HÁ 65 ANOS DA MORTE DE KOBA: OS GENUÍNOS TROTSKYSTAS
COMBATEM A STALINOFOBIA, UMA EXPRESSÃO POLÍTICA DA REAÇÃO ANTI-COMUNISTA
PATROCINADA PELO IMPERIALISMO E DIFUNDIDA PELO REVISIONISMO NO INTERIOR DA
ESQUERDA
Há exatos 65 anos, no dia 05 de março de 1953, faleceu Josef
Stalin. Ele ascendeu a Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética
com a morte de Lênin, depois de derrotar e posteriormente eliminar os
dirigentes bolcheviques que resistiram a sua ascensão política. Trotsky
escreveu uma biografia política dedicada a Stálin analisando detalhadamente
esse processo. Sua morte anunciada oficialmente na época como produto de um
derrame cerebral fez parte, na verdade, de uma feroz luta interna no interior
do PCUS, a partir da deflagração da própria sucessão de Stalin em função de sua
precária saúde e idade relativamente avançada, 73 anos. Na manhã de 1º de março
de 1953, depois de um jantar que durou a noite toda e ter visto um filme,
Stalin chegou à sua casa em Kuntsevo, a 15 km a oeste do centro de Moscou com o
Ministro do Interior, Lavrentiy Beria, e os futuros ministros Georgy Malenkov,
Nikolai Bulganin e Nikita Khrushchev, retirando-se para o quarto para dormir. À
tarde, Stalin não saiu do quarto. Embora os seus guardas estranhassem que ele
não se levantasse à hora usual, tinham ordens estritas para não o perturbar e
deixaram-no sozinho o dia inteiro. À cerca das 22 horas Peter Lozgachev, o
Comandante de Kuntsevo, entrou no quarto e viu Stalin caído de costas no chão
perto da cama, com o pijama e ensopado em urina. Assustado, Lozgachev perguntou
a Stalin o que aconteceu, mas só obteve respostas ininteligíveis. Lozgachev
usou o telefone do quarto para chamar oficiais, dizendo-lhes que Stalin tinha
tido um ataque e pedia que mandassem doutores para a residência de Kuntsevo
imediatamente. Beria foi informado e chegou algumas horas depois, mas os
doutores só chegaram no início da manhã de 2 de março, mudando as roupas da
cama e deitando-o. Nikita Khrushchev escreveu em suas memórias que,
imediatamente após a morte de Stalin, Beria teria começado a “vomitar seu ódio
(contra Stalin) e a zombá-lo”, e que quando Stalin demonstrou sinais de
consciência, Beria teria se colocado de joelhos e beijado as mãos de Stalin. No
entanto, assim que Stalin ficou novamente inconsciente, Beria imediatamente
teria se levantado e cuspido com nojo. Os meses de janeiro e fevereiro daquele
rigoroso inverno de 53 foram marcados por intensas movimentações nos bastidores
do partido, culminando com o anúncio da descoberta do chamado “complô dos
médicos” onde fora relatado que catedráticos da Universidade de Moscou seriam
membros de uma organização de espionagem britânica empenhados em assassinar as
mais altas lideranças soviéticas. Estava dada a senha para um novo processo de
expurgos no Politburo, onde Stalin pretendia “depurar” a lista de seus mais
prováveis sucessores. Mas, o temido Lavrentiy Beria, comissário do povo para
assuntos internos, teria agido mais rápido e de forma “preventiva”. Beria,
temendo a nova purga stalinista que certamente o atingiria, tratou de envenenar
o “Guia Genial dos Povos” e, por ironia da história, com veneno para matar
ratos, como ficou comprovado somente em 2003 por uma equipe de legistas e
historiadores russos absolutamente isenta. Segundo o grande historiador Isaac
Deutscher, a absurda preparação de mais um “julgamento espetáculo” por Stalin
às vésperas de sua morte, correspondia a sua já deteriorada condição ideológica
comunista (se mostrava cada vez mais simpático às ideias de Mussolini) e, por
consequência, em mudanças no caráter do regime soviético. Como afirmou Trotsky,
a burocracia atua como uma casta que defende “até a morte” seus próprios
privilégios materiais (que só podem sobreviver sobre as bases sociais do Estado
operário), e nada mais coerente que diante da ameaça de Stalin de solapar os
fundamentos do Estado soviético os próprios stalinistas dessem cabo de seu
“chefe”. A verdade é que o homem de aço (Koba), elogiado por Lenin pela sua
determinação incorruptível, vivia seus piores momentos no início da década de
50, após quase ter levado a derrota da URSS na Segunda Guerra mundial com a
assinatura do pacto de cooperação com a Alemanha nazista, mais conhecido como
“Pacto Ribbentrop-Molotov”. Pressionado pelas potências imperialistas
consideradas “amigas” após a assinatura dos acordos de cooperação e não
agressão de Yalta (1945), na Crimeia às margens do Mar Negro, Stalin leva às
últimas consequências sua política contrarrevolucionária de coexistência
pacífica com a burguesia mundial, debilitando assim sua própria liderança no
movimento comunista internacional. Revoluções no mundo capitalista ocidental
são “afogadas” pela URSS (França, Itália e Grécia) em nome do respeito às
“zonas de influência”, neste período surge até o conceito do “socialismo só em
meio país”, como no Vietnã e Coreia. Na China, rompendo a orientação de Stalin
em dissolver o Partido Comunista no movimento nacionalista burguês, se insurge
Mao Tsé-Tung, assumindo assim a direção política de um novo viés da esquerda
revolucionária, que anos depois se repetiria em Cuba. Passados sessenta anos da
morte de Stalin, com todos seus graves erros de estratégia e traições ao legado
teórico leninista, desgraçadamente a vertente revisionista do trotsquismo
(seguida de toda intelectualidade pequeno-burguesa) insiste em identificar o
“fenômeno histórico” do Stalinismo como sendo sinônimo de “ausência de
democracia” e “provocador de calúnias”. Com este binômio, que com certeza é um
elemento acessório da praxis stalinista, os revisionistas tentam enquadrar os
marxistas revolucionários que denunciam seu programa de colaboração política
permanente com o imperialismo, este sim um legítimo tributo à continuação da
estratégia stalinista da colaboração de classes e subordinação ao “grande amo
do norte”.
A tentativa de apresentar a figura de Stalin como o “grande
demônio”, muito pior do que qualquer ditador fascista ou imperialista não é
propriamente uma “novidade”. O próprio Trotsky no final dos anos 30 teve que
combater esta posição liquidacionista no seio da seção norte-americana da IV
Internacional, o SWP, representada pela fração antidefensista de Shachtman e
Burnham. Para este setor do “velho” SWP que deu origem ao revisionismo atual,
Stalin era igual a Hitler, um “ditador sanguinário”, esta caracterização
impediria, portanto a possibilidade de se estabelecer qualquer política de
frente única com o Stalinismo na defesa das bases sociais do Estado operário
soviético. No seu livro “Em defesa do marxismo”, Trotsky elaborou um artigo,
“De um simples arranhão ao perigo de uma gangrena”, onde desconstrói na gênese
a stalinofobia, tanto praticada pelos revisionistas da atualidade. Para
Trotsky: “Stalin derrubado pelos trabalhadores significava a revolução, mas Stalin
derrubado pelos imperialistas representava a contrarrevolução”. Não por
coincidência, os dirigentes revisionistas do SWP acabaram seus dias de vida
como colaboradores diretos do imperialismo norte-americano, inclusive a serviço
das suas intervenções militares para “salvar a democracia”.
Os revisionistas contemporâneos (LIT, UIT, CWI etc.) não em
poucas oportunidades se perfilaram no campo do imperialismo em nome da “luta
contra o autoritarismo Stalinista”. O processo contrarrevolucionário que
destruiu as conquistas sociais do Estado operário soviético, e na sequência de
todo Leste europeu, contou com o apoio frenético de organizações revisionistas
como o PSTU e “similares” Morenistas. Para estes canalhas que enlameiam a
referência do genuíno trotsquismo, a defesa das “liberdades democráticas” formais estava acima da luta
para conservar as bases da economia socializada da URSS. Também não tem a menor
vergonha política de saírem na defesa de agentes da contrarrevolução aberta em
Cuba, como a blogueira da CIA Yoani Sánchez, tudo em nome da “democracia” e da
“oposição ao Stalinismo”. Não por acaso, estes revisionistas stalinofóbicos do
PSTU/LIT tem seguido o mesmo caminho político de seus “mestres” Shachtman e
Burhnam, colaborando com as ações militares da OTAN contra as “ditaduras
sanguinárias” da Líbia e Síria.
65 anos anos após a morte de Stalin, os
bolcheviques-leninistas reafirmam todas as denúncias das traições da
colaboração de classes que levaram ao fim da III Internacional e ao
enfraquecimento das bases do Estado soviético, alimentando a ofensiva da
contrarrevolução interna, comandada pelo arrivista bêbado Boris Yeltsin. Muito
mais além das falsificações e da política de extermínio dos quadros da
“oposição de esquerda”, como Trotsky e Zinoviev entre tantos dirigentes
comunistas da revolução de outubro, o grande “crime” de Stalin se concentra na
adoção da estratégia do “socialismo em só país” (ou até meio) e na política de
colaboração de classes com a burguesia mundial. A linha do “reformismo” como “tática”
oficial dos partidos comunistas stalinizados em todo o mundo, tomada por
empréstimo da velha social democracia, parece que contaminou o conjunto da
esquerda socialista, “derivando” até para um revisionismo “trotsquista”, tão
simpático às democracias imperialistas.