1938-2018: VIVA OS 80 ANOS DA FUNDAÇÃO DA IV INTERNACIONAL!
No ano de 1938, na pequena cidade de Périgny, França, realizou-se o Congresso de Fundação da IV Internacional. Leon Trotsky (que viria a ser assassinado no mês agosto de 1940, pelo agente stalinista infiltrado Ramón Mercader), impedido de estar presente na conferência de fundação, o dirigente Bolchevique enviou uma saudação em forma de mensagem gravada. Antes disso, décadas se passaram de amadurecimento da cisão política no interior do movimento revolucionário internacional. As duras polêmicas entre Trotsky e Stalin, representavam no fundo posições de classes sociais antagônicas, e remontam os anos 23/24, quando a tese Marxista (até então majoritária entre os Bolcheviques, e vigorosamente defendida por Lenin e Trostky) da necessidade da continuidade da revolução proletária no plano internacional para o triunfo da Revolução Russa, começa a perder espaço para a doutrina reacionária da possibilidade de construir o “socialismo em um só país”. Diante do refluxo do movimento revolucionário internacional após a derrota da Revolução Alemã de 1919, essa palavra de ordem, defendida por Stalin, gradativamente ganha espaço entre a burocracia do Partido Comunista russo e também no próprio Movimento Comunista Internacional. Trotsky, intransigente em seu programa do internacionalismo proletário, organiza com seus partidário, em 1923, a Oposição de Esquerda, que se opunha a nascente burocracia soviética,uma casta parasitária das relações de produção semi-socialistas vigentes na URSS, analisando como produto de suas bases materiais o atraso econômico e a pobreza ainda predominante na Rússia. Menos de dez anos depois, os chamados Trotskistas são expulsos da III Internacional (Comintern), já dominada pelos partidários da burocracia Stalinista. Trotsky apesar do extremo isolamento político não vacila em fundar uma nova Internacional da classe operária, e apesar de reunir menos de 30 delegados, o congresso de Périgny lança a IV Internacional com a sólida base do Programa de Transição. Apesar dos céticos e "aparatistas" duvidarem da sobrevivência da IV, em função de suas reduzidíssimas forças militantes (cerca de 50 Quadros políticos contra mais de 50 mil dirigentes Stalinistas), a frágil Internacional se estendeu até os dias de hoje, na forma de seu legado revolucionário. Os anos anteriores de divergências políticas entre Lenin e Trotsky não impediram o dirigente maior da URSS de reconhecer, em suas últimas palavras aos bolcheviques o papel extraordinário do "Velho Leon": “O camarada Stálin, tendo chegado ao Secretariado Geral, tem concentrado em suas mãos um poder enorme, e não estou seguro que sempre irá utilizá-lo com suficiente prudência. Por outro lado, o camarada Trotsky, segundo demonstra sua luta contra o CC em razão do problema do Comissariado do Povo de Vias de Comunicação, não se distingue apenas por sua grande capacidade. Pessoalmente, embora seja o homem mais capaz do atual CC, está demasiado ensoberbecido e atraído pelo aspecto puramente administrativo dos assuntos.” (Testamento de Lenin/ janeiro de 1923).