terça-feira, 25 de novembro de 2014


Após as prováveis nomeações de Katia e Levy os falsos “tolinhos” da “Esquerda Marxista” perguntam: Que governo é esse?

A tendência interna petista “Esquerda Marxista”, uma ruptura política da corrente revisionista “O Trabalho”, recentemente estampou com bastante “indignação” em sua página na internet a seguinte manchete: “Que governo é esse? Um banqueiro no Ministério da Fazenda e uma latifundiária na Agricultura!?”. Para quem não conhece a trajetória dos oportunistas da “EM” poderia supor que este agrupamento político estivesse na linha de frente na denúncia eleitoral da candidatura Dilma, como sendo a representação de uma coligação burguesa, que desde sua gênese já abrigava figuras da oligarquia como Sarney, Collor, Barbalho e os Ferreira Gomes. Mas não só a elite corrupta estava no barco político do PT, também os grandes grupos capitalistas nacionais apoiaram a Frente Popular, como o Bradesco, Odebrecht, Sadia, Amaggi e Friboi só para resumir a lista... Porém para os desavisados é bom recordar que os falsos “tolinhos” surpresos da “EM” estiveram fielmente na barricada do PT desde o primeiro triunfo de Lula, assegurado naquela época com a “Carta aos Brasileiros” sob o compromisso de salvaguardar os interesses do capital financeiro. Por sinal os “desmemoriados” da “EM” devem ter esquecido que foi o próprio Lula quem nomeou Joaquim Levy para o cargo de secretário geral do Tesouro Nacional em seu primeiro governo. Também devem ter apagado da memória o fato de que foi Lula quem entregou os bancos públicos como o BEC e o BEM de “mãos beijadas” para o Bradesco, além de convidar o ex-presidente da Sociedade Rural e grande latifundiário Roberto Rodrigues para comandar o Ministério da Agricultura. Desde 2003 que os pilantroskos da “EM” vem exigindo que o governo da Frente Popular “rompa com a burguesia”, apesar do curso político do PT ser na direção frontalmente oposta, ou seja, a cada gerência estatal vem aprofundando os vínculos orgânicos com as classes dominantes. Agora Dilma resolveu retribuir o apoio político e material recebido pelo capital financeiro e o latifúndio, nada mais coerente para um governo burguês neoliberal do que ter em seu gabinete figuras como Levy e Katia, isto é só o começo... Incoerência cínica é a “EM” se fingir de “virgem donzela”, quando acompanharam calados desde as entranhas do PT todos os acordos podres firmados para garantir mais um mandato para Dilma. Tudo bem... Já sabemos que irão dizer que foi em nome da “derrota da direita” que votaram “aborrecidos” em Dilma e Temer... Mas perguntamos aos dirigentes da “EM”, quando é que deixarão de votar na centro-esquerda burguesa para enfraquecer a direita Tucana? Parece que nunca ... e a resposta está no próprio artigo “indignado”, onde afirmam: “A nossa opinião é simples, este é um governo burguês encabeçado por um partido operário burguês, o PT. Com uma presidente que pertence formalmente ao PT – mesmo que Dilma faça questão em uma entrevista de descomprometer-se com as resoluções do partido”. Para a “EM” enquanto o PT supostamente manter o seu caráter “operário-burguês” continuarão com sua política de “exigências” ao governo capitalista que pertence “formalmente” ao partido. Seria a mesma charlatanice teórica que manter a caracterização acerca do Partido Socialista francês continuar sendo “operário burguês”, após décadas de governos ultra-neoliberais! O pior mesmo é a receita política elaborada pela “EM” para enfrentar a ofensiva do governo Dilma contra as conquistas dos trabalhadores, formar: “Uma frente de esquerda para combatermos as medidas de retirada de direitos que este governo, este ministério, organizará”, o inacreditável é que na proposta da “EM” a “Frente de Esquerda” de esquerda classista não tem nada, pois a indicação é que seja encabeçada pelo PT, o próprio partido que no governo desfere os ataques do “ajuste” neoliberal contra a classe operária e o povo pobre.

É integralmente legítimo que a militância popular que votou em Dilma agora se sinta traída com o anúncio do novo ministério, trata-se de um verdadeiro estelionato político nomear um representante dos banqueiros para o principal cargo da economia nacional quando passou-se a campanha eleitoral inteira acusando a “nova” direita de estar a serviço do Itaú. Outra coisa completamente diferente é que uma fiel corrente petista de longa data se mostre surpresa com a “finalização” do produto eleitoral Dilma. Passar meses (ou anos) semeando a ilusão entre as massas de que votando no PT a burguesia seria defenestrada do Estado é no mínimo uma grande vigarice política! A “EM” conhece melhor do que ninguém que nada poderia se esperar de um “novo” governo petista que mantém há anos uma ocupação militar, por ordens da Casa Branca, em um país amigo e oprimido historicamente pelo imperialismo. Para quem afirmou exaustivamente que o voto no PT significava a derrota da direita, agora deve explicar ao movimento de massas porque foi o PSDB quem indicou o ministro da Fazenda na quarta gerência da Frente Popular. Levy foi um dos “conselheiros” econômicos do programa de governo de Aécio Neves, apesar de seus patrões do Bradesco estarem apoiando Dilma. Quando o “chefão” Trabuco recusou o ministério logo indicou um diretor de seu banco para ocupar a pasta e sob pressão do mercado Dilma aceitou a humilhação e convidou Levy, um colaborador de Aécio. Porém a “EM” de nada tinha conhecimento (apesar de já terem pertencido a direção nacional do PT) e como o “marido traído” foi a última a si “indignar”. Não se espantem que em 2018 se repitam os mesmos capítulos desta novela política, cabendo a “EM” o secundário papel de petistas novamente “traídos”.

Para os Marxistas Revolucionários da LBI a “concessão” da pasta da Fazenda para os rentistas não é surpresa alguma, já alertávamos desde antes do primeiro turno que o PT estava gestando um grande engodo político com a elite dominante diante do esgotamento de seu “modelo” econômico, baseado no binômio crédito e consumo. Nesta mesma direção a preferência pela líder da nova UDR, Katia Abreu, significa apenas uma linha de continuidade “programática” do PT. Diante dos claros sinais de fadiga da governança petista, a Frente Popular tomará um curso ainda mais à direita tentando inutilmente conciliar o inconciliável: A luta de classes!

A vanguarda da classe operária não pode esperar absolutamente nada das correntes petistas de “esquerda”, ou se preferirem, da “esquerda” petista. Estas organizações estão irremediavelmente atadas a estratégia de colaboração de classes, exigindo “ad infinintum” uma mudança irreversível na rota política do PT. É necessário que o proletariado que já passou por mais de uma década de experiência com os governos burgueses da Frente Popular, construa seu próprio instrumento independente de poder: o partido operário revolucionário. Sem esta ferramenta programática de combate os explorados estarão à deriva sem o norte comunista, e a cada luta direta ou mesmo eleição sendo vítima da velha chantagem política de “derrotar a direita” para reforçar a “esquerda burguesa”.