quinta-feira, 29 de março de 2018

DIANTE DA BRUTAL OFENSIVA DA REAÇÃO: FRENTE DE AÇÃO DIRETA CONTRA O FASCISMO OU FRENTE ELEITORAL PEDINDO “SOCORRO A PF”, UMA POLÊMICA COM BOULOS E O PSOL


No ato de fechamento da caravana eleitoral de Lula pela região sul, ocorrido na noite de ontem (29.03) em Curitiba, capital do Paraná, esteve presente o pré-candidato do PSOL à presidência, Guilherme Boulos e a representante do PCdoB, Manuela D´ávila. Boulos declarou que “Nossas diferenças não vão nos impedir de sentar à mesa para enfrentar o fascismo no Brasil. Lula, Manuela, já passou da hora de criarmos uma frente democrática contra o fascismo no Brasil, entre os partidos e as candidaturas de esquerda”. Qual a medida de luta direta concreta contra o fascismo que Boulos apontou em sua fala diante de milhares de ativistas de esquerda em Curitiba? Nenhuma! Ele não propôs que diante dos tiros das milícias fascistas contra a caravana de Lula dever-se-ia ter como resposta à autodefesa armada operária e popular, não alertou que para derrotar a reação burguesa era necessário a ação revolucionária dos trabalhadores. As hordas fascistas não distinguem as profundas diferenças políticas no campo da esquerda, para as forças da reação tudo que represente no passado ou no presente o combate histórico pelo socialismo deve ser eliminado e destruído. Nesta perigosa escalada nacional da direita, nos chama atenção a resposta que setores majoritários da esquerda (PT, PSOL, PCdoB) pretendem dar a esta ofensiva da reação: clamam exclusivamente por uma ação institucional da Polícia Federal, PM ou do próprio Ministério Público. Nada contra acionar o Estado Burguês contra os delinquentes da direita, a questão é que por esta via a resposta do movimento de massas será praticamente nula! Diante das ações das turbas fascistas e da “inoperância” estatal em detê-las o movimento social não pode ficar atado na espera do “socorro da burguesia”, que a “PF aja com rigor”. É necessário debater com o movimento de massas a tarefa de organizar de conjunto nossas milícias de autodefesa, independente dos matizes políticos que nos separam, como nos ensinou historicamente Trotsky: “Conclamar a organização da milícia é uma ‘provocação’, dizem alguns adversários certamente pouco sérios e pouco honestos. Isto não é um argumento, mas um insulto. Se a necessidade de defender as organizações operárias surge de toda a situação, como é possível não se conclamar a criação de milícias? É possível nos dizer que a criação de milícias ‘provoca’ os ataques dos fascistas e a repressão do governo? Neste caso, trata-se de um argumento absolutamente reacionário. O liberalismo sempre disse aos operários que eles 'provocam' a reação, com sua luta de classes.” (Aonde vai a França, LT). No campo, nas periferias e nos centros urbanos a organização dos círculos de autodefesa deve estar colada à ação direta nos sindicatos e associações, sempre na perspectiva da luta concreta por melhores condições de vida e salário. Não devemos encarar a formação das milícias de autodefesa como uma tarefa “militarista”, separada de nossas reivindicações pontuais e históricas. Nossas lutas deverão enfrentar uma etapa bastante delicada nesta correlação de forças, onde teremos que enfrentar o duro ajuste neoliberal e na mesma proporção a “onda” fascistizante que deve se avolumar na medida do agravamento da própria crise econômica. Estabelecer uma enérgica resposta política dos oprimidos a cada ataque direitista contra nossos companheiros e lutas, perpassa pela organização de nossas milícias de autodefesa, sabemos muito bem que com o fascismo que ameaça nossas liberdades democráticas “Não se dialoga, se combate de armas na mão, se preciso for!”. Por esta razão reforçamos nosso chamado ao conjunto das organizações políticas e sindicais da esquerda para que debatam em suas bases e organizem o mais rápido possível as milícias de autodefesa de cada organização de esquerda, porque a sanha facínora da direita já mostrou que está muito bem preparada. Ao contrário dessa tarefa elementar, Boulos declarou que Lula e Marielle Franco foram vítimas do mesmo ódio e não propôs mais nada diante de milhares de ativistas políticos!!! No caso da vereadora carioca, o PSOL exige apenas do próprio Estado burguês “investigação e punição exemplar para os culpados”. Em relação a Lula afirma “O PSOL considera esses fatos um atentado contra a democracia. Não podemos permitir que o discurso de ódio e a intolerância vençam. Não participamos da Caravana do PT e temos claras diferenças políticas, ideológicas e programáticas com esse partido, mas somos veementemente contrários aos atos hostis e agressivos ocorridos. Nossas diferenças são políticas e é nesse campo que faremos embates”. Por sua vez Lula e Manuela pediram uma “investigação exemplar ao atentado aos ônibus da caravana”. Lula, Manuela e Boulos tem a mesma política diante dos ataques das milícias fascista à esquerda: colocar unicamente nas mãos da justiça burguesa e dos órgãos de repressão do Estado capitalista a “investigação e punição dos culpados”, uma verdadeira piada tragicômica, um pedido de socorro para a PF e PM! Na verdade, sob o pretexto de “combater o fascismo” e postar-se “em defesa da democracia”, Boulos entrou oficialmente na campanha eleitoral de Lula, ao lado de gente como Roberto Requião (PMDB)! Nada mais natural, sua plataforma socialdemocrata “Vamos” é a apologia da democracia burguesa, a qual ele pretende radicalizar caso eleito. Boulus e Lula tem a mesma vertente programática de conceder sustentabilidade a economia capitalista. Não podem admitir a violência revolucionária de uma classe para subjugar a outra e muito menos reconhecer o Estado como um comitê gestor dos negócios da classe dominante. Para os Marxistas Leninistas a ampla repercussão diante do bárbaro assassinato de Marielle e do atentado fascista a caravana de Lula, fatos que geraram repúdio do movimento de massas, deveria ser convertida em um chamado a ruptura com a própria institucionalidade burguesa que pretende eliminar política e fisicamente as principais referências da esquerda, sejam reformistas ou revolucionárias. A organização de comitês populares de autodefesa é o primeiro passo desta importante tarefa. Por sua vez, o estabelecimento de uma Frente Única de Ação Antifascista contra direita neoliberal e fascista não está a serviço de defender a Frente Popular e a democracia burguesa, mas para derrotar a ofensiva da reação contra as limitadas liberdades democráticas existentes em nosso país e as conquistas sociais arrancadas com muita luta pelo proletariado, além de denunciar a política neoliberal do PT em seus mais de doze anos de gerência do Estado capitalista. Boulos participou do ato eleitoral de Lula simplesmente para garantir já no primeiro turno que a candidatura do PSOL será um braço auxiliar na Frente Popular comandada pelo PT, o que se converterá em apoio eleitoral no segundo turno, seja Lula ou Haddad o nome petista na disputa. Setores do PSOL já inclusive articulam a possibilidade de uma chapa Lula-Boulos. Desde a LBI declaramos que o movimento operário não necessita de uma frente da “esquerda socialista”, leia-se frente dos reformistas de “esquerda” nas eleições e sim de uma genuína Frente Revolucionária dos Marxistas Leninistas que organizem as massas a combater com os métodos da violência revolucionária do proletariado as instituições do estado burguês. Por isso declaramos: nenhuma ilusão nas instituições do regime político, no parlamento e no judiciário, lutemos por construir uma alternativa de poder operário e popular baseado na democracia operária dos trabalhadores em luta contra a direita reacionária e a Frente Popular!