HÁ NOVE ANOS DO INÍCIO DA FARSESCA “REVOLUÇÃO ÁRABE MADE IN
USA” NO EGITO... QUE PARIU A ATUAL DITADURA ASSASSINA ALIADA DE ISRAEL E DO
IMPERIALISMO
Exatamente há nove anos tinha início a chamada “Revolução
Árabe” no Egito, saudada pelo conjunto da esquerda mundial como um verdadeiro
“levante de massas” que traria “democracia” para o país e abriria caminho para
o socialismo na terra dos Faraós. Naquele momento a LBI já caracterizou o
processo em curso como uma transição política ordenada pelo imperialismo e
burguesia nativa, enquanto o revisionismo com seu impressionismo vulgar apoiava
acriticamente a “troca de regime” orquestrada nos bastidores pela Casa Branca,
devido ao extremo desgaste de Hosni Mubarak, que acabou por renunciar em 11 de
fevereiro de 2011. Pontuamos em voz solitária que não existiam organismos de
poder das massas insurretas, muito menos um núcleo organizado que se
contraponha militarmente à hierarquia militar vigente no Egito. Portanto sem a
conjunção destes fatores, falar em revolução, ainda que democrática, seria uma
piada de péssimo gosto. Hoje o país é dominado por uma feroz ditadura militar
aliada dos EUA e Israel, as forças políticas burguesas que fazem oposição aos
generais são perseguidas e seus dirigentes presos ou assassinados, como a
Irmandade Muçulmana (IM). O movimento operário encontra-se na defensiva
completa e as organizações de esquerda praticamente na clandestinidade. Aos
pseudo-trotskistas que saudaram entusiasticamente a “Revolução Árabe” (PSTU, Resistência, CST) restou o profundo silêncio diante da ditadura imposta ao país, não
esquecendo que posteriormente essas mesmas correntes apoiaram o golpe militar
assassino de AI-Sissi contra o presidente civil Mohamed Morsi (IM) como uma
“vitória das massas”, demonstrando sua completa confusão política e alinhamento
com a reação burguesa pró-imperialista!
MUBARAK RENUNCIA:
INICIADA TRANSIÇÃO FEITA PELO IMPERIALISMO E A BURGUESIA EGÍPCIA
(Home Page da LBI 21/02/2011)
Após 20 dias de massivos protestos no Egito, apresentados
charlatanescamente pela esquerda revisionista como a "revolução
árabe", o odiado presidente Hosni Mubarak renunciou neste 11 de fevereiro.
Em um pronunciamento na TV, o vice-presidente Omar Suleiman, anunciou que
Mubarak havia transferido o controle do governo a um Conselho Militar Supremo
que se comprometeu a convocar eleições "livres" em setembro deste
ano. Logo após o anúncio, os principais representantes do imperialismo, como o
vice-presidente dos EUA, Joseph Biden e o primeiro-ministro da Inglaterra,
David Cameron, saudaram a decisão como "um dia histórico". Seguindo o
caminho da Tunísia, após a fuga de Ben Ali, todas as instituições burguesas no
Egito permaneceram intactas, sem nenhum traço de reformulação
"democrática" após a saída do ditador. A alta-cúpula das FFAA dirige
agora o chamado "processo de transição" para garantir estabilidade ao
regime, seguindo o planejado com a Casa Branca, que havia exigido a renúncia de
Mubarak há vários dias para amortecer a tensão política no país.
Por coincidência, há exatamente 32 anos, as massas
insurretas varreram nesta mesma data a ditadura do Xá Reza Pahlevi. No Irã, uma
frente popular constituída pelo Partido Comunista, o Partido Islâmico e a
Oposição Democrática de Bani-Sadr, reformulou todas as instituições do velho
regime. Todo o comando militar ligado ao Xá foge do país e a corte
constitucional é destituída, posteriormente as massas expropriam todas as
empresas instaladas no país controladas pelo imperialismo, culminando com a
própria ocupação, organizada por estudantes revolucionários, da embaixada
ianque em Teerã.
Posteriormente, a frente popular que dirigiu as
manifestações pela queda do Xá é rompida pelo Partido Islâmico devido à
hegemonia dos aiatolás, levando a uma perseguição feroz das forças comunistas e
democráticas. A partir deste momento, configura-se um regime autocrático
dirigido pelos aiatolás que sobrevive até os nossos dias.
O que ocorre hoje no Egito está bem distante do que pode ser
considerada uma revolução. Não existem organismos de poder das massas
insurretas, muito menos um núcleo organizado que se contraponha militarmente à
hierarquia militar vigente no Egito. Sem a conjunção destes fatores, falar em
revolução, ainda que democrática, é uma piada de péssimo gosto.
Configurar o processo de revolta popular no Egito como uma
revolução é o maior desserviço que a esquerda reformista presta à classe
trabalhadora árabe e egípcia, desarmando-a politicamente de qualquer objetivo
estratégico revolucionário. Seria o mesmo que considerar a campanha pelas
"Diretas Já" e o "Fora Collor" como "revoluções
brasileiras" ocorridas nos anos 80 e 90.
O processo de transição no Egito é tão pactuado que a
principal força de oposição a Mubarak, a Irmandade Mulçumana, já anunciou que
sequer indicará candidato às eleições presidenciais, frustrando as expectativas
do presidente do Irã, Armadinejad, que desejava ampliar, via o novo governo,
sua área de influência na região.
As demandas democráticas e econômicas das massas egípcias
que detonaram as manifestações multitudinárias contra Mubarak e seu regime
autocrático só ganharão um corpo revolucionário transicional na medida em que
possam estabelecer um fio condutor a partir de um norte estratégico. Essa
tarefa não poderá ser assumida espontaneamente pela própria combatividade das
massas, faz-se necessário forjar uma vanguarda revolucionária que seja o
embrião de um verdadeiro partido marxista-leninista. Seguindo o curso "natural"
do atual processo político, este só poderá desembocar em mais uma transição
burguesa orientada pelo imperialismo, desprovida de qualquer perspectiva
revolucionária, nem sequer levarão o Egito a um regime islâmico com traços
anti-imperialistas, como ocorreu anteriormente na Líbia e no próprio Irã.