quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

PRIMÁRIAS EM IOWA: SANDERS VENCEU APÓS O “IMBRÓGLIO” DEMOCRATA E SE TORNA ÍCONE DA ESQUERDA REVISIONISTA


Após mais de 48horas sem um resultado definido, as eleições primárias em Iowa do Partido Democrata para indicação de seu candidato a presidente chegaram ao seu final, mas o “imbróglio” ficará na história norte-americana como prova da fraude de sua “democracia universal”. Os pré-candidatos democratas Pete Buttigieg, (conservador) e Bernie Sanders (“socialista democrático”) ficaram empatados nas prévias com quase 27% para cada um. A senadora “progressista” Elizabeth Warren está em terceiro com 18,2%, e o ex-vice-presidente de Obama, Joe Biden, anteriormente anunciado como favorito em quarto 15,8%. O processo de cáucus (assembleias) de Iowa se viu ofuscado por supostas “falhas técnicas” que causaram uma demora vexaminosa na apresentação dos resultados finais por parte da direção do Partido Democrata. O grande derrotado em Iowa, Joe Binden, de 77 anos (somente um ano mais novo do que Sanders) reconheceu que seu fraco desempenho em Iowa foi um "golpe no fígado", o deixando praticamente fora da disputa pela indicação partidária. Pete Buttigieg, um conservador reacionário de 38 anos, foi prefeito da pequena cidade de South Bend, no estado de Indiana, ex-militar onde serviu no Afeganistão é também declaradamente gay defendendo maior intervenção do imperialismo ianque no mundo inteiro.  Com a obtenção deste resultado, Buttigieg deverá ser a aposta da cúpula Democrata para tentar derrotar a ala esquerda representada por Sanders na corrida interna do partido. Por sua vez, o Social Democrata Sanders se consolidou como uma “alternativa concreta” para a disputa da Casa Branca em novembro, onde o neofascista Trump caminha para sua reeleição, após ter sobrevivido ao impeachment. O “lendário” senador de Vermont em uma entrevista ao site “Democracy Now” afirmou que: “Ser socialista democrático significa defender que o acesso à saúde seja um direito, que os jovens possam estudar em universidades sem se endividar, que grandes empresas não sejam autorizadas a destruir o ambiente e que o governo não seja dominado por grandes interesses econômicos”. Sanders diz se inspirar em países da Escandinávia e a forma como “criaram sistemas de saúde e educação gratuitos, com extensas redes de proteção social”, sua postura programática o coloca no campo da social-democracia europeia, como ele mesmo costumava se alinhar na liderança de Mitterrand e Felipe Gonzalez. Porém quando se trata de defender os interesses imperialistas dos EUA, Sanders não se faz de rogado e aceita a disciplina do seu partido, uma das duas alas do capital financeiro internacional (outra ala é o Partido Republicano). Bernie segue integralmente o Pentágono na intervenção contra países imperializados, defende o bloqueio a Cuba, a ocupação do Afeganistão e a sabotagem criminosa a Venezuela. Como ele mesmo explica: “Nosso país é uma liderança mundial baseada em seus princípios democráticos”, faltou Sanders dizer que os tais “princípios” levam a fome e miséria a milhões de seres humanos no planeta. Mas se as posições de Sanders, na apologia do “capitalismo gentil” e do “imperialismo humanitário”, não são surpresa alguma (“filme” já visto na gestão de Obama), a defesa do senador feita pela esquerda revisionista do trotskismo causa repugnância. Correntes internacionais como o CMI, CIO, SU etc... e no Brasil PCO, Resistência (PSOL), O Trabalho (PT), embarcaram de malas e bagagens na campanha eleitoral de Sanders, legitimando o Partido Democrata imperialista que patrocinou a tentativa de invasão militar a Cuba e os golpes militares em toda a América Latina. A degeneração ideológica dessas tendências revisionistas parece não ter limites, agora anulando o combate Leninista a todas as alas do imperialismo, ingressaram na fase da defesa do “imperialismo democrático” versus o “imperialismo trumpista”...