domingo, 18 de março de 2018

QUEM REALMENTE ASSASSINOU MARIELLE?


O assassinato político de Marielle foi evidentemente operado por falanges policiais, profissionalizadas em crimes de maior complexidade. Muito bem executado e de forma bem diferenciada das execuções praticadas por meras quadrilhas de traficantes de morro em guerra com seus oponentes. Porém o atentado criminoso não foi "pensado politicamente" por seus operadores, é uma mais peça da engrenagem golpista que tem na "Lava Jato" seu centro logístico e estatal no país, mas que segue uma rígida "agenda" organizada pelos "falcões" de Washington. Apear do governo central e retirar do PT a primazia política de uma esquerda que controla os movimentos sociais ainda com um viés da classe trabalhadora (formalmente classista), transferindo esta hegemonia para uma nova esquerda "identitária" e policlassista (como o PSOL) para catapultar as candidaturas de Boulos e Freixo (RJ) para o epicentro do cenário eleitoral de 2018, é parte do cronograma da Lava Jato, além é claro de quebrar as maiores empresas nacionais. O protagonismo midiático que os Marinho deram ao assassinato de Marielle pode ser comparado a morte de Tancredo Neves ou mesmo o acidente da F-1 que vitimou Airton Sena. Criando este profundo clima de "comoção nacional" com o assassinato de Marielle, pode-se facilmente nestes próximos dias decretar a prisão de Lula, sem que ocorra uma reação de massas no sentido contrário, também é certo para a Famiglia Marinho que o PSOL se limitará a canalizar a repulsa popular pelo assassinato de sua parlamentar nos estreitos limites de um imenso reforço eleitoral, ou seja atos massivos mas sem nenhum corte de radicalização ou ruptura da ordem institucional. A Lava Jato e os Marinho, ao que tudo indica até o momento, forneceram o planejamento estratégico da conveniência conjuntural da eliminação de Marielle, a milícia paramilitar se encarregou da operação física do crime. É óbvio que a execução de Marielle também serve como um duro "aviso" das forças policiais do RJ para que parlamentares de esquerda ou lideranças políticas não atrapalhem em seus "negócios" ou tampouco denunciem suas atrocidades contra a população negra e pobre das periferias. É sintomático que logo após as claras evidências de um crime político encomendado, o deputado Marcelo Freixo reforçou sua confiança na Polícia Militar e Civil fluminense para a apuração do assassinato de Marielle. O PT assiste passivamente aos últimos fatos ocorridos no Rio e que marcaram a conjuntura nacional desta semana, com o PSOL protagonizando a grade do noticiário brasileiro. Lula já se prepara para ser encarcerado pela turma do Moro e aposta suas fichas em uma "ajudinha" posterior do STF. Uma prisão curta, mas uma longa desmoralização política/eleitoral é o que pretende a Lava Jato com a sentença judicial dada a Lula. Para os Marxistas Leninistas a ampla repercussão social dada ao bárbaro assassinato de Marielle, gerando potencialmente uma latente rebeldia popular contra as instituições apodrecidas do regime da democracia dos ricos e seu governo golpista, deveria ser convertida em um chamado a ruptura com a própria institucionalidade burguesa que pretende eliminar política e fisicamente as principais referências da esquerda, sejam reformistas ou revolucionárias. A organização de comitês populares de autodefesa é o primeiro passo desta importante tarefa. Convocar a greve geral contra a intervenção militar no Rio de Janeiro, o covarde crime contra Marielle e a pauta neoliberal do golpista Temer, é a única resposta possível que poderia honrar o combate de nossos companheiros que tombaram pelas mãos da reação fascistizante. Desgraçadamente nem o PT e tampouco o PSOL adotam uma tática minimamente justa para lutar corajosamente contra a brutal ofensiva da direita neoliberal e golpista. No Máximo a direção do PSOL e suas correntes internas estão tentando identificar nas redes sociais (para futuros processos) indivíduos fascistas que estão caluniando a trajetória em vida de Marielle. Muito mais do que o chamado "protocolar" do PSOL, é necessário a construção imediata de uma nova direção política (classista e revolucionária) para o movimento de massas!