já havia denunciado, o “dia nacional de luta” foi um manobra distracionista das direções da CUT e CTB que encenaram lutar contra as MPs enquanto os partidos que controlam estas centrais (PT e PCdoB) apoiavam as medidas anti-povo com o apoio da direita e da Rede Globo. Infelizmente, perdeu-se uma grande oportunidade para fortalecer a resistência aos ataques dos patrões e do governo Dilma contra os trabalhadores. As perspectivas de que os explorados possam derrotar o projeto de terceirização que será votado no Senado (PL 30/2015) e enfrentar o ajuste neoliberal através da luta direta de forma vitoriosa se reduziram muito com o revés do dia 29, apontando uma dura realidade de aumento do desemprego, dos ataques aos direitos sociais e cerceamento da organização política via a contrarreforma política no próximo período orquestrada pelas mãos da “gerentona” petista em conluio com Eduardo Cunha-Renan Calheiros-Micher Temer (PMDB) e a oposição demo-tucana no parlamento.   

O PSTU avaliou que “Paralisações e manifestações tomam conta do país contra as MP's de Dilma, a terceirização e o ajuste fiscal” afirmando que “É preciso continuar a mobilização rumo a uma Greve Geral”. Essa caracterização trata-se de um engodo, já que como o governo aprovou o ajuste no Congresso, o movimento deve arrefecer. Resta o combate a Terceirização, em que a CUT vai centrar fogo no “combate a direita e o PSDB” protegendo o governo Dilma. Desse forma, qualquer próxima mobilização serve como cortina de fumaça para tirar o foco do Planalto. Já no cínico balanço feito pela LER-QI (atual MRT) sobre o dia 29, intitulado “29M: Uma importante jornada de protesto, apesar do corpo mole da burocracia sindical”, afirma que a “CUT é um obstáculo para que se efetive uma verdadeira paralisação nacional que obrigue o governo a recuar dos ataques” mas não fala do papel do PSTU e da Conlutas na sabotagem do dia de luta, que não paralisaram os metroviários de SP. Tal silêncio do MRT se deve ao fato de que a própria LER junto com a CST alinhou-se ao PSTU na defesa da proposta vergonhosa de não realizar a greve. Na assembleia dos metroviários realizada no dia 26, houve uma ação orquestrada entre a Unidos para Lutar (CST-PSOL) e o PSTU/Conlutas. O PSTU propôs o “atraso no horário comercial” com paralisação de duas horas mas as correntes do PSOL alegaram que nem isso era possível fazer. Contaram para tanto com o apoio da LER-QI que também se colocou contra a greve.  

Embora as ações do dia tenham sido de baixo impacto como as paralisações parciais em algumas fábricas do ABC, fica claro a limitação objetiva da burocracia sindical como um todo, em mobilizar suas bases rumo a uma Greve Geral forte e o impulso a uma agenda de lutas séria dos trabalhadores, como única forma de derrotar o golpe patronal e o fim da CLT. Apesar da relativa pressão sobre a burocracia, o que se viu foi uma série de manifestações sem grande impacto contra o capital e a negativa por parte dos traidores sindicais, em mobilizar de verdade a classe com paralisações fortes nas diversas categorias que atuam, apesar de possuírem total condições para isso. Além de que, o que se viu, foi a tentativa por parte destes setores em blindar vergonhosamente o governo da Frente Popular.

Como defendemos nos atos em que intervimos, é necessário que se impulsione no país uma verdadeira agenda de luta classista para a articulação de uma Greve Geral poderosa. Que seja discutido em cada local de trabalho, estudo e moradia as consequências para os trabalhadores, de tais ataques burgueses contra os direitos operários, desferidos por todos os partidos da ordem, desde o PT-PMDB, até a máfia tucana do PSDB. Só a luta direta dos trabalhadores, passando por cima das traições conciliatórias da burocracia sindical traidora, pode barrar o conjunto de ataques sem precedentes levado a cabo pelo Estado capitalista em crise estrutural contra o proletariado. Desde a LBI e as oposições sindicais da TRS alertamos que esta política levará a derrota do movimento. As manifestações deste dia 29 devem servir como uma alavanca de um amplo processo de organização para uma ação direta dos trabalhadores em direção a uma verdadeira Greve Geral no país para barrar o ajuste neoliberal e a terceirização, tendo claro que não só Eduardo Cunha e a direita demo-tucana mas principalmente o governo Dilma estão na mesma trincheira de classe da burguesia no ataque aos trabalhadores, seus direitos e conquistas!