sexta-feira, 15 de maio de 2015


29 DE MAIO: DIA DE LUTA CONTRA A TERCEIRIZAÇÃO E O AJUSTE NEOLIBERAL OU UMA MANOBRA DISTRACIONISTA DA CUT PARA BLINDAR DILMA?

A CUT, junto com outras centrais sindicais como a CTB, NCST e UGT, convocou para 29 de maio um “Dia nacional de paralisação e manifestações rumo à Greve Geral”. A iniciativa conta com o apoio da CSP-Conlutas e da Intersindical. O eixo do protesto é “Contra a Terceirização, as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665 e o ajuste fiscal. Em defesa dos direitos e da democracia”. Sem dúvida alguma este chamado pode representar um passo progressivo para unir os sindicatos e suas bases na luta direta contra a precarização da mão de obra em nosso país que se aprofundará com a aprovação do PL 4330 no parlamento (agora PLC 30 no Senado) e contra o ajuste neoliberal levado a cabo pelo governo Dilma. Justamente por ter essa caracterização a LBI e as oposições ligadas a TRS participarão da manifestação e defendem que os sindicatos convoquem desde já assembleias amplas e democráticas para organizar a paralisação nos locais de trabalho, dos transpores públicos (ônibus e metrô) e nas escolas e universidades, fazendo desde dia um esforço concreto rumo a construção da Greve Geral. Entretanto, alguns fatos graves começam desgraçadamente a demonstrar que tal chamado pode ser uma manobra distracionista da direção da CUT no sentido de centrar o protesto no combate a aprovação do PL 4330 (que a Central acusa ter sido obra exclusiva de Eduardo Cunha e da oposição demo-tucana) a fim de secundarizar a luta contra o ajuste neoliberal do governo Dilma, pacote de maldades cujas medidas draconianas restringem benefícios do INSS. As MPs 664 e 665 tiveram o apoio do PT e PCdoB (como vimos recentemente nas votações na Câmara dos Deputados) partidos que controlam respectivamente a CUT e a CTB. Chama a atenção que nos dias que houveram as votações das MPs no parlamento que restringiram o seguro-desemprego, o auxílio doença, o abono salarial e a pensão por morte, ataques fulminantes aos trabalhadores pelas mãos do Palácio do Planalto, a CUT não moveu um dedo para mobilizar suas bases! Nem mesmo um ato político em frente ao Congresso Nacional foi feito deixando esta tarefa nas mãos da mafiosa Força Sindical, que não passa de uma marionete nas mãos da oposição conservadora. Onde estão os cartazes e outdoors da CUT-CTB com os nomes e as fotos dos deputados do PT e PCdoB que apoiaram as MPs e da própria Dilma que as editou, a fim de denunciar este golpe covarde do governo contra os explorados? Porque depois da votação do PL 4330 a denúncia de seus apoiadores foi feita amplamente, acusando Eduardo Cunha (PMDB) e o PSDB por votar pela terceirização e agora nada, nenhuma ação concreta e midiática para denunciar os apoiadores das MPs? Porque tamanha paralisia neste momento crucial da aprovação do ajuste neoliberal de Dilma-Levy? Será porque votaram nestas medidas impopulares Vicentinho, Jandira Feghali e outros “companheiros deputados”? A nosso ver, a resposta para estas questões fundamentais é que as direções da CUT e CTB optaram por usar a luta contra a terceirização como uma espécie de cortina de fumaça a fim de secundarizar o combate ao ajuste fiscal e assim acabam por blindar o governo Dilma, que ajudaram a eleger. Esta manobra da burocracia sindical “chapa branca” terá o seu auge no dia 29, cabendo aos ativistas classistas se oporem a ela através de uma vigorosa denúncia deste engodo e de uma luta política tenaz nas assembleias das categorias e atividades preparatórias do dia nacional de manifestações e paralisações. Jogar todas as forças militantes dos sindicalistas revolucionários para fazer do dia 29 um ponto de apoio para a construção da Greve Geral, mobilizando as categorias contra os ataques dos patrões, do governo Dilma e da direita reacionária é a tarefa prioritária dos lutadores combativos nos próximos dias. Estaremos neste trincheira, sem no entanto abrir mão da denúncia de que a principal responsável por levar adiante dos ataques da burguesia contra os trabalhadores é a “gerentona” petista que encontra-se encastelada no Palácio do Planalto. Neste momento está cada vez mais evidente que Dilma não é alvo de nenhum “golpe da direita” (como pregam alguns incautos na “esquerda” a soldo da Frente Popular), ao contrário, suas medidas anti-povo são apoiadas entusiasticamente pela Rede Globo e até o DEM, tanto que embalada pelo “sucesso” do office-boy dos rentistas, Joaquim Levy, junto a elite dominante a presidenta acaba de declarar que lançará nos próximos dias o “pacote de concessões” que privatizará portos, aeroportos, rodovias e ferrovias via empréstimos do BNDES como defende o imperialismo e o grande capital!

Uma prova do que afirmamos é que os deputados da oposição de direita (PSDB, PPS e Solidariedade) criticaram o fato da CUT não ter manifestantes presentes à galeria da Câmara dos Deputados nas votações das MPs, somente sindicalistas ligados à Força Sindical se fizeram presentes. Demagogia à parte da canalha demo-tucana, já que os tucanos foram e são inimigos de classe dos trabalhadores, basta ver o governo FHC e agora a repressão de Beto Richa contra os professores do Paraná, a direção da CUT de fato não jogou nenhum peso na luta contra as MPs 664 e 665, medidas que o governo Dilma apresentou no parlamento. A central “chapa branca” prefere centrar seu “combate” contra o PL 4330 em que pode acusar Cunha e a direita como responsáveis pela precarização da mão de obra no país. Por isso convocou um dia nacional de paralisações somente em 29 de Maio, depois da aprovação do ajuste neoliberal de Dilma na Câmara dos Deputados, para pressionar o Senado contra o projeto das terceirizações deixando o governo Dilma de mãos livres para aprovar as MP´s na Câmara.

Com as recentes votações na Câmara dos Deputados (PL 4330 e MP 665 e 664) está mais do que provado que interessa a classe dominante e a Casa Branca a manutenção do governo petista até que se complete integralmente o ajuste neoliberal no Brasil, ainda mais que estas medidas minam as bases sociais do PT, desmoralizam o movimento operário e abrem caminho para a direita (Alckmin, Joaquim Barbosa, Sérgio Moro, Marina) em 2018 ou mesmo antes... Neste quadro político não há espaço para impeachment ou golpe parlamentar neste momento, ao contrário, os barões do capital nacional e internacional desejam que Dilma complete o ciclo de “contrarreformas” que precarizam a mão de obra e atacam direitos, enquanto o governo central privatiza a estrutura nacional pela via de concessões (portos, estradas e ferrovias) e faz a entrega lenta e gradual da Petrobras, BB e CEF para os rentistas por meio da venda de parte das empresas e abertura de capital. Vejamos o que diz a BrasilComex (site de notícia sobre o comércio exterior brasileiro) sobre o pacote de concessões do governo "Em um esforço que superou as previsões mais ousadas da iniciativa privada, a presidente Dilma Rousseff anunciou na semana passada o que chamou de o maior plano de investimentos em transportes da história, envolvendo a concessão de ferrovias e rodovias. A principal fonte de financiamento das concessões será o BNDES, que emprestará até 80% dos valores envolvidos, com carência de três anos para pagamento, no caso das rodovias, e de cinco anos, no das ferrovias. As concessões dos aeroportos e portos, dois grandes gargalos da infraestrutura brasileira, serão anunciadas dentro de um mês, prometeu a presidente Dilma Rousseff, na solenidade de lançamento do pacote para rodovias e ferrovias. O pacote de concessões de rodovias e ferrovias lançado pela presidente Dilma Rousseff teve o apoio tanto dos partidos do governo quanto da oposição. A diferença é que o PT considerou a decisão da presidente inovadora, por não “vender o patrimônio”, enquanto o PSDB afirmou que o governo perdeu dez anos na resolução dos problemas de infraestrutura antes de retomar o projeto de privatizações feito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso". 

O chamado da CUT para uma “Greve Geral” de 24 horas em 29 de Maio é parte de um jogo de cena para descomprimir suas bases, na medida que só centra seu alvo no PL na Terceirização e secundariza o combate as MP´s 665 e 664. É necessário unificar todas as lutas e campanhas salariais atuais da classe, organizar assembleias e plenárias democráticas pela base em todos sindicatos e oposições, impulsionar as lutas nas universidades públicas, criar os Comitês de Luta Contra o Ajuste e a terceirização a fim de preparar um grande dia de lutas e paralisações no dia 29 de maio, pressionando a burocracia das centrais sindicais em direção a greve geral contra a precarização. Esta deve ser a tarefa central do proletariado no momento para barrar com nossos métodos de luta direta, sem ilusão no parlamento burguês, os ataques capitalistas contra a classe implementados por todos os partidos das classes dominantes!