QUEM REALMENTE ASSASSINOU MARIELLE?
O assassinato político de Marielle foi evidentemente operado
por falanges policiais, profissionalizadas em crimes de maior complexidade.
Muito bem executado e de forma bem diferenciada das execuções praticadas por
meras quadrilhas de traficantes de morro em guerra com seus oponentes. Porém o
atentado criminoso não foi "pensado politicamente" por seus
operadores, é uma mais peça da engrenagem golpista que tem na "Lava
Jato" seu centro logístico e estatal no país, mas que segue uma rígida
"agenda" organizada pelos "falcões" de Washington. Apear do
governo central e retirar do PT a primazia política de uma esquerda que
controla os movimentos sociais ainda com um viés da classe trabalhadora (formalmente
classista), transferindo esta hegemonia para uma nova esquerda
"identitária" e policlassista (como o PSOL) para catapultar as
candidaturas de Boulos e Freixo (RJ) para o epicentro do cenário eleitoral de
2018, é parte do cronograma da Lava Jato, além é claro de quebrar as maiores
empresas nacionais. O protagonismo midiático que os Marinho deram ao
assassinato de Marielle pode ser comparado a morte de Tancredo Neves ou mesmo o
acidente da F-1 que vitimou Airton Sena. Criando este profundo clima de
"comoção nacional" com o assassinato de Marielle, pode-se facilmente
nestes próximos dias decretar a prisão de Lula, sem que ocorra uma reação de
massas no sentido contrário, também é certo para a Famiglia Marinho que o PSOL
se limitará a canalizar a repulsa popular pelo assassinato de sua parlamentar
nos estreitos limites de um imenso reforço eleitoral, ou seja atos massivos mas
sem nenhum corte de radicalização ou ruptura da ordem institucional. A Lava
Jato e os Marinho, ao que tudo indica até o momento, forneceram o planejamento
estratégico da conveniência conjuntural da eliminação de Marielle, a milícia
paramilitar se encarregou da operação física do crime. É óbvio que a execução
de Marielle também serve como um duro "aviso" das forças policiais do
RJ para que parlamentares de esquerda ou lideranças políticas não atrapalhem em
seus "negócios" ou tampouco denunciem suas atrocidades contra a
população negra e pobre das periferias. É sintomático que logo após as claras
evidências de um crime político encomendado, o deputado Marcelo Freixo reforçou
sua confiança na Polícia Militar e Civil fluminense para a apuração do
assassinato de Marielle. O PT assiste passivamente aos últimos fatos ocorridos
no Rio e que marcaram a conjuntura nacional desta semana, com o PSOL
protagonizando a grade do noticiário brasileiro. Lula já se prepara para ser
encarcerado pela turma do Moro e aposta suas fichas em uma "ajudinha"
posterior do STF. Uma prisão curta, mas uma longa desmoralização
política/eleitoral é o que pretende a Lava Jato com a sentença judicial dada a
Lula. Para os Marxistas Leninistas a ampla repercussão social dada ao bárbaro
assassinato de Marielle, gerando potencialmente uma latente rebeldia popular
contra as instituições apodrecidas do regime da democracia dos ricos e seu
governo golpista, deveria ser convertida em um chamado a ruptura com a própria
institucionalidade burguesa que pretende eliminar política e fisicamente as
principais referências da esquerda, sejam reformistas ou revolucionárias. A
organização de comitês populares de autodefesa é o primeiro passo desta
importante tarefa. Convocar a greve geral contra a intervenção militar no Rio
de Janeiro, o covarde crime contra Marielle e a pauta neoliberal do golpista
Temer, é a única resposta possível que poderia honrar o combate de nossos
companheiros que tombaram pelas mãos da reação fascistizante. Desgraçadamente
nem o PT e tampouco o PSOL adotam uma tática minimamente justa para lutar
corajosamente contra a brutal ofensiva da direita neoliberal e golpista. No
Máximo a direção do PSOL e suas correntes internas estão tentando identificar
nas redes sociais (para futuros processos) indivíduos fascistas que estão
caluniando a trajetória em vida de Marielle. Muito mais do que o chamado
"protocolar" do PSOL, é necessário a construção imediata de uma nova
direção política (classista e revolucionária) para o movimento de massas!