O artigo do professor Vladimir Safatle, “Como a esquerda
brasileira morreu”, publicado no periódico El País no último 10 de fevereiro,
tem gerado grande polêmica em todas as “alas” da esquerda nacional, sejam as
que se consideram “bem à esquerda” (tendências internas do PSOL), ou as que se
auto classificam como reformistas ou sociais-democratas, caso dos partidos PT e
PCdoB. Obviamente o texto crítico de Safatle está dirigido ao segundo campo, o
da esquerda hegemônica que governou o país por quatro gestões estatais
consecutivas, até ser golpeada institucionalmente no início do segundo mandato
da presidenta Dilma Rousseff. Porém a “tese” desfiada por Safatle, contra o que
considera “populismo”, remonta a um tempo anterior a vitória da Frente Popular
de colaboração de classes em 2002, está relacionada à própria “reconstrução” da
esquerda após o duro período do regime militar, ou seja, no final dos anos 79,
com o surgimento da liderança operária de Lula, abrindo espaço para a fundação
do PT logo na sequência histórica. A hegemonia do PT foi construída desde a sua
gênese sob a liderança de um personagem que nada tinha a ver com o programa da
revolução socialista, mas que bem muito antes de se tornar uma “alternativa
eleitoral para gerir o Estado Burguês”, conquistou a direção da esmagadora
maioria sindicatos e movimentos sociais do Brasil. Aí reside o surgimento do
desvio “populista” da esquerda brasileira, que tanto incomoda Safatle, mas que
o próprio é incapaz de perceber e muito menos os que se sentiram incomodados
com seu artigo. Ao surgir no país um partido de esquerda que não dependia da
estrutura oficial do Estado, profundamente enraizado em todos os segmentos da
classe trabalhadora, e que ao mesmo tempo refutava programaticamente a
destruição do “Velho Estado” capitalista, daria início a um “populismo de
segunda geração”, sequer visto em outra parte do planeta até os dias de hoje: O
populismo político nascido da classe operária e que pouco tinha a ver com os
“populismos” oriundos das classes dominantes, como os tradicionais: Getulismo,
Peronismo, Nasserismo, Chavismo, etc.. Neste sentido a construção do populismo
Lulista foi um fenômeno revolucionário... para a burguesia e não para o
proletariado! E no seu devido “time” histórico a burguesia nacional soube utilizar
muito bem esta “jabuticaba” da política brasileira, o PT, inaugurado toda uma
geração de freio à luta de classes e neodesenvolvimentismo, até quando a
economia mundial permitiu. O que Safatle não consegue compreender não é que a
“esquerda morreu”, ao não ser capaz de “impor outro horizonte
econômico-político... e só conhece o horizonte populista”, é que esta mesma
esquerda reformista já nasceu MORTA para a revolução socialista! E não se trata
de decretar a “morte em geral” da esquerda brasileira, ela está bem viva e
ativa, para os seus objetivos é claro... Tanto PT, PCdoB e PSOL se preparam
freneticamente para as eleições municipais deste ano, onde colherão resultados
bem significativos, embora sem conseguir uma “rendição” da extrema direita.
Estes setores da Social-Democracia (ambas as alas PT e PSOL) já articulam os
bastidores da chamada Frente Ampla em 2022, quando se comprometeram previamente
com a “unidade no segundo turno”. Caracterizar a morte de uma esquerda que
ainda controla quase a totalidade das entidades sindicais e do movimento de
massas, que possuí acesso a um fundo estatal bilionário para “torrar” nas
campanhas eleitorais e na cooptação das novas lideranças surgidas na luta
contra o neofascismo, é no mínimo uma ingenuidade de um intelectual acadêmico,
distante do mundo real. Safatle e vários intelectuais de sua mesma cepa, sem
dúvida alguma “progressistas e democráticos”, se queixam do PT e afins pelo
apego ao “populismo como único horizonte de atuação”, chegam a fazer o contra
ponto do exemplo de Carlos Mariguella, porém eles mesmos não conhecem o
horizonte da revolução, não estão minimamente dedicados a organização de uma
ferramenta Comunista, com foi a luta heroica de Mariguella ao romper com a
estratégia etapista do “Partidão”. As tendências internas do PSOL, para não
falar das tendências de esquerda no interior do PT, lançam sinais a Safatle: “Não
nos confunda com o Lulismo, nós estamos vivas”, o que também é a mais absoluta
verdade. Sem embargo, todo este campo político que permeia da extrema esquerda
do PSOL até as alas de direita do PCdoB, são defuntos para a estratégia da
revolução socialista e a instauração da Ditadura do Proletariado. A afirmação
que Safatle não pode fazer por suas próprias limitações ideológicas é: A
esquerda brasileira reformista está morta para a revolução, simplesmente porque
já nasceu sem vida, são todos mortos com atestado de óbito ou cadáveres
insepultos para os fins da tomada de poder pela classe operária. A definitiva morte da esquerda reformista brasileira somente poderá consumar-se com a superação revolucionária da Frente Popular de colaboração de classes, ou seja, com a construção do genuíno Partido Marxista Leninista no Brasil!
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