14 ANOS APÓS O ATENTADO DE MADRI: O IMPERIALISMO
MUNDIAL SEGUE ATACANDO AS ORGANIZAÇÕES DE RESISTÊNCIA DOS POVOS E CINICAMENTE
ACUSANDO OS QUE RESPONDEM AOS SEUS ATOS DE GUERRA DE “BÁRBAROS TERRORISTAS”!
Em 11 de março de 2004, há exatos 14 anos, ocorreu o
atentado aos trens e metrôes de Madri. A burguesia e seus meios de comunicação fizeram uma
sórdida campanha mundial política e midiática acusando o ETA e as organizações
de resistência árabe como “bárbaros infames” responsáveis pelo “atentado
desumano”. A LBI, na contramão dessa cínica posição também adotada pela maioria
da esquerda, denunciou que os responsáveis pelas mortes em Madri eram Bush,
Blair, Berlusconi, Aznar que comandavam guerras de rapina e ocupação contra os
povos. No artigo histórico que reproduzimos abaixo, pontuamos que, apesar de
discordarmos do método, as organizações de resistência política e militar
dentro e fora da Espanha tinham todo o direito de responder à altura e pelos
meios bélicos de que dispõem aos brutais ataques do imperialismo mundial. Como
nos ensinou Trotsky “Digam o que digam os eunucos e fariseus morais, o
sentimento de vingança tem seus direitos. Fala muito bem a favor da moral da
classe operária o não contemplar indiferente ao que ocorre neste, o melhor dos
mundos possíveis. Não extinguir o insatisfeito desejo proletário de vingança,
mas sim, pelo contrário, avivá-lo uma e outra vez, aprofundá-lo, dirigi-lo
contra a verdadeira causa da injustiça e da baixeza humanas: esta é a tarefa da
social-democracia”. Essa é uma lição programática que os Marxistas
Revolucionários tem muito cara e até hoje a reivindicam nos combates mais
atuais do proletariado mundial.
EXPLOSÕES EM MADRID - 11 DE MARÇO: BUSH E AZNAR SÃO OS
RESPONSÁVEIS! DEFENDER O ETA E AS ORGANIZAÇÕES DA RESISTÊNCIA ÁRABE E
PALESTINA!
As primeiras horas da quinta-feira, 11 de março, Madri
conheceu os horrores da guerra em seu próprio território. Três explosões quase
simultâneas, nas estações ferroviárias de “El Pozo”, “Santa Eugenia” e “Atocha”
ceifaram a vida de 200 pessoas, ferindo mais de mil, na sua grande maioria
trabalhadores e imigrantes que se utilizam do meio de transporte mais barato.
Nós, da LBI, que fomos a primeira organização marxista em nível mundial a
reconhecer a legitimidade dos ataques de 11 de setembro nos EUA, não nos
somaremos ao coro uníssono do imperialismo e de todos os agentes da
contra-revolução mundial em condenar, de forma absolutamente reacionária, os
fatos ocorridos na Espanha por mais trágicos que sejam. Não festejamos a morte
de trabalhadores em nenhuma condição, mas buscamos esclarecer a classe operária
internacional suas causas, e seus verdadeiros responsáveis. Quando a esquadra
aérea soviética, durante a segunda guerra mundial bombardeou as fábricas de
Berlim, causando a morte de milhares de operários alemães, os trotskistas não
comemoraram a perda de vidas de trabalhadores, procuraram demonstrar que o
nazismo, levando seu país a uma guerra imperialista contra um Estado operário,
era o único responsável que abatia vidas proletárias em uma guerra de rapina.
Passados 60 anos da Segunda Guerra Mundial, os genuínos trotskistas de hoje
afirmam bem alto: os responsáveis pelas mortes em Madri são Bush, Blair,
Berlusconi, Aznar que comandam guerras de rapina e ocupação contra os povos,
que possuem através de suas organizações de resistência política e militar,
todo o direito de responder à altura e pelos meios bélicos de que dispõem aos
brutais ataques do imperialismo mundial.
A LBI coloca-se na primeira linha da trincheira de combate à
campanha mundial fascista para criminalizar as organizações que lutam, cada uma
com seus próprios métodos e programas, dos quais mantemos absoluta independência
política, contra o imperialismo em suas várias facetas de exploração e opressão
nacional. Continuamos a declarar que os verdadeiros terroristas são os governos
imperialistas, que massacram milhões de vidas no planeta em nome da sagrada
“democracia” e do “Estado de Direito”.
As vozes para condenar o “terrorismo” das ações contra os
governos capitalistas não partem somente dos representantes da grande burguesia
e de seus meios jornalísticos, que levam a população a uma “comoção nacional”
em defesa da pátria atacada pelos “bárbaros infames”. Partem também da esquerda
reformista e dos revisionistas do trotskismo os dedos em riste para apontar os
criminosos, não onde eles se encontram realmente, ou seja, encastelados no
aparato do Estado constitucional, mas no meio dos que se enfrentam militarmente
com o imperialismo. A começar, é óbvio, pelos reformistas da própria Espanha,
como o Partido Comunista (PCE). Este foi o primeiro a disputar com Aznar e o PP
a dianteira da delação ao ETA e o respeito à monarquia institucionalizada
através do “Pacto de La Moncloa”. Vejamos até onde foi o PCE: “Hoje, um
atentado brutal e selvagem contra todo o nosso povo, nossa democracia e nossas
instituições livremente eleitas, deixou Madri de luto. Se ainda resta algum
incauto ou embusteiro que acredita que a organização ETA e suas áreas próximas
tem algo a ver com a esquerda, com a democracia e a liberdade, que deixe de
lado sua ignorância e seu cinismo. A organização ETA e seus correligionários
representam e atuam apenas como um movimento que destrói a convivência
democrática através de métodos fascistas. Apoiaremos todas as medidas
políticas, legalistas e judiciais para erradicar, no menor tempo possível, a
organização terrorista ETA, em todos seus disfarces” (Comunicado do PCE, Madri,
11 de março de 2004). Mesmo diante da negativa do ETA, através do porta-voz do
partido banido, Batazuna, Arnaldo Otege, em assumir a autoria das ações, o PC
da Espanha não se envergonhou de atuar como um cão raivoso da bastarda
“democracia” espanhola que oprime quatro nacionalidades, sem nenhum direito à
sua autodeterminação (Catalunha, Valência, Galícia e País Basco). O agrupamento
político-eleitoral impulsionado pelo PC espanhol, a Esquerda Unida, que conta
em seu interior com o apoio de várias correntes pseudotrotskistas como o
PRT-LIT, por exemplo, seguiu a mesma trilha de virulência
contra-revolucionária. “Hoje é um dia de horror e espanto indescritíveis. Hoje
é o dia de unidade dos democratas. Na negra história do ETA, este foi o
atentado mais espantoso. O monstro, embora ferido de morte, assesta golpes
terríveis. A Esquerda Unida respalda todas as ações das forças e corpos de
segurança do Estado dirigidas a deter os assassinos...” (Declaração da Esquerda
Unida, 11 de março de 2004). O servilismo policial da Esquerda Unida, e seus
seguidores pseudotrotskistas contra o ETA, não rendeu os dividendos eleitorais
esperados. Das oito cadeiras que ocupava no Parlamento perdeu cinco, elegendo a
ínfima bancada de seis deputados nacionais.
Mantendo a mesma trajetória do 11 de setembro, as tendências
revisionistas logo apressaram-se em qualificar o 11 de março na mesma categoria
do “terrorismo individual” e, logicamente, condenar os “atentados patrocinados
por grupos terroristas islâmicos” (Declaração do DN do PSTU, sobre os atentados
na Espanha). “Esquecem” estes senhores, arautos dos “princípios deléveis”, que
a Espanha participa de uma guerra de ocupação a outro país, portanto, está
oficialmente em guerra com tropas regulares fora de seu território e
conseqüentemente, sujeita a ser alvo, e desgraçadamente sua população civil, de
ataques de forças que resistem à pilhagem imperialista. Comparar as ações
militares do ETA, Hamas ou Al Qaeda, que estão relacionadas com as lutas de
libertação nacional, com as dos grupos que praticavam o terrorismo individual,
como as Brigadas Vermelhas (Brigat Rosse) na Itália, são um enorme tributo à
confusão da consciência de classe do proletariado mundial. Para o imperialismo,
todos aqueles que ousam enfrentá-lo militarmente são considerados
“terroristas”. Parece que a esquerda revisionista é caudatária da mesma
“tese”...
Aznar e seu candidato Rajoy colheram uma retumbante derrota
eleitoral, assim como a EU, que tentaram “capitalizar” o “atentado” como um
produto “doméstico” supostamente operacionalizado pelo satanizado ETA. O PSOE
volta à presidência do governo espanhol, tentando realinhar seu país ao
imperialismo francês e alemão que advogam o controle multilateral do Iraque
através da ONU. O triunfo de zapateiro e a provável derrota de Barroso em
Portugal e Berlusconi na Itália nas próximas eleições, devem homogeneizar a
velha Europa, com uma inflexão de corte social-democrata, dando mais força
ainda à nova divindade financeira, o “Euro”. A Inglaterra já há alguns anos
está de fora do processo de “unificação” européia, seja do ponto de vista
econômico ou político. Caso Blair seja apeado do governo, ascende o Partido
Conservador ainda mais alinhado com Washington. Tudo aponta que, com o
surgimento de novos ataques a países europeus, o que parece inevitável, a
fissura entre os imperialismos ianque e europeu se agudizará, dando lugar a uma
nova etapa da luta de classes em nível mundial.
A LBI convoca a todas as organizações políticas
revolucionárias, neste momento em que reacende a escalada da ofensiva
repressiva do imperialismo a todos os combatentes antiimperialistas e marxistas
dos quatro cantos do mundo, a mais ampla unidade de ação em defesa de todas as
organizações e agrupamentos que são alvo da sórdida campanha internacional
levada a cabo por Bush e seus parceiros “democráticos”. Alertamos que os
sanguinários terroristas contra a humanidade encontram-se no Pentágono e na
Casa Branca e devem ser eliminados pela via da revolução proletária mundial,
dirigida pela Quarta Internacional reconstruída.