O presidente direitista de El Salvador, Najib Bukele, ordenou
que a polícia e o exército invadissem o Parlamento para pressionar os deputados
a aprovarem um empréstimo que financiará projetos no setor de segurança
patrocinados pelo imperialismo ianque, fortalecendo a repressão estatal contra
os trabalhadores. Trata-se de uma clara ofensiva neofascista depois que a FMLN
foi derrotada eleitoralmente há um ano na eleição presidencial de fevereiro de
2019. Militares e membros da Polícia Nacional Civil (PNC) invadiram neste
domingo, 09.02, a sala de sessões da Assembleia Legislativa (Congresso) de El Salvador,
quando estava convocada uma sessão extraordinária para a aprovação de um
empréstimo de 109 milhões de dólares para financiar o plano de segurança. O
financiamento solicitado por Bukele foi rejeitado pelo órgão legislativo quando
processado por meio de um procedimento de emergência qualificado pelos
legisladores como inadmissível. Lembremos que El Salvador, o país centro do
palco de uma das guerrilhas mais icônicas da América Latina, passou por
eleições presidenciais há um ano. O resultado deste pleito eleitoral representou
um revés histórico para a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN),
que governava o país da América Central há três gestões estatais consecutiva. Elegeu-se
Bukele, que já foi prefeito da capital, San Salvador e ex-dirigente da FMLN,
mas agora deu uma guinada à direita sendo o novo ariete da Casa Branca na
centro-américa. Bukele ganhou as eleições com a legenda da "Grande Aliança
pela Unidade Nacional" (GANA), um agrupamento neoliberal que “navega” na
ofensiva reacionária que varre todo nosso continente, orientada diretamente
pelo imperialismo ianque. Cabe registrar que a FMLN foi uma das organizações
políticas mais vinculadas ao PT brasileiro, que assessorou por anos seus
governos, deslocando inclusive o publicitário João Santana (preso na famigerada
operação "Lava Jato") para El Salvador. Porém os “conselhos”
neoliberais do PT dados a FMLN de abrir a economia do país aos investidores
institucionais, levaram El Salvador a um colapso econômico e um fiasco eleitoral
da antiga guerrilha, hoje “domesticada” como mais um partido da ordem
capitalista, abrindo caminho para a direta que flerta com o fascismo. Não por
acaso a porta-voz da FMLN, deputada Elizabeth Gomez apenas limitou-se a denunciar
a ocupação do parlamento pelas FFAA como uma “transgressão à democracia”. Vale
ressaltar que o governo de El Salvador não reconhece Maduro como presidente da
Venezuela e recebeu recentemente o “corpo diplomático” representando o líder da
oposição pró-imperialista Juan Guaido. Alertamos que o quadro político em El
Salvador joga muita pressão na vizinha Nicarágua, que sob o governo da FSLN
(antiga guerrilha) atravessa um processo político "limite" de desestabilização
pela Casa Branca e também “isola” ainda mais no continente o governo Chavista
de Maduro na Venezuela. Os Marxistas Revolucionários denunciam a manobra
golpista de Najib Bukele e chamam os trabalhadores a entrarem em cena na luta direta
de massas contra a escalada neofascista sem ter nenhuma ilusão na democracia
burguesa. Não será das mãos do parlamento burguês que os explorados derrotarão
a ofensiva reacionária em curso e sim construindo seu próprio poder operário e
popular por fora das instituições do regime capitalista!