Gracialiano Ramos, o autor do célebre clássico “Memórias do Cárcere”, morreu há exatos 65 anos. Ele foi filiado ao velho “Partidão” (PCB) desde os anos 40 até a sua morte em 1953. A trajetória política do “velho Graça” foi a de um simpatizante ativo do programa comunista, ainda que o partido no Brasil estivesse stalinizado. O significado revolucionário de sua denúncia da miséria social imposta pelo capitalismo e as velhas oligarquias políticas do Nordeste brasileiro, ficaram claro em obras como “São Bernardo”, “Angústia” e “Vidas Secas”. Os Marxistas Leninistas sabem que o escritor comunista era totalmente avesso ao academicismo oco das universidades e aos “críticos literários” de ocasião. Gerindo uma prefeitura burguesa - foi prefeito de Palmeira dos Índios (uma pequena cidade do interior de Alagoas) em 1928 - nunca seguiu à risca o que lhe determinava o regime político: mandava soltar os presos da cidade para que trabalhassem em obras públicas de primeira necessidade do povo e exerceu o cargo apenas por dois anos até renunciar, uma vez que chegou a conclusão da inviabilidade de “gerenciar” o capitalismo, ainda que em um pequeno município cruzado pelas contradições entre as demandas do povo faminto e o controle das oligarquias. A respeito de sua “gestão” e “estrelato” literário afirmava com sarcasmo e ironia: “Nunca fui literato, até pouco tempo vivia na roça e negociava. Por infelicidade, virei prefeito no interior de Alagoas e escrevi uns relatórios que me desgraçaram. Veja o senhor como coisas aparentemente inofensivas inutilizam um cidadão. Depois que redigi esses infames relatórios, os jornais e o governo resolveram não me deixar em paz. Houve uma série de desastres: mudanças, intrigas, cargos públicos, hospital...” (Carta ao tradutor argentino Raúl Navarro, 1937). Sem papas na língua gostava de dizer em voz alta para todo mundo ouvir: “Não me sento à mesa com patrão. Todo patrão é filho da puta!”. Em resumo, Graciliano rompeu com o status quo dominante ao denunciar em suas obras e como “político” as mazelas expostas do capitalismo, defendo sua superação como objetivo estratégico para o futuro da humanidade! Preso em 1936 de forma totalmente arbitrária pela repressão do governo Getúlio Vargas, “suspeito de exercer atividade subversiva”, como era comum acontecer com ativistas e intelectuais logo após a derrota da Aliança Nacional Libertadora (ANL) de novembro de 1935, Graciliano ainda não era militante do Partido Comunista, já que sua adesão formal ocorreu quase dez anos depois, quando o PCB foi temporariamente legalizado pelo regime político varguista, permanecendo no partido mesmo após ser proscrito novamente. Sua filiação ao PCB stalinizado foi produto direto de sua repulsa ao fascismo, no marco da polarização mundial em torno da chamada “guerra fria”, condensada em sua frase: “A ditadura do Estado Novo é uma cachorrada”. Deriva do período em que esteve preso uma de suas principais obras, “Memórias do Cárcere”, escrito em 1953. Neste livro, escrito quase vinte anos depois de sua prisão no presídio da Ilha Grande, e já como militante amigo do “Partidão”, é uma recordação vívida e realista da situação dos presos políticos da ditadura Vargas, onde os personagens são tratados pelo autor por seus nomes verdadeiros e sem mistificações personalistas, porém sempre exaltando com profundo respeito a bravura e virtude de cada um deles, muitas vezes entrando em conflito com as orientações da direção stalinista. Aqui não existe aquela imagem “domesticada” que a pequena-burguesia quer fazer transparecer do escritor comunista. Um bom exemplo disto foi a forma como Graciliano retratou seu companheiro de cárcere, militante trotskista Febus Gikovate que atuou na década de 30 junto com Mario Pedrosa, ou seja, na contracorrente do pensamento hegemônico da época foi o único que o defendeu das hostilidades e discriminações por parte dos demais presos que estavam sob forte influência da campanha difamatória stalinista contra Trotsky, que tinha na figura de Jorge Amado no mundo literário um dos seus principais e ignóbeis detratores. As “memórias” narram sem comedimento o horror das prisões, a sujeira pavorosa e repulsiva, a perfídia e a brutalidade dos carcereiros da “colônia correcional” da Ilha Grande e a odiosa entrega de Olga Benário à Gestapo por parte do governo Vargas numa sufocante energia narrativa que põe a nu o militante comunista Graciliano Ramos em seu ódio de classe, completamente distinto da forma que a pequena burguesia quer descrevê-lo voltado a agradar ao público de classe média. Não temos dúvidas se o “velho Graça” estivesse vivo cravaria em seus textos a defesa dos lutadores sociais que se chocam com as novas oligarquias políticas, herdeiras do carcomido poder burguês que tanto denunciou em seus livros! Cabe aos Marxistas Revolucionários exaltar a figura de Graciliano Ramos e de suas referências comunistas e progressistas. Embora ele não tenha sido um militante orgânico, mas sempre foi um fiel amigo do Partido Comunista, ainda que stalinizado. Nesta condição sua arte deu lugar a obras que atravessarão incólumes ao tempo porque revelam em toda sua profundidade política-estética a necessidade de um mundo sem explorados, um modo de produção de novo tipo: o Socialismo.
terça-feira, 20 de março de 2018
20 DE MARÇO DE 1953 -
MORRE GRACILIANO RAMOS: O “VELHO GRAÇA”, UM SIMPATIZANTE ATIVO DO
PROGRAMA COMUNISTA, QUE EXPÔS MAGISTRALMENTE EM SEUS LIVROS A MISÉRIA SOCIAL
IMPOSTA PELO CAPITALISMO
Gracialiano Ramos, o autor do célebre clássico “Memórias do Cárcere”, morreu há exatos 65 anos. Ele foi filiado ao velho “Partidão” (PCB) desde os anos 40 até a sua morte em 1953. A trajetória política do “velho Graça” foi a de um simpatizante ativo do programa comunista, ainda que o partido no Brasil estivesse stalinizado. O significado revolucionário de sua denúncia da miséria social imposta pelo capitalismo e as velhas oligarquias políticas do Nordeste brasileiro, ficaram claro em obras como “São Bernardo”, “Angústia” e “Vidas Secas”. Os Marxistas Leninistas sabem que o escritor comunista era totalmente avesso ao academicismo oco das universidades e aos “críticos literários” de ocasião. Gerindo uma prefeitura burguesa - foi prefeito de Palmeira dos Índios (uma pequena cidade do interior de Alagoas) em 1928 - nunca seguiu à risca o que lhe determinava o regime político: mandava soltar os presos da cidade para que trabalhassem em obras públicas de primeira necessidade do povo e exerceu o cargo apenas por dois anos até renunciar, uma vez que chegou a conclusão da inviabilidade de “gerenciar” o capitalismo, ainda que em um pequeno município cruzado pelas contradições entre as demandas do povo faminto e o controle das oligarquias. A respeito de sua “gestão” e “estrelato” literário afirmava com sarcasmo e ironia: “Nunca fui literato, até pouco tempo vivia na roça e negociava. Por infelicidade, virei prefeito no interior de Alagoas e escrevi uns relatórios que me desgraçaram. Veja o senhor como coisas aparentemente inofensivas inutilizam um cidadão. Depois que redigi esses infames relatórios, os jornais e o governo resolveram não me deixar em paz. Houve uma série de desastres: mudanças, intrigas, cargos públicos, hospital...” (Carta ao tradutor argentino Raúl Navarro, 1937). Sem papas na língua gostava de dizer em voz alta para todo mundo ouvir: “Não me sento à mesa com patrão. Todo patrão é filho da puta!”. Em resumo, Graciliano rompeu com o status quo dominante ao denunciar em suas obras e como “político” as mazelas expostas do capitalismo, defendo sua superação como objetivo estratégico para o futuro da humanidade! Preso em 1936 de forma totalmente arbitrária pela repressão do governo Getúlio Vargas, “suspeito de exercer atividade subversiva”, como era comum acontecer com ativistas e intelectuais logo após a derrota da Aliança Nacional Libertadora (ANL) de novembro de 1935, Graciliano ainda não era militante do Partido Comunista, já que sua adesão formal ocorreu quase dez anos depois, quando o PCB foi temporariamente legalizado pelo regime político varguista, permanecendo no partido mesmo após ser proscrito novamente. Sua filiação ao PCB stalinizado foi produto direto de sua repulsa ao fascismo, no marco da polarização mundial em torno da chamada “guerra fria”, condensada em sua frase: “A ditadura do Estado Novo é uma cachorrada”. Deriva do período em que esteve preso uma de suas principais obras, “Memórias do Cárcere”, escrito em 1953. Neste livro, escrito quase vinte anos depois de sua prisão no presídio da Ilha Grande, e já como militante amigo do “Partidão”, é uma recordação vívida e realista da situação dos presos políticos da ditadura Vargas, onde os personagens são tratados pelo autor por seus nomes verdadeiros e sem mistificações personalistas, porém sempre exaltando com profundo respeito a bravura e virtude de cada um deles, muitas vezes entrando em conflito com as orientações da direção stalinista. Aqui não existe aquela imagem “domesticada” que a pequena-burguesia quer fazer transparecer do escritor comunista. Um bom exemplo disto foi a forma como Graciliano retratou seu companheiro de cárcere, militante trotskista Febus Gikovate que atuou na década de 30 junto com Mario Pedrosa, ou seja, na contracorrente do pensamento hegemônico da época foi o único que o defendeu das hostilidades e discriminações por parte dos demais presos que estavam sob forte influência da campanha difamatória stalinista contra Trotsky, que tinha na figura de Jorge Amado no mundo literário um dos seus principais e ignóbeis detratores. As “memórias” narram sem comedimento o horror das prisões, a sujeira pavorosa e repulsiva, a perfídia e a brutalidade dos carcereiros da “colônia correcional” da Ilha Grande e a odiosa entrega de Olga Benário à Gestapo por parte do governo Vargas numa sufocante energia narrativa que põe a nu o militante comunista Graciliano Ramos em seu ódio de classe, completamente distinto da forma que a pequena burguesia quer descrevê-lo voltado a agradar ao público de classe média. Não temos dúvidas se o “velho Graça” estivesse vivo cravaria em seus textos a defesa dos lutadores sociais que se chocam com as novas oligarquias políticas, herdeiras do carcomido poder burguês que tanto denunciou em seus livros! Cabe aos Marxistas Revolucionários exaltar a figura de Graciliano Ramos e de suas referências comunistas e progressistas. Embora ele não tenha sido um militante orgânico, mas sempre foi um fiel amigo do Partido Comunista, ainda que stalinizado. Nesta condição sua arte deu lugar a obras que atravessarão incólumes ao tempo porque revelam em toda sua profundidade política-estética a necessidade de um mundo sem explorados, um modo de produção de novo tipo: o Socialismo.
Gracialiano Ramos, o autor do célebre clássico “Memórias do Cárcere”, morreu há exatos 65 anos. Ele foi filiado ao velho “Partidão” (PCB) desde os anos 40 até a sua morte em 1953. A trajetória política do “velho Graça” foi a de um simpatizante ativo do programa comunista, ainda que o partido no Brasil estivesse stalinizado. O significado revolucionário de sua denúncia da miséria social imposta pelo capitalismo e as velhas oligarquias políticas do Nordeste brasileiro, ficaram claro em obras como “São Bernardo”, “Angústia” e “Vidas Secas”. Os Marxistas Leninistas sabem que o escritor comunista era totalmente avesso ao academicismo oco das universidades e aos “críticos literários” de ocasião. Gerindo uma prefeitura burguesa - foi prefeito de Palmeira dos Índios (uma pequena cidade do interior de Alagoas) em 1928 - nunca seguiu à risca o que lhe determinava o regime político: mandava soltar os presos da cidade para que trabalhassem em obras públicas de primeira necessidade do povo e exerceu o cargo apenas por dois anos até renunciar, uma vez que chegou a conclusão da inviabilidade de “gerenciar” o capitalismo, ainda que em um pequeno município cruzado pelas contradições entre as demandas do povo faminto e o controle das oligarquias. A respeito de sua “gestão” e “estrelato” literário afirmava com sarcasmo e ironia: “Nunca fui literato, até pouco tempo vivia na roça e negociava. Por infelicidade, virei prefeito no interior de Alagoas e escrevi uns relatórios que me desgraçaram. Veja o senhor como coisas aparentemente inofensivas inutilizam um cidadão. Depois que redigi esses infames relatórios, os jornais e o governo resolveram não me deixar em paz. Houve uma série de desastres: mudanças, intrigas, cargos públicos, hospital...” (Carta ao tradutor argentino Raúl Navarro, 1937). Sem papas na língua gostava de dizer em voz alta para todo mundo ouvir: “Não me sento à mesa com patrão. Todo patrão é filho da puta!”. Em resumo, Graciliano rompeu com o status quo dominante ao denunciar em suas obras e como “político” as mazelas expostas do capitalismo, defendo sua superação como objetivo estratégico para o futuro da humanidade! Preso em 1936 de forma totalmente arbitrária pela repressão do governo Getúlio Vargas, “suspeito de exercer atividade subversiva”, como era comum acontecer com ativistas e intelectuais logo após a derrota da Aliança Nacional Libertadora (ANL) de novembro de 1935, Graciliano ainda não era militante do Partido Comunista, já que sua adesão formal ocorreu quase dez anos depois, quando o PCB foi temporariamente legalizado pelo regime político varguista, permanecendo no partido mesmo após ser proscrito novamente. Sua filiação ao PCB stalinizado foi produto direto de sua repulsa ao fascismo, no marco da polarização mundial em torno da chamada “guerra fria”, condensada em sua frase: “A ditadura do Estado Novo é uma cachorrada”. Deriva do período em que esteve preso uma de suas principais obras, “Memórias do Cárcere”, escrito em 1953. Neste livro, escrito quase vinte anos depois de sua prisão no presídio da Ilha Grande, e já como militante amigo do “Partidão”, é uma recordação vívida e realista da situação dos presos políticos da ditadura Vargas, onde os personagens são tratados pelo autor por seus nomes verdadeiros e sem mistificações personalistas, porém sempre exaltando com profundo respeito a bravura e virtude de cada um deles, muitas vezes entrando em conflito com as orientações da direção stalinista. Aqui não existe aquela imagem “domesticada” que a pequena-burguesia quer fazer transparecer do escritor comunista. Um bom exemplo disto foi a forma como Graciliano retratou seu companheiro de cárcere, militante trotskista Febus Gikovate que atuou na década de 30 junto com Mario Pedrosa, ou seja, na contracorrente do pensamento hegemônico da época foi o único que o defendeu das hostilidades e discriminações por parte dos demais presos que estavam sob forte influência da campanha difamatória stalinista contra Trotsky, que tinha na figura de Jorge Amado no mundo literário um dos seus principais e ignóbeis detratores. As “memórias” narram sem comedimento o horror das prisões, a sujeira pavorosa e repulsiva, a perfídia e a brutalidade dos carcereiros da “colônia correcional” da Ilha Grande e a odiosa entrega de Olga Benário à Gestapo por parte do governo Vargas numa sufocante energia narrativa que põe a nu o militante comunista Graciliano Ramos em seu ódio de classe, completamente distinto da forma que a pequena burguesia quer descrevê-lo voltado a agradar ao público de classe média. Não temos dúvidas se o “velho Graça” estivesse vivo cravaria em seus textos a defesa dos lutadores sociais que se chocam com as novas oligarquias políticas, herdeiras do carcomido poder burguês que tanto denunciou em seus livros! Cabe aos Marxistas Revolucionários exaltar a figura de Graciliano Ramos e de suas referências comunistas e progressistas. Embora ele não tenha sido um militante orgânico, mas sempre foi um fiel amigo do Partido Comunista, ainda que stalinizado. Nesta condição sua arte deu lugar a obras que atravessarão incólumes ao tempo porque revelam em toda sua profundidade política-estética a necessidade de um mundo sem explorados, um modo de produção de novo tipo: o Socialismo.